quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

LAGO AZUL - 16 -

- OS PORTÕES -
- 16 -

MASAYA -

A noite tinha chegado e o Bar já estava cheio de gente, em sua maior parte, gente nobre pois os pobres ficaram de fora, sempre do outro lado da rua, às vezes a conversar com as pessoas, puras amenidades, como quem está querendo dispensar as suas emoções. Lourdes já estava a conversar durante longo tempo desde que o doutor Lister chegara ao recinto ainda cedo da tarde. E então ensejou:
Lourdes
--- O que mais o senhor conhece? - - indagou.
Lister
--- O Inferno é real. Um outro Mundo. Portões para se poder entrar em um poço sem fim. Eram e são características mais importantes do além-Mundo, principalmente a entrada para o abismo infernal. Há na literatura passagem para o outro reino simbolizada por esses Portões.
Lourdes
--- Esse domínio do mal realmente existe? - - quis saber
Lister
--- O relato do Inferno pode estar relacionado às religiões que estão separadas por milhares de anos descrevendo o mesmo lugar. Existem o Masaya e outras Bocas do Inferno por todo o Mundo, antigamente consideradas entradas para o Inferno. Uma caverna escondida em Belize, um vulcão na Islândia, passagens submersas na Grécia, uma Basílica misteriosa na Irlanda e um lago de fogo na África. Cada portão pode abrir uma passagem para um universo alternativo para o além.
Lourdes
--- Há um portão entre esses dois Mundos? - - perguntou
Lister
--- Muitas vezes a confecção entre esses dois mundos começa com uma visão. Hoje, eu sei que alguém afirma ter visto o Inferno pessoalmente. Existe o Inferno. Não é apenas um lugar. É uma realidade. Há séculos, aqueles que acreditam em um Inferno real relatam visões semelhantes do submundo. No século Sete um monge espanhol afirmou que o Diabo o levara a um lago de fogo e que ele conseguira escapar fazendo o sinal da Cruz. No século 12 um guerreiro uma vez foi morto e retornou a vida. O guerreiro disse ter vivenciado o sofrimento do Inferno. Nos anos 30 uma freira polonesa chamada Irma Faustina afirmou que um anjo a levara ao Inferno e lhe mostrara os sete sofrimentos que os condenados sofreriam. - -
Lourdes.
--- Santo Deus!!! - - e elevou a mão à boca.
Lister
--- Nas remotas florestas da América Central, a 640 quilometros do Masaya, há um segundo portão para o Inferno. Os Maias acreditavam que uma caverna existente no local era uma porta para o submundo conhecido como Xibalba, o Lugar do Medo. Até hoje os Maias temem à boca do Inferno. Eles não entram no Xibalba. E, caso entrem, só o fazem após realizar muitos rituais para acalmar os Deuses. Em Belize, como o Masaya, antigas referencias no Xibalba revelam rituais sombrios de sacrifício humano. Terríveis perigos. Prisões que aguardam as almas que se atreverem a entrar em Xibalba. O submundo dos Maias não é um lugar abstrato. - -
Lourdes
--- E o Governo o que faz? - - indagou temerosa.
Lister
--- Escute primeiro. O que, realmente, há no caminho de Xibalba? Para se ter a certeza é preferível entrar no caminho de Xibalba. O submundo dos Maia não era um lugar abstrato. O submundo era parte de suas vidas diárias. O submundo estava sob os seus pés, pois eles viajavam até o submundo desde antes de Cristo até o presente. Eles vão a esse lugar para celebrar cerimonias importantes dirigidas a alguns Deuses que vivem no submundo. E quem já foi até as profundezas do Inferno. Mas no fim dessa estrada há um segredo perturbador. Um segredo que pode revelar a realidade um segredo do submundo. Os restos mortais de gente para o segredo do inferno Maia. - -
Lourdes
--- Cruzes! Que horror! Deus tem piedade! - - e se benzeu.
Lister
--- As lendas de Xibalba estão ali mesmo. São prisões perigosas. Os Maias acreditavam que as prisões era o lugar para se chegar ao Inferno. Após a morte era preciso viajar para o submundo e se passar por uma série de testes feitas pelos Deuses que viviam lá embaixo. Um desses testes era a Casa das Facas, uma passagem estreita com lâminas afiadas surgindo do solo do teto. Para os Maias que decisão até Xibalba essas prisões eram muito perigosas. Aterrorizantes. Quem descesse perderia a sua alma e ficaria no submundo. ---
Lourdes
--- Chega a me dar calafrios. Ui!!! - - fez a moça se tremendo toda com os braços cruzados.
Lister
--- E os Maias não estavam sozinhos. Há uma ideia central para os Portões do Inferno. A crença que o caminho leva a uma viagem perigosa. Uma horrível passagem por um labirinto traiçoeiro sob a Terra. Caminhos pelos quais era preciso passar e alguns que se precisava fazer para chegar ao outro mundo com aquele de atravessar os rios. A ideia de ir ao Inferno não é algo que se faça sem pensar. E qualquer herói de tentar entra nas trevas certamente terá que ter um bom motivo pois é o lugar mais assustador do mundo. - -
Lourdes
--- Horrível! Acho que vou desmaiar! - - a moça estremeceu.
Lister
--- Cuidado. Não vá desmaiar mesmo. Esses são os grandes obstáculos e os grandes perigos. O Inferno está repleto de risco a todo momento. O maior mistério está escondido bem no fundo da caverna. Restos humanos enterrados nas profundezas do Xibalba. Isso confirma a mais horripilante lenda do local. Uma jovem mulher no fim de sua adolescência. Era incrível pensar como essa moça chegou ao fundo do abismo. A jovem foi lavada para o local e acabou sendo sacrificada. O caminho para Xibalba era uma viagem sem volta. - -
Lourdes
--- Miserável! Eles eram uns assassinos! Covardes! Certamente eles estupraram a mocinha. - - declarou irada
Lister
--- Os Portões para o Inferno estão conectados por uma crença e uma passagem perigosa até o Mundo dos Mortos. Em sua descida para o mundo o herói grego, Teseu, perdeu a memória. Ele ficou preso e atormentado por 74 anos. Diante dos textos mesopotâmios, a estrada do submundo estava repleta de perigosas montanhas, rios e Portões. E no antigo Egito a arriscada descida sob o Mundo começava por uma verdadeira porta diante de uma tumba. A Porta secreta era um verdadeiro portão ou entrada para o submundo. Os egípcios acreditavam que as tumbas eram as verdadeiras passagens para o submundo.
Lourdes
--- Queres mais vinho ou uísque? - - indagou para calar toda aquela tragédia.
Lister
--- Uísque, por favor. Queres ouvir mais? - - perguntou sem sorrir.
Lourdes
--- Espere. Deixe eu trazer a bebida. - - sorriu
De passagem para o balcão Lourdes foi fisgada de imediato pela dona do bar. E então a mulher lhe indagou.
Zefinha
--- Que conversa é essa tão demorada? - - com a cara abusada
Lourdes
--- Conversas apenas. Ele está contando coisas do arco da velha. - - respondeu
Zefinha
--- E o que ele quer ainda? - -
Lourdes
--- Dose de uísque. Talvez a conta. Ele é assim mesmo. - - sorriu
Zefinha
--- Não tem nem cerveja? - -
Lourdes
--- Não. Ele já comeu uma porção de fígado. - - sorriu

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