- LÚCIFER -
- 06 -
CHAMADOS -
A mulher ficou cismada com essa
experiência e não sabia de tudo ou para tudo. Se falasse com o seu marido, na
certa ele não concordaria com tudo ou com nada. Tinha ali, a amiga Lourdes, que
poderia ser mais coerente. Tinha um: porém. Lourdes não conhecia de nada ainda.
No entanto valeria só uma palavra. Nesse momento, a moça estava ocupada
preparando o peixe. Era diferente do interior esse peixe. Tinha muitas escamas.
E a moça teve de usar uma espécie de máscara para evitar tantas escamas a cair
em seu rosto. Nesse ponto chegou incontinente a mulher Zefinha a procura da
moça. E logo falou.
Zefinha
--- Sei não! O pintor está com um
assunto meio troncho. - - falou baixinho.
Lourdes
--- Troncho? O que é isso? - -
perguntou estranhando
Zefinha:
--- Conversa! Ele quer fazer uma
cobertura no teto e pôr uma cortina por detrás. Diz ele que eu não vou gastar
coisa alguma. Ele faz isso. - - reclamou.
Lourdes
--- Ele faz? Então deixa fazer.
Você não paga e pronto. - -
Zefinha
--- Temo não dá certo. Depois ele
vem com outra conversa. - -
Lourdes
--- Não tem nada disso. Se ele
diz que faz, então que faça. - -
Zefinha
--- É, mas eu vou falar com ele
novamente. Espere. - -
E dona Josefa saiu meio
desconfiada. E lá chegando foi a indagar do problema da pintura entre outras
coisas. O tempo a gastar. Dinheiro, tempo. Essas coisas.
Pintor
--- Com certeza eu não vou cobras
nada. Todo o material eu compro. Mas sem pagar. Digo logo que é em
contrapartida. O comércio está cheio de promoções. Esse é um. - -
O rapaz continuava a fazer as
suas pinturas. Para Zefinha aquilo era tudo muito feio. Grotesco até. Coisa que
a mulher jamais conhecera. E perguntou.
Zefinha
--- Essas caras? - -
Pintor
--- Caras? São virgens. Mulheres.
Um e outra. Entre o abstracionismo e as explosões de corres.
Zefinha
--- Eu achei feio esses negócios.
- -
Pintor
--- Nada. É o psicodelismo. - -
sorriu - -
Zefinha
--- Nunca acerto esse nome! - -
Pintor
--- É uma pintura moderna. No
Brasil tem poucos Hotéis e Bares com essa amostra. - -
Zefinha
--- Imagino. O senhor esteve lá?
- -
Pintor
--- No Rio? Eu desembarquei no
Rio e de lá vim para Natal. Eu sou daqui mesmo. Agora, faz tempo que eu estou
nos Estados Unidos. Tive também na Inglaterra. É isso. - -
Zefinha
--- Não conheço esses países. Só
o Brasil e olhe lá. Recife, João Pessoa e o Ceará. - -
Pintor
--- Já conhece todo o Nordeste,
por assim dizer. - -
Zefinha
--- E o senhor vai comprar mesmo?
- -
Pintor
--- O forro? Aceita? Eu vou
buscar hoje no final da tarde. Pode ter certeza. Quando estiver pronto, verá
que fica uma beleza. E amanhã eu monto o restante. A menina vai ajudar. - -
Zefinha
--- Ela é sua irmã? - -
Pintor
---Não. É minha auxiliar. Já sabe
tudo. - -
Zefinha
--- É namorada? - - e olhou
depressa para a moça.
Pintor
--- Quase isso. Nós dois se
combina. - -
Zefinha
--- Tem nome? - -
Pintor
--- Ela? Claro. Nós viemos dos
Estados Unidos. - -
Zefinha
--- Então ela já sabe de tudo.
Quantos anos? - -
Pintor
--- Ela não diz nem que corra
água. - - sorriu - -
Zefinha
--- Mas a mim ela vai dizer. Não
vai moça? Seu nome! - -
Sol
--- Eu sou Sol. Ele é o meu
homem. - - respondeu a moça
Zefinha
--- Eu imaginava. Mas Sol? O Sol
é masculino. - -
Sol
--- Eu sei. Mas é o meu nome. - -
Zefinha
--- Mas Sol? Estranho. Eu não
poria um nome assim um uma filha, se tivesse. Sol? - - estranhou
Sol
--- Eu conheço um rapaz cujo nome
é Lua. Que achas? - -
Zefinha
--- Lua? Pior ainda. Tem nomes
estranhos nesse meio de mundo! Lua mesmo? - -
Sol
--- Sim. E a mulher é Estrela. É
como se chama a mulher.
Zefinha
--- Bom. Até que dá certo. Lua e
Estrela. Não é? - -
Pintor
--- Pode ser, mas na verdade, o
nome do rapaz é Lilith. John Lilith. Porém todos o chamam de Lilith. E o dessa
moça é Solange. - - sorriu –
Sol
--- E o dele? - -
A moça então sorriu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário