- ENERGIA -
- 20 -
LUZ -
Quase uma semana passou. Era
domingo. Na fazenda era dia. Um cavaleiro vindo de fora, as pressas, logo foi
dizendo que a energia havia chegado, pelo menos em Macaíba, cidade de onde ele
estava chegando. Todo suado, cavalo bufando pela correria feita, querendo
relinchar e nada podia fazer. O cavaleiro tem tapinhas na cernelha do animal
para acalmá-lo. Seu chapéu de couro, o homem retirou da cabeça. E deu como
certa a notícia.
Gastão
--- Agora? - - indagou com as
mãos nos quadris.
Jacó
--- Faz pouco tempo. Logo que
chegou, eu montei e sacudi para cá. - -
Gastão
--- Ponha a energia da rua, Ada.
- - disse o homem
A mulher entrou dentro de casa e
mando desligar o gerador para ver se a energia também chegara na fazenda.
Tiana
--- Luz? - - perguntou espantada
Ada
--- Veja se tem. Desligue o
gerador e ligue a corrente da rua. - - falou a mulher
Tiana
--- Dá choque? - - perguntou
assustada
Ada
--- Que choque? Ligue essa bosta.
- - disse a mulher.
E a luz se fez. Gritaria em toda
casa grande. A luz chegou. Vivas! Era a alegria total. E Gastão ficou aturdido
pela falta de água no apartamento em Petrópolis, àquela altura. Recomendou que
a esposa arrumasse a troçada e esperasse algum tempo, dois dias, no máximo para
ter certeza de que a água também voltara. Nessa semana, as torneiras ficaram
secas nas casas e muita gente teve que buscar o líquido, em bairros distantes.
Com as torneiras gorgorejando, homens, mulheres, crianças buscavam água em
pontos mais distante. A Empresa fez perfuração de poços tubulares para atender
as necessidades de toda gente. Mesmo assim, homens e mulheres ainda estavam a
conduzir a água dos poços.
Segunda-feira. Gastão seguiu
direto para o seu AP, moendo do seu velho novo carro enquanto Ada rumou para a
Universidade em seu novo carro. Aliás, o carro já estava até desgastado por seu
tempo de uso. Mas, não deixava de ser um bom automóvel. A babá Tiana ficou no
sítio tomando conta do menino Aldo. De manhã, bem cedo, ela foi buscar um copo
de leite para o garroto beber. Depois, o café com bolo entre outras frituras.
Maria era a cozinheira chefe. Ele, Aldo, se lembrava da menina Marina, porém
nada comentava sobre o negócio. Nem ninguém sabia do atrevimento dos dois,
Marina e Aldo. Ficou uma coisa pela outra. Ele viu por mais uma vez a menina
chegar a casa, e mesmo assim, nada ele falou. Ambos eram calados. Na segunda
feira, Corina chegou a casa, puxando a menina Marina pelo braço. Nesse ponto,
Marina nada falou dom o garoto. Ficou sisuda e o menino, calado ficou. A menina
apenas ficou grudada na saia da avó, mesmo assim olhando para Aldo, com a mão
na boca.
Tiana
--- Quer leite? - - perguntou a
menina.
Ela respondeu que não, fazendo
apenas com a cabeça. A sua avó, olhou e disse.
Corina
--- Toma leite. Saco vazio não
fica de pé, menina! - - disse isso com um puxavante.
Marina
--- Quero não. Minha barriga está
cheia. - -
Corina
--- Cheia? Tu comesses o que? - -
embrutecida
Marina
--- Café com pão. - -
Corina
--- Tá! Pão enche barriga de
ninguém? Toma o leite e vai brincar com suas bonecas. - - e se soltou da
menina.
Em segundos, a menina foi para o
batente da porta de trás e Tiana chegou com um copo de leite para a garota
beber dizendo apenas.
Tiana
--- Tome o leite. Faz bem. Eu
tomei inda agora. Todo mundo tomou. Tome você. - - manso
A menina dessa vez não rejeitou.
Bebeu um copo de leite dos grandes. Fez isso vagarosamente. Voltando a mesa,
Tiana fez um aceno para avó da menina dizendo que a garota bebeu o leite.
Devagar, Aldo se aproximou da porta e procurou sentar. Ele olhou para Marina, e
nada falou. Brincou com um graveto. No quintal estavam os vaqueiros ainda
tirando o leite das vacas. Aldo apenas observou. Já estava de bucho cheio do
leite que bebeu em instantes. Nesse ponto, brincando com o graveto, ele indagou
à menina
Aldo
--- Vamos brincar? - -
A menina nem olhou e deu de volta
se levantando de repente indo até a cozinha. Por lá, pegou os pratos que ainda
faltava lavar e, por certo, lambuzou, como se estivesse lavando de verdade.
Aldo saiu devagar para o seu quarto de dormir.
Na terça-feira a turma toda
voltou para o seu Apartamento. E a vida continuou sem motivos. A água que
faltara, essa voltou às torneiras das casas. Ada já cumpria a missão de olhar
as estrelas quando a noite caía. Tiana agasalhava o menino na hora de dormir. O
homem Gastão, já sem cachimbo, ouvia as notícias da TV. Os automóveis voavam
por rua inteira. Uma carta chegara as mãos de Gastão. Era do Governador ou de
algum auxiliar em nome do Governador. Ele observou o conteúdo. E logo chamou Ada
para ler também.
Ada
--- Convite? Ah não posso! Nem
morta! Ajeite-se! - - reclamou
Gastão
--- Mas isso é mais que um
convite. É uma ordem. Está assinado pela sua autoridade. - - disse ele com a
testa franzida.
Ada
--- Mas eu não vou. Tenho estudos
além dessa merda de observar as estrelas. - - abusada.
Gastão
--- Escute, amor: é apenas uma
semana. Você verá coisas raras. Não custa nada. Vamos! - -
Ada
--- Já disse não! O que eu vou
ver lá node você vai? - - abusada
Gastão
--- É a Áustria. É uma exposição
de uma moça daqui de Natal. Semíramis. Eu vou representado o Estado. Você vai!
Não tem nem conversa! - - garantiu
Ada
--- Semíramis? A amante do
Reitor? - - perguntou
Gastão
--- Isso eu não sei. Eu vou
representando o senhor Governador. - - disse já meio trancado
Ada
--- Eu sei quem é a peça.
Bonitona! Vá ver que ela tem machos por lá. - - declarou
Gastão
--- Se tem, isso não me
interessa. Eu quero que você vá também. - -
Ada
--- Isso de esquentou as orelhas!
O Reitor vai também? - - pesquisou enciumada.
Gastão
--- Deve ir. Eles não são
casados? - -
Ada
--- Juntos!!! Eles são amigados!
Olha aí, ó! - - e fez uma parelha com os dedos
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