- BAR -
- 08 -
MITRA -
Enquanto consumia o seu bife de
fígado com copos de cerveja o Dr. Saul Lister prosseguia a conversa com a
senhorita Lourdes em pleno bar com pouca gente àquela hora da noite, até um
pouco cedo. Ele falava sobre a criação da Terra e do Homem. As pinturas nas
paredes demostravam muito bem que o homem não era um ser terráqueo. A moça
ouvia tudo não importando em falar alguma coisa diserta. Ela achava melhor
ouvir tao somente. A sua patroa pouco se importava com esse paradeiro. Dona
Zefinha, de longe, apenas olhava o casal. De outro ponto do bar, a outra
garçonete, Zuleide, atendia a outros beberrões. Alguem entrou e logo foi
atendido.
Lister
--- Moça. Será que realmente
fomos criados na Terra? - - fez a pergunta
Lourdes
--- Meu padrinho sempre acha que
sim. - - respondeu.
Lister
--- Será que não somos filhos de
outros seres superiores? - - novamente indagou.
Lourdes
--- De Deus? - - perguntou
respondendo
Lister
--- Será que parecemos mesmo com
anjos? - - indagou de cabeça baixa.
Lourdes
--- Minha avó sempre diz que nós
temos dois anjos. - -
Lister
--- Será que os anjos são o que
pensamos? – - perguntou outra vez.
Lourdes
--- Tendo asas, acho que sim. - -
respondeu
Lister
--- Será que somos realmente
humanos? - - quis saber
Lourdes
--- Acho que sim. - -
Lister
--- Na África do Sul, cerca de 30
quilômetros de Johanesburgo ficam as Cavernas Malapa. Nesse local cientistas
encontraram restos de seres humanos. Mãe e filha. Para eles, o achado era
importante. No local eles encontraram os primeiros seres humanos de dois
milhões de anos atrás. Logo depois foram encontrados outros restos de seres já
mortos e de muitos anos. E assim, eles, os cientistas, guardaram os fosseis dos
humanos. Houve a descoberta de vários tipos de gente com mais de dois milhões
de anos atrás. Acreditas? - - indagou
Lourdes
--- Não. Aliás, pelo menos o
senhor disse. - - simplesmente falou
Lister
--- Hoje, nós somos oito bilhões
na Terra. Antes, naquele tempo, tinha gente. Quantos? Não se sabe. Porém se
achou algumas espécies de seres humanos. E não eram macacos. Eram seres humanos.
Entende? - -
Lourdes
--- Sim. Entendo. Eu não acredito
em macaco sendo gente. - -
Lister sorriu. Logo depois
conversou:
Lister
--- Macacos. Bem. Eram e são os
seres mais parecidos com o homem. No entanto, sendo macaco, ele continua
macaco. O burro continua burro, o elefante continua elefante. Eles não se
modificam, não edificam casas e nem sabe ao menos se é noite ou se é dia. Agem
por instinto. O homem foi criado homem. Ele saber se defender não apenas por
instinto, mas por inteligência. O homem faz armadilha para pegar a caça. O
animal, não usa desse artificio. E nem mesmo faz armamentos. - -
Lourdes
--- Eu vejo uma serpente dando o
bote apenas para pegar a caça. O escorpião pica quando se sente ameaçado, as
abelhas caçam o homem se esse for ao seu encontro. Mas as abelhas desconhecem a
fumaça. - -
Lister
--- Eu vejo que a senhora já me
entende. Veja bem. Um autor escreveu um livro chamado O MACACO NU. Isso foi feito pelo geólogo Desmond Morris.
No antigo tempo, antes de Jesus, havia a Procissão de Mitra. Essas eram
palavras Sagradas, palavras que de alguma forma nos soam familiar. Os fieis
desse ritual acreditavam na vida eterna e no Paraiso. Eles recebiam o Batismo,
adoram um Deus que nasceu de uma Virgem. Tudo muito familiar. Não? - -
Lourdes
--- Nunca ouvi falar nessa santa.
Mitra. ---
Lister
--- Mas isso lembra o
Cristianismo. No entanto essa é uma antiga liturgia que foi encontrada num
papiro grego no quarto século por um grupo de fieis que faziam no subsolo de
Roma. Um culto misterioso que foi trazido há muito tempo do Oriente. E leva o
nome do Culto de Mitra. Se o Cristianismo talvez parasse na sua expansão o
mundo seria Mitraico. - -
Lourdes
--- E o senhor acredita mesmo
nisso? -- -
Lister
--- Acreditar não é o caso. Mesmo
assim, algo se diz que na época de Roma, primeiro século depois de Cristo, dia
25 de dezembro. Em um templo do subsolo um grupo de fies tem a intenção de
celebrar uma importante cerimônia religiosa. No altar, o sacerdote parte o pão
e oferece o vinho. Ritual como esse, desde muito tempo em toda a Europa, fala
de irmandade, solidariedade e de um Salvador que faz milagres e anuncia a vida
eterna aos seus seguidores. Lembra muito a missa do Santo Natal. Mas tem alguma
coisa estranha. O Sacerdote pega os dois objetos do ritual. E ao mesmo tempo,
no Templo, aproxima-se um animal. O animal santo do Deus Mitra.
Lourdes
--- Sacrifício? - -
Lister
--- (o homem calou e depois
prosseguiu) – Estamos empreendendo uma surpreendente viagem a uma Roma Antiga
ainda pouco conhecida. O que se verá é um culto que louva a um Santo, um Deus
pouco conhecido. O Deus Mitra. Um Deus jovem e bonito. Uma coincidência muito
particular com o Cristianismo. Na verdade, são muitas coincidências e, com o
tempo, chegou-se a conclusão de que Deus Mitra é o próprio Jesus Cristo. - - -
Lourdes
--- Meus Deus! Isso é verdade? -
- declarou com assombro
Lister
--- As primeiras histórias documentadas
surgiram em 68 depois de Cristo. Mas o nome do Deus Mitra é muito antigo, já
conhecido há muitos séculos antes de Cristo. Na Ásia Menor, no Egito, na
Mesopotâmia. E, também provas foram encontradas na escultura extraordinária de
mármore que vem da Cidade Velha. A escultura de Mitra notadamente de pouco
história em monumentos mitraicos. Em Atenas também foram encontradas esculturas
mitraicas. A escultura foi encontrada escondida, como sempre acontece, em uma
triagem de pouca qualidade e fora transportada como material clandestino. E
mesmo com a causa se sabe muito pouco da religião mitraica.
Lourdes
--- E o ritual das cavernas? - -
quis saber assustada.
Lister
--- Caso se sabe ser um ritual e
circulava de um modo secreto. Um primeiro estudioso mitraico hipostenizou com
um antigo culto da Pérsia. Mas a tese não é conclusiva. Foi dito que esse
encontro com as antigas tradições do Iran e também a tradição grega-romana,
pincipalmente grega vieram da Ásia Menor. Segundo outros estudos, Roma seria
esse culto religioso. - -
Lourdes
--- Nossa Mãe! - - falou sombria.
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