terça-feira, 9 de outubro de 2018

AMORES DE RACILVA - - 19 - -


OPUS DEI
Em um fim de semana, na Praça André de Albuquerque, havia uma Galeria de Arte erguida pelo Governo onde os expoentes da cultura organizavam os seus livros, revistas e almanaques para vender ou trocar por preços baixos. Tinha de tudo que nem se imaginava na Galeria e ao seu redor. À tarde do sábado o movimento era mais intenso. Rapazes com seus livros debaixo do braço ou mesmo procurando saber que assunto era o tal para poder comprar ou não. A quentura do tempo amainava já por volta das 4 e meia com o Sol a cair lentamente no horizonte. Em tanto movimento estava no local a moça Racilva, dessa vez sem ter o seu filho amado. Eram tantas pessoas que se confundia uns com as outras. Após longa busca a jovem moça foi até uma banca onde um rapaz expunha seus livros, entre tantos, tinha um que mostrava o título “Opus Dei”. Racilva passou a vista no conteúdo, pagou e o levou sem perguntar mais nada.
Ainda a caminhar bem vagarosa, ao ler o que estava escrito no livro, Racilva, distraída com os carros, burros e pedintes, era uma vez de apenas ler quando o Sol caía no longo ocaso. Gente a caminhar quase que depressa e Racilva nem dava conta. Para a moça, o que importava estava ali perto do seu pulsar: o Opus Dei. Livro bastante novo para quem não queria saber de nada. Ela então descobria da existência de um poderoso grupo na Igreja Católica fazendo o trabalho de Deus e chamado Opus Dei. Para alguns, o grupo era retratado como vilão, um secreto grupo dito como seita. Rituais de autoflagelação lhe foram impostos. Qual seria a verdade sobre o Opus Dei?
Racilva
--- Caramba! Flagelação? E pode? - - indagou inquieta.
Tudo começou em 1928 com uma inspiração por parte de um devoto padre espanhol. Seguindo o chamado de Deus o padre José Maria Escrivar formou um novo movimento católico ao qual mais tarde, chamaria de Opus Dei ou Obra de Deus. Logo depois livros por inquietos autores foram publicados misturando arte e cristianismo, história e assassinatos. Foram inventados cultos nas obras de arte do grande mestre italiano Leonardo Da Vinci a um código que revela segredos poderosos. Na ficção, Maria Madalena teria dado à luz um filho de Jesus Cristo, segredo que por séculos a Igreja teria ocultado. Nessa mistura e fato de ficção está o modo como os romances retratam o Opus Dei: uma associação global às lideranças do grupo.
Racilva caminhou sem pressa entre gente de toda a sorte. Uns pedintes e uns ricaços. De repente, a mulher viu-se a topos com alguém conhecida. Kátia, o seu nome. A moça, de repente indagou a Racilva de onde ela estava a voltar. Recobrando-se do susto, ela respondeu.
Racilva
--- Ave! Que susto! Ah! Da feira de livros, na praça André de Albuquerque. Mas que susto me fizestes! - - disse a à jovem a tremer de medo.
Kátia
--- Desculpe-me. Foi sem querer. Livros? - - indagou-lhe
Racilva
--- Muitos. Eu peguei apenas um. Esse. Veja! - - e passou a brochura.
Kátia leu por um instante e logo perguntou.
Kátia
--- Tem mais de um? - - indagou apreensiva
Racilva
--- Não sei. Eu agarrei esse e passei em outras bancas. Nada avistei. Eu creio que não tem mais.
Kátia
--- Que pena! Eu vou lá. Depois eu passo em tua casa! - - decidiu
Racilva
--- Va lá. Eu vou para a minha choupana ler o restante do livro. - - sorriu e pegou o livro de volta
Em seguida, houve a despedida. Uma para um lado e outra para outro. Na sequência, Racilva continuou o seu labor. E continuou a leitura. E lendo amealhou o código do ritual dramático da mortificação corporal. E soube divisar mais de um bilhão de católicos e ordens religiosas como os jesuítas, os dominicanos e organizações leigas como os Cavaleiros de Colombos e o Opus Dei. A mensagem espiritual do Opus Dei é que podemos encontrar Deus no trabalho ou no dia-a-dia. O Opus Dei tem em mais de 60 países, composto em sua maioria de leigos, médicos, bombeiros, fazendeiros, vendedores. Alguns, casados. Outros, celibatários.
