sábado, 21 de fevereiro de 2015

MISTÉRIO - 11 -


- AURORA BOREAL -
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- O MUNDO -
Então, a entrevista foi iniciada com duas perguntas para cada um dos representantes da imprensa falada e escrita. A celeuma tomou conta do auditório com cada qual a disparar os seus flashes e os cinegrafistas a procurar melhor ângulo para focar a menina. A primeira pergunta surgiu, enfim.
Repórter:
--- Como é o seu nome? – indagou.
A menina disse a sua intérprete.
Interprete:
--- Ela falou: Samanta Leporace. – respondeu
Repórter:
--- Quantos anos você tem? – segunda pergunta.
Intérprete:
--- Dez anos. A garota informou.
Jornalista:
--- Em que curso você está? – primeira pergunta.
Interprete:
--- Quinta série: ela respondeu. –
Jornalista:
--- O que pensa em fazer no estudo? – segunda pergunta.
Intérprete:
--- Ir o mais longe possível. Astrônoma. – resposta.
Jornalista de TV.
--- Quem fez o Mundo?
Interprete:
--- Ele não foi feito. Não teve princípio e não terá fim. Eu disse: O Mundo. O Universo. – resposta.
A zoadeira tomou conta da plateia. Uma menina de dez anos de idade vir com uma resposta dessa natureza? Era de se embasbacar a qualquer um. Ninguém acreditava no que Samanta dissera naquela hora, menos os professores. A mesma intérprete ficou sisuda com a resposta. Após alguns minutos a jornalista de TV voltou a indagar.
Jornalista de TV:
--- Você quer pôr em duvidas a teoria de Einstein, um mestre da ciência? – segunda questão.
Intérprete:
--- Ele tem essa teoria. Eu tenho a minha certeza. O Universo não tem fim. Ele é eterno. Após esse mundo a senhora encontra outros Mundos. O Multiverso. – respondeu com classe.
E o tumulto invadiu a sala do auditório com perguntas descabidas e de muita asneira. A confusão tomou conta de todos os entrevistadores. A moça que fez a entrevista perdeu a noção do tempo a procura do microfone caído das suas mãos. Ela procurava encontrá-lo sem êxito, pois todo o auditório estava tomado pela balburdia. Uns gargalhavam, outros procuravam os seus mapas de apontamentos enquanto um dos fotógrafos indagava:
Fotógrafo:
--- Como é, gente? – e gargalhava após a acionar a sua máquina fotográfica a colher foto dos presentes. O professoro Vicente Prada, a sorrir, pedia calma a todos a bater a sineta da mesa.
Prada:
--- Calma! Calma! Calma! Ô gente feia! – relatava enquanto sorria.
A sineta tocava com insistência em meio a toda confusão. Foram passados alguns minutos entre gargalhadas e azáfamas entre todo auditória. A professora Zahra procurou segurar a infante e retirá-la para algum canto de modo protegido dos nervosos assistentes enquanto os demais da bancada se retraíram por temor do alvoroço desproporcional a acudir a toda gente. Forma minutos bravios aquele do qual a menina Samanta pôs em espanto a toda gente da plateia. A guarda de segurança entrou na sala a procura de paziguar a real situação. Poltronas viraram cambalhotas com a desordem estabelecida. O clamor era um só evento da situação. E não havia como continuar a sessão da entrevista com a desordem estabelecida. A Polícia do Campus entrou às pressas fazendo presos os acadêmicos que agitavam a algazarra e as luzes do auditório se apagaram como proteção à saída dos professores em louca correria.
Um dia após, Samanta estava em companhia de sua protetora, a mestra Isis Zahra Kytzia, em um outro local resguardo dos demais para dar continuidade a entrevista iniciada antes da confusão do dia anterior. A Polícia do Campus mantinha severa guarda em torno do recinto. Então, em sossego, o professor Prada pode dar continuidade ao seu tema:
Prada:
--- Bem. Passada a confusão da noite anterior, vamos dar continuidade ao que estávamos conversando. Apesar de partículas pesadas serem raras, se o astronauta tiver de sair da proteção da espaçonave, como acontece com frequência, milhares de raios cósmicos galácticos atingirão seu corpo a cada segundo. É verdade? – indagou o professor
Samanta:
--- Sim. E verdade. Em 24 horas, o viajante do espaço recebe radiações de raios cósmicos e de partículas solares equivalentes a recebida por alguém, na superfície da Terra, em seis meses. O corpo humano não vai sentir, de imediato, o efeito da radiação. Mas, dependendo de sua quantidade, esse efeito pode ser notado, mesmo de olhos fechados. As partículas parecem faiscar quando atingem a retina do viajante do espaço. No entanto, o verdadeiro choque para o corpo humano vem da estranha falta de gravidade. – explicou.
Prada:
--- Muito bem. Agora, estamos com a ajuda da professora Kytzia. Todos os demais podem ouvir a sua voz. Um tanto diferente, é verdade. Acho que a coisa mais perigosa de viajar no espaço é a falta de gravidade. A falta de peso faz com quase todos os sistemas do seu corpo comecem a mudar. E eles não para de mudar até que você volte ao mundo onde haja novamente gravidade. Certo? – indagou.
Samanta:
--- Uma das primeiras coisas que o viajante espacial perde pela gravidade zero é o seu senso de orientação. O que em cima e o que em baixo? Boa pergunta. P’ra começar é como você quiser. Se você disser que em cima é assim, tudo bem. Se você disser que assim, também. – apontou com o dedo.
Todos acharam graça com os exemplos dados pela menina. E continuou:
Samanta:
--- A maioria dos viajantes vai sentir enjoou nas primeiras horas. Talvez, nos primeiros dias. Essa é uma coisa que você se resignar a enfrentar. Nos primeiros dias qualquer um vai se sentir perturbado em termo de orientação. Quando você está no espaço o seu corpo pensa que você está deitado numa cama. De modo que, se você não tomar cuidado o seu corpo vai se atrofiar.
Prada:
--- O Universo é um lugar implacável aberto apenas aos aventureiros mais ousados. Àqueles que tem a coragem de explorar as coisas a fundo, de se mover por entre ameaças tóxicas e de que não tem medo de vagar longe do ambiente conhecido. – zanzou com a cabeça abaixada.
Samanta:
--- A duração de viagens futuras pode limitar as experiências possíveis aos viajantes do espaço. As distâncias de nosso Universo são um desafio a compreensão. Se nosso sol fosse uma bola de basquete, nossa Terra teria o tamanho de uma ervilha. A paisagem rude e brutal dos planetas mais próximos do Sol – Mercúrio e Vênus – não os torna atraentes a qualquer visita. As temperaturas de Vênus podem exceder a 500 graus célsius. E a esmagadora pressão atmosférica é equivalente a estar submerso a 900 metros de profundidade. Isso deixa os planetas mais longe do Sol para potenciais explorações. -  explicou devagar
Prada:
--- A órbita de Júpiter com suas inúmeras Luas oferece dezenas de paisagens diferentes. Isso pode ser tentador para futuros viajantes. Mas a viagem pode levar 5 anos. – decifrou o mestre
Samanta:
--- Saturno está a quase a distância de Júpiter. E a ideia de uma viagem de décadas pode ser insuportável. Para que a humanidade se aventure nas profundezas do cosmos, seja para se banhar na luz de alguma estrela exótica, seja apenas para viajar aos limites do nosso sistema solar vamos precisar um modo de viajar muito mais depressa. A velocidade possível? Nada, até hoje, observado pela ciência é mais rápido que a velocidade da luz: Trezentos mil quilômetros por segundo. – complementou.





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