- CLAUSURA -
- 14 -
- MONJA -
O homem ficou suspenso no ar ao
saber ser a velha senhorinha uma Freira ou, pelo menos, ex-Freira, mulher de
profundo conhecimento. Ele estava atado para prosseguir a conversa com uma
Freira, dona do mais profundo conhecer. No entanto, a conversa seguiu. Para
Othon ser ou não Freira, a questão era saber o que ainda ele não sabia ou tinha
dúvidas. Pelo menos mais ciente daquele impacto momentâneo o homem seguiu
avante. Com Freira ou ex-Freira ele batia questão com a sua sabedoria acanha. Afinal
um Freira ou um Padre, Bispo, até mesmo o Papa a conversa era de prosseguir.
Othon
--- Bem, senhora. Com é que se
chama mesmo a senhora? - - indagou na dúvida
Rita
--- Meu nome é Rita. - - sorriu.
Othon
Dona Rita. Bem. Agora estamos
mais à vontade. Rita! Vamos ao caso da Pirâmide. Como a senhora bem sabe os
egípcios cultivavam a tumba com sendo a tumba de um Rei. Mas estudiosos
chegaram ao cume de ser algo muito mais. Um calendário do Juízo Final. Existe
uma linha do tempo que termina meses próximos anos. Mas a grande Pirâmide pode
ser apenas uma manifestação dessa profecia. - -
Rita
--- Eu sinto que a vida vai muito
mais além. Muito mais! - - declarou dona Rita.
Othon ficou a imaginar todo
aquilo que já foi dito. A mulher foi uma Freira. Por certo, tinha estudos. Ele,
coitado, não tinha estudo algum apesar de aprendido da Universidade algo mais
adiantado. Rita entendia de Teologia, com certeza. Discutir Teologia com Rita
era não fazer coisa alguma. A Teologia é a ciência é conjunto do princípio de
uma religião. A doutrina! O homem se sentiu acanhando naquele instante. A vida
vai muito mais além, foi que a ancião disse. Mas, mais além quando? Othon lá
lera histórias de vidas em outros Mundos. Ele mesmo poderia viver em outros
Universos. Mais de um, com certeza! Três ou quatro. Um Mundo infinito por assim
dizer. Loucura! Isso era uma loucura.
Othon
--- Mas como se pode provar a
vida após a vida, senhora? - - quis saber
A anciã sorriu. Após algum tempo,
falou.
Rita
--- Escute bem. Quando se vai além
da Via Láctea ou mesmo de outras galáxias distantes, depois do pequeno Universo
que se enxerga descobre-se que existem mais, muitos mais universos. O nosso
Universo não está sozinho. Outros Universos existem. –
Othon
--- Mas isso é loucura! Como pode
uma coisa dessas? - -
Rita
--- É ver para crer. No passado
houve Copérnico afirmando que o sol não se mexia. Quem mexia era a Terra.
Ninguém acreditou. Hoje, todos acreditam! -
-
O homem coçou a cabeça e voltou a
olhar a senhorinha. Logo, disse!
Othon
--- Verdade. Pura verdade. O Sol,
as estrelas, tudo enfim! - - lamentou afirmar
Em um momento surgiu na porta da
casa a mulher, a dona da habitação. Ela chegou a dizer que tudo estava pronto.
Ou o pessoal comia ou, do contrário, comiam os animais da roça.
Joana
--- Chega, gente. O comer esfria!
- - e batia palmas
Othon
--- Vamos, gente! O negócio é
sério! - - sorriu o homem
E a meninada entrou correndo de
porta a dentro
Após o tempo, onde todos encheram
a pança, então foram fazer a sesta. E homem viu as mangueiras brotando. Com o
tempo. Othon adormeceu. Dona Rita pôs-se a cochilar. Norma e Neta foram apanha
frutas. O velho Jovino, marido de Rita, acompanhou as mulheres que andavam na
busca de sapotis, cajus ou mesmo pinhas. As crianças no colo. Leite para mamar.
