- CRUS VAZIA -
- 23 -
FICAR -
No dia seguinte, Corina chegou
cedo ao AP de Gastão, trazendo o leite despachado todos os dias da fazenda para
a Usina de Natal, vindo no caminhão do leite o qual deixava um litro na casa de
Ada e depois seguia em frente. A mulher estava triste pela perda de Carcará e
lembrava da calma havida por todos os tempos aquele homem. De conversa em
conversa, Corina indagou a Ada se seria possível se dar abrigo a dona Maria,
mulher de Carcará. A mulher ouviu com bastante atenção e declarou.
Ada
--- Ela falou alguma coisa nesse
caso? - - preocupada
Corina
--- Nada falou. Sou eu que estou
perguntando. - -
Ada
--- Bem. Se ela quiser vir, a
casa está aberta. Não acredito muito nessa pretensão. - -
Corina
--- Eu também. Apenas indago. Só,
naquele meio de gente, alguns que ela nem conhece. Sei não. Sei não! - - falou
com desgosto
Ada
--- É a vida. Vejamos o que
acontece. Gastão tem que resolver isso. O leite! Quem vai tomar conta dos
animais? - - perguntou olhando Corina
Corina
--- Não sei. Talvez algum
vaqueiro que se preste. Eu não sei nem os nomes de todos! - - dialogou
Ada
--- Nem eu. Talvez Lino, ou outro
qualquer. Quem o mais ativo no sítio? - - indagou
Corina
--- Sei lá! Tem tantos. Eu não
sei, pelo nome, de nenhum! - -
Ada
--- Então, vamos aguardar. Deixar
o tempo seguir a rota. - -
Tempos passaram, quem estava à
frente dos negócios era dona Maria. Ela não quis sair da fazenda. No dia
seguinte da morte de Carcará, quem esteve à frente dos negócios do gado foi o
vaqueiro Lino. Era o que mais confiança tinha o seu Gastão. Homem ativo de
correr para um lado e para outro. Foi ele quem ficou despachando o leite, o
queijo e de sorte, comprando ração para os bichos. De tudo isso, ele fazia as
contas com dona Maria. E, depois começava tudo de novo. Tanger o gado, informar
as ordens tomadas, vigiar os porcos, as cabras e ovelhas. Tudo isso ele fazia.
Gastão, certa vez, apareceu com um mulato de nome Chicó. Era um homem
carrancudo de cuspir fumo para um lado e para outro. Dessa vez, Gastão chamou
dona Maria e apresentou Chicó como o homem a tomar conta do gado. Ela
continuava a tomar conta da fazenda. Lino permanecia fazendo o que já sabia
fazer.
No dia seguinte, estava Gastão
ouvindo a TV quando sua mulher Ada o indagou sobre os programas.
Ada
--- Querido, você já ouviu falar
no Imperador Constantino, do Roma? - -
Gastão estava distraído com o
programa e disse então.
Gastão
--- Constantino? Ouvi falar! Não
sei muito a seu respeito. Conte-me, por favor! - -
Ada
--- Ele era de família pobre.
Mas, logo cresceu. Chegou a ser Imperador. Era um tempo de batalhas entre os
romanos e o povo cristão. Isso foi em 313 depois de Cristo. Constantino não era
católico. Porém, certa vez, ele viu no Céu uma luz brilhando. Logo, ele pensou
que a luz era Jesus. - - explicou
Gastão
--- Ah Já ouvi falar nessa
história. E era Jesus, mesmo? - - indagou meio duvidoso
Ada
--- Aí é que vem a história de
verdade. Não era Jesus. Uma bola de fogo desceu à Terra e impactou nas montanas
de Roma e o caso ficou em sigilo se pensando que era Jesus. Mas não era. Uma
bola de fogo, um asteroide como sempre cai na Europa, Brasil, Estados Unidos.
Como não se conhecia naquele tempo os esteroides, ficou o dito por não dito. -
- sorriu
Gastão
--- Imagino! Ora que coisa!
Asteroide! - - falou breve
Ada
--- Eu vi, agora, um asteroide e
pensei no caso. A bola de fogo. - - calou o voltou a olhar o céu no seu
telescópio
Gastão
--- Mas nas escolas não se ensina
isso! - - disse mais
Ada
--- Isso é estudo mais para
frente. - - disse a mulher olhando as estrelas
Gastão
--- Essa questão é muito severa.
–
Ada
--- Sim. Por que um Imperador e seus
guardiões viram, do Céu uma Cruz flamejante? E quem duvidaria da palavra de
Constantino? Ele era um imperador. E a
Igreja Católica vivia em guerra com os hereges.
Isso era como se chamava os não cristãos. Os hereges. Imperadores de
duas facções. - -
Gastão
--- E depois? - - Indagou
Ada
--- Depois? Bem. Constantino –
dizem – caiu de joelhos no chão suplicando o perdão de Jesus. E, tornou-se
cristão. Em 325, ele convocou um Concílio de Niceia com 300 bispos com a intenção
de reformular a Doutrina Cristã e basicamente tudo o que conhecemos hoje. Vários temas doutrinarias foram debatidos
como a Páscoa e a Quaresma, período de
40 dias que devia preceder a Pascoa iniciada na quarta-feira de Cinzas. A Bíblia,
que hoje conhecemos, também foi modificada com a retirada dos livros considerados
hipócrafos, como livro de Enoque. - -
Gastão
--- Quanta coisa mudou! Mais
algo? - - quis saber
Ada
--- Muito mais. Muito mais. Foi a
mudança do nascimento de Jesus para o dia 25 de dezembro, data que também que
corresponde com o Deus Romano, Mitra. No mesmo período de outras comemorações
pagas da época. Os protestantes de hoje também sofrem com essas manipulações. –
Gastão
--- Quer dizer: a religião é um
interesse de alguns. Protestantes e Cristão. –
Ada
--- Isso. Isso. Quem quer ser
cristão, será. Quem quer ser protestante, é a mesma coisa. –
Gastão
--- Isso quer dizer que um dos
seus maiores legados da Igreja Católica é o cristianismo. –
Ada
--- Isso mesmo. Para os Cristãos,
o evento essencial na fundação de sua fé é a crucificação. Esse conflito de
perspectivas tem um mesmíssimo resultado: uma história épica com o dois mesmo
resultados.
Gastão
--- Sacanagem. - - disse o senhor
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