terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 41 -

- CRIANÇA -
- 41 -
ESPANTO

Alice ficou afastada enquanto Othon corria até o quarto onde as crianças dormiam. A novata Neta, ficou de braços cruzados olhando para Alice de forma bem acentuada. No pensar de Neta ela também tinha a mesma opinião de homem. Porém resolveu calar. Apenas a olhava com a cara sisuda e seu estilo consciente. Nada podia espanta a moça. Os autos passavam céleres, em baixo, na rua. Pela altura do prédio, nada se ouvia de alguém fuxicando ou até gargalhando. Era tudo silencio. Os equipamentos de som presente na sala, estava desligado. Alice pensou que a moça não saber ligar ou mesmo conservar tudo quieto. Othon entrou no quarto das crianças e verificou todos e cada um, principalmente a menina Racilva. Ele viu que a menina dormia. Ainda mexeu para ver se dormia mesmo, e a menina, de certo modo, acordou e olhou tranquila, o seu pai. Elevou a mão tomando a benção e adormeceu novamente. No seu canto, estava Hervê. Othon balançou o garoto e esse continuou a dormir. O homem coçou a cabeça e declarou.
Othon
--- Diabos! Mas eu ouvi a voz! - - declarou em baixa voz.
Neta
--- Não estão dormindo? Foram dormir logo cedo! Eu preparei a janta e logo depois caíra na cama. - - sorriu
Alice
--- Está vendo? Nada de mais ocorreu! - - sorriu
Othon
--- Sim. É verdade. Mas eu tive um sonho. Eu fiquei inquieto. E Maria? - - perguntou a Neta.
Neta
--- Saiu! Acho que não volta. - -
Othon
--- Não volta? Como não volta? - - alarmado
Neta
--- Ela levou todas as tralhas. Não me disse nem boa tarde. Eu também não perguntei. - - com cara feia
Othon
--- Mas, não volta? - - espantado
Neta
--- Não. Eu já disse! Mas era toda abusada! Eu heim? - - de braços cruzados
Othon
--- Houve briga entre as duas? - - quis saber
Neta
--- Eu não tomei nem a benção a ela! P’ra mim nem fede e nem cheira. Já vai tarde. - - respondeu
Othon
--- Tá vendo, tá vendo, tá vendo? Nem fede e nem cheira! Vá ver que tem bicho escondido aí! - -
Alice soltou uma bela gargalhada, coisa até do outro mundo. Coisa que nem se podia empatar. E sorria a larga escala que de imediato caio no sofá.
Alice
--- “Nem fede e nem cheira”! Eu nunca mais tinha ouvido tal expressão. - - gargalhou
O homem ficou alheio procurando entender a risada de Alice. E olhava para Alice e se voltava para Neta. Após alguns instantes, também sorriu porque Neta, com a cara limpa, nem ligava.
No dia seguinte, Othon estava no seu emprego após ter buscado seu carro. E notou a cadeira vazia onde Maria sentava para fazer de conta que escrevia. Ele não preocupou porque a moça devia ter saído para algum mandado. Mesmo assim, para ter mandado, somente a ele a moça obedecia. E nenhum outro teria a importância de mandar Maria fazer qualquer coisa. Com o passar das horas, Maria não comparecia ao serviço. Nesse ponto, Othon indagou a outro servidor.
Othon
--- Onde está a moça que ocupa aquele lugar? - - quis saber
Servidor
--- Não sei, senhor. Há tempos que ela não vem. O senhor a despejou? - -
Othon
--- Eu? Claro que não! Pôr para fora? Imagine! Ela mora lá em meu AP. - - salientou
Servidor
--- Pois não sei mesmo. Será que está doente? - - indagou
Othon
--- Doente? Claro que não. Ontem ela estava em casa. - - salientou
Servidor
--- Pode ter sofrido um acidente, no percurso. Ela saiu de casa, hoje? - -
Othon
--- Sabe que não sei. Eu nem me preocupei. Eu estava se carro. Por isso não sei.  Aliás, não a vi nem ao menos se estava no AP. Sai logo cedo para buscar meu carro. - -
Servidor
--- Tem greve nos transportes. Acho que é por isso. Tem gente que não veio por causa da greve. - - explicou
Othon
--- Greve? Pode ser. Greve. Por que essa greve?  - -
Servidor
--- Questões de salários. Coisa assim! - - explicou
Othon então voltou ao serviço preocupado com Neta. A moça teve razão de sobra ao falar ter Maria saído de casa. Mas a questão era saber por que. Houve brigas entre as duas, por certo. Certo período, o telefone tocou. Othon atendeu pensado até que fosse Maria. Na ligação alguém pediu um instante. Ele então aguardou. A ligação, de imediato, caiu. Ele apenas desligou. Passados alguns minutos, o telefone voltou a tocar. Othon voltou a atender. E a voz sem pedir desculpas, disse que era do necrotério. E estava informando que tinha um corpo de uma moça precisando identificação.
Othon
--- Como eu vou saber? - - indagou
Telefonista
--- Ela deixou um bilhete antes de se atirar em baixo do trem. - - falou
Othon
--- Como? Quem era essa moça? - - de olhos bem apertos
A telefonista confirmou que se tratava de Maria. Sua morte ocorreu na noite do dia passado. O setor identificou a mensagem e queria saber se de fato era alguém de sua família. E nesse momento, Othon saiu apresado pensado na moça Maria que ele trouxera do Norte quando veio para São Paulo.
Othon
--- Só pode ser Maria. - - disse durante a viagem e em seguida ligou para Alice pedindo apoio nesse caso
Alice
--- E onde você está agora? - - perguntou
Othon
--- Estou a caminho. Eu peço que você vá até o necrotério. O corpo está no depósito. - - afirmou
Alice
--- Vou já. Estou em aula, mas suspendo o que eu faço. - -
Othon
--- Por favor. - - disse já lacrimando
Alice
--- Espere. Chego já. - - com vexame. 

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