quarta-feira, 26 de março de 2014

A IDADE DA RAZÃO - TRÊS -

- Lolla Girlz -
- 03 -
SOBRADO
Com o decorrer dos meses, o doutor Walter Nardelli já estava a residir com a sua família em uma chácara no alto de uma colina do ponto onde se podia ver o mar em toda a sua amplidão com navios a chegar e a partir além de barcos pequenos e grandes a vela ou não. No sábado ele convidou a seleta classe para comemorar o nascimento de Augusto Agostiniano filho casal Nardelli. E ele escolheu a Confeitaria do Ovídio onde se comia e bebia de tudo o que se pensasse. Ovídio era um português de destaque, manco de uma perna: a perna direita. Sua cor era rosada. De seus empregados ele tinha alguns, todos brasileiro e outros italianos da gema. A confeitaria era um luxo só como era de praxe naqueles idos tempos. O Ovídio pouco se notava no recinto, pois se conservava “escondido” em seu escritório da Confeitaria. O salão era imenso, com carreira de cadeiras ao sair, entre as paredes de mármore de Carrara e ao final do salão. No meio de tudo tinha uma pista de dança. Gente muita nos finais de semana e em qualquer dia, uma vez ter ali sempre comemorações por um caso ou outro: aniversário, casamento ou mesmo uma recepção pela chegada de um amigo da velha Europa. Lâmpadas em globos pediam do teto a traduzir os enfeites postados nas paredes, notadamente pinturas de artistas famosos da Europa. Ali estavam o Romantismo, o Iluminismo e o Barroco de modo especial pinturas dos séculos XV e XVI, movimento do renascimento do velho mundo. Era a valorização da cultura Greco-Romana. Michelangelo, Leonardo da Vince, Caravaggio, Rembrandt, Rafael e outros tantos. Era a arte espalhada no salão.
O salão estava repelo de gente. Moços e moças. Senhoras e Senhores. A farta gargalhada dos mais idosos. Homens do café, do cacau, da cerveja e muito mais. Na mesa reservada ao doutor Nardelli tinha de tudo. As damas vestidas a requinte, chapéus emplumados, algumas de decote aberto às costas. Outras, nem tanto. De modo geral eram todos longos vestidos ditados pela moda apurada. Eram para lá das 05h00mit e a festava continuava. A senhora Nardelli era toda carícia. Com o Agostiniano ao colo a dama não se fazia de rogada. Todos queriam olhar de perto a criança, às vezes no colo de uma babá contratada para tal fim.  Gente a passar e a entrar a procura de sua mesa. Era tudo um frenesi de loucura. Perfumes orientais se confundiam com pingentes de prata no colo das belas damas. Um colar de ametista era o maior deslumbramento.
Enfim, tudo era festa nas mais cálidas horas. Foi então que o doutor Nardelli sentiu um coçar por debaixo da mesa. Ele de imediato notou o rosto suave da mulher do outro homem. Nardelli recolheu a sua perna e observou os demais com imediata surpresa. Mesmo assim, com a boca franzida para que ele observasse, a mulher roçou a perna do médico outra vez. E lhe fez uma careta sem graça a torcer apenas o nariz. O homem se apegou ao seu filho e mostrou a todos a criança recém-nascida como a dizer a mulher ele estar plenamente surpreso com o vexame lhe dado. O marido da fêmea estava já para lá de embriagado e ao sair para o toalete o criador de zebu levou um tombo que os demais o ampararam. E gritaram a gargalhar sem temor:
Protetores;
--- Olha a vaca toro brabo! – sorrisos francos
Seu nome era Amaro Lazzarini já há algum tempo a criar gado no interior de Minas Gerais. Ele estava na festa de congratulações pelo convite feito pelo seu patrono, o médico Walter Nardelli não bem conhecido de sua família. Mesmo assim, de elevada estima entre os homens ricos da Itália. Em instantes outros o Lazzarini fez augusta amizade com a família Nardelli, de modo especial com o chefe atual da família, Enrico, pai do jovem médico. E por causa da amizade fraterna, Lazzarini era também de plena amizade com o moço, haja vista os demais convidados, todos de famílias nobres da Península. Quanto ao tempo, em resposta, ele declarou com certeza.
Amaro:
--- Eu não vou! Vão me levando! – e sorriu sem graça.
Dois outros amigos o levaram a toalete a tentar fazer se retocar da embriaguez cruel. A mulher de Nardelli também fez a vez de ir ao toalete feminino e chamou a babá para ir com ela. O marido se fez de imediato presente e lhe perguntou:
Nardelli;
--- Quer ajuda? – indagou sobressaltado.
Nicette:
--- Não é preciso. Um minuto apenas. – declarou
A mulher de Amaro, a senhora Beatrice Lazzarini sentiu-se mais aliviada pela ausência de toda a gente. Com o rosto a sorrir então perguntou a Nardelli sobre coisas triviais com o seu pé por baixo da mesa a coçar a perna de médico.
Beatrice:
--- Já conheces a fazenda do interior? – indagou preguiçosa.
Nardelli:
--- Não. Não. Quer dizer: Aqui não conheço muito das coisas típicas do regionalismo.
Beatrice:
--- Está feito o convite. – sorriu devagar
Nardelli:
--- Obrigado. Confesso que só a minha mulher se recompor, eu irei. – disse ele.
Beatrice:
--- Muito bem. Mas por esses dias o que tu fazes? – perguntou com calma
Nardelli:
--- Atendo aos meus pacientes. – destacou.
Beatrice:
--- E eu posso ser atendida? – indagou sorrateira.
Dias após Nardelli recebeu um telefonema em seu gabinete. Era Beatrice. Ela projetou para à tarde, antes das cinco, um encontro não casual. Beatrice gostaria de outro local. Não aquele do consultório. Era para não dar da vista de gente “fofoqueira”. O combinado foi aceito. O homem não sabia por que cardas d’águas ele aceitou a proposta. Depois veio a explicação. O homem Amaro Lazzarini viajara para cuidar do gado. E teria ela o tempo necessário para cuidar de si. Fo isso o declarado por Beatrice quando os dois estavam juntos em um quarto de uma casa feita para tal fim. Um recurso, como se dizia ou chamava. Um lupanar.  Delicada e cheia de graça a bela mulher dos seus trinta anos apenas desejava ser uma dama da tarde.
Nardelli:
--- Quantos? – indagou surpreso.
Beatrice:
--- Apenas você. Chame e delicadeza. Suave e terno. – respondeu a sorrir devagar.
Nardelli:
--- Mentiras! – ressaltou.
Beatrice:
--- Verdade. Vontade eu tenho demais. Nunca encontrei um “paisano” como voce. – disse mais
Nardelli:
--- Eu sou casado! – definiu.
Beatrice:
--- Isso não tem importância. Nós “ficamos” e é só.  - relatou sem espanto.
Nardelli:
--- Hoje! Amanhã! E depois? – indagou.
Beatrice:
--- Depois é muito tempo. – disse mais.
Nardelli:
--- E se minha mulher descobrir? – perguntou.
Beatrice:
--- Nós viveremos juntos. – explicou.

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