sábado, 13 de outubro de 2018

SEGREDOS DE RACILVA - - 21 - -



A MENINA
Certo dia Racilva caminhava distraída pela rua em direção ao Convento dos Capuchinos, na Igreja do Galo. Ela lavava o chamado “Pão dos Pobres”, uma quantia, para dar de auxílio ao Frades que converteria em comidas para doar aos flagelados, mendigos, doentes. Os pobres mesmo. Lutando para se livrar dos carros, a mulher inda moça fazia o trajeto pela rua em frente a Igreja de Santo Antônio conhecida por Igreja do Galo, uma vez em sua frente o símbolo de um Galo que era mais um para-raios. Na calçada de frente da Igreja ela prestava atenção os mendigos que se sentavam pedindo ajuda a quem passasse por ali. Alguém doava uma prata e outros, não. E assim seguia a vida às 9 horas da manhã de um dia de sábado. Um frade surgiu depressa e sumiu novamente por um largo do Santuário. Ele nem deu intenção a quem podia querer a bênção. Foi rápido. Naquele mesmo instante rompeu do céu um raio de luz. Talvez fosse o cometa ou um meteorito. O objeto caiu a cerca de três quilometros da cidade. As pessoas que viram a bola de fogo cair, ficaram atônitas com o caso.
Mulher
--- Você viu aquilo? - - assustada com a mão sobre o coração.
Racilva
--- Sim. Deve ter sido um cometa. Caiu para o lado da floresta. - - relatou a senhora
Mulher
--- Meu coração está batendo de medo! - - e se benzeu.
No centro da cidade pessoas também viram a bola de fogo. Cada um tinha uma opinião conflitante. E não se chegou há nenhum pormenor. E se dizia então que aquilo era dos americanos querendo fazer guerra. O certo é que alguns ficaram curioso e outros, com medo. Mais tarde um grupo de estudantes de professores saíram até o local aproximado de onde caiu o objeto. Após longa viagem, os estudantes, professores e um grupo da Polícia e do Exército chegaram aproximadamente ao local do incidente. Todos sentiram algo diferente vindo daquele lugar. Um buraco grande coberto com uma luz que se mostrava em meio a uma pequena camada de fumaça.
Oficial
--- Esperem! Não se aproximem! Juntem-se a uma tropa do Exército e da Policia e vamos ao local mais próximo! Atenção. Avante! - - gritou o Oficial.
E a tropa saiu com bastante cuidado para o local fumegante. O Oficial à frente, dois professores e logo a seguir a tropa avançada do Exército e da Polícia de Choque. Os estudantes ficaram para trás em uma parte do caminho arenoso e baixo. Os militares, mesmo com temor, observaram de longe por longo espaço de tempo. Então, os mais corajosos chegaram a alguns metros quando viram algo impressionante.
Oficial
--- Cuidado! Tem algo alí! Olhem a cratera! O corpo de uma criança! Parece! - - falou o oficial.
Professor
--- Sim! De fato! Estou vendo! - - falou o professor com certa prudência
Oficial
--- É uma menina de cinco anos de idade! Dá para ver daqui, com a lanterna! - - com cuidado falou.
Professor
--- Ela está deitada de bruços no buraco! - - assustado
O Oficial mandou uma turma do Exército pegar a infante e levar para o Quartel Militar. A criança permanecia quieta entre olhares dos militares. Ela mantinha sinais de vida apesar de ter caído do céu. Os médicos militares cuidaram de ver a menina e identificar de onde ela teria vindo. Só podia ser do espaço.
Medico
--- Preocupante! É uma menina, sem dúvidas! - - falou o médico
Professor
--- Caída do espaço? - - indagou com assombro.
Medico
--- Sem sombra de dúvidas! E está adormecida, agora! - - falou o médico oficial
E os estudantes passaram o restante do dia e começo da manha no Hospital do Quartel. Era um vai e vem de gente, fotógrafos, repórteres. Todos buscavam informações sobre a menina caída do céu. Um oficial chegou logo cedo da manhã e respondeu as questões. Logo depois daria melhores informações. E agradeceu a todos.
Passada dois dias a criança se adaptou ao Quartel. Mas sabia falar nenhum idioma conhecido. Suas palavras eram ruídas. Apenas algumas vibrações. Todos no Quartel a observavam dia e noite. Davam-lhe alimentos os mais diversos. Caldos, sopas. Chocolates entre os demais. Os olhos escuros da menina davam vontade de querer saber de onde ela viera. Com perguntas e sem respostas. O seu rosto era imperturbável. Permanecia sempre no mais profundo silêncio.
Médica
--- Ela comeu toda a sopa. - - disse a médica militar, uma das assistências da menina.
Doutor
--- Isso é bom. Ela está se recuperando. Acontece que não fala nenhuma língua de nosso idioma. –
Médica
--- É bom esperar. Hoje, a menina tomou banho. Não fez questão. - - falou, observado a garota.
O ruge-ruge de repórteres era o que mais sufocava a classe médica. Em determinada ocasião, chegou ao Hospital Militar a senhora Racilva a mando de uma autoridade do Estado Maior. A senhora foi até ao Quartel e apresentou seus documentos e assim pode ser recebida pelo Comando Militar da capital. Daí para o quarto do Hospital, foi um pulo. Antes do seu casamento, Racilva fez um curso de enfermeira na Base Aérea. Houve muitos aplausos por conta do seu mérito. Pensava a senhora em se dedicar ao cargo de enfermagem. Mas veio a morte do seu marido, e ela desistiu. Então, apenas depois desse tempo, Racilva resolveu recomeçar essa função. E assim que foi ver a menina misteriosa. Após conversas duradoras com os médicos militares, Racilva seguiu em frente à visitar a quieta menina que veio caída das estrelas.
