sábado, 27 de setembro de 2014

O INFERNO - 15 -

Emmanuelle Riva
15
ASSOMBRAÇÕES

No dia seguinte, pela manhã, onde não havia ainda um bom movimento, a virgem estava em sua máquina de datilografia escrevendo pedidos às firmas de outros Estados e o seu chefe concluía as remessas do dia passado. O rapaz da limpeza fazia seu serviço antes que o patrão chegasse ao escritório, caso de não demorar muito. O garoto dos jornais matutinos entregava os exemplares do dia com uma pressa tremenda e em seguida se punha ao largo para a entrega em outras repartições do mesmo edifício. A manhã era calma e de sol e se ouvia da rua gente a conversar assuntos atuais. Um veículo a passar fazia zoada irritante com o espocar do motor dando tiros a todo instante. O caso era hilário e em seguida alguém falava ao motorista para colocar gasolina na frente porque o motor estava suado até demais. Outros engraçados bagunceiros torciam risos pela razão do fato em si. Essa era a vida da rua em seu início de labor. De repente, a virgem Norma achou de indagar ao seu chefe, senhor Sócrates Fernandes.
Norma:
--- O senhor tem sonhos? – indagou curiosa.
O rapaz estava por demais distraído que não entende a questão. Então voltou a pergunta:
Sócrates:
--- O que? Sonhos? E quem não tem? Sonhos mesmo? – indagou meio descrente.
Norma:
--- Sim. Sonhos. Pesadelos. Assombrações! Tudo isso! -  fez ver a virgem.
Sócrates:
--- Eu não sei bem o que a senhorita pergunta. Mas sonhos, todo mundo tem. E, por acaso por qual motivo me questiona? – indagou meio desligado.
Norma:
--- É o seguinte: a noite passada em tive um pesadelo. Uma assombração, pelo que se diz. Eu creio que, neste mundo, o mal é uma realidade. Nas sombras mais escuras e nos lugares mais comuns pessoas inocentes são tragadas por fatos inimagináveis. Eu, ontem pela madrugada tive uma assombração além da minha razão. – tentou explicar.
O rapaz que estava ocupado com uns certos documentos, resolveu pôr tudo para um lado e se ligou a escutar. Em sua cadeira estofada, ele assim debruçou.
Sócrates:
--- Conte. Pode contar. Sou todo ouvidos. – alertou o rapaz.
Norma:
--- Foi assim: Eu já percebi ter problemas além dos cinco sentidos. Dessa vez, em profundo silêncio, algo desconhecido tentou falar comigo. Algo que me atormenta e se diz destruir o que me é mais sagrado. Entre o mundo que eu vejo e as coisas que eu temo, existem portas. E quando elas se abrem os pesadelos se tornam realidade. É uma possessão maléfica. A minha casa é uma terra de fantasma e demônios. Um médium já esteve em minha casa e a batizou de fantasma do diabo. Existem na residência apavorantes encontros sobrenaturais. São verdadeiras assombrações aterrorizantes. Tem fantasmas que não andam nem falam. Nós moramos da mesma residência cerca de cinco anos. E desde esse tempo eu vejo fantasmas. Monstros invisíveis! Certa vez, um intrigante homem surgiu em nossa casa. Seu nome era Eugênio. Ele falou que habitação tinha gente demais. Eu fiquei impressionada. Só estavam eu e minha mãe. Eu senti através do homem coisas fantásticas. Ele era um depósito de fantasma. Eu já li sobre paranormalidade e mesmo de dia em sentia espíritos. Uma atividade sobrenatural eu vi no corpo do homem – Eugênio. Algo que coisa que eu posso sentir. Entende? – falou a virgem.
Sócrates.
--- Quer dizer que a senhorita tem poderes para ver os mortos? – perguntou de forma bem cuidada.
Norma:
--- Sim. Eu tenho esses poderes. Por exemplo: eu estou “vendo” junto ao senhor um homem vestido de branco, um pouco alto, ligeiramente gordo. Não muito. E atrás desse homem outros estão sem sorrir. Apenas escutam. – falou a virgem.
Sócrates:
--- É verdade! São os meus guardiões. Todos eles. – destacou com sobriedade.
Norma:
--- Guardiões! Eu acho que não tenho esses fantasmas! – relatou com a cara feia.
Sócrates:
--- Tem. Você tem! – contradisse.
Norma:
--- E o resto? Quer ouvir? – perguntou cismada.
O homem sorriu e fez com a cabeça de “sim”.
Sócrates:
--- Prossiga! – relatou.
Norma:
--- A minha mãe achava que era uma “coisa” ruim. Ela teme ocorrer alguma coisa de risco. As vezes ela mesma já viu um garoto de cabelos louros. E ele vem para brincar com outros garotos que moram na minha casa. E eu despertei por causa desse garoto. Ele me sacolejou para que eu acordasse. Dias passados eu vi o garoto do lado de fora da casa. E era de dia. A minha mãe chamou o médium e ele levou uns artefatos. Era para indagar o que a minha queria saber. A minha mãe quis saber do nome do espírito. E ele disse se chamar “Francisco”. A sessão prosseguiu e o espírito declarou ser aquela a sua casa, porque foi ali que ele foi abortado por sua mãe. O espírito de Francisco declarou está ali por longo tempo até que a sua mãe lhe desse a oportunidade de nascer de novo. – falou com medo.
Sócrates:
--- Mãe? E quem era a sua mãe? Mãe do espirito? – indagou com espanto.
A moça calou por um instante para depois responder:
Norma:
--- Eu! Eu mesma! Em outra existência! Quer dizer: eu era a mulher que o meu filho a procurava! Isso há muito tempo. – relatou.
Sócrates:
--- Nossa! Não acredito? Como é que pode? A senhorita ser a mãe de uma criatura no passado? Eu pergunto: você frequenta algum centro? – indagou perplexo.
Norma;
--- Algumas vezes. Mas nem sempre. – disse a virgem.
Sócrates:
--- Tem alguém com a senhorita? – voltou a querer saber.
Norma:
--- Namorado? Não! Nunca tive. E nem penso em ter. – relatou melancólica.
Sócrates:
--- Bem. Se a senhoria teve coragem de me contar tal pesadelo, deve também ir ao Centro. Verdade? – indagou
Norma:
--- Eu penso demais em ir. Não sei. Espírito! –reclamou a virgem
Sócrates:
--- Bem. É só querer. Acreditas? – indagou a sorrir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário