- BAR -
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ESTIVAL
Em um dia
qualquer do verão onde não se sabia quando era a data de ir para São Paulo, o
homem Othon e suas acompanhantes, Racílva, Hervê e Neta – a quem Norma confiava
seus rebentos – chegaram ao Bar de dona Bebé quando houve a apresentação dos
dois filhos gêmeos. Neta tomava conta dos pequenos enquanto Othon apresentava
as crianças. Bebé, toda corada, com riso franco, agarrou o menino dizendo
coisas amáveis e em seguida, a menina com fartura de benção.
Bebé
--- São esses
os seus filhos? Que maravilha! Norma falava tanto em vocês! - - elevado ao alto
Hervê
--- Água! - -
pediu o menino
Bebé
--- Quer água.
Damiana, traga água para os inocentes. - - sorriu e os beijou no alto.
Damiana veio
com pressa trazendo água e Bebé continuava a conversa. Queria conhecer as duas
crianças e o que elas já sabiam fazer. Se a doméstica era amiga. Se papavam nas
horas certas. Que comidas preferiam. Quem fazia para eles. Isso e mais. E os
garotos ficaram amigos de Bebé a ponto de chama-la de segunda mãe porque era ela
a única querida das crianças. E Bebé sorria a contento com tanta graça do casal
de infantes.
Racílva
--- Mamãe
dizia que queria muito bem a você. - -
Bebé
--- Verdade?
Ela, agora, está no céu. - - sorriu com a menina em abraços.
Racílva
--- É longe? -
- indagou comendo puxa-puxa
Bebé
--- Não. O Céu
é perto. - - disse sorrindo elevando a menina em seus braços
Racílva
--- Eu posso
ir lá? - - quis saber com suas puxa-puxas.
Bebé
--- Pode.
Todos nós podemos. - - agarrada à menina pousando ao alto e sorrindo.
Hervê
--- Eu também
vou. - - relatou o menino se agarrando à mulher.
Bebé
--- Nós vamos.
Todos nós. Juntos! - - e se agarrou às crianças.
Após essa
delicada menção Bebé se voltou para Othon e indagou quando era então a partida
para o Sul do país. Othon informou saber ser depois do 7º dia do falecimento de
Norma, pois não sabendo se ela era cristã, de toda forma havia a intenção de se
celebrar missa em penitencia de sua alma.
Bebé
--- Onde vai
ser a Missa? - - indagou
Othon
--- Na capela
do sítio mesmo. La, dona Rita tem uma capela. - - respondeu
Bebé
--- Depois
disse, a família segue para o Sul? - -
Othon
--- Querendo
Deus. Só tem um problema. Quem vai cuidar dos meninos. A moça, Neta, tem receio
de ir. Diz ser longe. E desconhece tudo em terra estranha. Eu disse: não tem
nada de estranho. Neta indo, é o mesmo que cuidar dos rebentos como se
estivesse no sítio. Ela não vai se incomodar cm comida, com médico, com
parques. Com o tempo ela se acomoda. - -
Neta
--- Tem frio.
A cidade é uma zoeira. Eu me incomodo é com isso. E os meninos também - -
Bebé
--- Os meninos
ficarão velhos, um dia! Ninguém sabe o futuro! Nem eu, nem você, nem ninguém.
Neta
--- Eu sei
disso. Mas por mim eu não ia para São Paulo. O povo tem uma sanha por São
Paulo. Eu, não! Prefiro morrer aqui mesmo. - - relatou
Bebé
--- Não dia
isso. Tem países mais distante que São Paulo. A China, o Japão, o Vietnam. Eu,
certa vez, tive com um rapaz. Ele era pintor. E me disse que tinha andado mundo
a fora. Tailândia, Vietnam, Bancoque e tantos outros. E de lá esteve no Rio,
São Paulo, Recife e Natal. - -
Neta
--- Sei não.
São Paulo? Só tem mosquito. - - com cara azeda
Othon
--- Pode ser
que tenha. Eu acredito que haja mosquitos. Mas, nunca nenhum de ferrou. –
Bebé
--- Mosquito tem
em toda parte. Paraíba, Pernambuco, Amazonas. Todo canto. Ora mosquitos
Neta
--- E a
senhora seria capaz de ir? - - indagou
Bebé
--- Eu tenho
meu estabelecimento. Não vou deixa-lo. - -
Neta
--- A não ser
que tenha uma oferta melhor, não é isso? - - insinuou
Bebé
---Aqui, eu
sou a dona. Apenas isso. - -
Othon
--- Vamos
deixar de besteira. Os meninos querem Neta, e pronto. - -
Bebé
--- E estamos
conversados. - - sorriu
Após toda
aquele deus-nos-acuda Othon se despediu de Bebé dizendo que ainda voltava, um
dia, ao seu boteco. Agora era vez de mostrar aos garotos o Teatro onde ele este
assistindo uma peça com Norma tempos atrás. Algo magistral. E então, foi ele e
sua turma para ver o teatro no mesmo bairro. Ao chegar ao Teatro, ele encontrou
uma funcionária. A moça sorriu e indagou o que podia fazer pelas crianças além
do Othon e Neta.
Othon
--- Nós
estamos em visita ao Teatro, apesar de não ter atividades agora. - - sorriu
Funcionária
--- É verdade.
Nós estamos em reparo no Teatro por esses dias. Mas, se é para visita, pode
entrar. Mostrar o palco, as poltronas. Mas tudo está em obras - - respondeu com
sorriso na face.
Othon
---
Certamente. Certamente. Eu pretendo mostrar as crianças o que se pode mostrar,
evidente. Podemos ir? - - indagou solidário.
Funcionária
--- Pois não.
Pode se acercar. Somente tem o palco bem desarrumado. - - disse a mulher.
Othon
--- Evidente.
Faz tempo que o Teatro está desse jeito? - -
Funcionária
--- Dois
meses. Mas, não demora muito. Menos de um mês. Já temos Companhia em programa.
Othon
--- Ah. Que
bom. Um Teatro é uma vida! - -
Funcionária
--- Esse é um
magnifico Teatro. É do início do século XX - - sorriu e acompanho os visitantes
Othon
--- Eu sei. Eu
estive várias vezes aqui. Hoje moro em São Paulo. Mas, quando posso, venho ao
Teatro - -
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