- CANGACEIRO -
- 22 -
MORTE -
Lino era um capanga do sítio de
Gastão. Certo dia, ele vinha a cavalo, desembestado como um louco, passando por
cima de pau e pedra, puxando pelos estribos o seu animal, se aguentando como
podia, a cara de um homem apavorante, deixado a poeira cobrir até chegar a
porteira do sítio já bastante exausto e sem poder nem falar de cansado que
estava. Ele trazia uma notícia aterradora para contar a dona Maria e a quem
mais tivesse para ouvir. Sem poder falar, Lino apenas balbuciou.
Lino
--- Dona....o seu
....marido....está morto...- e caiu da cima da cela postando-se ao chão.
Dona Maria nem ouviu direito o
que o homem Lino acabara de falar. Apenas racionou ter sido o seu marido morto
por alguém. E saiu da sala de janta indo para perto de Lino o sacudindo para
ouvir melhor o que ele sabia. Outro capanga veio direto, logo após do primeiro,
e logo disse a dona Maria.
Capanga
--- Matara Carcará, minha
senhora! Foi no caminho de Macaíba. - - relatou nervoso
Maria
--- Mataram meu homem? Me dê seu
cavalo! - - e empurrou o homem da cela perguntando de saída se tinha sido no
caminho de Macaíba.
A capangada se juntou a dona
Maria e logo foi para o local indicado. Tinha gente a olhar os mortos. Eram
dois. Carcará e outro facínora. Eles estavam mortos à custa de bala. Após
averiguar de quem mais sabia, chegou-se à conclusão de que os dois bandidos
trocaram fogo. Não se sabe que atirou primeiro. Mas os dois atiraram em cima do
coração de cada um ou mais ou menos isso.
Pessoa
--- Mataram Carcará? - - indagou
alguém sem acreditar.
Pessoa-2
--- Dois tiros. Foi pei e bufo! -
- explicou o outro com o rosto franzido.
O caso, quase explicados foi do
jeito que o povo disse. Carcará já saíra das terras de Macaíba quando ouviu um
grito vindo de trás, não muito longe. Era o outro matador, Jerônimo, cangaceiro
de fama que vinha a procura do seu inimigo a mando de alguém e pago por certa
quantia. Carcará, ouvindo o chamado, engatilhou a sua arma e se virou para a
cara do matador. Ele o conhecia de longas datas. Os dois saltaram de suas
montarias e houve pouca discussão.
Jerônimo
--- Vim te matar a mando de
alguém! - – falou bravo
Carcara
--- Prove! - - respondeu o
celerado com as mãos erguidas com duas armas.
Demorou-se alguns minutos e ambos
ficaram à espera. Cada qual que fosse ágil. Não se podia decifrar qual de ambos
eram o primeiro. A distância de dez passos, suando como quem. Os matadores
esperavam a hora de puxar pelo gatilho. E não deu outra. Na hora precisa,
ouviu-se os disparos. Cada qual que atirasse primeiro. E acertaram, os dois, no
coração de cada qual. Jerônimo, mais forte que Carcará, ficou de pé por mais
alguns instantes, mas logo caiu como um touro esbravejado. Talvez foi dessa
forma como os dois caíram, mortos pelas balas de suas armas.
Enquanto isso, Maria chegou à
cena da morte. Ela tão breve encontrou o corpo de Carcará. Era um homem forte,
porém não gordo. O outro matador, era meio robusto de mais de 80 quilos. Ela
nem se importou em vê-lo de perto. O seu homem estava caído de bruços no chão.
A mulher chorou a perda de Carcará. A Polícia do local ainda não estava. Apenas
homens, mulheres e crianças. Algumas comentavam.
Mulher
--- Ru-rum! Quem diria! - -
Mulher-2
--- E ele era matador? - -
indagou assustada
Mulher-3
--- Ora essa! Foi bandoleiro do
tempo de Lampião! - - argumentou outra.
Homem
--- Aqui é só o que tem. - -
cuspiu fumo
Mulher-4
--- Cala tua boca, peste! Tu não
sabes o que diz! Depois os outros tem vingança! - - embrutecida e olhando com a
cara rancorosa
A Polícia só chegou uma hora
após. Fez perguntas a mulher Maria sobre os dois criminosos e ela respondeu só
saber falar de um, o seu marido
Maria
--- Ele era educado, trabalhador.
Não tinha raiva de ninguém. É o que posso falar! - - discorreu triste.
Os corpos dos mortos foram
levados para o Instituto de Criminalística para logo após identifica-los e
formalmente identificá-los apenas como mortos. Corina foi que avisou a dona Ada
e, por conseguinte, Ada a Gastão. O sepultamento se deu na tarde do mesmo dia.
Gastão ficou calado na hora do enterro e remoendo a memória por causa de ter um
assassino vindo tão perto de sua fazenda para matar um dos seus homens.
Ada
--- Quem era o tal Jeronimo? - -
indagou murmurando
Gastão
--- Um caçador de recompensas. Um
matador sem estrelas. - - respondeu
Ada
--- E veio por vingança ou por
mando de alguém? - - inquieta
Gastão
--- Quem sabe? Talvez por apenas
recompensa. - - informou
Ada
--- Você não sabe quem mandou? -
- inquieta.
Gastão
--- Não. Eu não. Mas tenho minhas
suspeitas. Jerônimo era um cangaceiro de muitos patrões. - - pensativo
Ada
--- Por que só matou Carcará? - -
duvidosa.
Gastão
--- Por mulher, não foi. Eu penso
ter sido por algum crime que ele fez antigamente. - -
Ada
--- Ele matava assim, sem dó nem
piedade? - - indagou com suspeitas
Gastão
--- Meu pai pode saber. Jerônimo
mata um para vingar outro. As vezes não nada a ver com quem ele matou. Ele, Carcará,
nunca me falou do seu passado. Eu sabia de coisas por ouvir dizer. - -
Ada
--- Alguém tem interesse em te
liquidar? - - cismada
Gastão
--- Pode ser que tenha. Pode ser
que não. Tem um deputado, que eu nunca falei com ele. Somos intrigados. Mas,
duvido que esse deputado tenha tanta coragem. - - cismado
Ada
--- É bom não duvidar de tal
elemento! Pode ser que seja esse tal. - - inconformada
Gastão
--- Por que ele não vem tirar tem
direto comigo? - - quis saber
Ada
--- É melhor se prevenir. Você
nem anda armado! - - preveniu
Gastão
--- É verdade. É verdade. E vou
continuar sem armas. - -
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