sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

LAGO AZUL - 26 -

- SONHOS -
- 26 -

SONHO -


Naquela noite, Lourdes teve um sonho que lhe atordoou. Ela estava em um lugar remotos onde não via pessoas conhecidas. Porém havia gente e todas eram amigas a trocar conversas de assuntos pueris que agrava a todos. Era um campo de tamanho distante. Campo verde. Poucas casas. Bem poucas. Lourdes se lembrava de estar em um Hospital para ajudar a atender telefones. Alguns atendentes, médicos, enfermeiras. Todos sentados em volta de uma mesa para atender qualquer chamado. E Lourdes estava atenta. Não havia gente internada ou se havia, estava lá para dentro do Hospital. Ela não sabia e nem se importava com isso. Em dado instante, Lourdes saiu enrolada em panos. Totalmente enrolada. E desceu para um local onde não havia gente. Seus pés pulavam de um a outro local, pois tinham bastante buracos. Ela lembrava que naquela porção de espaço, um dia, fazia tempo, alí fora uma sala de atendimento aos doentes chegados de outros pontos da cidade. Mas agora não tinha nada. Nada mesmo. Era um salão cheio de buracos. E o tempo passou. Ela continuava vestida com roupas brancas e passeava de um canto a outro. O Hospital parecia imenso. Lourdes se lembrou de ter passado por aquele recanto um certo dia há longos tempos. De repente, alguém falou.
Médico
--- É aqui. Chegue - -
E Lourdes foi sem pressa. Ao cegar ao local. Havia médicos - mulheres e homens – todos vestidos de branco. Ela não perguntava nada. Apenas seguia aquilo que a equipe médica recomendava.
Médico.
--- O telefone é ali. Atenda quando chamar. - -
Ela, enfim, obedeceu. Do lado de fora de Hospital, mas no interior do prédio, havia muitas árvores de vários tipos. Ela nem ligava para aquelas árvores. E não sabia se era noite ou dia. Isso, Lourdes não se preocupava. Ela olhava para as médicas, sem sorrir. Apenas observava a todas. Nesse ponto, o sonho acabou. E Lourdes acordou dizendo.
Lourdes
--- Que sonho terrível! Tenho a impressão que aquele era o Hospital “Miguel Couto”! Mas está diferente” - - falou sem assunto.
A moça se levantou para ir ao sanitário a pensar no sonho sem esquecer os detalhes havido, acreditando ser no futuro.
Lourdes
--- Buracos! Enormes! Tudo acabado! Nem sei! - - refletiu a moça.
Na manhã desse mesmo dia, bem cedo ainda, antes do café, Lourdes indagou a professora Gilda o que significava ter sonhos.
Gilda
--- Sonho? Lembrança de um passado distante. Casos que ocorreram ou podem ocorrer sem a gente saber. - -
Lourdes ficou a pensar nesse caso do acontecer e enfim, falou.
Lourdes
--- Não sei. Eu sonhei com um Hospital. Mas esse Hospital estava em escombros. Eu via apenas os médicos em meio de buracos. Coisa monstruosas. Buracos enormes. No caso presente, esse hospital não existe. - - falou descontente.
Gilda
--- Buracos? Simboliza várias coisas. Pense em um buraco! - - quis saber
Lourdes
--- Buraco no sonho? Não consigo pensar. Buraco é buraco. - - sorriu
Gilda
--- Tinha um ou vários médicos? - -
Lourdes
--- Tinha. Era para eu atender o telefone. Só isso. - -
Gilda
--- Buraco para atender. Nada mais. O que se faz num buraco? - -
Lourdes
--- Num buraco? Ora. No buraco que eu vi nada se fazia. Eu apenas saltava de um lado a outro. E só. - -
Gilda
--- Um buraco que você saltava de um lado para outro. Por que saltava? - -
Lourdes
--- Ora. Para não cair. Eu então pulava de um lado a outro. E só. - -
Gilda
--- Um buraco que você saltava. Lembre-se o que um buraco. Outro nome. Por exemplo: fenda.
Lourdes
--- Fenda? Se é assim, pode ser rasgo, rachadura, abertura e tantas outras coisas. - - sorriu
Gilda
--- Abertura. Pode ser uma abertura? - -
Lourdes
--- Pode. Greta também. Tem muitas definições. Não sei o que a senhora quer dizer! - - sorriu
Gilda
--- Um médico, um telefone, uma abertura. O que significa? - -
Lourdes
--- No sonho? Sei lá! - -
Gilda
--- Um telefone é um instrumento. Um médico é um cientista, uma fenda pode ser uma vagina.
Lourdes
--- Credo! Onde a senhora quer chegar? - - alarmada
Gilda
--- A um parto. - -
Lourdes
--- Que coisa louca! Eu sonhar com um parto?  Por que um parto? - -
Gilda
--- Não sei. O sonho você é quem teve. Sonhar é a gente transformar em figuras estranhas em coisas que desejamos ou desejaríamos. Isso é o sonho. - -
Lourdes
--- E como seria esse menino quem não aparece? - - quis saber
Gilda
--- Nem precisa. Ele está dentro da abertura, da fenda que você não vê. Esse é o segredo do sonho. - -
Lourdes
--- Abertura. Pode ser essa abertura o nome do buraco. - - sorriu
Gilda
--- Cuidado com o que você pensa. Ela revela coisas embutidas em nossas mentes. Sonhar é um desejo. - -
A manhã veio com o passar das horas em mais nem menos para Lourdes lembrar. No decorrer do tempo, a moça tomou conta das costuras, alinhavando os tecidos bem cortados enquanto Maria tomava conta da cozinha em um fogão a carvão, pois naquele ano ainda não havia fogão à gás tendo a promessa de não demorar muito. Por isso usava-se o fogão a carvão bem melhor do que o fogão a lenha ainda usado por logos anos do Brasil.
Maria
--- Esse forno está uma merda. - - reclamou
Lourdes
--- Não tem gás? - -
Maria
--- Nada. O vendedor disse que para o mês que entra. - - ressaltou
Lourdes
--- E a geladeira? - -
Maria

--- É elétrica. Bosta. - - 

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