- AEROPORTO -
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DANAÇÃO
Tiago, com
mais cuidado, voltou a relatar o trágico acidente, na parte da manhã, a senhora
Norma a saltar de uma mureta para a sinistra morte. Não se sabia até aquele
instante o motivo da ação da mulher. Sobe-se apenas que ela saltou e morreu
numa tragédia sinistra. O seu corpo continuava àquela hora do necrotério a
espera de familiares. E era prudente Othon vir para a identificação conclusiva
na senhora Norma. Os filhos de casal estavam abandonados em casa de conhecidos
de Neta. Era tudo o se tinha a declarar. De impacto, o homem saiu para o
aeroporto a procura de passagem para Natal o mais breve possível. Maria ficou
estarrecida com a notícia da plena morte de Norma.
Maria
--- Que
loucura! - - falou atormentada.
Othon
conseguiu passagem para Natal e, como um louco, adentrou na aeronave
sentindo-se um homem solitário diante da notícia da morte inusitada de Norma. A
sua cabeça rodava a mil com ele não sabendo a razão do óbito da ex-esposa de um
momento incomum.
Othon
--- Diabos!
Por que ela fez isso? - - perguntava aborrecido
Três horas e
meia de voou com o homem a chorar constante por não saber o que fazer numa
inquieta hora como a que estava sofrendo. O Boeing pousou na exata hora e Othon
pegou a sua mala seguindo em taxis direto para o necrotério, para ele, onde
devia estar o corpo de Norma devidamente embalsamado em uma urna trancada a
espera apenas do ex-marido. Ele não sabia o que fazer
Othon
--- Estou
louco! O que eu faço? - - indagava consigo.
Quando o taxe
chegou havia apenas Tiago. Era madrugada, quase manhã, os cadáveres já estavam
embalsamados a espera de parentes para leva-los. Norma era um deles. Othon
entrou com Tiago no reservado, com certeza para reconhecer a vítima. Um técnico
falou não poder mostrar-lhe pois o corpo estava plenamente lacerado.
Atendente
--- Nós
juntamos aos pedaços. Braço para um lado, corpo para outro, crâneo esbagaçado.
É uma lástima. A sua identificação se deu peles vestes, sapato. Coisas assim.
Logo pusemos na urna e nada mais podemos fazer. - - disse o atendente
lamentando.
Othon chorou
copiosamente pelo estrago feito no corpo de Norma, linda mulher, transformada
em verme a ser sepultada no sarcófago que Othon procurou adquirir às poucas
horas da manhã. Gente da família, muito pouca. Neta, Tiago, dona Rita,
parentes, os filhos de Norma e mais algumas pessoas, além de Othon. Chovia torrencialmente
na capital àquela hora da tarde, ainda cedo. Os filhos, todos juntos, nada
compreendiam do que era feito naquele instante.
Hervê
--- É minha
mãe? - - perguntava sem saber a razão
Neta
--- Sim,
filho. Ela foi para o Céu. - - disse a secretaria fazendo esforço para não
chorar
Racílva
--- É longe? -
- perguntou Racílva
Neta
--- Não. É
próximo. Bem perto. - - salientou chorando.
Hervê
--- E por que
o povo chora? - - olhando em volta
Neta
--- Quando a
gente viaja, sempre deixa saudades. - - comoção
Racílva
--- Eu queria
ir para o Céu! - - lamentou a garota
Neta
--- Nós vamos.
Um dia nós estaremos juntos. - -
Hervê
--- Juntos
assim? - - e agarrou Neta pelo pescoço
Neta
--- É assim
mesmo. - - chorou por demais
Acabada a prece
encomenda por um padre das proximidades, deu-se o enterro. A chuva era tanto
que as poucas pessoas voltaram para um terraço onde se podia divisar em melhor
espaço o que se passava em pleno local, encobrem-se da grossa chuva. Carros da
funerária ficaram a postos do lado de fora do cemitério. Os homens, ao longe,
temendo do temporal conversavam com os demais assuntos banais. Bom próximo, uma
mulher de braços cruzados, observava a todos. E a chuva não parava com raios e
trovões.
Após o
sepultamento, os que moravam no sitio, votaram para os seus cantos, inclusive
Neta, os meninos e Othon mais o seu companheiro, Tiago. Esses, utilizaram mesmo
o caminhão. No sitio, onde Othon tinha uma casa podia se agasalhar, com
certeza. O choro vertia lágrimas nos olhos de Othon. Ele queria apenas saber o
caso porque Norma cometeu suicídio. E lembrava-se de todos os momentos pelos
quais passaram naqueles remotos idos. A cabeça doía como não pudesse mais
suportar. Um violão longe, tocando
plangente trazia viagens remotas que ambos fizeram com risos e casos comuns sem
nunca mais esquecer. Devagar, o sono chegou até ponto de adormecer na rede armada
no alpendre da casa velha e ampla.
Na manhã
seguinte, Othon acordara por volta das 7 horas, ainda tonto, a lembrar de um
sonho que tivera pela noite e não se recordava deveras. Logo em seguida, foi
até a casa de tia Rita para rever os meninos e acertar a viagem de Neta quando
ele voltasse a São Paulo. Ele nem sabia de Neta queria ir para São Paulo.
Todavia era importante comentar esse assunto porque, por vias das dúvidas, ele
era o pai das crianças. Fazer doação estava fora de questão. Levá-los era o
melhor. Porém teria que se levar com uma protetora. E essa protetora seria
então a moça Neta, a mais conhecida das crianças com que eles se apegavam
parecendo um grude.
Neta
--- Sei não.
São Paulo? E eu conheço essa cidade? - - com cara feia.
Othon
--- Eu também
não conhecia, e fui. Porque viver naquele AP não vai dá certo. Não é por mim,
você bem sabe. As crianças, principalmente. - - alegou
Neta
--- Mas eu não
conheço nada naquela terra. - - falou com rosto franzido
Othon
--- E não
precisa de momento. Você chega e vai conhecendo. Colégios, esses são os mais
simples.
Neta
--- Isso é uma
merda! Desculpe! E dinheiro? - -
Othon
--- Isso eu
tenho. Não se importe. Mesmo o seu dinheiro. Eu não sei nem quanto você ganhava
aqui. Mil e 500 ou 2.000 mil. Por esse meio! - -
Neta
---Pelas
crianças eu não cobro nada. Nem por dona Norma, eu cobrava um tostão. Ela me
dava o que queria.
Othon
--- Eu sei
quanto Norma pagava a você. Sei inclusive o seu FGTS, o que você tem direito. -
-
Neta
--- Pois é. Eu
ia pagar e pronto. Eu nem sabia quanto. - -
Othon
--- Mas você
vai! - -
Neta
--- Minha avó
é quem decide. - - falou com a boca quase fechada
Rita
--- Eu? Você é
quem decide. Os meninos carecem de cuidados. - - falou Rita
Othon
--- Eu não
quero encrenca. Minha maior besteira é ter me divorciado de Norma. - -
enlouquecido
Rita
--- A gente só
sabe o que está errado depois que erra. - - falou Rita
Othon
--- Eu, hoje,
não a culpo. Eu bem podia ter visto antes. - - falou soluçando.
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