- FREVO -
- 13 -
TAMBORINS -
Um grupo de afoitos rapazes
mascarados chegaram ao Bar Lago Azul às 8 horas da noite daquele mesmo dia. Era
a folia tomando conta do recatado botequim. Uma zoada infernal se fazia ouvir.
Tamborins, bombos, cornetas e alegria contagiante. Toque zoavam por todo o
canto e a turma animada gritava o entoar extasiante era por demais vibrante.
Todos, de fora, cantavam marchinhas animadas ao som do barulho dos surdos.
Geraldo indagava.
Geraldo
--- O que é isso? - - indagou com surpresa.
Garçonete
--- Carnaval! - - respondeu a
moça a sorrir
Zefinha
--- Eu não suporto essa doidice!
- - discorreu abusada.
Lourdes
--- De agora em diante é ter de
suportar. A turma da alegria está eufórica. - - sorriu a moça
E a turma entrou pelo Bar fazendo
batucada com suas cornetas, trombones e batucadas. A festa era de forma
entusiasmada com as baterias das escolas de samba animando a festa. Tudo virou
loucura e ninguém suportava tanta zoada, a não ser os bêbados com suas garrafas
para o alto, cantando e dançando como podiam para ter mais vibração a cada
instante.
Geraldo
--- Que zoada! - - disse o homem
Lourdes
--- É carnaval, seu Geraldo! - -
respondeu a moça a gargalhar.
Geraldo
--- E quem mandou entrar aqui? -
- indagou desesperado
Garçonete
--- Isso é como mosca. Entra em
todo canto. A isquindô, isquindô. - - gargalhava a garçonete.
Zefinha
--- Arrocha! Quero ver é quem
paga a conta. - - reclamou sem graça
E a bateria tocava sem trégua no
meio da confusão. Um grupo ainda pequeno e que foi aumentado com o passar dos
segundos, minutos e horas. Cada qual que bebesse mais. E Chico era mais afoito
arrastando os pés e levantando o copo como se nada fosse tão importante como
aquela bagunça. Em um minuto o bar se encheu de beberrões. Nas cornetas
estridentes se tocava uma música de velhos carnavais: o “ala-la-ô” era a mais
acertada. Máscaras interessantes faziam de toda gente aquele punhado de
disfarçados. Moças e rapazes se contrafaziam da forma como podiam. Era a
algazarra total. No palco armado no fim do salão as cornetas lá estavam a tocar
os arranjos da loucura. Os surdos a bater incontinentes vibravam por toda a
extensão da avenida. De um momento para outro via-se as moças do bar vestidas
de trajes deselegantes, rostos pintados, cabeças entupidas de um punhado de
talco. O dono do bar também findava por ser agarrado e emplumado com arranjos
fantasiosos em seu rosto, cabeça e restante do corpo. E os bagunceiros a tocar
e cantar o quanto mais alto melhor as marchas de carnaval. Bombos, surdos e
faróis se misturam com clarins a vibrar constante. Aquela alegria toda
ingressou por altas horas da noite. Somente o tempo parou quando a folia tomou
seu outro rumo. Rapa Coco dormia de qualquer jeito em um canto de parede, bêbado
até demais. O médico Lister sumiu do local tão depressa o quanto pode.
Lourdes
--- Onde está o doutor Lister? -
- indagou a moça.
Garçonete
--- Sei lá. Fugiu! - - gargalhou
Zuleide
No dia seguinte, cheio de
serpentina, confete e purpurinas Rapa Coco acordo com o barulho do carro novo
ou quase novo e as divinas mulheres entrado no bar, abrindo as portas com as
chaves mestras para cuidar da vida. Com a devida pressa as três mulheres
preparam para fazer negócio de vender café, tapioca, cuscuz e mungunzá além de
pães, ovos e leite, batatas, macaxeira e tudo que era serventia. Após limpar as
mesas, as mulheres começaram a trabalhar cada uma a seu modo. Geraldo continuava
zonzo parecendo que o barulho ainda não tina cessado. Por volta das sete horas,
surgiu o Pintor procurando saber como estavam as coisas.
Zefinha
--- Uma loucura, se quer saber!
Ainda estou tonta de tanto barulho! - - confessou
Pintor
--- É carnaval. O negócio é se
acostumar com isso. - - sorriu
Zefinha
--- Carnaval! Carnaval! Só é bom
para os outros! P’ra mim é confusão! - - falou sem entusiasmo.
Pintor
--- Vim terminas o que falta. - -
Zefinha
--- Ainda? O que falta? - - olhou
ao redor
Pintor
--- Luminárias. Pinturas do
forro. E algo mais. - -
Zefinha
--- Quero saber quanto vai
custar. - -
Pintor
--- Nada, como já disse. Apenas
deixar trabalhar. - -
Zefinha
--- E a moça? - - buscou com o olhar
Pintor
--- Solange? Lá fora. Preparando
as tintas. - -
A mulher olhou desconfiada por
não pagar por nada e indagou.
Zefinha
--- Diga-se uma coisa: o homem do
forro não cobrou nada? - -
Pintor
--- Nada. Nem as luminárias. A
senhora vai ver como vai ficar o ambiente. –
Zefinha
--- Eu não entendo. - -
desconfiada
Pintor
--- E nem precisa entender. O que
se investe aqui, de graça, retira-se com muito melhor proveito em outra casa.
Isso está o segredo. - -
Zefinha
--- Ah. Agora entendi. Então eu
funciono como cobaia? - -
Pintor
--- Se a senhora que dizer assim,
está bem. Mas não é nenhuma cobaia. A senhora segue na frente da concorrência.
Mostra-se o que tem de valor. Tem lançamento de livros, pinturas, cantores,
conjuntos e tudo mais. Logo após vai ter gente procurando a senhora para poder
lanças as suas aquarelas, seus livros, cantores. O quanto a senhora vai fazer,
é um número incalculável. Não é cobaia. Entende agora? - - perguntou.
Zefinha
--- Quer dizer que eu faço agora
para colher depois? - - perguntou.
Pintor
--- Isso mesmo. Não se faça de
cobaia. Sua nota é muito maior. Veja as livrarias, as editoras de discos, os
programas de rádio, de televisão. Veja os sabonetes, os perfumes, os óleos de
carro. Tudo tem um preço. A senhora tem seu preço. Esse é o preço. - -
Zefinha
--- Não tinha pensado assim. É
melhor mesmo? - -
Pintor
--- A senhora já entendeu? - -
perguntou sorrindo
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