quarta-feira, 11 de maio de 2016

ABDUÇÕES - 18 -

- ÉDEN -

- 18 -

ÉDEN -

Maria já havia entrado e com isso foi buscar cave com biscoito para os visitantes. No momento em que ela regressava, todos na sala de visita estavam calados. No entanto, Maria notou a moça chamada Amanda revistando um livro tirado da estante. Com certeza Maria nada sabia de ler. Apesar disso, ela notou um volume grosso e a inscrição BÍBLIA SAGRADA. Como a conversa não era com ela, nada fez. E entrou apressada para cuidar dos alimentos para os visitantes e teve tempo de olhar para o relógio da parede onde marcava quase 10 horas. Para Maria já era tarde, mesmo assim nada falou. Ela ouviu apenas a conversa de fora.
Lígia
--- Foi uma estranha discrepância de uma notável figura na tradição bíblica: A Bíblia e a mulher de Adão: Lilith. Ela foi descrita como a primeira mulher de Adão. As histórias sobre Lilith parece se tradicionar com uma deusa pagã mais antiga. Mas como sempre acontece com lendas a história se deteu, mas não foi totalmente esquecida. - -
Amanda
--- Lilith? Nunca ouvi falarem tal mulher. - - argumentou
Anibal
--- É uma história da Lua. - - afirmou o velho –
Lígia
--- Isso. A história se desenvolve em uma série de textos judaicos chamados Miragem e Cabala. Uma das tradições diz que a fazer amor, Lilith reclamou: “Você não pode ser o chefe o tempo todo e ficar por cima. Mereço ficar por cima também. E se você insistir nisso, caio fora! ” E saiu, voando. Foi morar com demônios e alí ficou no mundo deles daí por diante. Uma história e tanto.
Amanda gargalhou e declarou
Amanda
--- Positivo! Olhe, bichinho? - - e gargalhou ainda mais.
Lígia
--- Ela vaga pelo mundo em procura de crianças para matar.
Anibal
--- Lilith é um súcubo, um demônio feminino que seduz os homens em seus sonhos? –
Lígia
--- Pode ser. Ela se juntou a Lamashtu. E Deus criou Eva da costela de Adão. Isso é o que diz a lenda. Essa questão de Lilith e também chamada “morte no berço”, como se diz. No período medieval os pais punham um amuleto na porta ou na parede do quarto do bebê para protegê-lo de Lilith. E no amuleto escreviam: “Lilith Abe”. Isto é: Lilith vá embora. Fora daqui. - -
Anibal
--- Eu era menino. E existia uma velha parteira perto da casa onde eu morava que tinha um desses amuletos. - -
Lígia
--- Mas a lenda de Lilith permanece viva tal como um código perdido no mundo moderno sempre que a mãe nina o bebê. A palavra ninar diz que estando Lilith, hoje, por perto, a criança pode dormir à noite inteira, segura e sossegada no seu berço. Depois de varrer Lilith, Deus criou outra mulher, dessa vez a partir da costela de Adão para demonstrar a supremacia masculina. Mas Lilith recuperou o antigo status em músicas, livros e revistas que levam o seu nome. Ela se tornou um símbolo feminino nos tempos modernos, não sendo nada submissa. Mas, um espírito independente. Então uma espécie de heroína. E há muitas mulheres modernas que assim a consideram. - -
Anibal
--- Lilith não é a única surpresa escondida nas páginas da Bíblia. E ela decifrou o nome de Deus traduzido em quatro letras: YHVH. Quando ela pronunciou ganhou um poder tão grande que voou para o Céu. - -
Amanda
--- E o senhor também sabia disso? - - indagou curiosa
Anibal
--- Eu também estudo, menina. - - disse-lhe o pai
Ligia
--- Afirmativo. E foram destacados três anjos para levar Lilith de volta, mas sem êxito. Disse o Santíssimo: se ela concordar em voltar, é bom. Caso contrário terá de permitir que todos os seus filhos morram todos os dias. - -
Amanda
--- Nossa! Deus disse isso? - - assustada.
Lígia
--- Sim. Diz a lenda. E ela foi informada da vontade de Deus, mas não quis regressar. Com o desaparecimento de Lilith foi então que Deus fez a segunda mulher, Eva. Com isso ficou Adão a dizer: ”Submete-me a mim, mulher”. Então a mulher, que não foi tirada da Terra, ela se submetia, ou seja, fazia a sua vontade. Ela era submissa. E Lilith, como um demônio, fazia dores e sofrimentos a Eva principalmente da hora do parto. É essa referência a Lilith, como a um demônio entre outras religiões que existiram como a Suméria ou outras religiões do tempo pré-histórico. Nas culturas do Egito, Grécia, Babilonia e Suméria representam a sua imagem. Na verdade, ela representava pela Lua em minguante. - -
Anibal
--- Agora em me lembro de ter visto em livros antigos ao falar em culturas desse tipo. - 
Amanda
--- Naqueles da estante? - -
Anibal
--- Sim. É um caso muito complicado. Você encontra a Bíblia antiga. Eu nunca leio essa Bíblia
Amanda
--- Eu nunca vejo. E cheia de poeira, teia de aranha. Deixo lá. - - falou sem modéstia.
Ligia
--- A palavra hebraica Lilite significa “noite”. Muitas outras religiões chamam demônio da noite essa fase da Lua ou sugadora de sangue. Em outras palavras oportunidade de se ter contato sexual com uma mulher no escuro. A Lua em minguante faz também a perversão, ou seja, é igual a uma cobra. Essa é uma alusão como sendo uma menção a personagem divina.
Amanda
--- Isso o senhor também leu? - -
Anibal
--- Sim. Sim. Faz tempo. - -
Lígia
--- Essa história de Adão e Eva passou para os livros sagrados como Midraxe, quer dizer: escavar, revolver, esforçar. O termo vem do darash da coleção Midrash Rabba do Pentateuco. Quando lemos a Bíblia encontramos nome de difícil compreensão. Esse é um deles. Os estudiosos antigos, os rabinos, estudavam esses termos sagrados com bastante atenção em busca de pistas ou referência codificada que preenchessem essas lacunas.
Amanda
--- Você estudou a Bíblia? - - indagou surpresa
Lígia
--- Sim. Sim. As tradições rabínicas surpreendem as falhas existentes na Bíblia. Por isso tem o nome de Midraxe. E Midraxe significa descobrir ou identificar. Foi uma diferente discrepância no livro do Genesis que levou os estudiosos rabínicos a verifica a história de Lilith através da Midrash. Nela existem duas versões da criação da mulher por parte de Deus. A primeira sugere a formação simultânea com o homem. A segunda surge algumas páginas depois quando diz que Deus colocou o homem a dormir e enquanto isso ele tomou uma costela quando fez uma mulher
Amanda
--- Ô caso complicado. - -
Anibal
--- Imagine que fabricou. - - sorriu
Lígia
--- Existem duas histórias, na Bíblia, como mulher foi criada. Por isso a tradição rabínica viu a primeira história como a criação de uma mulher diferente. Mesmo assim, os rabinos construíram as duas versões do Genesis. Por isso inseriram a mulher demônio na primeira. E criaram o texto sagrado que relacionaram as duas. Lilith, pela vontade de Deus ela foi transformada em um demônio.
Amanda
--- Vim colher carvão e vou levando lenha. - - gargalhou
Anibal
--- Complicado. - - 

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