Todo estava em ordem. Em determinado instante começou a chover. Norma e Neta
voltaram correndo para o interior da casa pobre. Othon se levantou com presa
reclamando da sorte.
Othon
--- Está chovendo? Ora essa! - -
e deixou a rede armada no umbral do alpendre.
E choveu por algum tempo. Era
hora de seguir viagem para a Capital. Quatro horas da tarde e para seguir eram
precisos de 2 horas. O pessoal do sítio sentiu saudades de Neta e do amigos de
fora. Os meninos choravam de tristezas. Outros, viravam bumba-canastra no
terreiro. Dona Rita, pequenina se despediu contente. O velho Jovino apenas
sorriu ao se despedir. A mulher, Joana ficou dentro de casa. O relâmpago cortou
o céu. Norma se encolheu toda no interior do carro. A moça, Neta, apenas
sorriu. As crianças estavam acordadas. E o trovão ressoou como se fosse um
dragão.
Choveu forte naquela noite na
capital. Ouviu-se um ruído e logo pela manhã, a notícia da TV. Um trem colidiu
com um ônibus causante a morte de vários passageiros e ferimentos em outros. O
noticiário seguia acompanhando a tragédia com a participação de locutores de
rádio. Othon seguiu para o setor de trabalho na Receita Federal. A chuva era
intensa por toda a madrugada e logo cedo da manhã. O barro da Ribeira coalhou
de água, impedindo o trafego normal de veículos por toda parte matinal. Para
seguir mais tranquilo, Othon tomou rumo da estrada da praia. O alagadiço era
enorme quando a maré estava cheia. Na feira-livro, os barraqueiros pulavam a
lama para chegar no seco. Ouvia-se gritos de rapaz e meninos por causa da lama.
Um senhor estava com o jornal aberto procurado ver algo a respeito do desastre
do trem. Nada trouxera àquela hora, cedo da manhã.
Despachante
--- O mesmo é ouvir pela Rádio.
Jornal não dá nada! - - confessou
Outro
--- Tem p’ra mais de dez pessoas
mortas. Eu ouvi da Rádio. - - alertou
Nesse instante, Othon chegou à
sua repartição com suas botas cheias de lama. Ele bateu com os pés e logo
entrou. Ouviu conversas de pessoas sobre o desastre do trem, porém não deu a
menor importância. Ele estava encharcado por causa da chuva muito forte. O rio
Potengi havia transbordado e a água chegara até certo ponto perto da
Repartição.
Mecânico
--- É chuva muita! - - gritou o
mecânico a passar ligeiro
Outro
--- Hoje é dia de se tomar cana!
- - lembrou.
O apito do trem alertava para
ninguém seguir naquele ponto. Era um trem de carga despachado mercadorias para
as firmas da Rua Chile.
Assistente
--- O senhor viu o desastre? - -
Othon
--- Eu soube. Uma tragédia. Coisa
triste! Vou subir! Ver meus serviços! - - caminhou para o segundo andar
Gazeteiro
--- Jornal! Jornal! Olha o
jornal! - - gritava o rapaz
E Othon voltou a receber o
Jornal. Trazia a matéria do acidente do trem. A batida com o ônibus. Ele tomou
do jornal e logo então subiu para o segundo andar onde pode ler com sossego.
Uma e tanto. Viu as fotos. Os corpos das pessoas. O trem desencarrilhado. O
ônibus completamente destroçado e de rodas para cima a soltar óleo diesel.
Pessoas a observar daquela sena. Gente muita.
Othon
--- Que horror!!! Esse povo ainda
vai ver!! - - com náuseas
A chuva a cair, sem trégua, era
por demais destroçada! Todos anos, naquela época, a chuva castigava a cidade
cobrindo terras como a do Baldo, Tirol, Petrópolis, Rocas e Ribeira.
Assistente
--- Café, meu chefe? - -
Othon
--- Estou com náuseas. Ponha um
pouco! - - disse o homem
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