quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 32 -

- AEROPORTO -
- 32 -

DANAÇÃO

Tiago, com mais cuidado, voltou a relatar o trágico acidente, na parte da manhã, a senhora Norma a saltar de uma mureta para a sinistra morte. Não se sabia até aquele instante o motivo da ação da mulher. Sobe-se apenas que ela saltou e morreu numa tragédia sinistra. O seu corpo continuava àquela hora do necrotério a espera de familiares. E era prudente Othon vir para a identificação conclusiva na senhora Norma. Os filhos de casal estavam abandonados em casa de conhecidos de Neta. Era tudo o se tinha a declarar. De impacto, o homem saiu para o aeroporto a procura de passagem para Natal o mais breve possível. Maria ficou estarrecida com a notícia da plena morte de Norma.
Maria
--- Que loucura! - - falou atormentada.
Othon conseguiu passagem para Natal e, como um louco, adentrou na aeronave sentindo-se um homem solitário diante da notícia da morte inusitada de Norma. A sua cabeça rodava a mil com ele não sabendo a razão do óbito da ex-esposa de um momento incomum.
Othon
--- Diabos! Por que ela fez isso? - - perguntava aborrecido
Três horas e meia de voou com o homem a chorar constante por não saber o que fazer numa inquieta hora como a que estava sofrendo. O Boeing pousou na exata hora e Othon pegou a sua mala seguindo em taxis direto para o necrotério, para ele, onde devia estar o corpo de Norma devidamente embalsamado em uma urna trancada a espera apenas do ex-marido. Ele não sabia o que fazer
Othon
--- Estou louco! O que eu faço? - - indagava consigo.
Quando o taxe chegou havia apenas Tiago. Era madrugada, quase manhã, os cadáveres já estavam embalsamados a espera de parentes para leva-los. Norma era um deles. Othon entrou com Tiago no reservado, com certeza para reconhecer a vítima. Um técnico falou não poder mostrar-lhe pois o corpo estava plenamente lacerado.
Atendente
--- Nós juntamos aos pedaços. Braço para um lado, corpo para outro, crâneo esbagaçado. É uma lástima. A sua identificação se deu peles vestes, sapato. Coisas assim. Logo pusemos na urna e nada mais podemos fazer. - - disse o atendente lamentando.
Othon chorou copiosamente pelo estrago feito no corpo de Norma, linda mulher, transformada em verme a ser sepultada no sarcófago que Othon procurou adquirir às poucas horas da manhã. Gente da família, muito pouca. Neta, Tiago, dona Rita, parentes, os filhos de Norma e mais algumas pessoas, além de Othon. Chovia torrencialmente na capital àquela hora da tarde, ainda cedo. Os filhos, todos juntos, nada compreendiam do que era feito naquele instante.
Hervê
--- É minha mãe? - - perguntava sem saber a razão
Neta
--- Sim, filho. Ela foi para o Céu. - - disse a secretaria fazendo esforço para não chorar
Racílva
--- É longe? - - perguntou Racílva
Neta
--- Não. É próximo. Bem perto. - - salientou chorando.
Hervê
--- E por que o povo chora? - - olhando em volta
Neta
--- Quando a gente viaja, sempre deixa saudades. - - comoção
Racílva
--- Eu queria ir para o Céu! - - lamentou a garota
Neta
--- Nós vamos. Um dia nós estaremos juntos. - -
Hervê
--- Juntos assim? - - e agarrou Neta pelo pescoço
Neta
--- É assim mesmo. - - chorou por demais
Acabada a prece encomenda por um padre das proximidades, deu-se o enterro. A chuva era tanto que as poucas pessoas voltaram para um terraço onde se podia divisar em melhor espaço o que se passava em pleno local, encobrem-se da grossa chuva. Carros da funerária ficaram a postos do lado de fora do cemitério. Os homens, ao longe, temendo do temporal conversavam com os demais assuntos banais. Bom próximo, uma mulher de braços cruzados, observava a todos. E a chuva não parava com raios e trovões.
Após o sepultamento, os que moravam no sitio, votaram para os seus cantos, inclusive Neta, os meninos e Othon mais o seu companheiro, Tiago. Esses, utilizaram mesmo o caminhão. No sitio, onde Othon tinha uma casa podia se agasalhar, com certeza. O choro vertia lágrimas nos olhos de Othon. Ele queria apenas saber o caso porque Norma cometeu suicídio. E lembrava-se de todos os momentos pelos quais passaram naqueles remotos idos. A cabeça doía como não pudesse mais suportar.  Um violão longe, tocando plangente trazia viagens remotas que ambos fizeram com risos e casos comuns sem nunca mais esquecer. Devagar, o sono chegou até ponto de adormecer na rede armada no alpendre da casa velha e ampla.
Na manhã seguinte, Othon acordara por volta das 7 horas, ainda tonto, a lembrar de um sonho que tivera pela noite e não se recordava deveras. Logo em seguida, foi até a casa de tia Rita para rever os meninos e acertar a viagem de Neta quando ele voltasse a São Paulo. Ele nem sabia de Neta queria ir para São Paulo. Todavia era importante comentar esse assunto porque, por vias das dúvidas, ele era o pai das crianças. Fazer doação estava fora de questão. Levá-los era o melhor. Porém teria que se levar com uma protetora. E essa protetora seria então a moça Neta, a mais conhecida das crianças com que eles se apegavam parecendo um grude.
Neta
--- Sei não. São Paulo? E eu conheço essa cidade? - - com cara feia.
Othon
--- Eu também não conhecia, e fui. Porque viver naquele AP não vai dá certo. Não é por mim, você bem sabe. As crianças, principalmente. - - alegou
Neta
--- Mas eu não conheço nada naquela terra. - - falou com rosto franzido
Othon
--- E não precisa de momento. Você chega e vai conhecendo. Colégios, esses são os mais simples.
Neta
--- Isso é uma merda! Desculpe! E dinheiro?  - -
Othon
--- Isso eu tenho. Não se importe. Mesmo o seu dinheiro. Eu não sei nem quanto você ganhava aqui. Mil e 500 ou 2.000 mil. Por esse meio! - -
Neta
---Pelas crianças eu não cobro nada. Nem por dona Norma, eu cobrava um tostão. Ela me dava o que queria.
Othon
--- Eu sei quanto Norma pagava a você. Sei inclusive o seu FGTS, o que você tem direito. - -
Neta
--- Pois é. Eu ia pagar e pronto. Eu nem sabia quanto. - -
Othon
--- Mas você vai! - -
Neta
--- Minha avó é quem decide. - - falou com a boca quase fechada
Rita
--- Eu? Você é quem decide. Os meninos carecem de cuidados. - - falou Rita
Othon
--- Eu não quero encrenca. Minha maior besteira é ter me divorciado de Norma. - - enlouquecido
Rita
--- A gente só sabe o que está errado depois que erra. - - falou Rita
Othon
--- Eu, hoje, não a culpo. Eu bem podia ter visto antes. - - falou soluçando.

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