quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A MORTE NA ESTAÇÃO - 44 -

- CASAMENTO -
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CASAMENTO


Quando o tempo passou mais um pouco, certa vez, Othon estava em um restaurante com Alice conversando sem motivo algum e, no bem entender, apenas asneiras como Discos Voadores.  Foi quando a situação mudou por completo. Fazia já alguns meses que os dois estavam juntos. Apenas, cada um morando separado. Nos dias de sábados ou domingos, a situação se invertia. Era então, nesses dias que amigos ou namorados, ficavam mais próximos e sempre almoçavam em restaurantes chiques da aldeia paulista. Foi um supetão quando Othon pergunto em cima da bucha.
Othon
--- Vamos casar? - - perguntou sem medo.
A moça estava preocupada com Racílva de ouvir casos e nem deu importância, de imediato. Só então quando virou o rosto para Othon foi que quis saber, de verdade.
Alice
--- O que você falou? Eu não ouvi bem! Você perguntou se queria casar? Foi? Você está louco? Na minha idade? Nossa! Pergunte de novo! - - declarou desencantada
Othon
--- Eu disse: Vamos casar. Só isso. Não quer? - - indagou novamente.
Alice
--- Meu Deus do Céu! O homem enlouqueceu, mesmo! Casar? Só uma idiota pode querer casar, com a minha idade! –
Othon
--- Qual o problema? Eu sou livre. Acredito que você também é. Juntamos os panos e nos casamos! - - sorriu
Alice
--- Você é louco! Casamento é coisa séria! Eu! Como é que pode? - - indagou
Othon
--- É coisa séria mesmo. Por isso que te peço em casamento! - - declarou
Alice ficou a olhar o homem, sem dizer nada. Seus olhos se fecharam um pouco. Ela fitou bem para ver se tudo aquilo era verdade ou apenas uma brincadeira. Por isso mesmo Alice encarou de perto seu afetuoso companheiro. Ela jamais casou com ninguém. Um namoro ou outro, Alice teve no Colégio e na Universidade. Mas foram casos passageiros. Ela decidiu se apartar da vida sentimental e se dedicar a profissão predileta: olhar as estrelas à noite, quando o tempo permitisse. 
Alice
--- Bem. De princípio eu indago: que idade eu tenho? - - quis saber.
Othon
--- Ora essa. Lá vem você. Eu quero lá saber de idade. O que importa é você e nada mais! - - adiantou
Alice
--- Está bem. Vamos casar. Eu aceito. Porém quando vai ser? - - cismada
Othon
--- Amanhã eu entro no Cartório levando os papeis. Você tem os seus? - - indagou
Alice
--- Você é louco varrido. Quem quiser que acredite! - - disse a mulher.
O casamento foi sem grande importância. Tipo de casamento americano. Os dois, e pronto. O Juiz de Paz foi o homem quem proclamou. Testemunhas? Apenas duas. Pessoas que estavam sentadas no balcão a espera de outros que estavam para chegar. Othon perguntou se eles podiam testemunhar, e ouviram o “sim”. Ambos felizes e de reboque voltaram aos seus apartamentos para arrumar alguns objetos simples. Desde esse tempo, Alice foi residir no AP de Othon, deixando fechado o outro. Alguns livros ficaram na estante. Outros, ela levava consigo junto com trajes de sair e de ficar para não mais se preocupar. Ambos fizeram uma festa americana, sem convidados. Apenas as duas crianças e a secretária Neta. Não havia mais ninguém. Taças de champanhe, peru assado e leves brindes. Othon gargalhou pela festa sem opulência. Ambos combinaram passar o domingo, levando as crianças e a secretaria, para ver as irmãs de Alice e anunciar que eles estavam casados de verdade. Então, nessa bagunça, houve a formalização da festa. Um grupo de sambistas estava próxima a redondeza da irmã Alice, a senhora Abigail a cantar um samba antigo – Só P’ra Chatear – que Othon achou até mesmo engraçado ao dizer.
