terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 34 -

- BAR -
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ESTIVAL

Em um dia qualquer do verão onde não se sabia quando era a data de ir para São Paulo, o homem Othon e suas acompanhantes, Racílva, Hervê e Neta – a quem Norma confiava seus rebentos – chegaram ao Bar de dona Bebé quando houve a apresentação dos dois filhos gêmeos. Neta tomava conta dos pequenos enquanto Othon apresentava as crianças. Bebé, toda corada, com riso franco, agarrou o menino dizendo coisas amáveis e em seguida, a menina com fartura de benção.
Bebé
--- São esses os seus filhos? Que maravilha! Norma falava tanto em vocês! - - elevado ao alto
Hervê
--- Água! - - pediu o menino
Bebé
--- Quer água. Damiana, traga água para os inocentes. - - sorriu e os beijou no alto.
Damiana veio com pressa trazendo água e Bebé continuava a conversa. Queria conhecer as duas crianças e o que elas já sabiam fazer. Se a doméstica era amiga. Se papavam nas horas certas. Que comidas preferiam. Quem fazia para eles. Isso e mais. E os garotos ficaram amigos de Bebé a ponto de chama-la de segunda mãe porque era ela a única querida das crianças. E Bebé sorria a contento com tanta graça do casal de infantes.
Racílva
--- Mamãe dizia que queria muito bem a você. - -
Bebé
--- Verdade? Ela, agora, está no céu. - - sorriu com a menina em abraços.
Racílva
--- É longe? - - indagou comendo puxa-puxa
Bebé
--- Não. O Céu é perto. - - disse sorrindo elevando a menina em seus braços
Racílva
--- Eu posso ir lá? - - quis saber com suas puxa-puxas.
Bebé
--- Pode. Todos nós podemos. - - agarrada à menina pousando ao alto e sorrindo.
Hervê
--- Eu também vou. - - relatou o menino se agarrando à mulher.
Bebé
--- Nós vamos. Todos nós. Juntos! - - e se agarrou às crianças.
Após essa delicada menção Bebé se voltou para Othon e indagou quando era então a partida para o Sul do país. Othon informou saber ser depois do 7º dia do falecimento de Norma, pois não sabendo se ela era cristã, de toda forma havia a intenção de se celebrar missa em penitencia de sua alma.
Bebé
--- Onde vai ser a Missa? - - indagou
Othon
--- Na capela do sítio mesmo. La, dona Rita tem uma capela. - - respondeu
Bebé
--- Depois disse, a família segue para o Sul? - -
Othon
--- Querendo Deus. Só tem um problema. Quem vai cuidar dos meninos. A moça, Neta, tem receio de ir. Diz ser longe. E desconhece tudo em terra estranha. Eu disse: não tem nada de estranho. Neta indo, é o mesmo que cuidar dos rebentos como se estivesse no sítio. Ela não vai se incomodar cm comida, com médico, com parques. Com o tempo ela se acomoda. - -
Neta
--- Tem frio. A cidade é uma zoeira. Eu me incomodo é com isso. E os meninos também - -
Bebé
--- Os meninos ficarão velhos, um dia! Ninguém sabe o futuro! Nem eu, nem você, nem ninguém.
Neta
--- Eu sei disso. Mas por mim eu não ia para São Paulo. O povo tem uma sanha por São Paulo. Eu, não! Prefiro morrer aqui mesmo. - - relatou
Bebé
--- Não dia isso. Tem países mais distante que São Paulo. A China, o Japão, o Vietnam. Eu, certa vez, tive com um rapaz. Ele era pintor. E me disse que tinha andado mundo a fora. Tailândia, Vietnam, Bancoque e tantos outros. E de lá esteve no Rio, São Paulo, Recife e Natal. - -
Neta
--- Sei não. São Paulo? Só tem mosquito. - - com cara azeda 
Othon
--- Pode ser que tenha. Eu acredito que haja mosquitos. Mas, nunca nenhum de ferrou. –
Bebé
--- Mosquito tem em toda parte. Paraíba, Pernambuco, Amazonas. Todo canto. Ora mosquitos
Neta
--- E a senhora seria capaz de ir? - - indagou
Bebé
--- Eu tenho meu estabelecimento. Não vou deixa-lo. - -
Neta
--- A não ser que tenha uma oferta melhor, não é isso? - - insinuou
Bebé
---Aqui, eu sou a dona. Apenas isso. - -
Othon
--- Vamos deixar de besteira. Os meninos querem Neta, e pronto. - -
Bebé
--- E estamos conversados. - - sorriu
Após toda aquele deus-nos-acuda Othon se despediu de Bebé dizendo que ainda voltava, um dia, ao seu boteco. Agora era vez de mostrar aos garotos o Teatro onde ele este assistindo uma peça com Norma tempos atrás. Algo magistral. E então, foi ele e sua turma para ver o teatro no mesmo bairro. Ao chegar ao Teatro, ele encontrou uma funcionária. A moça sorriu e indagou o que podia fazer pelas crianças além do Othon e Neta.
Othon
--- Nós estamos em visita ao Teatro, apesar de não ter atividades agora. - - sorriu
Funcionária
--- É verdade. Nós estamos em reparo no Teatro por esses dias. Mas, se é para visita, pode entrar. Mostrar o palco, as poltronas. Mas tudo está em obras - - respondeu com sorriso na face.
Othon
--- Certamente. Certamente. Eu pretendo mostrar as crianças o que se pode mostrar, evidente. Podemos ir? - - indagou solidário.
Funcionária
--- Pois não. Pode se acercar. Somente tem o palco bem desarrumado. - - disse a mulher.
Othon
--- Evidente. Faz tempo que o Teatro está desse jeito? - -
Funcionária
--- Dois meses. Mas, não demora muito. Menos de um mês. Já temos Companhia em programa.
Othon
--- Ah. Que bom. Um Teatro é uma vida! - -
Funcionária
--- Esse é um magnifico Teatro. É do início do século XX - - sorriu e acompanho os visitantes
Othon
--- Eu sei. Eu estive várias vezes aqui. Hoje moro em São Paulo. Mas, quando posso, venho ao Teatro - - 

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