sábado, 8 de setembro de 2018
VULTOS
Era um dia de segunda feira, início de semana. Na Casa Espírita estava cheia de gente, a sua maior parte, doente mentais, pessoas assombradas, gente com cara feia e além desses, pessoas normais a trazer seus filhos. Dentre os tais, estavam Junior, sua mãe Racilva e a avó do menino, dona Cora. Ventiladores ligados para desfazer o calor no ambiente. Do lado de fora, os entes que participavam das preleções feitas pelos guias ou mestres que habitavam o Centro em seus dias de alta prece. Era o mundo todo por assim dizer. Nos assentos estava entre todos a mãe de Junior, a senhora Racilva, e a sua mãe, Cora. Ao lado da criança, um vulto. Era o senhor Caio. Para muitos, Caio não se apresentava. Ele era um espirito ou um ente espiritual Com certeza, ele estava no local para proteger o menino Junior, seu filho. Caio morreu em desastre de automóvel no dia do seu casamento com Racilva. A mulher ainda resistiu por algumas semanas. Então, Racilva recobrou a consciência e após vários dias se recompôs. Caio, não. Morreu e o seu espirito foi para o além. No salão de debates, ele, Caio, era o único a poder falar com seu filho. Com Racilva, ele nada falava por questões espirituais, certamente. Na Mesa, estavam os Mestres a falar da espiritualidade propriamente dita. Em certo momento, entre o salão de doutrinação estava os espíritos de luz, dentre os quais, o espirito de Sinfrônio, um mestre da espiritualidade vindo da Seara da paz, um ambiente todo tomado de paz. Nesse local da espiritualidade, as pessoas que já passaram dessa Terra, viviam em paz e harmonia. Tinham várias entidades. Algumas em recuperação. Outros, a dormir quieto. E doentes mentais, na Terra, que se postaram enraivecido no ambiente de tratamento. É a loucura total de alguém que praticou, se louco, as cenas horrendas em seus “inimigos” por ele açoitados. Ou ainda crimes de sedução por alguém praticado, até morte a sua infante juvenil. Casos de adultério em sequência por um homem doentio contra uma criança. Médicos surpreendidos fazendo sexo com um cadáver de mulher. Todos esses crimes seriam punidos em outra existência, e nada mais.
Caio
--- Ouvindo isso? – indagou o vulto ao garoto.
Junior
--- Sim. Mas, qual o homem está falando? - - perguntou quase em silencio.
Caio
--- É um mestre. Falando como vivem os que já viveram aqui. - -
Junior
--- Ah. Mas não nunca vi esses homens! - - relatou
Caio
--- Alguns você conhecer. Você em outra geração. Lembre-se. Você já viveu muitas vidas. Mesmo assim você nunca vai recordar plenamente. –
Junior
--- Eu vivi mesmo? Quando? Faz tempo? - - sequencia
Ouvindo esse murmurar da criança, a sua mãe lhe perguntou em voz sussurrante e delicada
Racilva
--- Com que eu falo, Junior? - - indagou cismada
Junior
--- Com esse homem. Ele falou que eu vivi, antes! - - murmurou o garoto
Racilva
--- Homem? Que homem! Não o estou vendo! Aí tem uma mulher! - - falou sério
Junior
--- Não é com a mulher. É com ele! Olhe! - - e apontou para a cadeira ao lado
Nesse momento a visão sumiu de modo imediato. E o garoto sequer notou o seu desaparecer
Racilva
--- Qual é esse homem? Vamos embora! Já para casa! - - zangou a mulher que se levantado do assento
A mãe de Racilva se espantou e se foi a pergunta.
Cora
--- Que está havendo com vocês. Senta aí. - - aborrecida
Racilva
--- Ora, mãe? É esse moleque! Vive dizendo coisas! - - tentou Racilva um tanto abusada.
Cora
--- Deixa-o comigo. Quando iniciar a outra sessão, a de Cura, vou ter com o Mestre Sinfrônio algo que explique. - - a mulher sentou-se junto a criança para proteja-la com maior amparo.
Após a primeira parte da sessão espírita veio, então, a segunda parte. Dona Cora se adiantou para falar um pouco, embora muito baixo, sobre a criança e o que ela já fizera de agora e de outras vezes. O mestre Sinfrônio ouviu bem, muito calmo, e disse que de aquele instante em diante o garoto teria que ser levado para um quarto outro, onde os grandes mestres teriam o trabalho de vê-lo falar, com certeza. Um dos Mestre foi até do garoto e lhe fez perguntas carinhosa e com muita prece de um encantamento. E o menino faz das perguntas as iguais questões como se houve algo que ninguém entenderia.
Junior
--- Ele não respondeu. Até parece que ele não veio. - - disse o garoto
A sessão perdurou por mais algum tempo sem nada se resolver de verdade. Ao seu final, terminada a sessão de cura, todos procuraram sair de vez. Um pouco mais tarde, Racilva, o menino Junior e a sua avó voltaram à casa, decepcionadas pelo que não conseguirão obter. Um gato de cor amarela estava deitado no solar do portão e ficou sempre no mesmo lugar. Quando viu Racilva, deu um miado dolente e carinhoso chega a assustar a mulher. O felino era apenas um gato e nada mais.
No dia seguinte, todos tinham acordado. O gato estava com seus miados, ronronado nas pernas de Racilva. Essa olhou séria para o felino e quis chuta-lo com seu pé. Porém desistiu do intento. Sorriu, apenas, pela coceira que ele causava. Racilva pegou uma nesga de queijo e deu ao gato.
Racilva
--- Tome bichano. É só o que tenho! - - se desculpou a moça.
Cora
--- De quem é esse gato? - - quis saber a mulher
Muniz
--- É somente um gato. Eles vivem andando por aí. Coisa comum de gato. - - falou o homem.
Racilva
--- Mas esse veio logo para aqui! - - e gargalhou
Junior
--- É o meu gatinho! - - saiu correndo da cadeira para pegar o felino.
E a festa continuava a cem por cem até que todas se levantaram dos seus assentos. Muniz foi para a repartição bancária, Racilva levou até à escola o menino peralta e a mãe de Racilva voltou a cosicar as coisas normais de casa. O gato deu um pulo para a janela, observou a rua, lambeou-se e então pulou para fora de casa. Com as horas do tempo, logo a mulher, dona Cora colocou um nome no bichano. Tratava-o por “Romeu” por ser um gato manso semelhante ao Romeu do romance de William Shakespeare. Logo, esse nome ficou sendo o primor da casa. O Romeu era lindo, de olhos azuis, pelos compridos e muito dócil e tranquilo.
Cora
--- Romeu! Onde anda o gato? - - perguntou à sua filha
Racilva
--- Está ali, na janela! - - correu abriu os olhos para se certificar
Cora
--- Romeu! Ora essa! Eu mesma possui um gato, ainda bem pequeno. Vivia nos meus pés! - -
Racilva
--- Gato é um animal cuidadoso com ele mesmo. Veja esse? - - dialogou.
Cora
--- Esse fica na janela olhando a rua. Às vezes some ou vai lá para dentro! - - cosicando com a máquina de costura.
Racilva
--- Eu não sei de onde ele veio! - - preocupada.
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