Othon
--- Olha essa velha música? Meu pai gostava por demais. Como é o nome da melodia? - - indagou ao marido de Alice
Gustavo
--- Não sei. Mas eles sempre cantam esses sambas antigos. - - respondeu
Orlando
--- Eu sei. É assim. “Eu mandei fazer um terno – só p’ra chatear – com a gola amarela – só p’ra chatear -. Mandei bordar na lapela o nome que não era o dela – só p’ra chatear. Comprei um par de sapato branco. Mas sei que ela só gosta de marrom. Só p’ra chatear, só p’ra chatear. Cada par de sapato tem um tom. Comprei um bangalô p’ra chatear lá na favela, mas vou morar na Lapa perto dela. Só p’ra chatear. ”  - - gargalhou com sua caixa de fósforo na mãe para acertar o ritmo.
Todos sorriram com a improvisação, incluindo Amélia, a esposa de Gustavo e os rapazes e moças, seus filhos.
No dia em faziam 4 anos de idade, os meninos – Racílva e Hervê – tiveram festas bem mais tranquilas. Mesas de doces, sobremesas, coquetéis, bolos, jantar, entre outros para todos os convidados. Meninos, rapazes, moças e adultos inclusive os tios das duas crianças. Houve uma festança no melhor estilo. Cada mesa tinha os seus arranjos. Além de bolos tinham os seus arranjos com diversas flores em cachos. Em um salão amplo e decorado, não tinha espaço vazio nem mesmo para se ficar sentado. Alguem pedia um licor e mais que depressa o garçom estava ali. As luzes decoravam ainda mais o ambiente. Tapetes, por sinal para namorados a sugerir fazer algo de anormal. Flores em profusão. Era todo um ambiente de requinte. As duas crianças comeram tanto que vomitaram. Neta acudiu depressa passando os seus senões a quem mais vomitava.
Neta
--- Tá vendo, tá vendo! Quando em digo! Vomite, vomite! Chega o lenço! Cambada! - - falava a moça com arrogância
Alice
--- Tome água de coco! É o melhor. Procure um pediatra por aqui. Vou ver se acho! - - aconselhou
No mesmo instante, Alice encontrou um pediatra. Ela falou que garoto comeu muito doce chega encheu a barriga. O pediatra foi até ao garoto e verificou os seus sintomas acabando por ditar somente água fria.
Pediatra
--- Uma colher de sopa. Se não passar, eu o acompanho. - - disse o pediatra.
Othon estava por perto e declaro que a criança vomitou por ter comido muito chocolate.
Othon
--- Ele come chocolate a vontade. Neta, cuide do menino. Eu vou com você. - - aperreado
Pediatra
--- A conselho médico, dê soro. Não líquido em excesso. Vai ficar bom. - - receitou o médico
O garoto chorava as pampas e Neta procurava consola-lo. Racílva o amparava para que ele não chorasse mais. Ao certo, para o garoto de 4 anos a festa terminou naquele instante. Sua tia Abigail, estava por perto e também o consolava para que o menino não chorasse tanto. A outra tia, Amélia, procurou saber o que fazia primeiro.
Pediatra
--- Nada. Vamos aguardar. Meia hora e logo que ele reduza o vomito, vê se a barriga está inchada. - -  
Neta
--- Imagine! Ele está fazendo coco! Tô toda lambuzada. Vamos p’ra fora tomar banho! Ora! - - saiu correndo
Racilva fez fila. Ela queria também ajudar a sua “mãe” de segunda viagem a resolver tal situação.
Racílva
--- Catinga! Tá podre! - - disse a garota.
A menina pouco observou seu pai. Ele corria com a mesma pressa. Em seguida estava Alice. Com ela as duas irmães.
Abigail
--- Ta podre mesmo! - - e soltou bela gargalhada.
Othon
--- Cagão! - - e sorriu
E todos sorriram. 

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