JENNIFER LAWRENCE
- 17 -
TERROR
De forma repentina, Norma acordou assustada com a visagem que
tivera de um homem dizendo apenas ser o seu pai em outras gerações. O seu
coração pulsava de modo alucinado e o suor lhe dominava a face. O seu cômodo
onde dormia estava às escuras. Uma luz se projetava de um lado de trás da
cozinha. A sua mãe talvez dormisse sossegada em outro cômodo, pois a calma da
madrugada provinha a plena e total tranquilidade. Um rato passou por entre o
camiseiro e a parede com a porta ainda casualmente fechada, provocando em Norma
um leve temor com tal inquieto barulho. Ela olhou o rato a sair com pressa e
nada fez. Da cobertura da casa descia um véu de teia de aranha junto a parede
que dava para o oitão onde havia um muro. Norma olhou a névoa de repente e se estremeceu
como jamais vira o tal véu. A escuridão da noite fazia o véu da aranha algo impressionante.
Um gato pulou em cima do cômodo próximo a cama derrubando um vidro de perfume e
isso fez maior desastre no escuro noturno da madrugada. Um vento morno correu por entre portas e
arcadas da casa soltando um uivo tal qual um sedento lobo. Em instantes
ouviu-se um cão latir forte por alguma coisa qualquer. O terror louco fez
tremer a moça por pressentir um redemoinho em sua volta como se alguém
estivesse partindo para o escuro luto do sem fim.
Norma:
--- Mãe? – gritou estremecida toda nervosa.
A mulher demorou a responde diante das frequentes chamadas da sua
filha. Por certo período, entrou no quarto vizinho ao seu a mulher toda coberta
de trapos e se envergando por completo como se estivesse com um intenso frio.
Maria Augusta era o seu nome. Porém alguém a conhecer a chamava apenas de
“Totó” ou dona Totó, como era habito. Totó trabalhava em uma empresa de tecer
agave e o expediente era diurno com pausa para o almoço. Sua habitação era
próxima da Vila Ferroviária de Natal e o seu caminhar era feito pela rua das
Oficinas da Rede Ferroviária. Quando o apito a Rede soava, era hora de começar
o expediente para todos os trabalhadores, inclusive da fábrica de agave. A sua
habitação ficava próxima da fábrica o que dava a oportunidade da mulher chegar
logo cedo a empresa. Com um salário mínimo Totó se mantinha e a sua casa. Nesse
ponto quando a filha também arranjou um trabalho no escritório a coisa ficou
mais simples. O marido de Totó abandonou a casa e não deu mais notícias. A moça
soube através de um espírito ter o homem arranjado um emprego de transportador,
porém não houve uma explicação para o caso.
Quando dona Totó chegou ao quarto onde a filha dormia a encontrou
em um assombro absoluto. Totalmente despenteada, a moça apenas gritava de espanto
e horror. Aquilo era um pesadelo infernal para todos os sentidos da vida. Em
pânico, Norma gritava para a sua mãe que o seu pai estava ali bem perto da
mulher. E apontava com o dedo da mão em êxtase total. O cobertor da cama estava
aos pandarecos e Norma saltava apavorada em cima do seu leito. E a continuar, o
colchão rolou para baixo. O inferno era o mínimo que se podia aludir.
Norma:
--- É o Lorde, mãezinha! É o Lorde! – bramia a moça ao desespero.
Totó:
--- Que Lorde, menina? Tu me acordas no meio da noite para
conversar besteiras? Vai dormir! Ora mais! – reclamou a mulher aborrecida com a
filha.
E a moça chorava como criança agarrando-se a sua mãe com todo o
espanto possível. A mulher procurava sair do entrave totalmente aborrecida. Um
rato correu por entre a parede a sair pela porta do quarto. Em seguida, em sua
perseguição, corria o gato. Nem demorou muito para animal estrangular o pequeno
rato. Ouvia-se os gritos afiados do bicho contra o rosnar cruel do infame felino.
A mulher dona Totó se espantou com a tal carnificina. E então procurou se
desvencilhar das mãos de sua filha e, de chinelo na mão, seguiu os dois
contendedores e abaixou o chinelo no minguado roedor. Apesar de sua
determinação em ajudar o seu gato, esse foi mais rápido e saiu do local onde se
encontrava, agarrando o rato pelo pescoço e se perdendo de vista de dona Totó
alcançando a baixa parede da casa de duas águas, fugindo então com sua caça.
No instante seguinte, a jovem moça Norma se acercou da sua mãe,
senhora Totó e pedia proteção da mulher, pois estava terrificada com o
surgimento do seu antigo pai. E lhe pediu amparo:
Norma:
--- Por favor mãezinha! É verdade! Eu juro! Ele estava aqui! –
rogava a moça
Totó:
--- Besteira! Vá dormir! Você está de regras? – indagou surpresa.
Então a moça caiu no choro ainda mais forte e frequente. Nada
havia em comum entre uma coisa e outra. Ela havia visto o espírito do seu pai
de antigas datas. Lord Thomas Connor Ryan e nada mais. E dessa vez um tanto
velho e esmolambado. A imagem seguinte era um lar abandonado onde habitavam
moradores nas casas velhas em ruínas a ficar bem distante o centro de uma cidade,
com certeza. Lembrava a moça de túmulos assombrosos onde estariam sepultados os
velhos moradores dessas soberbas residências já então nem tão arrogantes.
Aquele pesadelo que assustou Norma, virou enfim realidade. Uma realidade
apavorante. Do lado de fora da sua habitação um vento forte e soturno se fez
presente. Um ruído aterrorizante envolvia tudo o que encontrava pelo caminho e
levantando voo para o alto levando todo o achado. A moça se assombrou mais
ainda e gritou por sua mãe. A mulher estava à procura do gato e fez sinal de
silencio para Norma.
Totó:
--- Shitt. Silêncio! Queres acordar todo o povo da rua? – disse a
mulher com espanto.
Norma:
--- Que é isso? – gritou alarmada pelo vento forte.
Totó:
--- Não tá vendo que é chuva! Vá para cama! No meu quarto! E veja
se dorme um pouco mais! – falou brava em voz baixa.
E Norma procurou adormecer na cama de sua mãe naquela madrugada
terrível. Ela não podia conciliar o sono. As cinco e meia dona Totó levantou de
vez para arrumar o almoço da mocinha e levar um pouco para a sua refeição a
meia jornada do trabalho, às 11 horas matinal. Dona Totó verificou a filha e a
viu dormir por um pouco de tempo. Logo em seguida, com a refeição em cima da
cabeça, saiu Totó a contar os passos verificando as horas, pois tinha que
entrar na tecelagem de agave antes do horário previsto. Ela não perdeu o
sentido em se lembrar da sua filha ainda a dormir após as horas de angustias
das tempestades da madrugada. Fora de sua casa, Totó enfrentou a parca chuva do
nascer do dia. Com poucos minutos, Norma se levantou da cama e buscou os
afazeres domésticos. Ela não esquecera nem um pouco da visagem tida do homem a
si dizer o seu antigo pai. Quando Norma estava trancada no banheiro ouviu um
inquieto barulho por dentro da casa. Foi um instante rápido. A moça estremeceu
de medo. Algo podia estar fazendo proezas. De repente, a moça abriu a porta do
banheiro e olhou para o lado de fora. Nada havia o que repor. Um gato, com
certeza, foi o que Norma supôs. Mas não era gato. Uma assombração do outro
mundo estava ali, presente, a sair da catacumba nunca existido naquela região.
Mas, não era aquela a região. Era um lugar dos mortos outrora bem longe de onde
a moça estava. Um pesadelo demoníaco e cruel capaz de virar e destruir todas as
forças presentes. Uma demonstração de pura maldade. A moça gritou de terror por
causa das portas se abrindo para os degraus da morte. Era um novo pesadelo
vivo. Cruel. Ao desespero, a moça correu assustada buscando as vestes a
qualquer modo para se ver livre daquela aparição.
Norma:
--- (grito de terror) – Socorro! É o demônio! Socorro! – gritava
ao terror da aparição.
E saiu do local do banheiro/sanitário a se trancar no quarto onde
tinha o seu leito. O assombroso tirano estava ali, dentro de sua casa, em pela
manhã de chuva. Em êxtase, Norma vestiu uma roupa qualquer a encontrar no
armário e saiu desabalada de porta a fora em busca de algum socorro. Ouvia-se
apenas o seu gritar:
Norma:
--- (gritando e chorando) – Um fantasma! Cemitérios! Cemitérios!
Cemitérios! – gritava a batia com força na porta de uma casa vizinha a sua como
estivesse no colapso da morte.
A dona da casa abriu a porta com muito vagar, mas a força da moça
foi maior e empurrou de rojão tudo o que estava a avistar e entrou de repente e
assombrada. A mulher, sua vizinha, caiu para trás e o seu marido e as filhas
acorreram para atender a moça sem saber o estado real de Norma.
Homem:
--- Que foi? – perguntou com susto.
E a velha corcunda, pequena e quase muda, declarou sem muita
pressa, segurando a moça pelo seu braço e se enfurnando para o seu quarto de
dormir e caminhando com outras pessoas da sua casa:
Velha:
--- Pera aí. Vamos cá pra dentro. E você, sem susto, me conte a
história do mal que você diz ter visto. Vamos, vamos. – caminhada a velha mulher
a assegurar pelo braço a frágil donzela.
E após ouvir o contar de sua história, a moça chorava copiosamente
ante o tenebroso assombro por ela vivido a tão cedo do dia. No quarto da velha
senhora não entrava ninguém, pois a mulher, Donana tinha trancado com o
ferrolho a única porta de entrada. O verdadeiro nome da velhinha era Maria Ana
do Coração de Jesus Macedo. Por ser um nome tão extenso, o povo de acostumou a
lhe chamar de “Donana”. O tempo se passou mais ou menos rápido e a velha, com
ramo de folhas que as costumava ter em seu minúsculo quarto fez uma oração de
benzeu a moça a lhe recomendar ir logo à noite a um centro espírita onde poderia
contar de novo a sua macabra história.
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