quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 01

CAMELÓDROMO
- 01 -
O COMEÇO
Othon seguia para o chamado “vuco-vuco”, um local de vender rádios modernos, relógios de última geração, tesouras, despertadores e, em meio de tudo, tinham comidas chamadas “quentinhas” preparadas na hora. Isso, entre outras bijuterias como bonecas, CDs, DVDs de filmes entre muitas outras bugigangas importadas do porto do Paraguai negociadas por preço bem abaixo do mercado comum. Alí se encontrava de tudo. Discos e rádios velhos em meio de coisas novas. O homem entrou pelo beco existente entre o prédio do Banco e uma casa de comércio, pelo outro lado, saindo da avenida principal da cidade. Manhã de sábado, o negócio ainda era fraco nas casas de comércio entre pouca gente a buscar aquilo que lhe interessava. Um bêbado dormia sobre um banco armado junto a parede do Banco. Uma mulher gorda já saíra das lojas do vuco-vuco chamado de Camelódromo (para depositar um nome mais soberbo) e ela cruzando de momento com o senhor Othon deixando apenas um bom dia para ele o que foi correspondido plenamente. Dentro das lojas do Camelódromo era uma zoada infernal com os jogadores de damas apostando em suas preferências. Após examinar os artigos expostos nas vitrines de DVS de Filme, o homem buscou um rapaz para perguntar:
Othon
--- Novidades? - - perguntou querendo saber o que estava à venda naquela manhã de sábado
Moço
--- Algumas. Tem esse. Eu guardei especialmente para o senhor. É um filme de procedência de Praga, da República tcheca. Fala-se que é muito bom. Quer ver? - - perguntou o moço
Othon
--- A Morte na Estação! - - e o homem viu e reviu o invólucro da caixa
Moço
--- Sim. Um caso estranho. Vou colocá-lo para que possa vê-lo
Após verificar novos lançamentos, o homem embrulhou tudo, inclusive o novo filme e saiu para pegar o seu carro estacionado em uma rua lateral. Ao sair pela rua principal, Othon foi tomado por uma intensa ventania quando seus pacotes de filmes foram ao chão. Uma linda mulher, lá pelos seus 25 anos, foi também apanhada pela ventania que, quase foi ao chão. Com seu vestido branco a moça se viu atrapalhada com a ventania a jogar suas vestes totalmente para cima, pela frente e por traz. A moça ficou totalmente terrificada com suas pernas torneadas e bem-feitas totalmente a mostra. E mesmo assim, procurou se encostar em um pé de fícus “benjamim “ para ter melhor cuidado com as calcinhas estando à vontade com aquele vendaval imprevisto. A moça procurava sorrir atrapalhada e, da rua, os clientes apenas assobiaram para a doce mulher totalmente corada de raiva e medo. Já de pé, o cavalheiro Othon procurou refazer-se do imaginado susto da bela moça entre os assobios da molecada e sorrisos vãos das outras moças se acercou da dama e fez-lhe a melhor ação em acudi-la com cuidado
Moça
--- Obrigada! - -  respondeu a limpar o rosto molhado de lágrimas.
Com isso a moça se soergue e esperou que a ventania placasse para então poder sair com bastante cuidado prendendo com precaução as suas vestes brancas. Por seu lado, Othon lhe sorriu em troca e tomo o seu antigo caminho para buscar seu carro e dali seguir o seu caminho. Ele observou a hora e deu partida em seu carro chegando com certeza a velha Ribeira onde se pôs a examinar o rio a essa altura plenamente cheio. Barcos estavam atados uns aos outros e o homem mergulhou sua visão em busca de encontra os restos da velha estação da Coroa que trazia os trens de ferro pelo lado oposto do rio Potengi.
Othon
--- Só tem barro no local. - - disse ele ao ver o canto da estação
Prosseguindo, o homem visitou o remoto canto da avenida Tavares de Lira procurando divisar algo mais, assim, dos tempos remotos onde ele brincava de retirar as baratas para poder pescar com toda a certeza. Os enegrecidos batelões ainda estavam ali, já bastante carcomidos, mortos, estilhaçados. Mesmo assim, estavam ali à deriva ancorados nas pedras longe da margem do Cais, parecendo um cais de brumas, de névoa porque não dizer assim. Uma tristeza imensa invadiu o espírito do homem por nunca ter alcançado fisgar apenas um peixe, um lambari ou mesmo uma pequena piaba daquelas que não se encontra mais em loca nenhuma. Nem mesmo na praia quando vazia.
Guri
--- Pastel? - - ofereceu um guri ao soberbo mestre das andanças
Othon
--- Não. Obrigado! Espere. Dê-me um desses, por favor! -  - e o garoto cumpriu seu dever.
Com a posse de dois pasteis, o homem saiu para a beirada do cais onde pôs as migalhas de pasteis para os peixes lançarem mão a ingerir como pudessem as sobras de antigos amigos peixinhos do rio.  Feito isso, o homem pagou a sua oferta e partiu tão rápido como tão rápido chegou ali, ao cais àquela hora tardia da manhã. Ele observou o relógio de carro e viu as horas. Na calçada em frente, duas meretrizes caminhavam a conversar. Elas sorriam demais com suas histórias comuns de damas da noite, saídas de um sobrado onde elas e outras viviam as noites de suas glórias. Othon sorriu nem sabendo por que com as gaiatices das damas. O comércio já fervilhava com gente entrado e saindo das oficinas e de modestas casas de vendas. Um garçom botou para fora do seu estabelecimento um bêbado a se esborrachar pelo chão da calçada como se fosse um boneco de barro.
Na Avenida Duque de Caxias, Othon enveredou com o seu carro. Uma rua quase deserta àquela hora de muito sol de quase meio-dia ou uma hora a menos. Ao transitar pela frente da Estação ferroviária ele observou a pouca gente a esperar o trem. Para um outro lado, Othon observou um esquizofrênico a discutir severamente com um poste. Então, o homem largou a sorrir com o esquizofrênico. O sinal abriu passagem para o carro e o homem entrou em uma rua que se chegava a avenida principal da Ribeira onde outros veículos também vinham passado bem rápidos. Um homem de um armazém de madeiras despejava para fora da casa umas peças para colocar na calçada onde o freguês estava a esperar. Na sequência, um bar pouco ornamentado por sinal. Othon encostou o seu carro junto a uma loja de venda de peças de automóveis. Cumprimento um rapaz, mecânico por sinal.
Mecânico
--- Vai ao conserto? - - perguntou o mecânico a sorrir ligeiramente
Othon sorriu em troca, respondendo afinal
Othon
--- Só encostar aqui. Vou ao bar. - - e trancou o carro
O bar estava repleto de mecânicos, damas, operários e gente fina, com certeza. Um rapaz saiu ligeiro respondendo algo sem razão à dona do bar. Nesse ponto, Othon deu entrada e a mulher, baixa, forte e sorridente, abraçou o senhor
Bebé
--- Quanto tempo, heim? - - sorriu abraçada
Othon
--- Uma semana apenas. Trabalhos, trabalhos e trabalhos. - - respondeu sorrindo
Bebé
--- Vamos entrar. Tem peixe, por sinal. - - disse a mulher.
O homem se acercou e procurou um banco vazio em meio de muitos outros. Um menestrel já entoava uma melodia acompanhada por uma vitrola de bar, dessas imensas onde se punha uma ficha para se ouvir uma música nostálgica onde os ébrios se entretiam por vez. Gente até demais àquela hora da manhã, já quase meio-dia. E o barulho ensurdecedor não aplacava para qualquer lado.
Othon
--- Um drinque, por favor. - - disse o homem a sorrir
Bebé
--- Em um instante. – - sorriu a mulher
Outras mulheres despachavam aos fregueses de tudo o que eles queriam naquela manhã de sábado quente. Um mormaço cruel se fazia sentir por todo o meio ambiente do bar. Na rua, o calor era mais forte ainda. Os ébrios chegavam ao balcão pelo lado de fora do bar e pediam uma bebida. Uma das damas servia-os com presteza. Veículos tracionavam para o início da avenida, a 200 metros de distância do inferninho, como se podia chamar aquela minúscula espelunca caso se fosse comparada com os bares distintos da cidade. A velha e grande vitrola de bar continuava a tocar quando um ébrio empurrava uma ficha para ouvir a nostálgica melodia de tempos distantes,
Bebé
--- Pronto. O seu drinque - - sorriu a mulher
Othon
--- Tem fígado acebolado? - - perguntou sorrindo

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