quarta-feira, 5 de setembro de 2018

RACILVA

SEGREDOS DE RACILVA
SEGUNDO
CAIS
Um dia qualquer de outra semana, Kátia saía de uma farmácia e, de imediato, passou em frente a uma perfumaria onde havia gente a adquirir produtos de utensilio gerais. Sem ver com exatidão, notou a presença de Racilva já saindo da loja. Num instante, Kátia parou e, admirada, saudou a amiga de pouco tempo, relatando o espanto de ver a moça, perto das 11 horas da manhã. Beijos trocados e Kátia ainda indagou ser tarde da manhã para ter um encontro de tanta gente a passar de um lado para outro.
Kátia
--- Por aqui? - - surpresa.
Racilva
--- Vim comprar agulhas e linhas! - - e sorriu
Kátia
--- Vim aviar receita para meu pai. Tosse de morrer! Ave! E então? Vai subir? - - indagou
Racilva
--- Antes, vou até o Cais ver aquela beleza de rio. Remadores, yoleiros. Gente simples. –
Kátia
--- Nunca vou ali. Quando mocinha, certa vez, fui com meus pais ao outro lado do rio. Comi tapioca que uma “baiana” fazia para a venda a quem quisesse. Era um domingo, de sol. –
Racilva
--- Eu, sempre fui à Redinha nos finais de semana. Com meu noivo, fui várias vezes. Depois que ele morreu, ainda tenho ido. Às vezes. Não muito. –
E as duas amigas buscaram caminho, percorrendo as calçadas, atravessado por entre pés de fícus, cruzando os gazeteiros, engraxates, pedintes, bêbados, alfaiates, barbeiros, casas de comércio, carregadores de peixes. O mundo todo. Um trem apitou. Racilva, tremendo de susto levou a mão ao peito.
Kátia
--- Que foi? - - tremendo também
Racilva
--- Um trem. Certa vez um homem morreu naquela linha por um trem de ferro. - -
Kátia
--- Ele não viu o trem? - - assustada
Racilva
--- Dizem que viu. Acho. Mas, foi esmagado por dois carros do trem. Não deu tempo nem a gritar. Ave Maria! Que terror! - - lembrou o drama
No Cais, as duas amigas observavam as águas do rio, os boteiros, pescadores e despachante de pescados entre outras gentes. O calor fazia ao quase 11 horas da manhã e os arrumadores de algodão plumado a correr acelerados para interior de um galpão. Um rapaz passou rápido como se estivesse preocupado para resolver a questão em mente. Esse era o mundo do bairro da Ribeira, em pela efervescência.
Kátia
--- Que é aquilo? - - indagou a olhar para o rio.
Racilva
--- Que aquilo? Do outro lado do rio? É um resto de uma estação. A Coroa. Antigamente o trem parava lá. As pessoas vinham de botes para o Cais, aqui. O trem parava de manhã e voltava de tarde para Ceará Mirim. Depois, o Governo fez uma extensão até Macau. Foi assim! - - declarou
Passaram-se alguns minutos e as duas amigas resolveram voltar. O Bonde já não existia mais. E a assim, elas buscaram tomar o ônibus na parada do Banco, na rua mais à frente, na Duque de Caxias. O veículo não estava inteiramente completo. Tinha meio carro. Kátia sorriu por está se sentada em local mais confortável. Racilva sorriu e ficou do outro lado. O ônibus chegou à cidade onde boa parte das pessoas desembarcaram e segui caminho para suas casas.
À noite, Racilva saiu com seu filho, Junior, para assistir a sessão no Centro Espirita. Com os dois também seguiu sua mãe, dona Cora. O pai ficou em casa, ouvindo rádio e lendo jornais, caso comum para os senhores já de seus 50 anos. Os trabalhos do Centro tiveram inicio e de sua casa, o homem Muniz, ficava a ouvir os relatos nacionais. Nesse espaço de tempo um senhor de seus 30 anos penetrou na sala onde seu Muniz e o cumprimentou.
Caio
--- Boa noite. Como tem passado? - - sorrindo
Muniz ouviu, sem espanto, a voz do homem, sem ter certeza de quem era, na ocasião. E cumprimentou de volta.
Muniz
--- Boa noite. Quem é o senhor? - - respondeu
Caiu sorriu por mais um instante e desapareceu, de repente. Muniz ficou torpedo e se não a emoção, jamais teria noção de quem seria aquela figura. Muniz estremeceu de seu modo e lembrou da figura. Caio, era com certeza a aparição tão de repente sumido. Por mais temeroso, Muniz quis ter certeza de que vira uma figura de outro espaço ou do seu mesmo, certamente. De um instante ela tirou o lenço do bolso e enjugou a testa. E teceu comentário de assombro.
Muniz
--- Caio? Juro que era ele, Caiu. - - espantado e temeroso
E deu vontade de urinar quando Muniz nem podia esconder. E procurou o vaso sanitário no quarto ao lado. De volta a sala, Muniz ficou temeroso, assustado, olhando a todo instante para o local que a visagem sumiu tão logo apareceu. Então Muniz ainda atormentado com o espectro do morto, o seu genro de pouco tempo, resolveu não falar nada a família, mais tarde ou nunca.
Por volta das dez horas da noite, quando Racilva, sua mãe Cora e o garoto de Racilva estavam já em casa, o homem Muniz teve que dormir, uma vez no dia era dia de trabalho. Nada ele falou do que sucedera àquela noite, logo cedo. Quando todos ferraram o sono, algo despertou Muniz do seu sono. Um vulto se acercou e lhe falou algo incompreensível. Era um sono de verdade e a figura de Caio lhe declarou algo apenas. Depois, de repente, Caio se foi. Muniz despertou, com o coração batendo forte como um bombo e o fez se sentar em plena cama. Todos dormiam. Um silencio fatal. Na rua, silencio de morte. Nem carros passavam. O homem procurou desperta mais para beber um pouco de água da quartinha ao lado. Nesse momento, o menino Junior adentrou ao quarto onde dormiam seus avós. E de logo, viu o homem com um copo de água da mão, a tremer, e lhe disse,
Junior
--- Vó! Ele está no quarto! - - declarou.
O homem se assustou mais e indagou com olhar atento.
Muniz
--- Ele quem, filho? - - quis saber de repente
Junior
--- O homem. Ele sorriu para mim. Foi. E me deu um beijo! Aqui! - - e apontou a testa.
Muniz
--- Quem era esse homem, na verdade? Quem você, filho? - - assustado ainda mais.
Junior
--- Não sei. Mas o homem já esteve aqui por várias vezes. Duas. - - disse o menino
Nesse ponto, a mãe do garoto surgiu com pressa a procura do seu filho. Meio entre sono, Racilva encontrou o garoto a conversar com seu pai. E então procurou o filho e esse disse apenas que estava ali com seu avô a conversar.
Racilva
--- Conversar? Ora! Vamos para o quarto. Deixa meu pai dormir. Vamos! - -
Muniz
--- Ele apenas estava a conversar e eu já estava acordado. Não foi nada. - - relatou sorrindo e meio confuso.
Racilva
--- Se der corda, ele não sai mais daqui. Vamos! - - e puxou o garoto
Muniz
--- Deixa ele. - - sorriu.

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