sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 37 -

- BORBOLETAS -
- 37 -

LAMENTO 

Após um banho refrescante ao meio dia, Othon ouvia o lamento da cantora a interpretar “Non, Je Ne Regrette Rien” algo comovente de alguém a desfazer suas angústias. Logo após, Neta serviu o alimento enquanto o homem esquecido da vida lembrava apenas de sua ex-mulher, Norma, a advertir para ele ter cuidado “com aquela pessoa”. Então, de boca cheia, ele indagou:
Othon
--- Mas que pessoa? - - atônito a olhar Tiago.
Tiago
--- Qual pessoa? - - indagou o rapaz sem entender o que ouvia
Othon
--- Nada. Coisas minhas. Nada não. – - e se desculpou pele o que disse.
A melodia já estava a terminar quando Othon falou.
Othon
--- Que maravilha! - - e sorriu
Tiago
--- A música? - -
Othon
--- Claro. Chega me deixa embevecido. Maravilhoso! - - disse o homem
Após um leve repouso com um sonho estranho, o homem acordou e, logo que cumprido suas obrigações, ele voltou ao trabalho vasculhando uma porção de fotos. Algumas eram recentes. Outras, ele nem se lembrava em ter feito. E folheando algumas, encontrou uma de Norma que ele não tinha visto, antes. E comentou.
Othon
--- Eu não lembro dessa foto! Teria sido em Bonn? Parece! Apenas portas abertas uma depois a outra. Um candelabro. Se ela estivesse aqui, eu perguntaria. Tantas fotos! - - disse o homem
Tiago
--- Essa porta é em Bonn. Ela me falou. Certa vez, Norma estava folheando as fotos quando se deparou com essa. E então ela falou dessa foto. É em Bonn. Bela foto. - - relatou
Othon
--- Eu desejo ir, novamente, a esse país. No verão ou na primavera, é um encanto. As rosas enfeitam nossos trajes. É um encanto. Quando nós fomos, eu e Norma, era tudo florido. As residências era um mar de rosas. Tudo era, então, o ambiente primaveril. Podia-se ouvir o silencio dourado a florescer nos campos. - - e Othon chorou de tanta emoção
Tiago
--- Ela falou desse tempo. Ficou maravilhada. - - e voltou a sua face para outro local evitando chorar
Borboletas douradas esvoaçaram pela janela do apartamento e Neta sacudiu o pano para afugentá-las, vez que as borboletas insistiam em não sair do local onde pousaram, abrindo e fechando as delicadas asas. A menina Racílva apenas sorria com a atitude de Neta. Tiago, decepcionado com a ação de Neta, mandava embora as borboletas com outra toalha. As borboletas não obedeciam até as vassouradas com que Neta as espantavam e voavam em outra direção tal como a sorrir da bobagem com quem os demais faziam. E demorou minutos amargos até as borboletas baterem em fuga para não mais voltar por aquele dia.
Neta
--- Ufa! Cansei. Bichos nojentos! Tomara! Se elas voltarem, taco-lhe a mão p’ra cima! - - declarou resignada.  [aa1] 
Racílva
--- Eu ouvi as borboletas conversarem! - - declarou sorrindo.
Neta
--- Elas bem queriam que as matassem! - - disse de forma afogada
Racilva
--- Uma disse para outra que você não cuidava do pai, agora ia cuidar das mariposas! - - gargalhou
Neta
--- Pois bem! Deixa que elas voltem. - - rugiu de ódio
Tiago
--- Espere! Você disse que as ouvir conversar? - - indagou espantado
Racilva
--- Ouvi, sim. Meu irmão também ouviu. Não foi Dinho? - - era como a menina tratava o irmão
Hervê
--- Eu ouvi, sim! Elas sorrindo! Eu ouvi! - - falou Dinho, o menino, brincando com seu trem de madeira.
Othon
--- Essa história de meninos. Dá até para sorrir. - - comentou
Racílva
--- O senhor não acredita? Pois em escutei as borboletas! Ora! - - relatou um pouco brava.
Othon
--- Eu sei. Eu sei. Agora, brinquem que é o melhor negócio. - - gargalhou
Tiago
