segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O INFERNO - 17 -

JENNIFER LAWRENCE
- 17 -
TERROR
De forma repentina, Norma acordou assustada com a visagem que tivera de um homem dizendo apenas ser o seu pai em outras gerações. O seu coração pulsava de modo alucinado e o suor lhe dominava a face. O seu cômodo onde dormia estava às escuras. Uma luz se projetava de um lado de trás da cozinha. A sua mãe talvez dormisse sossegada em outro cômodo, pois a calma da madrugada provinha a plena e total tranquilidade. Um rato passou por entre o camiseiro e a parede com a porta ainda casualmente fechada, provocando em Norma um leve temor com tal inquieto barulho. Ela olhou o rato a sair com pressa e nada fez. Da cobertura da casa descia um véu de teia de aranha junto a parede que dava para o oitão onde havia um muro. Norma olhou a névoa de repente e se estremeceu como jamais vira o tal véu. A escuridão da noite fazia o véu da aranha algo impressionante. Um gato pulou em cima do cômodo próximo a cama derrubando um vidro de perfume e isso fez maior desastre no escuro noturno da madrugada.  Um vento morno correu por entre portas e arcadas da casa soltando um uivo tal qual um sedento lobo. Em instantes ouviu-se um cão latir forte por alguma coisa qualquer. O terror louco fez tremer a moça por pressentir um redemoinho em sua volta como se alguém estivesse partindo para o escuro luto do sem fim.
Norma:
--- Mãe? – gritou estremecida toda nervosa.
A mulher demorou a responde diante das frequentes chamadas da sua filha. Por certo período, entrou no quarto vizinho ao seu a mulher toda coberta de trapos e se envergando por completo como se estivesse com um intenso frio. Maria Augusta era o seu nome. Porém alguém a conhecer a chamava apenas de “Totó” ou dona Totó, como era habito. Totó trabalhava em uma empresa de tecer agave e o expediente era diurno com pausa para o almoço. Sua habitação era próxima da Vila Ferroviária de Natal e o seu caminhar era feito pela rua das Oficinas da Rede Ferroviária. Quando o apito a Rede soava, era hora de começar o expediente para todos os trabalhadores, inclusive da fábrica de agave. A sua habitação ficava próxima da fábrica o que dava a oportunidade da mulher chegar logo cedo a empresa. Com um salário mínimo Totó se mantinha e a sua casa. Nesse ponto quando a filha também arranjou um trabalho no escritório a coisa ficou mais simples. O marido de Totó abandonou a casa e não deu mais notícias. A moça soube através de um espírito ter o homem arranjado um emprego de transportador, porém não houve uma explicação para o caso.
Quando dona Totó chegou ao quarto onde a filha dormia a encontrou em um assombro absoluto. Totalmente despenteada, a moça apenas gritava de espanto e horror. Aquilo era um pesadelo infernal para todos os sentidos da vida. Em pânico, Norma gritava para a sua mãe que o seu pai estava ali bem perto da mulher. E apontava com o dedo da mão em êxtase total. O cobertor da cama estava aos pandarecos e Norma saltava apavorada em cima do seu leito. E a continuar, o colchão rolou para baixo. O inferno era o mínimo que se podia aludir.
Norma:
--- É o Lorde, mãezinha! É o Lorde! – bramia a moça ao desespero.
Totó:
--- Que Lorde, menina? Tu me acordas no meio da noite para conversar besteiras? Vai dormir! Ora mais! – reclamou a mulher aborrecida com a filha.
E a moça chorava como criança agarrando-se a sua mãe com todo o espanto possível. A mulher procurava sair do entrave totalmente aborrecida. Um rato correu por entre a parede a sair pela porta do quarto. Em seguida, em sua perseguição, corria o gato. Nem demorou muito para animal estrangular o pequeno rato. Ouvia-se os gritos afiados do bicho contra o rosnar cruel do infame felino. A mulher dona Totó se espantou com a tal carnificina. E então procurou se desvencilhar das mãos de sua filha e, de chinelo na mão, seguiu os dois contendedores e abaixou o chinelo no minguado roedor. Apesar de sua determinação em ajudar o seu gato, esse foi mais rápido e saiu do local onde se encontrava, agarrando o rato pelo pescoço e se perdendo de vista de dona Totó alcançando a baixa parede da casa de duas águas, fugindo então com sua caça.
No instante seguinte, a jovem moça Norma se acercou da sua mãe, senhora Totó e pedia proteção da mulher, pois estava terrificada com o surgimento do seu antigo pai. E lhe pediu amparo:
Norma:
--- Por favor mãezinha! É verdade! Eu juro! Ele estava aqui! – rogava a moça
Totó:
--- Besteira! Vá dormir! Você está de regras? – indagou surpresa.
