segunda-feira, 23 de maio de 2016

ABDUÇÃO - 26 -

MADALENA
- 26 -
MARIA MADALENA

Maria Madalena, a moça que untou os pés de Jesus e foi a fiel seguidora que ficou a seu lado na Cruz ao sentir que os discípulos fugiram, apavorados. Ela foi a poderosa mulher da primitiva Igreja cristã. Durante séculos a menina vem causando uma tempestade de debates sobre o poder feminino e sua sensualidade. Agora, mais do que nunca. E, hoje, Maria Madalena tem uma maior cultura popular. Sabe-se que ela foi a esposa secreta de Jesus a quem deu filhos. Ela tem sido retratada como discípula, sacerdotisa, líder religiosa e grande intelectual, muitas vezes com um livro na mão.
Cléia
--- Ela conhecia muito o que o Mestre lhe falava? - - surpreendida.
Lígia
--- Ela, Madalena, tinha muito de saber. Por isso a chamavam de visionária, curandeira, missionária. Ela fazia de tudo. Maria era mais apresentada como apóstola dos apóstolos. Novos estudos indicam que sua influência teria sido imensa, não só em sua época, mas nos dois milênios seguintes. Tem aqui informações de antigas fontes com mais dados do que jamais eu tive. Tudo nos leva a considerar Maria Madalena como importante figura do primeiro cristianismo. Dados a cerca de Madalena, considerados perdidos, estão sendo descobertos e elevam sua importância na cultura ocidental.
Clea
--- Como era a verdadeira Maria Madalena? - - quis saber.
Lígia
--- Os mistérios que cercam essa mulher devem-se as poucas citações bíblicas que são referências muitos esparsas e confusas. Tudo o que sabemos de Maria Madalena acha-se no Novo Testamento, que menciona seu nome mais vezes do que a de qualquer mulher. Vemos, no Evangelho de São João, por exemplo, que o trecho mais extenso sobre Maria Madalena está no capítulo 20, após a ressurreição de Jesus.  É natural haver curiosidade sobre quem era essa Maria.
Cléa
--- Ele ela somente pregador? - -
Lígia
--- Jesus? Não. Ele era um pregador radical, paladino dos párias da sociedade e por conta disso Jesus tinha muitas seguidoras. Ensinava-lhes as Escrituras o que, em geral, era restrito aos homens. Nos Evangelhos de São Mateus e São Marcos, muitas seguidoras de Jesus se chamavam Maria. De fato, há muitas Marias mencionadas nos Evangelhos. Seu significado é “Boa Nova”. E realmente há uma tendência de reuni-las numa só dando a impressão de que todas são uma. Há varias Marias nos Evangelhos porque esse nome era o mais comum para as mulheres. A mulher de Herodes era Mariam. Em honra a mulher de Herodes, o Grande, muitas mulheres, Século I, foram assim chamadas Mariam ou Miriam, tendo como encurtamento, Maria.
Cléa
--- Engraçado! Nunca pensei nisso. Sei lá. Eu não pensava e pronto. - - sorriu
Lígia
--- Pois é. Para você vê. Hoje se acredita que o nome, Maria Madalena, vem de Magdala, uma vila de pescadores. Migdal quer dizer Torre. Também há quem ligue Maria Madalena a essa vila, Migdal. A vila ainda existe. Mas há poucos indícios de que Maria Madalena tenha vindo de lá.  Essa mulher, que veio de uma vila próspera de pescadores, se tornou a mais famosa da Bíblia. Apesar da tradicional imagem de mulher, nada na Bíblia indica que Maria Madalena tenha sido uma prostituta. Maria teria sido uma mulher cheia de problemas. A conclusão existe porque seu nome se entrelaça com os de outras mulheres identificadas como pecadoras.
Cléa
--- Até no nome à pessoa peca. Que coisa! - -
Lígia
--- Em outro ponto, Maria Madalena seria a mulher de quem Jesus exorcizou sete demônios. Ficou liberta pelo exorcismo realizado por Jesus. Isso não aprova que ela era pecadora e nem que tinha amantes. Os demônios eram as atribulações da vida que Maria levava. Podiam ser sete, vinte ou quarenta. Isso não importa. O que importa era se saber que estava doente por tanta agonia. E Jesus aconselho Maria das atribulações da vida. Ela era uma mulher simples. Não venha me dizer que simples é pecado ou mesmo endemoniada. Ela untou os pés de Jesus e limpou a água escorrida com seus cabelos. E se isso foi sexo, então foi, ora merda.
Cléa
--- Calma. Calma. Eu não falei em coisa feia! - -
Lígia