Após cumprimentar a menina, e essa sem entender coisa alguma, respondeu mostrando o seu riso alegre e falando em um sotaque bastante diferente. A senhora Racilva não entendeu coisa alguma. Era uma fala semelhante à de um gato ou um pássaro. O quarto onde a menina estava abria-se de par em par com toda iluminação solar penetrando. Racilva então falou por sinais. Aquela criança podia ser de uma pessoa adulta. E foi assim o monólogo entre a mulher e a criança. Simples, porém de alta qualidade. E o tempo se passou. Certa vez, dias depois, um grupo de militares em companhia da menina e de Racilva saiu pelo quintal do hospital a procura de algo qualquer. Após longos momentos se toparam com um bando de andorinhas. Um dos militares acertou em cheio com um tiro em uma ave daquelas. A menina se assombrou com tanta arrogância e correu para pegar a andorinha. Com bastante cuidado, ele soprou na ave e viu, por um momento, o passarinho se recuperar e voar em busca do resto do bando.
Militar
--- A senhora viu isso? O pássaro morto ressuscitar de repente? - - falou alarmado
Racilva
--- Vi bem. Menina, como você isso? A ave estava morta e voltou a viver! Como foi que você fez? –
A menina abriu a mão e mostrou uma bala da arma que ela tirou e depois soltou o pássaro. Então, todos os que estavam ali ficaram de boca aberta. E buscaram caminho de volta. A menina foi levada para o seu cómodo acompanhada da enfermeira Racilva que passou a conversar com a garota, procurado entender o que a menina fez a ressuscitação do pássaro abatido por um soldado. A menina nada parecia entender. Tudo o que fazia era um sibilar do queria dizer. Racilva prosseguiu com a conversa dias e mais dias, sem progresso. Certa manhã, quando estava a observar o campo, a menina, com surpresa, mostrou os pássaros a voar por uma parte do terreno. Fez de forma que despertou surpresa a Racilva.
Menina
--- Pássaros! - - disse a menina apontando para o céu
Racilva
--- Menina! Você falou? Aleluia! Pássaros! O que sabe mais? Diga, por favor! - - pulou contente batendo palmas
Menina
--- Pássaros! - - falou a menina cheia de graça.
O médico que estava ao largo, se virou para ouvir aquela palavra dita de forma tao sugestiva. Se ajoelhou aos pés da menina pedido que ela contasse outra vez. A menina sorriu, encabulada. E nada mais falou. Racilva, vibrando, pediu ao Médico seu favor de deixar a menina passear pelo campo para mostrar as coisas alí existentes, como matas, lagos, selvas, morros dentre outras novidades. O médico consentiu e a menina saiu para rever as matas. Assim, sucedeu por dias afim. A menina alegre. A enfermeira contente. Sempre juntas. Certa vez, ao passar por um setor do Hospital, Racilva olhou para dentro de uma sala onde havia mulheres, algumas com a barriga imensa e outra, nada podia fazer. Era uma senhora casada e vinha saindo com o seu marido, um cabo do Quartel. A mulher chorando porque os exames deram negativos. O marido dizia.
Cabo
--- Acalme-se. No próximo nós voltaremos. - - e lhe batia nos ombros.
Nesse momento, a menina passou perto da mulher e viu a angustia estampada em sua face. Nesse instante a menina parou na frente a mulher e apontou o dedo para a barriga da esposa do cabo. Fez isso e nada mais. E Racilva indagou da menina.
Racilva
--- Que fizestes? - - admirada.
A menina disse por gestos que a mulher estava infértil até aquela hora. Porém, daquele momento em diante a mulher teria um bebé de muito boa qualidade. Racilva calculou o que disse a menina e nada mais quis saber. A parturiente, com um mês depois, foi examinada e aprovada a gravidez. Com nove meses teve um filho como falou a menina.
Alguns anos se passaram. Embora a menina sem brincar de bola ou boneca, foi se desenvolvendo, já em casa de sua mãe adotiva, dona Racilva, dividindo o amor com Junior, seu pai e sua mãe, estava granjeando a conversar com os animais e lhe dar ordens. Nos locais onde a menina passava nasciam flores nunca vistas. Certa noite a menina saiu de casa sem ninguém perceber e se voltou a um canto sombrio onde uma esfera de luz veio lhe buscar para um lugar nunca sabido por alguém. Apenas Racilva viu a garota sumir tão de repente. Em questão de segundos a esfera subiu para nunca mais voltar. A garotinha subiu ao céu para sempre. Racilva então chorou lágrimas sentidas.
Racilva
--- Tarde demais. A menina foi de vez. Nunca mais há de voltar, com certeza! - - falou chorando a bela senhora.
Em prantos a mulher verteu lágrimas para todo o sempre. A menina seria o seu relicário para sempre. Ao chegar em casa, apenas chorando, Racilva caiu na cama. Ninguém notara chorar tão forte assim. No dia seguinte, a sua mãe procurou pela garota e não a encontrou onde devia estar. Entrou no quarto de Racilva e nada encontrou. Então, a dona Cora indagou de olhos bem abertos.
Cora
--- Onde está a criança? - - foi tudo quando disse.

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