- VENTO FORTE -
- 27 -
TEMPESTADE -
Naquela manhã, a professora Laura
iniciou a aula com um tema diverso, a olhar para toda a classe totalmente em
silencio com se o mundo estivesse no fim. Laura, com uma régua à mão olhava
buscava como se esperasse cair uma tempestade avassaladora. Porém, todos os
alunos permaneciam calados. O vento forte acalmou de vez. Apenas o ar
condicionado soprava para o sossego de todos. A luz do sol rompia as nuvens
como um tufão. Ouvia-se um barulho do lado de fora igual a alguém batendo em
uma tigela de alguidar. Da rua, nada se ouvia. Nem mesmo os autos.
Laura
--- Bem, classe. Vamos ao tema do
dia. Este é o nosso mundo. Um lugar acolhedor, confortável, familiar. Mas
afaste-se um pouco do fogo. Nossos
pensamentos, logo, vão para longe. Somos apenas átomos inúteis? O Universo é
hospitaleiro ou hostil? Poderíamos ficar aqui pensando, para sempre, ou
poderíamos sair desta praia, e ver o Universo, daqui até o seu limite,
descobrir suas maravilhas, enfrentar os seus horrores. Novos Mundos,
maravilhosos, forças negras malignas, o começo do tempo, o fim do mundo.
Teríamos coragem de ver tudo isto, ou correríamos de volta para casa? Só há um
meio de descobrir. A fronteira do espaço, 100Km acima, apenas a uma hora de
casa. Aqui embaixo, a vida continua. O tráfego segue em frente, ações são
vendidas e Jornadas nas Estrelas ainda passam na TV.
Mas temos de deixar tudo isso
para trás. Mergulhar o dedo do pé no vasto oceano escuro adiante. Na
superfície, não muito longe de casa, na ...Lua. Dúzias de astronautas vieram
até aqui antes de nós. Doze deles andaram neste local. Apenas a 400.000Km de
casa. Três dias numa nave espacial, tão perto, como se tivéssemos saído de casa
há pouco tempo. Familiar, seguro, dentro do campo de visão de Sedna. Parece um
campo de batalha no deserto, bombardeado por milhões de meteoritos e
asteroides. Mas agora está mais silenciosa. É óbvio que não houve grandes
colisões durante milhões de anos. Isto nos traz recordações. O módulo lunar as
primeiras pegadas do astronauta parecem terem sido feitas ontem. Não existe ar
para apagá-las. Elas sobreviverão por milhões de anos. Talvez mais tempo do que
nós.
Joelma
--- Nosso tempo é limitado. - -
falou com tristeza.
Aluno
--- Precisamos dar um salto
gigantesco além de onde qualquer homem jamais viajou. - -
Laura
--- Certamente. Certamente. Na
escuridão, um rosto amigo, a deusa do amor. Vênus, a estrela da manhã, a
estrela da noite. Às vezes ela saúda o novo dia no Leste. Outras, ela diz boa
noite no Oeste. O amarelo das nuvens do planeta reflete a luz solar. Por isso
este é o planeta mais brilhante do sistema solar. Uma irmã do nosso planeta.
Possui o mesmo tamanho e gravidade de Sedna. Deveríamos nos sentir seguros
aqui.
Mas, a Sonda Espacial Vênus
descobriu que estas nuvens deslumbrantes são feitas de ácido sulfúrico mortal,
que a atmosfera do planeta é sufocada pelo dióxido de carbono. Vênus envia
sinais de perigo. Ela é uma deusa irritada. O ar é nocivo, a pressão é
insuportável e é quente, aproximadamente, 500 graus Celsius. À distância,
seríamos corroídos, sufocados, esmagados e assados. Nada pode sobreviver aqui.
Como isso, a sonda robótica Venera. Sua armadura foi destroçada pela atmosfera
externa.
Joelma
--- Nossa Mãe! É assim tão
devastador? - - indagou assustada
Aluno
--- Você não conhece nada! - - e
gargalhou
Laura
--- Tem diversos mundos. Esse é
apenas um deles. Tão linda de Sedna, de perto, esta deusa é horrorosa. Ela é a
irmã do inferno. - -
Aluno.
