terça-feira, 25 de setembro de 2018

AMORES DE RACILVA - - 13 -


PASSEIO NO RIO
Um dia qualquer de verão, Racilva pensou bem e então resolveu dar uma volta do rio Potengi acompanhada do seu garoto Junior e de sua amiga Kátia além de demais pessoas. O passeio era em uma lancha do Cais que fazia essas travessias sempre aos domingos e dias feriados. A saída era do Cais até a praia da Redinha, do outro lado do rio. A zoada o motor do barco era o mais inquietante por fazer seu thuque-thuque, parecendo ter de afundar. As águas batiam no costado do barco e às vezes os mais afoitos molhavam suas mãos para brincar, certamente. Ao chegarem na baia da Redinha, cada um desceu por uma escada. Tinha os que saltavam direto para a beira da praia, gritando em alvoroço como gralhas esvoaçantes. Foi, assim então que teve início a viagem repleta de alegria. Na Redinha, para quem não conhecia, tinha o Mercado onde se vendia peixes, a Igreja de Pedra, o Trapiche do Mirante, o Mercado de Gingas, peixe fritos misturado na tapioca e óleo de dendê e a Capela de Nossa Senhora dos Navegantes dentre outras coisas a mais. A Redinha era um local aprazível de brisa mansa a soprar a todo instante.
Kátia
--- Sinto frio. Essa brisa sopra a todo tempo. Não fôra o calor ameno do Sol desperto? - - falou se encolhendo toda.
Racilva
--- Aqui é sempre assim. No inverno é mais frio ainda. - - declarou.
Kátia
--- A meninada nem liga! - - sorriu contente.
Racilva
--- Redinha é uma praia aprazível. Sempre está assim. Em certas horas do dia, o sol esquenta mais a ponto de derreter. - - falou sorrindo
Kátia
--- Imagino! Cada qual com seu gosto. - - sorriu
Racilva
--- Tem dias, quando chove, o tempo esfria por demais. Sopra e quase ninguém aguenta. - -
Kátia
--- Imagino. Em Petrópolis não é tão frio assim. - - reclamou sorrindo
Racilva
--- É verdade. Difere muito da praia. - -
Uma pedra de tamanho grosseiro estava apoiada do lado de fora do Mercado. No local cabia quatro pessoas. Racilva procurou sentar na pedra junto com sua amiga Kátia soltando o garoto Junior a brincar com pedrinha da beira do rio que apanhava escavacando a terra. Para o menino era um divertimento sem igual. Sua mãe estava a sorrir com a brincadeira de Junior. A moça, Kátia também lembrava daquelas traquinagens de quando era pequena. A brincadeira fez lembrar Racilva de outras coisas de que ela se lembrava em tempos idos. E então, falou.
Racilva
– - - Eu lembro, agora, do meu pai. Eu ainda era mocinha, meus 15 anos ou menos. E ele costumava e costuma falar sobre esoterismo, ocultismo dentre outras. Meu pai, Muniz, é muito sábio. Certa vez ele me falou da Grande Fraternidade Branca e os Mestres Secretos do Mundo. Dizia ele como ainda diz que a história do esoterismo registra uma classe de ser humano que em todas as épocas tem sido uma minoria, formando um circulo quase desconhecido do resto da humanidade. - - alertou
Kátia
--- Ele estudou sobre isso? - - indagou a moça
Racilva
--- Sim. Ele tem vasta biblioteca! Esse povo adiantou-se tanto da evolução integral em relação às outras pessoas que conquistou o mais amplo grau de consciência possível do ser humano. São seres que, por terem se interessado por estudos especiais, atingiram o que se condicionou chamar de Iluminação. - - completou;
Kátia
--- Acredito nisso também. Conte-me mais! - - solicitou a moça
Racilva
--- Pois bem. Esses homens e mulheres fundiram sua mente limitada com a mente universal, cujo acesso descobriram dentro deles mesmo, introvertendo sua consciência e vivendo uma metanoia, cujo resultado foi a aparição de um novo ser renascido a partir do antigo. Eles conseguiram esse grau privilegiado de evolução através do estudo e da pratica das ciências ocultas ou ciências esotéricas. - -
Kátia
--- Na Universidade não se dá esses estudos. - - decepcionada.
Racilva
--- Há ensino dessa matéria na Universidade, sim. Pouca gente frequenta! Mas, conhecimento eles fizeram uma nova verdade. A quarta e mais elevada via de acesso a verdade. Essas pessoas atingiram a Iluminação, não no curto espaço de uma vida, mas através de centenas de vidas, encarnando-se sucessivamente e experimentando múltiplas experiencias. Passaram pela vida instintiva do tipo UM do ser humano. Pela vida puramente intelectual do tipo Dois e pela vida religiosa dogmática do tipo Três. - -
Kátia
--- Foi muito estudo, não foi? - - falou atônita
Racilva
--- Sim. Não só uma vida. Foram várias. Assim, eles atingiram o tipo Quatro ou estudo hermético. Então, com esses estudos tornaram-se perfeito, mostrando mesmo o atributo da onisciência. Esse estado supremo de consciência é chamado de consciência cósmica. Esse grau vem sendo testado ao longo da história. No hinduísmo essas ilustres pessoas são chamadas de “duas vezes nascido!”. O taoismos os chama de “imortais”. Já o budismo os conhece sob o nome de “aratu”. No judaísmo e islamismo são chamados de “profetas”. Assim como o cristianismo os conhecem com “santos”.
Kátia
--- Cada nome estranho! - - dialogou
Racilva
--- Varia com cada língua. Muitos povos indígenas também se referem a um tipo perfeito de um ser humano, chamando-o de “espirito guia”. Em algumas tradições antigas, como a grega e a romana, os chamavam de “deuses ou semideuses”. Cada credo, com algumas exceções, acha com apenas a sua tradição religiosa pode produzir um “iluminado”, não reconhecendo os Mestres de outras tradições. E nem todas aquelas que elas consideram como tais, o foram realmente. –
Kátia
--- Credo. Acho bem melhor ser católica! –
Racilva
--- É verdade. Daí que, seres humanos, verdadeiramente perversos, terem sido alçados a Santos por algumas religiões. Já o Ocultismo quando isento de dogmas e superstições, sabe exatamente quem são e como atua os seres verdadeiramente iluminados. Postulam que não se tratam de Deuses ou pessoas a parte da humanidade. Mas, homens e mulheres como todos os outros que conquistaram, contudo, antes dos outros, a meta mística estipulada para o ser humano encarnado. São os irmãos mais velhos da humanidade. –
Kátia
--- Acho que é verdade. –
Racilva
--- Várias denominações têm sido dadas pelas tradições místicas a essa classe de pessoas. Mestres, Mestres cósmicos, Mestres da Compaixão, adeptos, Marrátimas, Irmãos Sublimes, Vigilantes Silenciosos e muito mais. E movimentos recentes passaram a dominá-los de Mestres Ascencionados ou Mestres Ascensos. Independente do nome dado, todos esses Mestres foram alunos de uma escola Oculta ou Iniciática, tonando-se mais tarde os verdadeiros superiores desconhecidos de todas as Escolas Místicas legítimas.
Kátia
--- Sim senhora! Uma lição do maior quilate. –
Racilva sorriu para dizer logo após tem muita coisa para dizer. O Junior veio com um punhado de pedrinhas da beira do rio ponde depressa nas mãos de sua mãe. Kátia sorriu e viu partir a lancha já com bastante viajantes que estavam esperando à volta da embarcação. Um pescador levava em um balaio algo que podia ser pescado.

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