- TERRA -
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TERRA -
Após carregar tudo no carro,
Geraldo e Lourdes voltaram para o Bar. A manhã estava calma àquela hora do dia,
e o pintor já estava ocupado no trabalho de erguer um tablado onde os artistas
da cidade tinham sua ocupação quando fosse dada a ordem. Havia exposição de
pinturas, livros, poesias, cantores e o que mais tivesse a se fazer. Além do
tablado, o pintor colocaria igualmente uma cortina onde o pessoal que estava a
assistir não veria o vão de trás do bar. Era algo surpreendente. Um abajur a
ilumina a sala e no palco, refletores jorraram luzes noturnas. No salão, os
intelectuais discutiam casos amenos, quando tudo estivesse pronto.
No meio do dia apareceu a
freguesia costumeira. Uns, assombrados com as pinturas aplicadas nas paredes do
Bar. Outros, importância não davam. Esses pediam cervejas, pratinhos ou mesmo
apenas uma “chamada” de cachaça. Em meio de tudo, estava o pintor e sua
ajudante. Alguem falou.
Alguém
--- Vai ser um bar de verdade ou
algo mais? - - quis saber
Garçonete
--- Bar, taverna, comércio,
boticário e tudo que se presta. - - declarou a garçonete
Alguém
--- E quando abre? - - indagou
Garçonete
--- Hoje, sexta, sábado. Qualquer
dia. - - disse a moça e saiu para atender outros fregueses.
Outro
--- Vai ter ricaço? - -
Zefinha
--- Depende. Aqui vai ter de tudo
um pouco. O senhor, que vai querer? - - indagou.
Mais um
--- E vai ter mulher? - - indagou
sorrindo
Zefinha
--- O senhor é quem sabe quanto
pode. - -
O dia transcorreu tranquilo com o
calor da tarde, o buzinar dos automóveis, o martelar dos mecânicos e a zoada
dos carros em consertos nas oficinas próximas. Nesse ponto, chegou um pouco
ante do combinado, o médico Saul Lister a procura de encontrar o pintor das
gravuras do Bar. Após olharas gravuras verificou o palco, o abajur e as
luminárias de trás do placo. O pintor não estava. Naquela hora, seu serviço
havia sido concluído em definitivo. Lourdes foi atende-lo com presteza. O
médico, de vez, indagou.
Lister
--- Boa noite. O pintor? - -
falou sério
Lourdes
--- Saiu. Terminou seu trabalho.
- - respondeu sorrindo
Lister
--- Ah, bom. Não tem jeito. Inda
volta? - -
Lourdes
--- Não sei dizer. Talvez amanhã.
É servido? - - indagou
O médico Lister bateu na sua
barriga e afinal declarou.
Lister
--- Uísque, antes de mais nada. -
- e sorriu
Lourdes
--- Pratinho? - -
Lister
--- Agora, não. Apenas uísque. -
- declarou
Lourdes foi e voltou com a melhor
pressa. E chegou sorrindo.
Lourdes
--- Pronto. O seu uísque. Algo
mais? - -
Lister
--- Apenas conversar. Sente-se.
Vamos trocar ideias. - -
Lourdes
--- Não tenho ideias. Mas, a
propósito, tenho perguntas. O senhor saber sobre a formação da Terra? - -
Lister
--- Alguma coisa. Qual o
interesse? - - quis saber.
Lourdes
--- Curiosidades. - - sorriu
O médico calou um pouco antes de
falar
Lister
---Bem. A Terra, essa Terra, teve
um começo. Após esse começo, tivemos vulcões e terras geladas. Uma bola de
neve. Uma era glacial mais longa e fria a atingir o planeta. Um paredão de gelo
com milhares de metros de altura. Toda a luz é refletida para o espaço. Os
vulcões ficaram em extinção até que a Terra começou a esfriar. Após 15 milhões
de anos o gelo começa a derreter. Era um fim da era glacial. - -
Lourdes
--- E havia gente? - - quis saber
Lister
--- Não. Havia peróxido de
hidrogênio essa mesma substância química que se usa para descolorir o cabelo. É
o despertar da Terra. É o começo da vida que não existiu até então. Evoluíram
as bactérias primitivas. Não havia gente como nós. Apenas bactérias. Plantas,
lesmas. É a explosão câmbria. Então vieram as minhocas e outros moluscos,
parentes das lagostas e escorpiões.
Lourdes
--- Lagostas? - - espantada
Lister
--- Isso. A vida nos oceanos está
florescendo. De bactérias microscópicas aos verdadeiros monstros alados.
Passaram-se milhões de anos para se poder chegar ao homem ereto. Era um mundo
cheio de vida onde os monstros ficam à espreita. O Sol, vem com sua força e
encontra o ozônio formando uma capa ao redor do planeta. A vida prospera
protegida da radiação. Após 15 milhões de anos surgem os peixes, as florestas.
Dinossauros, aves, mamíferos e por fim, o homem. - -
Lourdes
--- Tanto tempo assim? Nossa! - -
procurou se sustenta
Lister
--- É formação da Terra. Musgos e
samambaia por toda parte. Nós poderíamos ficar em meio dessas florestas. Viver
aqui e agora. É um planeta azul e verde repleto de alimentos. Peixes, plantas,
libélulas do tamanho de uma ave. As plantas morreram a milhões de anos e hoje
servem como carvão para as nossas casas. A vida evolui e em breve as sementes
germinam e o deserto volta à vida.
Lourdes
--- Curioso. Eu nem imaginava. -
- articulou
Lister
--- E assim veio a vida em nosso
planeta. - - sorriu
Lourdes
--- Mas a história não acabou? -
- curiosa
Lister
--- Não. Não. Esse é apenas o
começo. - - sorriu
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