terça-feira, 21 de março de 2017

A PRINCESA NUA - 04 -

- PIANISTA -
- 04 -
PIANO
Em outro dia, Olga foi convidada para dar um concerto no Teatro de Kiev onde se apresentavam sempre as escolas de ballet. Antes, porém, era a apresentação de um corpo de ballet para posteriormente vir Olga com músicas tradicionais ucranianas. A Casa estava lotada com todo o público em silencio, como era costume. Essa era a primeira apresentação, em Kiev, da esmerada pianista. Luzes em torno do salão vindas a cair de augustos candelabros belos. A sala do teatro de Kiev era de encantos maviosos. Estátuas de bronze, pierrôs, fantoches, escultura de Pinóquio, tocador de gaita, tristeza de um palhaço entre outras magnificas provas da arte ingênua. O teatro tinha além de tudo a mostra da arquitetura nacional onde havia parque da paisagem, exposições de flores e cenas de casamentos. Tudo era um primor onde tinha até mais fotos de um açougue ou de uma criança travessa. E começou o concerto. Junto aos músicos, Olga interpretou, ao piano, a magnifica peça “Petrushka” do autor Igor Stravinsky, Mephisto de Liszt, Concerto nº 1 de Beethoven entre outros maviosos componentes. O delírio tomou conta da plateia. Uma perfeita ovação ao chegar ao final do recital da delicada jovem. Era como se nunca tivesse ouvido um interprete tão magistral, àquela plateia. Após assobios dissonantes, Olga agradeceu a manifestação de apreço do público.
Ao sair do palco, Olga chorou. Para a pianista, aquele foi um espetáculo inusitado. De modo especial por Petrushka, música criada pelo gênio Stravinsky, compositor russo que se dedicou a música erudita, autor maior do século XX. Stravinsky era russo nascido em uma aldeia perto de São Petersburgo. Foi, através de Rimsky-Korsakov que ele enveredou a sua vocação artística. “A Sagração da Primavera” sacudiu seu nome para o ápice. E com essa composição, em 1939, Walt Disney ficou tão entusiasmado que fez o filme Fantasia colando a melodia como principal obra de arte.  Mas, o autor Stravinsky, sofreu bastante quando a primeira apresentação, em 1913, da encantada música por ter sido vaiada em palco.  O autor, naquele tempo, subverteu a estética musical do século XX, dando origem aos Modernismo. A célebre composição de Stravinsky, no entanto, atravessou o tempo e é, hoje, considerada símbolo da musicalidade erudita. Este espetáculo narra a trajetória de uma garota marcada para ser entregue como oblação à divindade primaveril, no auge de um ritual pagão, com o objetivo de conquistar para o seu povo uma colheita proveitosa.
Alguns dias depois, o maestro Irap Orel foi até a nova residência de Olga, quase no centro da cidade. Na verdade, era uma nova residência onde Olga instalou o seu piano onde, todos os dias ela tocava as músicas clássicas como era o seu costume. O maestro a cumprimentou e as demais presentes. Não era a primeira visita feita pelo professor Irap. Contudo, era uma manhã de sábado. As visitas eram quase tão frequentes que a moça apenas dava ao prazer de mostrar os recentes arranjos feitos na partitura de A Princesa Nua que estava a concluir dado o tempo. Mesmo assim, o professor Irap, após demorada conversa, tocou num assunto recente. Um novo concerto.
Irap
--- Eu recebi, dois dias passados, um convite dirigido a senhora. É um convite para que a senhora se apresente no Teatro de Odessa. - -
Olga
--- Odessa é a terceira cidade mais populosa da Ucrânia. E tem o porto principal na costa do Mar Negro. - - refletiu.
Irap
--- Isso mesmo. Eu pergunto: você pode atender a essa convocação? - -
Olga
--- Eu vou! Para quando? - -
Irap
--- Eu marquei para o sábado o outro! Confere? - -
Olga
--- Está bem. Posso começar com Rimsky-Korsakok. Suíte sinfônica Scheherazade. Essa suíte é baseada em Mil e Uma Noites. Peça, ao que parece, dupla. As Noites Árabes.
Irap
--- Isso mesmo. Korsakov foi um gênio. - - declarou
Olga
--- Então, estamos acertados. Sábado estarei em Odessa.  - -
