quinta-feira, 13 de setembro de 2018

AMORES DE RACILVA - 09



NONO
A MOÇA DO TAXI
Pouco antes das sete horas da noite daquele dia Racilva seu filho pequeno, o Junior a sua mãe dona Cora a amiga Alzira seguira para assistir a sessão espírita um pouco apressadas, dada a hora das sete estar se aproximando do ponto. As mulheres conversavam, menos Racilva e o garoto que era cuidado por sua mãe temendo por espanto um carro em desespero transitar de imediato por algo inesperado. Ao se aproximarem do Centro, quase no final da rua, elas notaram a grande presença de pessoas. Homens, mulheres e crianças. O Junior nada notou de anormal, como costumava lembrar. Porém percebeu as presenças de gente que, um dia viveram e queria entrar, sem poder. Espíritos desencarnados.
Alzira
--- Parece cheia, a casa! - - falou murmurando
Cora
--- É sempre assim. Vamos! - - dialogou apressada.
Ao tomarem assento em uma das primeiras cadeiras onde havia logo perto um ventilador, as mulheres e a criança ficaram em silencio. Havia um barulho de pessoas arrastando os pés, procurando cadeiras outras, todas as pessoas faziam tudo no menor silêncio. Com um pouco mais de tempo, surgiu um senhor, o palestrante para dar início aos trabalhos daquela noite falaria sobre um caso muito estranho: a história de uma moça que se apartou desse mundo. Após uma longa exposição a respeito da desencarnada e sua passagem para outro mundo, o mundo dos espíritos, o expositor entrou na história da alma mais conhecida do cemitério local; A história de Leonor. Todos na assembleia de Centro ficaram em silêncio profundo.
Paulo – - expositor
--- A história de Leonor é bastante curiosa. Ela foi a óbito no ano de 1930, aos 16 anos de idade. Ainda hoje, as pessoas que visitam o túmulo de Leonor levam flores, perfumes e rosas como um espírito de doação, placa por uma graça alcançada e mesmo água. Essa virgem, por várias vezes pegou um carro de aluguel, peregrinou pela cidade até ao ponto de saltar quando chegou a sua casa, na qual, em vida, ela morava até o tempo de desencarnar. Ela viajou após ter morrido, certamente. Ainda hoje costuma fazer essas viagens mesmo tendo morrido há anos. Certa vez, um motorista de carros de aluguel teve que parar seu veiculo por conta de que uma moça toda de vestido branco fez pedido e entrou, sentando no banco do passageiro. O motorista do carro sentiu aquele perfume de acácia. A moça nada falou e apenas pediu para que o motorista seguir à frente. A jovem não conversava e manteve a cabeça abaixada. Após breve instante ao chegar próximo a um chalé a moça falou ser mesmo naquele local que iria saltar. O tempo passou e meia hora depois, o motorista bateu palmas a procura da moça que tinha vindo com ele em seu carro. Uma outra moça falou afirmando que tal fato isso já ocorrera por diversas vezes e relatou que o seu nome era Leonor, uma jovem falecida em 1930, muitos antes. O motorista, um tanto assombrado, agradeceu e se despediu e nada quis receber por pagamento. Apenas entrou em seu carro e deveras partiu tremendo muito. Esse é a história que me foi revelada para contar a todos os espíritas presentes a essa sessão.
Após essa parte do início da sessão espiritual, houve a segunda parte quando os adeptos do espiritismo foram chamados para um quarto nem tanto amplo. Nesse quarto, estava ali a senhora Racilva, não por acaso uma vez ter sido chamada para uma sessão de terapia. Sem perguntar por que, Racilva obedeceu ao chamado do Mestre. Ela adentrou ao quarto e em seguida se pôs a deitar em uma cama onde cabia apenas seu corpo. Aos lados esquerdo e direito se postaram quatro homens magos. Na frente da mesa um Mago vestido todo de branco em sessão de oráculo, com as mãos postas à sua boca, lhe dirigiu a palavra:
Mago
--- Que queres tu, Mulher? - - indagou o mago com voz solene.
Racilva
--- Eu vim saber do paradeiro do meu marido, morto há 4 anos após o casamento. - - respondeu-lhe Racilva, já adormecida em sono lento
Mago
--- O seu marido já voltou e depois desencarnou como um gato. Agora está adormecido por um pouco tempo. Essa é a verdade! - - disse o mago com paciência.
Racilva
--- Gato? – indagou de forma estranha.
Mago
--- Sim. Um gato. Voce teve esse gato até poucos instantes. Mas, ao atravessar a rua, um carro o atropelou e o animal teve morte instantânea. Ele continua na escada, adormecido! - -
Racilva
--- Mas eu tenho um gato que chegou em minha casa sem ser chamado. É um gato. Nem sei de onde veio. Vive me roçando a buscar comida. - - tentou explicar
Mago
--- Pois bem. Ele era o seu marido. E veio a morrer pela segunda vez. - - continuou
Racilva
--- Um gato? Coisa estranha! E morreu agora? - - indagou impaciente
Mago
--- Sim. Ele ainda está meio tonto como se quisesse entender o que lhe aconteceu de verdade. Mas, tudo vai dar certo. A senhora já conhecera esse moço? Ele era chamado por Caio, um aviador. Mesmo assim, em outras vidas por vocês passadas já estavam juntos de há muito. Lembra-se? - - indagou o Mago.
Racilva
--- Creio que não. Só vim conhecê-lo há alguns meses. E nos casamos no mesmo dia em que ele foi a óbito. Nem sequer eu mais lembrava totalmente. Caio. Esse era o seu nome. E como nós vivemos em outras vidas? - - indagou
Mago
--- Nós vivemos por muitas vidas. Seu nome era Augusta. E ele se chamava Claudio. E viveram por largo tempo na Itália. Houve guerras. Claudio morreu em pleno combate. - -
Racilva
--- Isso quer dizer vidas passadas? Estranho! Eu lembro de ter vivido em uma espécie de caverna, de ter sido uma escrava e melhor ainda de ter sido uma princesa. Mas não acreditava muito bem nesses casos. Para mim, eram sonhos. Eu lembro de ter três anos de idade e encontrar uma anciã que dizia ser minha avó. Mas, apenas eram sonhos. Na verdade, eu caminhava em uma rua quando estava com os meus sete anos e uma mulher me chamou para dizer ser ela ser minha bisavó. Eu nem liguei e sai na carreira de caninho a fora. Isso são vidas passadas? - - assustada
Mago
--- Sim. São vidas passadas! Você é muito rica em suas lembranças. Se a senhora quiser, vamos ter outras sessões para você relembrar o seu passado. Agora, essa sessão terminou. Eu conto até três e a senhora desperta de sono. –
O Mago contou até três e, em seguida, Racilva despertou sem nada mais recordar. A sair da sala onde estava Racilva ficou curiosa de não se lembrar de coisa alguma do que falou. Dona Alzira foi a mulher, por ser vidente, a ter permissão de entrar e ver todo o desenrolar da entrevista de forma hipnótica. E respondeu com vagar.
Alzira
--- Você fez uma regressão de suas vidas passadas em termos hipnóticos. Você se lembrou de campos, escravidão, de ter sido uma princesa e de se encontrar com uma anciã que disse ser sua bisavó. - -
Racilva
--- Eu disse tudo isso? Nossa! E disse ainda com respeito ao marido? E o que o Mago me disse?
Alzira
--- Ele falou o nome do homem ter sido Caio. Logo após o casamento na Igreja, você e Caio foram atropelados. Ele, de imediato, morreu. Você, sobreviveu.
Racilva
--- A senhora sabia disso? - - indagou.
Alzira
--- Não muito. Sabia que você era viúva. Sua mãe fez reservas de me contar os pormenores.
Racilva
--- E o que mais o Mago contou? - - curiosa
Alzira
--- Em um gato. O Mago disse que o gato era Caio. E, hoje, o gato morreu...atropelado. - - com temor

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