Então a moça caiu no choro ainda mais forte e frequente. Nada havia em comum entre uma coisa e outra. Ela havia visto o espírito do seu pai de antigas datas. Lord Thomas Connor Ryan e nada mais. E dessa vez um tanto velho e esmolambado. A imagem seguinte era um lar abandonado onde habitavam moradores nas casas velhas em ruínas a ficar bem distante o centro de uma cidade, com certeza. Lembrava a moça de túmulos assombrosos onde estariam sepultados os velhos moradores dessas soberbas residências já então nem tão arrogantes. Aquele pesadelo que assustou Norma, virou enfim realidade. Uma realidade apavorante. Do lado de fora da sua habitação um vento forte e soturno se fez presente. Um ruído aterrorizante envolvia tudo o que encontrava pelo caminho e levantando voo para o alto levando todo o achado. A moça se assombrou mais ainda e gritou por sua mãe. A mulher estava à procura do gato e fez sinal de silencio para Norma.
Totó:
--- Shitt. Silêncio! Queres acordar todo o povo da rua? – disse a mulher com espanto.
Norma:
--- Que é isso? – gritou alarmada pelo vento forte.
Totó:
--- Não tá vendo que é chuva! Vá para cama! No meu quarto! E veja se dorme um pouco mais! – falou brava em voz baixa.
E Norma procurou adormecer na cama de sua mãe naquela madrugada terrível. Ela não podia conciliar o sono. As cinco e meia dona Totó levantou de vez para arrumar o almoço da mocinha e levar um pouco para a sua refeição a meia jornada do trabalho, às 11 horas matinal. Dona Totó verificou a filha e a viu dormir por um pouco de tempo. Logo em seguida, com a refeição em cima da cabeça, saiu Totó a contar os passos verificando as horas, pois tinha que entrar na tecelagem de agave antes do horário previsto. Ela não perdeu o sentido em se lembrar da sua filha ainda a dormir após as horas de angustias das tempestades da madrugada. Fora de sua casa, Totó enfrentou a parca chuva do nascer do dia. Com poucos minutos, Norma se levantou da cama e buscou os afazeres domésticos. Ela não esquecera nem um pouco da visagem tida do homem a si dizer o seu antigo pai. Quando Norma estava trancada no banheiro ouviu um inquieto barulho por dentro da casa. Foi um instante rápido. A moça estremeceu de medo. Algo podia estar fazendo proezas. De repente, a moça abriu a porta do banheiro e olhou para o lado de fora. Nada havia o que repor. Um gato, com certeza, foi o que Norma supôs. Mas não era gato. Uma assombração do outro mundo estava ali, presente, a sair da catacumba nunca existido naquela região. Mas, não era aquela a região. Era um lugar dos mortos outrora bem longe de onde a moça estava. Um pesadelo demoníaco e cruel capaz de virar e destruir todas as forças presentes. Uma demonstração de pura maldade. A moça gritou de terror por causa das portas se abrindo para os degraus da morte. Era um novo pesadelo vivo. Cruel. Ao desespero, a moça correu assustada buscando as vestes a qualquer modo para se ver livre daquela aparição.
Norma:
--- (grito de terror) – Socorro! É o demônio! Socorro! – gritava ao terror da aparição.
E saiu do local do banheiro/sanitário a se trancar no quarto onde tinha o seu leito. O assombroso tirano estava ali, dentro de sua casa, em pela manhã de chuva. Em êxtase, Norma vestiu uma roupa qualquer a encontrar no armário e saiu desabalada de porta a fora em busca de algum socorro. Ouvia-se apenas o seu gritar:
Norma:
--- (gritando e chorando) – Um fantasma! Cemitérios! Cemitérios! Cemitérios! – gritava a batia com força na porta de uma casa vizinha a sua como estivesse no colapso da morte.
A dona da casa abriu a porta com muito vagar, mas a força da moça foi maior e empurrou de rojão tudo o que estava a avistar e entrou de repente e assombrada. A mulher, sua vizinha, caiu para trás e o seu marido e as filhas acorreram para atender a moça sem saber o estado real de Norma.
Homem:
--- Que foi? – perguntou com susto.
E a velha corcunda, pequena e quase muda, declarou sem muita pressa, segurando a moça pelo seu braço e se enfurnando para o seu quarto de dormir e caminhando com outras pessoas da sua casa:
Velha:
--- Pera aí. Vamos cá pra dentro. E você, sem susto, me conte a história do mal que você diz ter visto. Vamos, vamos. – caminhada a velha mulher a assegurar pelo braço a frágil donzela.
E após ouvir o contar de sua história, a moça chorava copiosamente ante o tenebroso assombro por ela vivido a tão cedo do dia. No quarto da velha senhora não entrava ninguém, pois a mulher, Donana tinha trancado com o ferrolho a única porta de entrada. O verdadeiro nome da velhinha era Maria Ana do Coração de Jesus Macedo. Por ser um nome tão extenso, o povo de acostumou a lhe chamar de “Donana”. O tempo se passou mais ou menos rápido e a velha, com ramo de folhas que as costumava ter em seu minúsculo quarto fez uma oração de benzeu a moça a lhe recomendar ir logo à noite a um centro espírita onde poderia contar de novo a sua macabra história. 


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