quinta-feira, 4 de outubro de 2018

AMORES DE RACILVA - - 18 - -


SANTO GRAAL
Dias passaram. Certa vez, Kátia vinha à residência de Racilva, bastante animada com um livro antigo em baixo do braço com se estivesse guardado de olhares maldosos. Ela andava quase que depressa para chegar a um bom tempo. Pessoas na rua passavam com pressa ou devagar. Algumas observavam as vitrines a ficar de boca aberta ou comendo pipocas. Um homem passou rápido oferecendo limonada aos demais transeuntes. Era assim, na velha rua. Ao chegar na casa de Racilva, de imediato, Kátia, muito alegre, bateu à porta e adentrou. Topou-se com Racilva e foi logo dizendo.
Kátia
--- Olha o que achei! Um livro antigo. Veja! - - falou séria.
Racilva o recebeu e em seguida perguntou.
Racilva
--- Onde encontras-te? - - curiosa
Kátia
--- Num sebo, na cidade. - - sorriu
Racilva
--- Bom! Muito bom! O Santo Graal. Sabe o que significa? - - indagou
Kátia
--- Sim. A Relíquia mais sagrada do cristianismo: o cálice utilizado por Jesus durante a Ceia com seus discípulos. Mas a questão é que o Santo Graal foi apanhado quando Jesus foi crucificado. –
Racilva
--- Sabidinha, heim? - - sorriu e o olhar atento à face de Kátia.
Kátia
--- Sim. É verdade. Mas, não se tem um momento de Jesus. Ninguém viu o rosto que ele teve naquela ocasião. –
Racilva
--- Veja bem. A história mais antiga sobre o Graal ou Cálice era um poema. Os guerreiros saíam em busca de um recipiente mágico, um caldeirão. E o recipiente trazido também era cristão já naquele tempo.
Kátia
--- Sim. Eu sei agora! Mas os homens acreditavam no Reino dos Mortos. –
Racilva
--- Verdade. Nessa viagem, o Rei Artur acreditava ter alcançado a passagem secreta e então conseguiu resgatar o recipiente mágico. Ele era o Rei dos Celtas que chegaram à Europa. Os Celtas trouxeram armas invencíveis, como a espada mágica. Os Celtas acreditavam que a natureza era divina. Havia mulheres nos Exércitos Celtas. Combativas, sem temor. Era assim os Celtas. Eles decapitavam os guerreiros porque acreditava que sem a cabeça os guerreiros não poderiam renascer. Era um ritual bárbaro e com ele o Santo Graal. O Cálice Sagrado. –
Kátia
--- Imagino! - - e estremeceu de frio.
Racilva
--- Essa foi mais uma pista para a história do Graal. Depois da quedados Celtas, a noção de recipientes mágicos sobreviveu. E assim nasceram as primeiras histórias sobre o Santo Graal. É tanto que os cristãos na comunhão celebram a última ceia quando Jesus celebra o Cálice com vinho simbolizando o seu sangue. Mas há pontos mais sublimes dessa história. E um deles envolve o Santo Graal. –
Kátia
--- Vale a pena ouvir. Conte-me, por favor! - - disse a mulher bastante curiosa.
Racilva
--- Segundo a lenda, o centurião romano Longuino lacerou o corpo de Jesus crucificado com sua lança. E José de Arimateia, um comerciante distinto e parente de Jesus recolheu o sangue do Cristo em um cálice usado na Santa Ceia. E esse cálice deve ser o Santo Graal. Jesus foi levado para o túmulo da família de José de Arimateia. Segundo a tradição, José de Arimateia guardou o cálice. Mas por essa atitude ele foi perseguido, capturado e mandado para a prisão. Depois de solto, ele, José, abandonou sua terra natal e seguindo uma antiga rota de comércio através do Mediterrâneo ele viajou até o sul da França. E se estabeleceu no local juntos com Jesus que sobreviveu à Cruz, Maria Madalena e alguns discípulos. - -
Kátia
--- Que vitória a de Jesus! - - disse alegre
Racilva
--- Pois bem! Ninguém sabe onde o Santo Graal ficou guardado assim que chegou a Europa. Uma das mais antigas de José, possivelmente acompanhado do próprio Jesus Cristo, visitou Grã-Bretanha e levou o Cálice consigo. José viajou até o sul da Inglaterra, a um lugar que hoje se chama Destanburry. E foi ali que ele passou o resto dos seus dias, fundando a primeira Igreja católica em solo britânico, um local de um antigo Mosteiro Beneditino e certamente um dos mais sagrado do país, talvez abrigado durante uma época o próprio Santo Graal. –
Kátia
--- Isso é incrível. Conte mais! - -
Racilva
--- Bem. A partir deste ponto o Santo Graal tornou-se intimamente ligado a lenda do Rei Artur e seus cavaleiros. Conta-se que em uma batalha o Rei Artur combateu todos os invasores romanos que entravam no país pela Muralha do Adriano. E seguiu-se alguns anos de paz e estabilidade. Num estreito braço de terra ao norte da Cornuália está localizado o Castelo de Tintagel. As muralhas das ruínas datam de uma época mais recente. Mas as fundações são do tempo do Rei Artur. Acredita-se que o Rei nasceu ali no ano 470 depois de Cristo. Em baixo do Castelo existe uma gruta conhecida como Caverna de Merlin, batizada com o nome do lendário feiticeiro que foi tutor do jovem Artur. –
Kátia
--- E o Rei teve um tutor feiticeiro? - - indagou perplexa.
Racilva
--- Sim. Conta a lenda. Mas havia duas religiões: a antiga, pagã. E a nova: cristã. A transição entre a antiga e a nova religião foi um processo gradual. No mito do Santo Graal, elementos pagãos e celta se misturam aos cristãos. A história de Excalibur, a Espada Mágica, é celta. Segundo a lenda, Excalibur podia derrotar qualquer inimigo. Aquele que conseguisse retirar Excalibur para fora de uma pedra se tornaria governante da Grã-Bretanha. Camalote, o lendário Castelo do Rei Artur foi o local onde a busca do Santo Graal começou. Mas os segredos sobre Camalote e Avalon encontra—se em seu próprio nome: significa local das maçãs. –
Kátia
--- Surge esse nome, Avalon? - - indagou
Racilva
--- Sim. Avalon, terra das maçãs. É o seu significado. A Inglaterra é um país em que se cultiva maçãs. No século 13 os Monges de Glastonbury descobriram uma tabuleta sobre um túmulo que dizia: aqui jaz Artur. Mais de 500 anos após de Artur, a Corte Inglesa começou a escrever sobre o Santo Graal. Estamos entrando em um mundo puramente mítico, o lendário mundo da Távola Redonda. A Távola Redonda era uma assembleia de cavaleiros respeitáveis que dedicaram sua vida à busca de Santo Graal. –
Kátia
---E assim a vida de busca prosseguia. –
Racilva
--- Prosseguia sim. Artur prosseguiu o seu destino a exemplo de Jesus Cristo, seguindo por seus fiéis adeptos. Como primeiro cavaleiro, Artur comandou seus cavaleiros na busca pelo Santo Graal. E nesse tempo, a Terra Santa, a Palestina, caiu no poder dos seus invasores mulçumanos. Os Templários tiveram de retornar ao Reino antigo com sua fé abalada. Desiludido o Rei jamais encontrou o Santo Graal. Em um relato, o Santo Graal passou trezentos anos na Itália. O Monge São Lourenço foi o defensor do Graal. Ele o protegeu contra roubos e destruições durante o tempo de turbulência.
Kátia
--- Que história!!! - - falou a moça inquieta.
Racilva sorriu.

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