segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

LAGO AZUL - 13 -

-  FREVO -
- 13 -
TAMBORINS -

Um grupo de afoitos rapazes mascarados chegaram ao Bar Lago Azul às 8 horas da noite daquele mesmo dia. Era a folia tomando conta do recatado botequim. Uma zoada infernal se fazia ouvir. Tamborins, bombos, cornetas e alegria contagiante. Toque zoavam por todo o canto e a turma animada gritava o entoar extasiante era por demais vibrante. Todos, de fora, cantavam marchinhas animadas ao som do barulho dos surdos. Geraldo indagava.
Geraldo
--- O que é isso? - -  indagou com surpresa.
Garçonete
--- Carnaval! - - respondeu a moça a sorrir
Zefinha
--- Eu não suporto essa doidice! - - discorreu abusada.
Lourdes
--- De agora em diante é ter de suportar. A turma da alegria está eufórica. - - sorriu a moça
E a turma entrou pelo Bar fazendo batucada com suas cornetas, trombones e batucadas. A festa era de forma entusiasmada com as baterias das escolas de samba animando a festa. Tudo virou loucura e ninguém suportava tanta zoada, a não ser os bêbados com suas garrafas para o alto, cantando e dançando como podiam para ter mais vibração a cada instante.
Geraldo
--- Que zoada! - - disse o homem
Lourdes
--- É carnaval, seu Geraldo! - - respondeu a moça a gargalhar.
Geraldo
--- E quem mandou entrar aqui? - - indagou desesperado
Garçonete
--- Isso é como mosca. Entra em todo canto. A isquindô, isquindô. - - gargalhava a garçonete.
Zefinha
--- Arrocha! Quero ver é quem paga a conta. - - reclamou sem graça
E a bateria tocava sem trégua no meio da confusão. Um grupo ainda pequeno e que foi aumentado com o passar dos segundos, minutos e horas. Cada qual que bebesse mais. E Chico era mais afoito arrastando os pés e levantando o copo como se nada fosse tão importante como aquela bagunça. Em um minuto o bar se encheu de beberrões. Nas cornetas estridentes se tocava uma música de velhos carnavais: o “ala-la-ô” era a mais acertada. Máscaras interessantes faziam de toda gente aquele punhado de disfarçados. Moças e rapazes se contrafaziam da forma como podiam. Era a algazarra total. No palco armado no fim do salão as cornetas lá estavam a tocar os arranjos da loucura. Os surdos a bater incontinentes vibravam por toda a extensão da avenida. De um momento para outro via-se as moças do bar vestidas de trajes deselegantes, rostos pintados, cabeças entupidas de um punhado de talco. O dono do bar também findava por ser agarrado e emplumado com arranjos fantasiosos em seu rosto, cabeça e restante do corpo. E os bagunceiros a tocar e cantar o quanto mais alto melhor as marchas de carnaval. Bombos, surdos e faróis se misturam com clarins a vibrar constante. Aquela alegria toda ingressou por altas horas da noite. Somente o tempo parou quando a folia tomou seu outro rumo. Rapa Coco dormia de qualquer jeito em um canto de parede, bêbado até demais. O médico Lister sumiu do local tão depressa o quanto pode.
Lourdes
--- Onde está o doutor Lister? - - indagou a moça.
Garçonete
--- Sei lá. Fugiu! - - gargalhou Zuleide
No dia seguinte, cheio de serpentina, confete e purpurinas Rapa Coco acordo com o barulho do carro novo ou quase novo e as divinas mulheres entrado no bar, abrindo as portas com as chaves mestras para cuidar da vida. Com a devida pressa as três mulheres preparam para fazer negócio de vender café, tapioca, cuscuz e mungunzá além de pães, ovos e leite, batatas, macaxeira e tudo que era serventia. Após limpar as mesas, as mulheres começaram a trabalhar cada uma a seu modo. Geraldo continuava zonzo parecendo que o barulho ainda não tina cessado. Por volta das sete horas, surgiu o Pintor procurando saber como estavam as coisas.
Zefinha
--- Uma loucura, se quer saber! Ainda estou tonta de tanto barulho! - - confessou
Pintor
--- É carnaval. O negócio é se acostumar com isso. - - sorriu
Zefinha
--- Carnaval! Carnaval! Só é bom para os outros! P’ra mim é confusão! - - falou sem entusiasmo.
Pintor
--- Vim terminas o que falta. - -
Zefinha
--- Ainda? O que falta? - - olhou ao redor
Pintor
--- Luminárias. Pinturas do forro. E algo mais. - -
Zefinha
--- Quero saber quanto vai custar. - -
Pintor
--- Nada, como já disse. Apenas deixar trabalhar. - -
Zefinha
--- E a moça? -  - buscou com o olhar
Pintor
--- Solange? Lá fora. Preparando as tintas. - -
A mulher olhou desconfiada por não pagar por nada e indagou.
Zefinha
--- Diga-se uma coisa: o homem do forro não cobrou nada? - -
Pintor
--- Nada. Nem as luminárias. A senhora vai ver como vai ficar o ambiente. –
Zefinha
--- Eu não entendo. - - desconfiada
Pintor
--- E nem precisa entender. O que se investe aqui, de graça, retira-se com muito melhor proveito em outra casa. Isso está o segredo. - -
Zefinha
--- Ah. Agora entendi. Então eu funciono como cobaia? - -
Pintor
--- Se a senhora que dizer assim, está bem. Mas não é nenhuma cobaia. A senhora segue na frente da concorrência. Mostra-se o que tem de valor. Tem lançamento de livros, pinturas, cantores, conjuntos e tudo mais. Logo após vai ter gente procurando a senhora para poder lanças as suas aquarelas, seus livros, cantores. O quanto a senhora vai fazer, é um número incalculável. Não é cobaia. Entende agora? - - perguntou.
Zefinha
--- Quer dizer que eu faço agora para colher depois? - - perguntou.
Pintor
--- Isso mesmo. Não se faça de cobaia. Sua nota é muito maior. Veja as livrarias, as editoras de discos, os programas de rádio, de televisão. Veja os sabonetes, os perfumes, os óleos de carro. Tudo tem um preço. A senhora tem seu preço. Esse é o preço. - -
Zefinha
--- Não tinha pensado assim. É melhor mesmo? - -
Pintor
--- A senhora já entendeu? - - perguntou sorrindo


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