MADALENA
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MARIA MADALENA
Maria
Madalena, a moça que untou os pés de Jesus e foi a fiel seguidora que ficou a
seu lado na Cruz ao sentir que os discípulos fugiram, apavorados. Ela foi a
poderosa mulher da primitiva Igreja cristã. Durante séculos a menina vem
causando uma tempestade de debates sobre o poder feminino e sua sensualidade.
Agora, mais do que nunca. E, hoje, Maria Madalena tem uma maior cultura
popular. Sabe-se que ela foi a esposa secreta de Jesus a quem deu filhos. Ela
tem sido retratada como discípula, sacerdotisa, líder religiosa e grande
intelectual, muitas vezes com um livro na mão.
Cléia
--- Ela
conhecia muito o que o Mestre lhe falava? - - surpreendida.
Lígia
--- Ela,
Madalena, tinha muito de saber. Por isso a chamavam de visionária, curandeira,
missionária. Ela fazia de tudo. Maria era mais apresentada como apóstola dos
apóstolos. Novos estudos indicam que sua influência teria sido imensa, não só
em sua época, mas nos dois milênios seguintes. Tem aqui informações de antigas
fontes com mais dados do que jamais eu tive. Tudo nos leva a considerar Maria
Madalena como importante figura do primeiro cristianismo. Dados a cerca de
Madalena, considerados perdidos, estão sendo descobertos e elevam sua
importância na cultura ocidental.
Clea
--- Como era a
verdadeira Maria Madalena? - - quis saber.
Lígia
--- Os
mistérios que cercam essa mulher devem-se as poucas citações bíblicas que são
referências muitos esparsas e confusas. Tudo o que sabemos de Maria Madalena
acha-se no Novo Testamento, que menciona seu nome mais vezes do que a de
qualquer mulher. Vemos, no Evangelho de São João, por exemplo, que o trecho
mais extenso sobre Maria Madalena está no capítulo 20, após a ressurreição de
Jesus. É natural haver curiosidade sobre
quem era essa Maria.
Cléa
--- Ele ela
somente pregador? - -
Lígia
--- Jesus?
Não. Ele era um pregador radical, paladino dos párias da sociedade e por conta
disso Jesus tinha muitas seguidoras. Ensinava-lhes as Escrituras o que, em
geral, era restrito aos homens. Nos Evangelhos de São Mateus e São Marcos,
muitas seguidoras de Jesus se chamavam Maria. De fato, há muitas Marias
mencionadas nos Evangelhos. Seu significado é “Boa Nova”. E realmente há uma
tendência de reuni-las numa só dando a impressão de que todas são uma. Há
varias Marias nos Evangelhos porque esse nome era o mais comum para as
mulheres. A mulher de Herodes era Mariam. Em honra a mulher de Herodes, o
Grande, muitas mulheres, Século I, foram assim chamadas Mariam ou Miriam, tendo
como encurtamento, Maria.
Cléa
--- Engraçado!
Nunca pensei nisso. Sei lá. Eu não pensava e pronto. - - sorriu
Lígia
--- Pois é.
Para você vê. Hoje se acredita que o nome, Maria Madalena, vem de Magdala, uma
vila de pescadores. Migdal quer dizer Torre. Também há quem ligue Maria
Madalena a essa vila, Migdal. A vila ainda existe. Mas há poucos indícios de
que Maria Madalena tenha vindo de lá.
Essa mulher, que veio de uma vila próspera de pescadores, se tornou a
mais famosa da Bíblia. Apesar da tradicional imagem de mulher, nada na Bíblia
indica que Maria Madalena tenha sido uma prostituta. Maria teria sido uma
mulher cheia de problemas. A conclusão existe porque seu nome se entrelaça com
os de outras mulheres identificadas como pecadoras.
Cléa
--- Até no
nome à pessoa peca. Que coisa! - -
Lígia
--- Em outro
ponto, Maria Madalena seria a mulher de quem Jesus exorcizou sete demônios.
Ficou liberta pelo exorcismo realizado por Jesus. Isso não aprova que ela era
pecadora e nem que tinha amantes. Os demônios eram as atribulações da vida que
Maria levava. Podiam ser sete, vinte ou quarenta. Isso não importa. O que
importa era se saber que estava doente por tanta agonia. E Jesus aconselho
Maria das atribulações da vida. Ela era uma mulher simples. Não venha me dizer
que simples é pecado ou mesmo endemoniada. Ela untou os pés de Jesus e limpou a
água escorrida com seus cabelos. E se isso foi sexo, então foi, ora merda.
Cléa
--- Calma.
Calma. Eu não falei em coisa feia! - -
Lígia
--- Mas pensou.
No que você fala existe a tendência de unir tudo e sugerir que Maria era
prostituta porque ela estava na casa de um fariseu onde tudo é permitido. Não
há nada nos Evangelhos a esse respeito. Nada. Eu sei que Madalena foi seguidora
de Jesus desde essa época sem sete diabos ou homens. Não era a sexualidade, mas
a decadência, a doença mental que afligia a mulher quando moça. Os diabos são
vícios. Ela era fútil e vaidosa que representa a luxuria que tem toda a mulher.
Você tem também. O vício de se arrumar, põe pó, ruge, faz trança nos cabelos,
põe batom, usa perfumes. Isso é luxuria. Entendeu? - - esquentada
Cléa
--- Entendi.
Mas tenha clama! - - sorriu
Lígia parou um
pouco, refez a respiração e continuou na sua pregação.
Lígia
--- Tudo bem.
Até os últimos momentos de Jesus e sua morte da Cruz, de acordo com os
Evangelhos de Lucas, Marcos e Mateus, Maria era uma entre muitas mulheres
presentes na crucificação. Mas, São João diz que ela era a testemunha principal
que ficou ao lado da Cruz durante sua agonia. Ela a pedra rolar diante da tumba
onde ele foi depositado e foi a primeira pessoa a encontrar Jesus,
ressuscitado. A versão São João atribuiu a Maria Madalena o papel principal da
paixão. O dramático incidente ficou gravado na história mais do que momento da
vida de Jesus.
Cléa
--- Um drama
incrível. Meu Deus do Céu. - -
Lígia
--- Bem. Maria
Madalena, no domingo bem cedo, vai à tumba sozinha. Essa questão é deveras
inquietante. Uma moça vai ao tumulo sozinha de manhã bem cedo? Por que? Qual o
interesse de ir só? Por que não chamou a mãe de Jesus? Ela era então casada? Fica
a questão em suspenso. E lá chegando descobre que a tumba está vazia. Sai
correndo e conta aos discípulos. E os discípulos vem verificar. Está na
verdade, vazia. Ela fica ali chorando esse lamentando. Por que então? Lamentos
por um defunto? Um homem, que parecia ser um jardineiro perguntou-lhe por que
chorava. Ela responde: “Levaram meu senhor. Não sei aonde. Mas se fostes vós,
contai-me e eu irei busca-lo”. E aí, o homem que ela pensava ser um jardineiro
chama-a pelo nome. “Maria”. De repente, ela o reconhece e grita: “Rabboni”
(Mestre) ou seja, meu Mestre, meu Rabi e esse momento de reconhecimento é um
momento terno. Ele diz: “Não me abraceis porque ainda não subi para o meu Pai”. É a perfeita expressão da paixão que ela tem
por seguir Jesus.
Cléa
--- É verdade.
O amor é cego. A gente vê e não sabe. Ele era e ela não via. Nossa Senhora!!! -
-
Lígia
--- Jesus
então mandou-a voltar e contar aos seus discípulos que Ele ressuscitara dentre
os mortos. Isso, do certo modo faz dela uma apóstola, igual aos demais. Na cena
seguinte, Ele ascende aos Céus, recebe o poder divino do Pai e volta soprando
sobre os discípulos o Espírito Santo de que vai dar-lhes o dom do sair e
pregar. Ele diz: “Torna-vos meus discípulos”. Maria Madalena não estava lá e então
essa história de certo modo demonstra o oposto do que alguns gostariam de ver.
Demonstra por que Maria, embora sendo a primeira a ver Jesus ressuscitado acaba
não sendo a discípula a continuar com Ele. É um mistério pensar que ela foi
glorificada.
Cléa
--- Mas, quem
é o Pai? - -
Lígia
--- É aí que
está a questão. Vamos tomar por hipótese. Pai! Quem é o pai? Onde ele está? Por
que no Céu? É o seguinte: quando Jesus foi crucificado, Ele não morreu de
verdade. José de Arimateia, apressado, procurou retira-lo da Cruz antes que
Jesus morresse. Na verdade Jesus apenas desmaiou. Em seguida, ele foi posto na
tumba. Ninguém fala nesse estado. Porém quando ele acordou ou ressuscitou se
arranjou com uns trapos e disse que precisava ir ao Pai. E foi. Ninguém
pergunta quem era o pai e que tempo duraria. O certo é que Jesus foi se limpar,
tratar de suas chagas, se alimentar em companhia de José de Arimateia,
refazer-se do cansaço e, depois retornou já em perfeita ordem. Disse aos discípulos
o que tinha o que fazer e continuou com sua missão. - -
Cléa
--- Meu Deus.
Nunca pensei dessa forma! - - alarmada
Lígia
--- É só
juntar os “ii”. Dá para entender agora? - - sorriu
Cléa
--- Se foi
isso o que deu, assim faz sentido. Como é que pode? - - abismada
Lígia
---- Ah cabeça
oca! Pense! Não julgue sem pensar! - - sorriu
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