- RESTAURANTE -
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VISITAS
Othon estava pronto para sair. Um encontro marcado com Alice. Olhou as
horas no seu relógio de pulso. Ainda era cedo. Os meninos estavam a brincar. A
nova capital era uma estonteante maravilha para Hervê e Racilva, talvez. O
homem sorriu pôr os garotos brincarem. Coisa fútil, porém, interessante. Neta
estava por perto com duas canecas de sucos. Ela findara por aceitar em ir para
São Paulo, a capital do luxo. De repente, Neta olhou o seu patrão. Quis indagar
as horas. Porém em seu relógio também marcava o tempo exato. E não perguntou
por ver o patrão ter um relógio semelhante. Maria, tinha saído para um local
qualquer. Pouco importava a Othon. Novamente ele olhou as horas e de vez, o
tempo. Nada de chuva. Ainda bem. Na rua, o transito. Carros a passar com
pressa. Ônibus, carroças, vendedor ambulante, mulher a ver umas roupas na
vitrine de uma loja. Rapazes tagarelando a passar. A zoada de um trem. Gente a
ir para a Catedral da Sé. Ele torceu os lábios. Logo a seguir, Othon falou ter
que ir. Neta não esperasse para o almoço.
Othon
--- Vou seguir. Não me espere. Cuide das crianças. - - falou
Neta
--- Está bem. E a outra? - - indagou
Othon
--- Ela resolve. Talvez volte para Natal. - - relatou.
Logo a seguir, entrou no elevador após abençoar as crianças. Rumou para
a garagem e acionou o carro. Deu meia volta e seguiu em direção a praça. Dia de
domingo. Othon verificou as horas. Nada de carro. Alice teria que vir em seu
auto do mesmo lado que ele estava. Por perto, um cheira-cola, garoto de 13 anos
a passar como quem vai para lugar algum. Nesse momento, um carro buzinou. Era
Alice. E comentou para ir em sua direção. Othon sorriu. Após alguns instantes,
Othon estava no Terraço Itália, restaurante de excepcional qualidade onde os
pobres não entram. Naquele ambiente, ele e Alice estava a prosear contentes
Alice
--- Que chique, heim? - - falou e sorriu.
Othon
--- É um esmero. É luxo só. Requinte para qualquer vaidade. Estamos no
topo do mundo. 41º andar. - - sorriu
Alice
--- Os “esmoleis” da vida! - - sorriu a doutora.
Othon
--- Exato. Quase na Itália. Garçons de primeira linha. - - disse mais
Ela sorriu e logo a seguir indagou
Alice
--- E os infantes? - -
Othon
--- Deixei-os em casa. Mas me conte como vai o Céu? - -sorriu
Alice
--- Tudo está “d’antes como no quartel de Abrantes”. Aqui, no Brasil,
temos pouco a contar. Vamos para os Estados Unidos, a França, Rússia, Japão,
China. Por esse mundo afora. - - relatou sorrindo - - E você. Conte-me quais os
seus segredos. –
Othon
--- Eu? Não tenho nada a contar. Desde o dia em que te vi, tenho
dúvidas na minha vida. Mas, você é daqui mesmo? –
Alice
--- Não. Sou de Natal. Mas faz tempo que moro em São Paulo. Só posso
dizer que ainda estudo. Nunca se consegue terminar esses estudos. - - olhou
para um lado
Othon
--- É verdade. Em seu ofício, quanto mais se estuda, mais se procurar
as estrelas. No meu caso, sou totalmente leigo. Nada sei do que não sei. Eu
estou em uma função que não me agrada. Apenas isso. Se eu dou um passo à
frente, então vou um pouco mais distante, sendo em outra função. Eu queria
saber esse tipo de estudo que você faz. Isso é importante. - -
Alice
--- Na verdade, tem nomes célebres. Por exemplo: Carl Sagan e Ann Druyan. Eu estou em um trabalho de
pesquisa sobre Além do Cosmos. Mecânica Quântica. O Multiverso. Depois desse
nosso Universo. É um tratado infinito. É o que eu posso falar. De restos, é o
nada. - - sorriu
Othon
--- Esse é um mundo fascinante onde tudo o que se compreende sobre o
Universo está errado. - - delirando
Alice
--- É verdade. Mas, troque de estudo. Faça de novo a Universidade.
Então você vai entender. - -
Othon
--- É verdade. Pode até que eu faça. Mas para onde eu vou? - -
perguntou
Alice
--- Para o Multiverso. Troca de um lado e vai para outro. É como se
faz. Troca-se de carro ou de ônibus. Você caminha para um lado e, de repente,
passa a seguir para outro. Fácil - - sorriu
Othon
--- Começar de novo? Vê que está errado! Estou velho. - - divagou
Alice
--- Então você fica no mesmo local. Eu estava a pensar quando a
conversa fluiu. Conte-me de Norma. Você se divorciou da pessoa? - - indagou
Othon
--- Sim. Eu assumi a direção da Receita e ao que me cabe pensar, ela
rejeitou a ideia. Talvez não quisesse mudar de ambiente. Não sei bem. O caso é
que terminou em divórcio. Eu já estava divorciado quando me chamaram e disseram
que era preciso eu ir a Natal para identificar o corpo. Então, eu fui.
Identifiquei. Mas era até impossível. Não estava para se ver os restos de
Norma. - - fez cara feia.
Alice
--- Como se deu o acidente? - -
Othon
--- Sabe? Eu nem sei dizer. Somente que ela pulou na frente do trem.
Ficou toda espedaçada. Tudo desconforme. Coisa triste. - - fez careta
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