quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

LAGO AZUL - 08 -

- BAR -
- 08 -
MITRA -


Enquanto consumia o seu bife de fígado com copos de cerveja o Dr. Saul Lister prosseguia a conversa com a senhorita Lourdes em pleno bar com pouca gente àquela hora da noite, até um pouco cedo. Ele falava sobre a criação da Terra e do Homem. As pinturas nas paredes demostravam muito bem que o homem não era um ser terráqueo. A moça ouvia tudo não importando em falar alguma coisa diserta. Ela achava melhor ouvir tao somente. A sua patroa pouco se importava com esse paradeiro. Dona Zefinha, de longe, apenas olhava o casal. De outro ponto do bar, a outra garçonete, Zuleide, atendia a outros beberrões. Alguem entrou e logo foi atendido.
Lister
--- Moça. Será que realmente fomos criados na Terra? - - fez a pergunta
Lourdes
--- Meu padrinho sempre acha que sim. - - respondeu.
Lister
--- Será que não somos filhos de outros seres superiores? - - novamente indagou.
Lourdes
--- De Deus? - - perguntou respondendo
Lister
--- Será que parecemos mesmo com anjos? - - indagou de cabeça baixa.
Lourdes
--- Minha avó sempre diz que nós temos dois anjos. - -
Lister
--- Será que os anjos são o que pensamos? – - perguntou outra vez.
Lourdes
--- Tendo asas, acho que sim. - - respondeu
Lister
--- Será que somos realmente humanos? - - quis saber
Lourdes
--- Acho que sim. - -
Lister
--- Na África do Sul, cerca de 30 quilômetros de Johanesburgo ficam as Cavernas Malapa. Nesse local cientistas encontraram restos de seres humanos. Mãe e filha. Para eles, o achado era importante. No local eles encontraram os primeiros seres humanos de dois milhões de anos atrás. Logo depois foram encontrados outros restos de seres já mortos e de muitos anos. E assim, eles, os cientistas, guardaram os fosseis dos humanos. Houve a descoberta de vários tipos de gente com mais de dois milhões de anos atrás. Acreditas? - - indagou
Lourdes
--- Não. Aliás, pelo menos o senhor disse. - - simplesmente falou
Lister
--- Hoje, nós somos oito bilhões na Terra. Antes, naquele tempo, tinha gente. Quantos? Não se sabe. Porém se achou algumas espécies de seres humanos. E não eram macacos. Eram seres humanos. Entende? - -
Lourdes
--- Sim. Entendo. Eu não acredito em macaco sendo gente. - -
Lister sorriu. Logo depois conversou:
Lister
--- Macacos. Bem. Eram e são os seres mais parecidos com o homem. No entanto, sendo macaco, ele continua macaco. O burro continua burro, o elefante continua elefante. Eles não se modificam, não edificam casas e nem sabe ao menos se é noite ou se é dia. Agem por instinto. O homem foi criado homem. Ele saber se defender não apenas por instinto, mas por inteligência. O homem faz armadilha para pegar a caça. O animal, não usa desse artificio. E nem mesmo faz armamentos. - -
Lourdes
--- Eu vejo uma serpente dando o bote apenas para pegar a caça. O escorpião pica quando se sente ameaçado, as abelhas caçam o homem se esse for ao seu encontro. Mas as abelhas desconhecem a fumaça. - -
Lister
--- Eu vejo que a senhora já me entende. Veja bem. Um autor escreveu um livro chamado O MACACO NU.  Isso foi feito pelo geólogo Desmond Morris. No antigo tempo, antes de Jesus, havia a Procissão de Mitra. Essas eram palavras Sagradas, palavras que de alguma forma nos soam familiar. Os fieis desse ritual acreditavam na vida eterna e no Paraiso. Eles recebiam o Batismo, adoram um Deus que nasceu de uma Virgem. Tudo muito familiar. Não? - -
Lourdes
--- Nunca ouvi falar nessa santa. Mitra. ---
Lister
--- Mas isso lembra o Cristianismo. No entanto essa é uma antiga liturgia que foi encontrada num papiro grego no quarto século por um grupo de fieis que faziam no subsolo de Roma. Um culto misterioso que foi trazido há muito tempo do Oriente. E leva o nome do Culto de Mitra. Se o Cristianismo talvez parasse na sua expansão o mundo seria Mitraico. - -
Lourdes
--- E o senhor acredita mesmo nisso? -- -
Lister
--- Acreditar não é o caso. Mesmo assim, algo se diz que na época de Roma, primeiro século depois de Cristo, dia 25 de dezembro. Em um templo do subsolo um grupo de fies tem a intenção de celebrar uma importante cerimônia religiosa. No altar, o sacerdote parte o pão e oferece o vinho. Ritual como esse, desde muito tempo em toda a Europa, fala de irmandade, solidariedade e de um Salvador que faz milagres e anuncia a vida eterna aos seus seguidores. Lembra muito a missa do Santo Natal. Mas tem alguma coisa estranha. O Sacerdote pega os dois objetos do ritual. E ao mesmo tempo, no Templo, aproxima-se um animal. O animal santo do Deus Mitra.
Lourdes
--- Sacrifício? - -  
Lister
--- (o homem calou e depois prosseguiu) – Estamos empreendendo uma surpreendente viagem a uma Roma Antiga ainda pouco conhecida. O que se verá é um culto que louva a um Santo, um Deus pouco conhecido. O Deus Mitra. Um Deus jovem e bonito. Uma coincidência muito particular com o Cristianismo. Na verdade, são muitas coincidências e, com o tempo, chegou-se a conclusão de que Deus Mitra é o próprio Jesus Cristo. - - -
Lourdes
--- Meus Deus! Isso é verdade? - - declarou com assombro
Lister
--- As primeiras histórias documentadas surgiram em 68 depois de Cristo. Mas o nome do Deus Mitra é muito antigo, já conhecido há muitos séculos antes de Cristo. Na Ásia Menor, no Egito, na Mesopotâmia. E, também provas foram encontradas na escultura extraordinária de mármore que vem da Cidade Velha. A escultura de Mitra notadamente de pouco história em monumentos mitraicos. Em Atenas também foram encontradas esculturas mitraicas. A escultura foi encontrada escondida, como sempre acontece, em uma triagem de pouca qualidade e fora transportada como material clandestino. E mesmo com a causa se sabe muito pouco da religião mitraica.
Lourdes
--- E o ritual das cavernas? - - quis saber assustada.
Lister
--- Caso se sabe ser um ritual e circulava de um modo secreto. Um primeiro estudioso mitraico hipostenizou com um antigo culto da Pérsia. Mas a tese não é conclusiva. Foi dito que esse encontro com as antigas tradições do Iran e também a tradição grega-romana, pincipalmente grega vieram da Ásia Menor. Segundo outros estudos, Roma seria esse culto religioso. - -
Lourdes
--- Nossa Mãe! - - falou sombria.


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