--- Mas pensou. No que você fala existe a tendência de unir tudo e sugerir que Maria era prostituta porque ela estava na casa de um fariseu onde tudo é permitido. Não há nada nos Evangelhos a esse respeito. Nada. Eu sei que Madalena foi seguidora de Jesus desde essa época sem sete diabos ou homens. Não era a sexualidade, mas a decadência, a doença mental que afligia a mulher quando moça. Os diabos são vícios. Ela era fútil e vaidosa que representa a luxuria que tem toda a mulher. Você tem também. O vício de se arrumar, põe pó, ruge, faz trança nos cabelos, põe batom, usa perfumes. Isso é luxuria. Entendeu? - - esquentada
Cléa
--- Entendi. Mas tenha clama! - - sorriu
Lígia parou um pouco, refez a respiração e continuou na sua pregação.
Lígia
--- Tudo bem. Até os últimos momentos de Jesus e sua morte da Cruz, de acordo com os Evangelhos de Lucas, Marcos e Mateus, Maria era uma entre muitas mulheres presentes na crucificação. Mas, São João diz que ela era a testemunha principal que ficou ao lado da Cruz durante sua agonia. Ela a pedra rolar diante da tumba onde ele foi depositado e foi a primeira pessoa a encontrar Jesus, ressuscitado. A versão São João atribuiu a Maria Madalena o papel principal da paixão. O dramático incidente ficou gravado na história mais do que momento da vida de Jesus.
Cléa
--- Um drama incrível. Meu Deus do Céu. - -
Lígia
--- Bem. Maria Madalena, no domingo bem cedo, vai à tumba sozinha. Essa questão é deveras inquietante. Uma moça vai ao tumulo sozinha de manhã bem cedo? Por que? Qual o interesse de ir só? Por que não chamou a mãe de Jesus? Ela era então casada? Fica a questão em suspenso. E lá chegando descobre que a tumba está vazia. Sai correndo e conta aos discípulos. E os discípulos vem verificar. Está na verdade, vazia. Ela fica ali chorando esse lamentando. Por que então? Lamentos por um defunto? Um homem, que parecia ser um jardineiro perguntou-lhe por que chorava. Ela responde: “Levaram meu senhor. Não sei aonde. Mas se fostes vós, contai-me e eu irei busca-lo”. E aí, o homem que ela pensava ser um jardineiro chama-a pelo nome. “Maria”. De repente, ela o reconhece e grita: “Rabboni” (Mestre) ou seja, meu Mestre, meu Rabi e esse momento de reconhecimento é um momento terno. Ele diz: “Não me abraceis porque ainda não subi para o meu Pai”.  É a perfeita expressão da paixão que ela tem por seguir Jesus.
Cléa
--- É verdade. O amor é cego. A gente vê e não sabe. Ele era e ela não via. Nossa Senhora!!! - -
Lígia
--- Jesus então mandou-a voltar e contar aos seus discípulos que Ele ressuscitara dentre os mortos. Isso, do certo modo faz dela uma apóstola, igual aos demais. Na cena seguinte, Ele ascende aos Céus, recebe o poder divino do Pai e volta soprando sobre os discípulos o Espírito Santo de que vai dar-lhes o dom do sair e pregar. Ele diz: “Torna-vos meus discípulos”. Maria Madalena não estava lá e então essa história de certo modo demonstra o oposto do que alguns gostariam de ver. Demonstra por que Maria, embora sendo a primeira a ver Jesus ressuscitado acaba não sendo a discípula a continuar com Ele. É um mistério pensar que ela foi glorificada.
Cléa
--- Mas, quem é o Pai? - -
Lígia
--- É aí que está a questão. Vamos tomar por hipótese. Pai! Quem é o pai? Onde ele está? Por que no Céu? É o seguinte: quando Jesus foi crucificado, Ele não morreu de verdade. José de Arimateia, apressado, procurou retira-lo da Cruz antes que Jesus morresse. Na verdade Jesus apenas desmaiou. Em seguida, ele foi posto na tumba. Ninguém fala nesse estado. Porém quando ele acordou ou ressuscitou se arranjou com uns trapos e disse que precisava ir ao Pai. E foi. Ninguém pergunta quem era o pai e que tempo duraria. O certo é que Jesus foi se limpar, tratar de suas chagas, se alimentar em companhia de José de Arimateia, refazer-se do cansaço e, depois retornou já em perfeita ordem. Disse aos discípulos o que tinha o que fazer e continuou com sua missão. - -
Cléa
--- Meu Deus. Nunca pensei dessa forma! - - alarmada
Lígia
--- É só juntar os “ii”. Dá para entender agora? - - sorriu
Cléa
--- Se foi isso o que deu, assim faz sentido. Como é que pode? - - abismada
Lígia
---- Ah cabeça oca! Pense! Não julgue sem pensar! - - sorriu


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