sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 35 -

- PRAIAS -
- 35 -

ROOSEVELT

Era cedo da manhã. Bem cedo ainda. Othon e seus filhos saíram para um banho de mar, na praia do Meio, logo abaixo do AP onde eles estavam morando por esses dias. Com eles também seguia a secretaria Neta. Essa moça seguia para onde os garotos também prosseguiam. Eles eram assim como carne e unha. E tomar banho de mar manhã, logo cedo, era uma delícia. E a turma seguia com as crianças brincando, sorrido, pulando numa verdadeira algazarra. Neta fica de olhos abertos para algo qualquer, um carro principalmente, vindo aos trambolhões, atropelando as crianças. No caminho, descida para a praia, antes mesmo Othon cruzou com um velho amigo que também caminhava para a praia. Seu nome era Roosevelt, tão conhecido por ser professor de dança, principalmente, para crianças, as de pouca idade até 18 anos. Nesse ponto, ele, o professor, caminhava vagaroso a olhar para frente, a praia por sinal, onde pretendia chegar em algum tempo. De repente, Othon o enxergou de perto. E não foi por acaso que o cumprimentou
Othon
--- Roosevelt? Você? Como estás? - - sorriu.
Roosevelt
--- Olá amigo. Mas quem é você? - - curioso
Othon
--- Não te lembras? Eu estava sempre nos ensaios de suas meninas. “O Lago dos Cisnes! ”, de Tchaikovsky. Lembras? - - indagou cismado
Roosevelt
--- Ah! O Lago. Creio que sim. O Lago. Ainda hoje eu estou ensaiando O Lago. Você esteve? - -
Othon
--- Muitos domingos. - - sorriu
Roosevelt
--- É verdade. Eu comecei naquele Teatro pelos anos de 1975. Antes, já estava um outro professor. Eu estava em São Paulo nesse tempo. Eu era bem novo, bem novo. Eu fui para a capital paulista quando eu tinha 12 anos ou mais um pouco. Nem era estudante. Então, eu me enfurnei pelos teatros. Uns pequenos. Não grandes. Pequenos. E não sabia de nada. E assim conheci a arte. - - disse a olhar bem longe o mar.
Othon
--- E eu segui a carreira em que hoje estou. Receita Federal. Uma loucura. Eu fui transferido para São Paulo. Pensei que era maravilha. Pois sim. Uma merda. Coisa que só quem sabe é quem vai
Roosevelt
--- Eu estou no Município. Ensaiando os meninos. E gente graúda também! Eu penso em largar tudo isso. - - com a cara aborrecida
Othon
--- E partir para o que? - -
Roosevelt
--- Vender cerveja na praia. - - sorriu
Othon
--- Vou te dizer: um bom negócio. Você vai abraçar um novo caminho! Tente e veja. - -
Roosevelt
--- Mas eu estou brincando. Na verdade, eu não sei o que fazer. Sugeri isso por brincadeira. –
Othon
--- Pode ter sido. Mas vender cerveja é um bom negócio. Começa devagar e depois avança. –
E os dois cavalheiros se despediram porque a praia estava alí perto. Racílva e Hervê já estavam bom próximo da água. A menina brincando com as conchas achadas perdidas nas águas do mar e Neta, aperreada, mandando o menino Hervê brincar mais próximo da areia pois a maré estava enchendo àquela hora. Outros peraltas nem se importava. E caíam no mar aberto, mergulhando com entusiasmo, mergulhando já mais para dentro. Othon chegava próximo e tirou a roupa de cima, ficando de calção de banho pedindo a Racílva que onde ele estava era bom de tomar banho. A moça Neta, não disse algo. Pois sua mão à boca a olhar a safadeza da família. O garoto do picolé já passava à frente de Neta gritando para chamar a atenção de todos.
Picolé
--- Olha o picolé. Olha o picolé. Olha o picolé. –
Três moças vinham sorrindo apostando quem chegasse primeiro e mergulharam nas águas. Um vendedor de caranguejo oferecia a Neta a corda do crustáceo. A moça nem queria ver. Dobrou o rosto em sentido contrário. E a vida prosseguia com os vendedores de coco verde, mochilas para guardar o que se precisasse, peixes frescos chaga o cheiro penetrava nas narinas de Neta. Era um dia comum.
Quando chegou as 9 horas, o homem Othon resolveu para o seu apartamento em um edifício existente na rua de cima. Neta pegou o garoto Hervê e a menina Racílva foi dependurada no cangote do seu pai. A essas alturas, o homem nem podia correr como se podia ver da parte de outros rapazes, com suas pranchas ao lado. Ele apenas dizia
Othon
--- Estou um bagaço! Nossa! - -
Racílva
--- Bagaço? O que é isso? - - pulando no cangote do pai.
Othon
--- Bagaço? É como estou! - - sorriu levando a garota nas costas.
Enfim, a turma chegou ao apartamento. O mar, lá embaixo, parecia calmo. Os botes de pesca adentravam pelo rio Potengi enquanto os carros zarpavam pela via Costeira, mais a cima, a procura da praia de Ponta Negra, ficando longe de onde o homem Othon ficou.
Neta
--- Vamos, meninos, tomar banho de água sem sal - - foi o que disse
Racilva
--- Sem sal? O que é isso? - - sorriu com seu rosto alegre
Othon
--- Sem sal é com água doce. - - verificou
Após o banho, veio o café com biscoitos, bolachas e pães assados. Os meninos comeram tanto chega arrotaram de barriga cheia. Logo após, 10.30 horas da manhã. Othon disse a Neta ter que ir ao Banco para sacar algum dinheiro para deixar com a moça e assim, distribuir com os filhos. E em seguida, saiu. Nesse momento surgiu na casa o Tiago. Ele estacionou o caminhão na parte de fora do edifício quase cruzando com Othon de quem não vira nem a sombra. É que Othon saiu para o outro lado do edifício onde morava. Na saída, Othon após de passar na casa bancaria, ele teve uma ideia.
Othon
--- É melhor mesmo eu ir lá. - - disse o homem
Disse o homem. Ele estava na dúvida de quando houve a morte de Norma e desde então teve a preocupação de verificar com pormenor esse óbito. Por isso mesmo teve a intenção de ir à casa de dona Mirtes, mulher de certa idade, conhecedora profunda de almas desencarnadas. Othon já esteve com dona Rita há alguns tempos, porém não queria mais indagar de qualquer assunto com a velha mulher. Certa vez, ao indagar quem teria com certeza resposta para diversos assuntos. Isso ele fez com a senhora Bebé. E essa deu fé a dona Mirtes, moradora no Paço da Pátria. Com assunto em pauta, lá foi Othon seguir para o novo endereço.
Othon
--- O senhor conhece dona Mirtes? - - perguntou a um homem idoso
Velho
--- É aqui mesmo. Ela está lá dentro. Espere que eu vou chamar - - disse o velho
Passado o tempo, veio a mulher de um tamanho de quase nada, 1.50 metros de altura, e se dispôs a saber.
Mirtes
--- Bom dia. Eu estava esperando por vossa mercê. Vamos entrar. Entre. Cuidado com o cão. Puxe um tamborete.
Othon adentrou e ficou meio confundido para o que disse a mulher miúda.
Othon
--- A senhora me conhece? - - quis saber.

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