CAMELÓDROMO
- 01 -
O COMEÇO
Othon seguia para o chamado
“vuco-vuco”, um local de vender rádios modernos, relógios de última geração,
tesouras, despertadores e, em meio de tudo, tinham comidas chamadas
“quentinhas” preparadas na hora. Isso, entre outras bijuterias como bonecas,
CDs, DVDs de filmes entre muitas outras bugigangas importadas do porto do
Paraguai negociadas por preço bem abaixo do mercado comum. Alí se encontrava de
tudo. Discos e rádios velhos em meio de coisas novas. O homem entrou pelo beco
existente entre o prédio do Banco e uma casa de comércio, pelo outro lado,
saindo da avenida principal da cidade. Manhã de sábado, o negócio ainda era
fraco nas casas de comércio entre pouca gente a buscar aquilo que lhe
interessava. Um bêbado dormia sobre um banco armado junto a parede do Banco.
Uma mulher gorda já saíra das lojas do vuco-vuco chamado de Camelódromo (para
depositar um nome mais soberbo) e ela cruzando de momento com o senhor Othon
deixando apenas um bom dia para ele o que foi correspondido plenamente. Dentro
das lojas do Camelódromo era uma zoada infernal com os jogadores de damas
apostando em suas preferências. Após examinar os artigos expostos nas vitrines
de DVS de Filme, o homem buscou um rapaz para perguntar:
Othon
--- Novidades? - - perguntou
querendo saber o que estava à venda naquela manhã de sábado
Moço
--- Algumas. Tem esse. Eu guardei
especialmente para o senhor. É um filme de procedência de Praga, da República
tcheca. Fala-se que é muito bom. Quer ver? - - perguntou o moço
Othon
--- A Morte na Estação! - - e o
homem viu e reviu o invólucro da caixa
Moço
--- Sim. Um caso estranho. Vou
colocá-lo para que possa vê-lo
Após verificar novos lançamentos,
o homem embrulhou tudo, inclusive o novo filme e saiu para pegar o seu carro
estacionado em uma rua lateral. Ao sair pela rua principal, Othon foi tomado
por uma intensa ventania quando seus pacotes de filmes foram ao chão. Uma linda
mulher, lá pelos seus 25 anos, foi também apanhada pela ventania que, quase foi
ao chão. Com seu vestido branco a moça se viu atrapalhada com a ventania a
jogar suas vestes totalmente para cima, pela frente e por traz. A moça ficou
totalmente terrificada com suas pernas torneadas e bem-feitas totalmente a
mostra. E mesmo assim, procurou se encostar em um pé de fícus “benjamim “ para
ter melhor cuidado com as calcinhas estando à vontade com aquele vendaval
imprevisto. A moça procurava sorrir atrapalhada e, da rua, os clientes apenas
assobiaram para a doce mulher totalmente corada de raiva e medo. Já de pé, o
cavalheiro Othon procurou refazer-se do imaginado susto da bela moça entre os
assobios da molecada e sorrisos vãos das outras moças se acercou da dama e
fez-lhe a melhor ação em acudi-la com cuidado
Moça
--- Obrigada! - - respondeu a limpar o rosto molhado de
lágrimas.
Com isso a moça se soergue e
esperou que a ventania placasse para então poder sair com bastante cuidado
prendendo com precaução as suas vestes brancas. Por seu lado, Othon lhe sorriu
em troca e tomo o seu antigo caminho para buscar seu carro e dali seguir o seu
caminho. Ele observou a hora e deu partida em seu carro chegando com certeza a
velha Ribeira onde se pôs a examinar o rio a essa altura plenamente cheio.
Barcos estavam atados uns aos outros e o homem mergulhou sua visão em busca de
encontra os restos da velha estação da Coroa que trazia os trens de ferro pelo
lado oposto do rio Potengi.
Othon
--- Só tem barro no local. - -
disse ele ao ver o canto da estação
Prosseguindo, o homem visitou o
remoto canto da avenida Tavares de Lira procurando divisar algo mais, assim,
dos tempos remotos onde ele brincava de retirar as baratas para poder pescar
com toda a certeza. Os enegrecidos batelões ainda estavam ali, já bastante
carcomidos, mortos, estilhaçados. Mesmo assim, estavam ali à deriva ancorados
nas pedras longe da margem do Cais, parecendo um cais de brumas, de névoa
porque não dizer assim. Uma tristeza imensa invadiu o espírito do homem por
nunca ter alcançado fisgar apenas um peixe, um lambari ou mesmo uma pequena
piaba daquelas que não se encontra mais em loca nenhuma. Nem mesmo na praia
quando vazia.
Guri
--- Pastel? - - ofereceu um guri
ao soberbo mestre das andanças
Othon
--- Não. Obrigado! Espere. Dê-me
um desses, por favor! - - e o garoto
cumpriu seu dever.
Com a posse de dois pasteis, o
homem saiu para a beirada do cais onde pôs as migalhas de pasteis para os peixes
lançarem mão a ingerir como pudessem as sobras de antigos amigos peixinhos do
rio. Feito isso, o homem pagou a sua
oferta e partiu tão rápido como tão rápido chegou ali, ao cais àquela hora
tardia da manhã. Ele observou o relógio de carro e viu as horas. Na calçada em
frente, duas meretrizes caminhavam a conversar. Elas sorriam demais com suas
histórias comuns de damas da noite, saídas de um sobrado onde elas e outras
viviam as noites de suas glórias. Othon sorriu nem sabendo por que com as
gaiatices das damas. O comércio já fervilhava com gente entrado e saindo das
oficinas e de modestas casas de vendas. Um garçom botou para fora do seu
estabelecimento um bêbado a se esborrachar pelo chão da calçada como se fosse
um boneco de barro.
Na Avenida Duque de Caxias, Othon
enveredou com o seu carro. Uma rua quase deserta àquela hora de muito sol de
quase meio-dia ou uma hora a menos. Ao transitar pela frente da Estação
ferroviária ele observou a pouca gente a esperar o trem. Para um outro lado,
Othon observou um esquizofrênico a discutir severamente com um poste. Então, o
homem largou a sorrir com o esquizofrênico. O sinal abriu passagem para o carro
e o homem entrou em uma rua que se chegava a avenida principal da Ribeira onde
outros veículos também vinham passado bem rápidos. Um homem de um armazém de
madeiras despejava para fora da casa umas peças para colocar na calçada onde o
freguês estava a esperar. Na sequência, um bar pouco ornamentado por sinal.
Othon encostou o seu carro junto a uma loja de venda de peças de automóveis.
Cumprimento um rapaz, mecânico por sinal.
Mecânico
--- Vai ao conserto? - -
perguntou o mecânico a sorrir ligeiramente
Othon sorriu em troca,
respondendo afinal
Othon
--- Só encostar aqui. Vou ao bar.
- - e trancou o carro
O bar estava repleto de
mecânicos, damas, operários e gente fina, com certeza. Um rapaz saiu ligeiro
respondendo algo sem razão à dona do bar. Nesse ponto, Othon deu entrada e a
mulher, baixa, forte e sorridente, abraçou o senhor
Bebé
--- Quanto tempo, heim? - -
sorriu abraçada
Othon
--- Uma semana apenas. Trabalhos,
trabalhos e trabalhos. - - respondeu sorrindo
Bebé
--- Vamos entrar. Tem peixe, por
sinal. - - disse a mulher.
O homem se acercou e procurou um
banco vazio em meio de muitos outros. Um menestrel já entoava uma melodia
acompanhada por uma vitrola de bar, dessas imensas onde se punha uma ficha para
se ouvir uma música nostálgica onde os ébrios se entretiam por vez. Gente até
demais àquela hora da manhã, já quase meio-dia. E o barulho ensurdecedor não
aplacava para qualquer lado.
Othon
--- Um drinque, por favor. - -
disse o homem a sorrir
Bebé
--- Em um instante. – - sorriu a
mulher
Outras mulheres despachavam aos
fregueses de tudo o que eles queriam naquela manhã de sábado quente. Um mormaço
cruel se fazia sentir por todo o meio ambiente do bar. Na rua, o calor era mais
forte ainda. Os ébrios chegavam ao balcão pelo lado de fora do bar e pediam uma
bebida. Uma das damas servia-os com presteza. Veículos tracionavam para o
início da avenida, a 200 metros de distância do inferninho, como se podia
chamar aquela minúscula espelunca caso se fosse comparada com os bares
distintos da cidade. A velha e grande vitrola de bar continuava a tocar quando
um ébrio empurrava uma ficha para ouvir a nostálgica melodia de tempos
distantes,
Bebé
--- Pronto. O seu drinque - -
sorriu a mulher
Othon
--- Tem fígado acebolado? - -
perguntou sorrindo
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