--- Agora, eu me lembro quando eu era criança. Eu ouvi um burro sorrindo por causa de um cavalo! - - gargalhou
Othon
--- Foi nada? Eles falavam? - - perguntou o homem a sorrir
Tiago
--- Eu não me lembro bem. Apenas que o burro sorria do cavalo. E esse ficava irado. - - gargalhou
À noite, Othon foi dormir logo cedo, por volta das 9 horas. Ele estava cansado por tudo quanto havia feito durante o dia. Um negócio que ficou atormentado a sua mente foi ter “cuidado com aquela pessoa”. Por isso, o homem ficou como um alerta redobrado em sua memória. Com pouco tempo, Othon adormeceu nem passando em borboletas ou mariposas. O sono era pesado e assim, o homem teve um sonho de arrepiar. Pelo sonho, ele estava no alto de uma pedreira a ver ao longe a figura esguia de Norma. Ela estava ao longe a chama-lo para ir até um bosque. Othon nada sabia sobre esse bosque. Parecia estar em outros país onde as águas do inverno cobriam todo o chão e, por isso, ele se via obrigado suspender as calças de forma a não molhar até o meio da canela. Para outro lado, tinha o plantio de arroz, ao que se assemelhava, vez porque uma mulher o chamava para se livrar da chuva parecendo crescer cada vez mais. Ele olhava para a sua mulher. Essa estava a sorrir pelo chamado da outra mulher sempre a falar assim “venha cá, venha cá, venha cá”. Era o que a mulher apenas falava. Nesse momento, Othon despertou, confuso procurando até mesmo as águas do arrozal. Mas, nada encontrou. Apenas o chão. Ele sentiu seu coração pulsar forte e teve medo. Buscou as chinelas, calçou e seguiu um pouco tonto até o sanitário onde cumpriu suas necessidades. No restante do AP, quando Othon voltada para novamente cumprir o sono, viu bem à frente a moça Neta, sua secretaria. Ainda leso, o homem sorriu um pouco para a moça e se largou para a cama. Num instante, adormeceu.
Era madrugada. Em sonho profundo, Othon não despertava nem a muque. Foi num instante como esse que Norma surgiu sempre contente, não querendo despertar o seu amante e, mesmo assim, falou baixinho.
Norma
---- Amor. Não é preciso se voltar para o seu lado. Apenas, escute. Escute bem. O que eu disse pela parte da manhã foi que você tomasse cuidado com aquela pessoa. Para você não foi possível entender. Nossos filhos, eles irão com você. Mas cuidado com Maria. Ela é malvada. Tome cuidado. Muito cuidado.            Vai ter vez que ela não se contém. Evite os meninos estarem apenas com Maria. - -
E nesse ponto, Othon despertou sem lembrar. Apenas algo dizia ter cuidado com os meninos. Ele não tinha certeza do pensava. E, devagar, procurou sair do leito e ir até ao cômodo das crianças. Não sabe o que ele tinha que fazer. Mesmo assim, ele foi até o cômodo, coisa que nunca fizera. Othon verificou como estava dormindo os garotos e em seguida, voltou ao seu quarto. Ele fez algo que normalmente não faria em tempo algum. Com temor, Othon até parou para pensar.
Othon
--- Mas, os meninos estão dormindo. Por que eu fui ver? - - indagou surpreso
Manhã. Todos estavam despertos. Apenas Tiago não estava o AP. Isso era normal. Ele sempre trazia frutas para a CEASA. Apenas, depois, era que sentia vontade de ver Neta, por questão de afinidade.  Othon sorriu para os garotos. Um deles, era Racilva, a menina.
Neta
--- Vai comer! - - disse Neta com muita ira
Hervê
--- Mas eu não quero isso. - - empurrou o prato com abacate.
Neta
--- Está vendo, senhor. Ele não come abacate! Deus te guie! - - e levou o prato para a cozinha
Othon
--- Por que você não como abacate? - - indagou
Hervê
--- É verde! Eca! - - comentou.



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