- Lolla Girlz -
- 03 -
SOBRADO
Com o decorrer dos meses, o
doutor Walter Nardelli já estava a residir com a sua família em uma chácara no
alto de uma colina do ponto onde se podia ver o mar em toda a sua amplidão com
navios a chegar e a partir além de barcos pequenos e grandes a vela ou não. No
sábado ele convidou a seleta classe para comemorar o nascimento de Augusto
Agostiniano filho casal Nardelli. E ele escolheu a Confeitaria do Ovídio onde
se comia e bebia de tudo o que se pensasse. Ovídio era um português de
destaque, manco de uma perna: a perna direita. Sua cor era rosada. De seus
empregados ele tinha alguns, todos brasileiro e outros italianos da gema. A
confeitaria era um luxo só como era de praxe naqueles idos tempos. O Ovídio
pouco se notava no recinto, pois se conservava “escondido” em seu escritório da
Confeitaria. O salão era imenso, com carreira de cadeiras ao sair, entre as
paredes de mármore de Carrara e ao final do salão. No meio de tudo tinha uma
pista de dança. Gente muita nos finais de semana e em qualquer dia, uma vez ter
ali sempre comemorações por um caso ou outro: aniversário, casamento ou mesmo
uma recepção pela chegada de um amigo da velha Europa. Lâmpadas em globos
pediam do teto a traduzir os enfeites postados nas paredes, notadamente
pinturas de artistas famosos da Europa. Ali estavam o Romantismo, o Iluminismo
e o Barroco de modo especial pinturas dos séculos XV e XVI, movimento do
renascimento do velho mundo. Era a valorização da cultura Greco-Romana.
Michelangelo, Leonardo da Vince, Caravaggio, Rembrandt, Rafael e outros tantos.
Era a arte espalhada no salão.
O salão estava repelo de gente.
Moços e moças. Senhoras e Senhores. A farta gargalhada dos mais idosos. Homens
do café, do cacau, da cerveja e muito mais. Na mesa reservada ao doutor Nardelli
tinha de tudo. As damas vestidas a requinte, chapéus emplumados, algumas de
decote aberto às costas. Outras, nem tanto. De modo geral eram todos longos
vestidos ditados pela moda apurada. Eram para lá das 05h00mit e a festava
continuava. A senhora Nardelli era toda carícia. Com o Agostiniano ao colo a
dama não se fazia de rogada. Todos queriam olhar de perto a criança, às vezes
no colo de uma babá contratada para tal fim.
Gente a passar e a entrar a procura de sua mesa. Era tudo um frenesi de
loucura. Perfumes orientais se confundiam com pingentes de prata no colo das
belas damas. Um colar de ametista era o maior deslumbramento.
Enfim, tudo era festa nas mais
cálidas horas. Foi então que o doutor Nardelli sentiu um coçar por debaixo da
mesa. Ele de imediato notou o rosto suave da mulher do outro homem. Nardelli
recolheu a sua perna e observou os demais com imediata surpresa. Mesmo assim,
com a boca franzida para que ele observasse, a mulher roçou a perna do médico
outra vez. E lhe fez uma careta sem graça a torcer apenas o nariz. O homem se
apegou ao seu filho e mostrou a todos a criança recém-nascida como a dizer a
mulher ele estar plenamente surpreso com o vexame lhe dado. O marido da fêmea
estava já para lá de embriagado e ao sair para o toalete o criador de zebu
levou um tombo que os demais o ampararam. E gritaram a gargalhar sem temor:
Protetores;
--- Olha a vaca toro brabo! –
sorrisos francos
Seu nome era Amaro Lazzarini já
há algum tempo a criar gado no interior de Minas Gerais. Ele estava na festa de
congratulações pelo convite feito pelo seu patrono, o médico Walter Nardelli
não bem conhecido de sua família. Mesmo assim, de elevada estima entre os
homens ricos da Itália. Em instantes outros o Lazzarini fez augusta amizade com
a família Nardelli, de modo especial com o chefe atual da família, Enrico, pai
do jovem médico. E por causa da amizade fraterna, Lazzarini era também de plena
amizade com o moço, haja vista os demais convidados, todos de famílias nobres
da Península. Quanto ao tempo, em resposta, ele declarou com certeza.
Amaro:
--- Eu não vou! Vão me levando! –
e sorriu sem graça.
Dois outros amigos o levaram a
toalete a tentar fazer se retocar da embriaguez cruel. A mulher de Nardelli
também fez a vez de ir ao toalete feminino e chamou a babá para ir com ela. O
marido se fez de imediato presente e lhe perguntou:
Nardelli;
--- Quer ajuda? – indagou
sobressaltado.
Nicette:
--- Não é preciso. Um minuto
apenas. – declarou
A mulher de Amaro, a senhora
Beatrice Lazzarini sentiu-se mais aliviada pela ausência de toda a gente. Com o
rosto a sorrir então perguntou a Nardelli sobre coisas triviais com o seu pé
por baixo da mesa a coçar a perna de médico.
Beatrice:
--- Já conheces a fazenda do
interior? – indagou preguiçosa.
Nardelli:
--- Não. Não. Quer dizer: Aqui
não conheço muito das coisas típicas do regionalismo.
Beatrice:
--- Está feito o convite. –
sorriu devagar
Nardelli:
--- Obrigado. Confesso que só a
minha mulher se recompor, eu irei. – disse ele.
Beatrice:
--- Muito bem. Mas por esses dias
o que tu fazes? – perguntou com calma
Nardelli:
--- Atendo aos meus pacientes. –
destacou.
Beatrice:
--- E eu posso ser atendida? –
indagou sorrateira.
Dias após Nardelli recebeu um
telefonema em seu gabinete. Era Beatrice. Ela projetou para à tarde, antes das
cinco, um encontro não casual. Beatrice gostaria de outro local. Não aquele do
consultório. Era para não dar da vista de gente “fofoqueira”. O combinado foi
aceito. O homem não sabia por que cardas d’águas ele aceitou a proposta. Depois
veio a explicação. O homem Amaro Lazzarini viajara para cuidar do gado. E teria
ela o tempo necessário para cuidar de si. Fo isso o declarado por Beatrice
quando os dois estavam juntos em um quarto de uma casa feita para tal fim. Um
recurso, como se dizia ou chamava. Um lupanar.
Delicada e cheia de graça a bela mulher dos seus trinta anos apenas
desejava ser uma dama da tarde.
Nardelli:
--- Quantos? – indagou surpreso.
Beatrice:
--- Apenas você. Chame e
delicadeza. Suave e terno. – respondeu a sorrir devagar.
Nardelli:
--- Mentiras! – ressaltou.
Beatrice:
--- Verdade. Vontade eu tenho
demais. Nunca encontrei um “paisano” como voce. – disse mais
Nardelli:
--- Eu sou casado! – definiu.
Beatrice:
--- Isso não tem importância. Nós
“ficamos” e é só. - relatou sem espanto.
Nardelli:
--- Hoje! Amanhã! E depois? –
indagou.
Beatrice:
--- Depois é muito tempo. – disse
mais.
Nardelli:
--- E se minha mulher descobrir?
– perguntou.
Beatrice:
--- Nós viveremos juntos. –
explicou.
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