--- E existe inferno, senhora? -
-quis saber
Laura
--- Não como se chama. Mas
existe, sim. Esse ‘inferno” é bem diferente. Pode se dizer um planeta de fogo.
Vênus tem uma superfície deformada por milhares de vulcões. O dióxido de
carbono em sua atmosfera bloqueia o calor do sol. É o efeito estufa em sua
forma mais selvagem. Se houvesse frio, talvez Vênus fosse tranquilo, igual a
Sedna, seu planeta irmão. Se isso é verdade, poderia ser o nosso futuro
planeta.
Joelma
--- Acho que não deveríamos estar
aqui. Deveríamos voltar. - - relatou cismada.
Laura
--- Mas há algo hipnótico sobre o
sol. Como a Medusa, terrível de se olhar, poderoso para se resistir,
atraindo-nos para si, como uma mariposa à uma chama. Reduzido e calcinado pelo
sol, este é Mercúrio. Quando se está muito perto do sol, é isto o que acontece.
Aqui, a temperatura varia incrivelmente. À noite, 170 graus negativos. E ao
meio dia, 400 graus positivos, queimado, congelado, e olhe para essas
cicatrizes, um sinal que Mercúrio teve um passado violento. A sonda espacial
descobriu algo estranho. Pelo seu tamanho, este pequeno planeta tem uma forte
atração gravitacional. Deve ser mais pesado do que parece. É como uma bola
enorme de ferro coberta com uma fina camada de rocha.
Aluno
--- O negócio é botar entre Vasco
de Flamengo para se jogar entre os dois. - - gargalhou
Aluno-2
--- Melhor e colocar entre Coríntias
e São Paulo. - - gargalhou outro
A professora sorriu para poder
continuar com a aula.
Laura
--- Bem. Vamos lá. O núcleo,
daquilo que foi um planeta muito maior. Talvez um planeta perdido se chocou
contra Mercúrio, lançando ao espaço, partes da superfície num mortal pebolim
cósmico. Planetas descontrolados, destruindo tudo em seu caminho, até mesmo
outros planetas e estamos no meio disto, vulneráveis, expostos, frágeis. - -
Joelma
--- Não disse. Não disse. É
melhor a gente cair fora. - - argumentou alarmada
Os estudantes gargalharam
Laura
--- Silencio. Tudo está nos
dizendo para voltarmos. Mas quem poderia desafiar isto? O sol, com todo o seu
esplendor hipnótico. Nossa luz, nossas vidas, tudo o que fazemos é controlado
pelo Sol. Dependemos dele. E mais do que isso, é o deus grego, Hélios,
dirigindo a sua carruagem pelo céu. O deus egípcio Ra, renascido todos os dias.
O solstício do Verão em Stonehenge. Por milhões de anos, isto era o mais perto
que podíamos ficar face a face com um deus. 150 milhões de quilometros de casa,
uma viagem de 20 anos de avião. Apague-o, e ele está tão longe que de nada
saberíamos sobre ele durante 8 minutos inteiros. É tão grande, que um milhão de
Sednas caberiam dentro dele. O Sol é tão pesado que sua gravidade controla todo
o sistema. - -
Aluno
--- Mas quem precisa de números,
quando temos a realidade. - - destacou
Laura
--- O Sol. Vemo-lo todos os dias.
Um rosto familiar em nosso céu. De perto, é irreconhecível. Um mar turbulento
de gás incandescente. O termômetro atinge mais de 5.000 graus. Em seu núcleo,
deve atingir dezenas de milhões de graus. Quente o bastante para ativar uma
reação nuclear, transformando milhões de toneladas de matéria em energia, a
cada segundo. - -
Joelma
--- Ave Mãe de Deus! Já estou
toda tostada. - -
Aluno
--- Vá tomar sol, vá! - -
exemplificou
Estudante
--- O Sol mata? - -
Laura
--- É possível. Tem coragem de ir
até ele? - - sorriu.
Joelma
--- Burro! Ele cega se você olhar
para o sol por alguns segundos. - -
Estudante
--- Burra é tua mãe! - -
respondeu o estudante se sentindo ofendido.
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