quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 14 -

- CLAUSURA -
- 14 -
- MONJA -

O homem ficou suspenso no ar ao saber ser a velha senhorinha uma Freira ou, pelo menos, ex-Freira, mulher de profundo conhecimento. Ele estava atado para prosseguir a conversa com uma Freira, dona do mais profundo conhecer. No entanto, a conversa seguiu. Para Othon ser ou não Freira, a questão era saber o que ainda ele não sabia ou tinha dúvidas. Pelo menos mais ciente daquele impacto momentâneo o homem seguiu avante. Com Freira ou ex-Freira ele batia questão com a sua sabedoria acanha. Afinal um Freira ou um Padre, Bispo, até mesmo o Papa a conversa era de prosseguir.
Othon
--- Bem, senhora. Com é que se chama mesmo a senhora? - - indagou na dúvida
Rita
--- Meu nome é Rita. - - sorriu.
Othon
Dona Rita. Bem. Agora estamos mais à vontade. Rita! Vamos ao caso da Pirâmide. Como a senhora bem sabe os egípcios cultivavam a tumba com sendo a tumba de um Rei. Mas estudiosos chegaram ao cume de ser algo muito mais. Um calendário do Juízo Final. Existe uma linha do tempo que termina meses próximos anos. Mas a grande Pirâmide pode ser apenas uma manifestação dessa profecia. - -
Rita
--- Eu sinto que a vida vai muito mais além. Muito mais! - - declarou dona Rita.
Othon ficou a imaginar todo aquilo que já foi dito. A mulher foi uma Freira. Por certo, tinha estudos. Ele, coitado, não tinha estudo algum apesar de aprendido da Universidade algo mais adiantado. Rita entendia de Teologia, com certeza. Discutir Teologia com Rita era não fazer coisa alguma. A Teologia é a ciência é conjunto do princípio de uma religião. A doutrina! O homem se sentiu acanhando naquele instante. A vida vai muito mais além, foi que a ancião disse. Mas, mais além quando? Othon lá lera histórias de vidas em outros Mundos. Ele mesmo poderia viver em outros Universos. Mais de um, com certeza! Três ou quatro. Um Mundo infinito por assim dizer. Loucura! Isso era uma loucura.
Othon
--- Mas como se pode provar a vida após a vida, senhora? - - quis saber
A anciã sorriu. Após algum tempo, falou.
Rita
--- Escute bem. Quando se vai além da Via Láctea ou mesmo de outras galáxias distantes, depois do pequeno Universo que se enxerga descobre-se que existem mais, muitos mais universos. O nosso Universo não está sozinho. Outros Universos existem. –
Othon
--- Mas isso é loucura! Como pode uma coisa dessas? - -
Rita
--- É ver para crer. No passado houve Copérnico afirmando que o sol não se mexia. Quem mexia era a Terra. Ninguém acreditou. Hoje, todos acreditam! -  -
O homem coçou a cabeça e voltou a olhar a senhorinha. Logo, disse!
Othon
--- Verdade. Pura verdade. O Sol, as estrelas, tudo enfim! - - lamentou afirmar
Em um momento surgiu na porta da casa a mulher, a dona da habitação. Ela chegou a dizer que tudo estava pronto. Ou o pessoal comia ou, do contrário, comiam os animais da roça.
Joana
--- Chega, gente. O comer esfria! - - e batia palmas
Othon
--- Vamos, gente! O negócio é sério! - - sorriu o homem
E a meninada entrou correndo de porta a dentro
Após o tempo, onde todos encheram a pança, então foram fazer a sesta. E homem viu as mangueiras brotando. Com o tempo. Othon adormeceu. Dona Rita pôs-se a cochilar. Norma e Neta foram apanha frutas. O velho Jovino, marido de Rita, acompanhou as mulheres que andavam na busca de sapotis, cajus ou mesmo pinhas. As crianças no colo. Leite para mamar. Todo estava em ordem. Em determinado instante começou a chover. Norma e Neta voltaram correndo para o interior da casa pobre. Othon se levantou com presa reclamando da sorte.
Othon
--- Está chovendo? Ora essa! - - e deixou a rede armada no umbral do alpendre.
E choveu por algum tempo. Era hora de seguir viagem para a Capital. Quatro horas da tarde e para seguir eram precisos de 2 horas. O pessoal do sítio sentiu saudades de Neta e do amigos de fora. Os meninos choravam de tristezas. Outros, viravam bumba-canastra no terreiro. Dona Rita, pequenina se despediu contente. O velho Jovino apenas sorriu ao se despedir. A mulher, Joana ficou dentro de casa. O relâmpago cortou o céu. Norma se encolheu toda no interior do carro. A moça, Neta, apenas sorriu. As crianças estavam acordadas. E o trovão ressoou como se fosse um dragão.
Choveu forte naquela noite na capital. Ouviu-se um ruído e logo pela manhã, a notícia da TV. Um trem colidiu com um ônibus causante a morte de vários passageiros e ferimentos em outros. O noticiário seguia acompanhando a tragédia com a participação de locutores de rádio. Othon seguiu para o setor de trabalho na Receita Federal. A chuva era intensa por toda a madrugada e logo cedo da manhã. O barro da Ribeira coalhou de água, impedindo o trafego normal de veículos por toda parte matinal. Para seguir mais tranquilo, Othon tomou rumo da estrada da praia. O alagadiço era enorme quando a maré estava cheia. Na feira-livro, os barraqueiros pulavam a lama para chegar no seco. Ouvia-se gritos de rapaz e meninos por causa da lama. Um senhor estava com o jornal aberto procurado ver algo a respeito do desastre do trem. Nada trouxera àquela hora, cedo da manhã.
Despachante
--- O mesmo é ouvir pela Rádio. Jornal não dá nada! - - confessou
Outro
--- Tem p’ra mais de dez pessoas mortas. Eu ouvi da Rádio. - - alertou
Nesse instante, Othon chegou à sua repartição com suas botas cheias de lama. Ele bateu com os pés e logo entrou. Ouviu conversas de pessoas sobre o desastre do trem, porém não deu a menor importância. Ele estava encharcado por causa da chuva muito forte. O rio Potengi havia transbordado e a água chegara até certo ponto perto da Repartição.
Mecânico
--- É chuva muita! - - gritou o mecânico a passar ligeiro
Outro
--- Hoje é dia de se tomar cana! - - lembrou.
O apito do trem alertava para ninguém seguir naquele ponto. Era um trem de carga despachado mercadorias para as firmas da Rua Chile.
Assistente
--- O senhor viu o desastre? - -
Othon
--- Eu soube. Uma tragédia. Coisa triste! Vou subir! Ver meus serviços! - - caminhou para o segundo andar
Gazeteiro
--- Jornal! Jornal! Olha o jornal! - - gritava o rapaz
E Othon voltou a receber o Jornal. Trazia a matéria do acidente do trem. A batida com o ônibus. Ele tomou do jornal e logo então subiu para o segundo andar onde pode ler com sossego. Uma e tanto. Viu as fotos. Os corpos das pessoas. O trem desencarrilhado. O ônibus completamente destroçado e de rodas para cima a soltar óleo diesel. Pessoas a observar daquela sena. Gente muita.
Othon
--- Que horror!!! Esse povo ainda vai ver!! - - com náuseas
A chuva a cair, sem trégua, era por demais destroçada! Todos anos, naquela época, a chuva castigava a cidade cobrindo terras como a do Baldo, Tirol, Petrópolis, Rocas e Ribeira.
Assistente
--- Café, meu chefe? - -
Othon
--- Estou com náuseas. Ponha um pouco! - - disse o homem

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