Ao chegar em sua casa a jovem mulher guardou o livro na estante se antes mostrar a seu velho pai, Muniz. Ele observou bem o livro para em seguida dizer ter visto outros compêndios da mesma estirpe. Em seguida, Muniz perguntou onde tinha encontrado o Opus Dei e Racilva respondeu que estava a venda em uma feira de sebos.
Muniz
--- Desses livros tem vários. Eu mesmo os tenho guardado na estante. O Opus é de um padre José Maria Escrivar.
Racilva
--- Esse é de um padre. Escrivar eu não sei. Deixa-me ver. - - e buscou na estante o novo e velho livro e o seu dono. Viu então José Maria Escrivar.
Muniz
--- Então? - - indagou.
Racilva
--- Justo. Um padre espanhol. Foi ele o criador da Obra de Deus. - - sorriu.
Muniz
--- Os católicos profundamente piedosos seguem uma rigorosa rotina diária de Missa, oração e formação espiritual. Alguns chegaram a acusar o Opus Dei de uma seita secreta e clandestina. Dizem eles que o Opus possui fortunas fabulosas e que controla o Vaticano.
Após a ceia do inicio da noite, a jovem moça Racilva junta com o seu filho amado, o Junior, foi se sentar na sala onde tinha um piano e por lá ficou, totalmente preguiçosa, ninando o garoto e pôs a ler a continuação do Opus Dei. O menino se estirou no sofá com a cabeça encostada aos peitos de sua mãe e ali mesmo adormeceu. A sua mãe lhe coçava a cabeça vagarosamente. A continuar Racilva seguiu a leitura. Em um nicho externo da Basílica de São Pedro uma estátua de mármore de cinco metros do fundador do Opus Dei, São Maria Escrivar foi inaugurada e abençoada pelo Papa. O prelado do Opus Dei e seu Vigário Geral em todo o mundo é o bispo espanhol Dom Xavier Enchevaria, membro desde 1948, além de amigos e secretário particular de San José Maria.
Nesse momento, chegou à sala o seu pai, o velho Muniz. Ele observou a filha e esperou uma resposta. Como não veio nada, apenas um sorriso apagado da jovem moça, Muniz não se fez de rogado e foi de imediato a perguntar.
Muniz
--- E a questão do padre José Maria? - - indagou
Racilva
--- Hum? O padre? Ele foi canonizado com honras e glorias! - - sorriu
Muniz
--- Muito bem. O homem agora é Santo. Personagem de grande magnetismo São José Maria e a história do Opus Dei são inseparáveis. A Espanha, país de mais de 40 milhões de pessoas. Noventa por cento das quais, católicas. Em 1902, José Maria Escrivar nasceu em uma piedosa família católica. Nas adolescência Escrivar entrou para o Seminário. E aos 23 anos foi ordenado padre. O fato culminante da vida do jovem padre ocorreu em 02 de outubro de 1928. Durante um retiro em Madri ele ouviu o badalar dos sinos e foi agraciado com uma visão.
Racilva
--- Visão? - - inquietou-se
Muniz
--- Sim! Visão! Ele acreditou ser uma intervenção divina. Essa visão se tornaria o Opus Dei. Em 1933, José Maria criou o primeiro centro do Opus Dei em um pequeno apartamento em Madri. Enquanto José Maria lutava para manter seu pequeno grupo, a Espanha mergulhava do caos. Disputas políticas, econômicas e culturais dividiam os espanhóis. A perturbação degenerou em guerra civil. Os nacionalistas – conservadores e católicos em sua maioria – liderados pelo generalíssimo Francisco Franco rebelaram-se contra os republicanos comunistas, cortando a Espanha em duas metades.
Racilva
--- Ufa!!! Foi guerra e tanto! Imagino! - - tremeu de medo
Muniz
--- Muito medo, sim! - - sorriu

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