Passados os dias, Olga estava pronta para se apresentar de Teatro de Odessa. A cidade era o centro administrativo e um centro cultural. Odessa, às vezes é chamada de Perola do Mar Negro. Em 1794, a cidade de Odessa foi fundada por um decreto da Imperatriz Catarina, a Grande sendo criado ali um porto livre. A cidade se tornou conhecida mundo afora em um filme feito em 1925 quando as tropas de soldados invadiram à rua e desceram pelas as escadarias de Odessa, atirando e matando centenas de pessoas. O Couraçado Potemkin, dirigido pelo cineasta russo Serguei Eisenstein. O ponto alto desse filme foi a descida das tropas militares atirando de fuzis contra o povo aflito, matando cada qual de baionetas e balas sem dó nem piedade. Esse foi o marco da história do cinema russo, ainda mudo.
A cidade de Odessa, na Ucrânia. Era repleta de histórias, mulheres bonitas e muita diversão. O nome da cidade provém da antiga colônia graco-romana de Odesos na Trácia.  Odessa é uma das principais cidades turísticas Ucranianas. É uma cidade com população jovem. Odessa tem lindas praias, zonas de lazer, parques temáticos, hotéis à beira do Mar Negro, restaurantes típicos e bares. A população se comunica mais em inglês. A cidade tem o Teatro de Ópera. Entre muito as oferendas encontram-se a do massacre de Odessa, terrível crime de guerra da Ucrânia liderado por fascistas contra civis inocentes há mais de 70 anos. Vendo essas imagens brutais, Olga, comovente, chorou.
À noite do sábado, o Teatro estava repleto. Esse teatro é considerado como o mais belo do mundo. É o símbolo da cultura de Odessa. O seu estilo barroco tem uma acústica impressionante. A sala com capacidade para mais de 1.600 ocupantes, tinha de tudo para ser majestoso. Ao dar início a sua apresentação, Olga fez reverencia de gratidão para a plateia entusiasmada sob uma salva de palmas. E um apresentador declarou ser o espetáculo inicial com o toque ao piano do clássico de Rimsky-Korsakov, Scheherazade. Assobios antes do início.  Após terminar a melodia de Rimsky-Korsakov, da peça Scheherazade interpreta ao piano ouve outra ovação imensa. Korsakov era russo. Por isso ele era tão bem idolatrado pelos seus compatriotas. Na sequência, Olga voltou ao piano. Dessa vez, foi para tocar a inominável peça de Tchaikovsky, Concerto nº 1. Op 23. Após uma hora, veio a êxtase. O povo delirava, chorava, assobiava. Era um encanto enorme. Novos agradecimentos para o entusiasta público. Sem querer deixar a graciosa pianista sair, então ela mais uma vez tornou a tocar ocupando ao piano e desempenhando a graciosa “Abertura 1812” de Tchaikovsky para o delírio dos fãs quando o coro entoou o canto final ao som dos sinos e dos canhões ao seu extremo e derradeiro remate. Sendo aí o fim da apresentação de Olga que esplendorosamente agradecia a todos os presentes, baixou o pano e a cortina desceu.  
No dia seguinte, pela manhã, o maestro Irap Orel estava na residência de Olga e debatia o espetáculo da noite anterior. Em certo momento, ele falou ter estado com outro seu companheiro e, por acaso, esse mestre falou em um concerto em Moscou dentro de breves dias e aludiu a presença a pianista Olga. A conversa entre os dois maestros se prolongou por largo tempo e o assunto ficou suspenso porque Irap declarou ter que ouvir a opinião da pianista. Moscou, capital da Rússia, era um importante centro cultural. A cidade estava situada sobre o rio Moscova e ainda é o centro do Kremlin, uma antiga fortaleza que é hoje a residencia do Presidente russo e sede do poder Executivo
Irap
--- Eu sinto que, para você, é uma oportunidade ímpar. - -
Olga
--- Evidente. Eu sentia vontade de conhecer Moscou. Até mesmo a Praça Vermelha; - - sorriu
Irap
--- Evidente. Quem conhece a Rússia tem que conhecer Moscou. Não é para puxar sardinhas. É a verdade. - -
Olga
--- E quando será esse concerto? - -
Irap
--- Não sei dizer, com certeza. Daqui há um mês. Provavelmente. –
Olga
--- Eu preciso saber com antecedência para ter conhecimento de outros dos meus contratos. - -
Irap
--- Claro. Evidente. Não queremos bater com outros dos seus contratos. - -
Olga
--- A minha irmã, Helena, é quem sabe dos meus afazeres. Eu só sei quando ela fala. - - sorriu
Irap
--- Eu vou ter com o mastro e digo a você. – 

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