sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

LAGO AZUL - 11 -

- FEIRA -
- 11 -

GRAVIOLA -

No dia seguinte, pela manhã antes das 6 horas, tudo estava arrumado e Lourdes colocou em sua cabeça um cesto de comidas típicas que dona Zefinha havia preparado. Seu Geraldo já estava no carro e tocou no arranco para ver se o carro pegava. E pegou. Ele sorriu. Saiu para fora orgulhoso pois pela vez primeira não seria preciso empurrar o veículo. Lourdes colocou o cesto para dentro do carro e ficou à espera de dona Zefinha com suas mãos nos quadris. O vento frio do dia acalmava tudo a todo instante. O vendedor de pescado passou com o seu cardume de peixe sem ao menos oferecer a quem quisesse comprar. Umas mulheres passaram como quem voltava para ir até a praia onde fara arrumação de lavagem de roupa nas cacimbas abertas a beira mar. Lourdes apenas olhou para as mulheres e nada falou. Seu Geraldo observou o céu quase limpo e relatou.
Geraldo
--- Não chove hoje. É verão, afinal. - - e cuspiu de lado.
Dona Zefinha veio mais que depressa e foi dizendo.
Zefinha
--- Vamos! Vamos! Estou atrasada! - - -
Geraldo
--- Olha quem fala. Estou aqui há horas. – - e entrou no seu auto.
Lourdes
--- Tá tudo em ordem, Zefa? - - indagou
Zefinha
--- Acho que não falta nada. Vamos. - - - respondeu a mulher toda assanhada em seus cabelos.
E o carro partiu com toda velocidade que lhe permitia naquela hora, bem cedo da manhã. O homem passou por uma bodega e viu gente a comprar coisas para o seu café matinal. Um padeiro saía da venda onde havia deixado seus pães da manhã. Lourdes falou.
Lourdes
--- E a Terra? - - se dirigiu a Geraldo
Geraldo
--- A Terra? Milhões de anos. O Padre contou que foi preciso avançar no tempo. Muito tempo. Milhões de anos. E o mundo se fragmentou. O calor da Terra escapa em fusão para a superfície enfraquecendo a crosta. Milhões de anos atrás. Foi assim o ocorrido. Vulcões a explodir. Bum! Bum! Bum! Fumaça e gás por toda a parte. - -
Zefinha
--- Você vai hoje ao Mercado? - - perguntou-lhe a mulher.
Geraldo
--- Logo que deixar você. Vou ver se pego coisas novas. - - -
Lourdes
--- Bananas. De Assú. Tem muitas, acredito. - -
Geraldo
--- Isso. Mamão, jaca, melancia. Tudo isso. Quer mais? - - indagou sorrindo.
Lourdes
--- Só se for graviola! - - gargalhou.
Zefinha
--- Por falar em graviola me deu sede agora. - - falou a mulher.
Geraldo
--- Estamos chegando. Você mata a sede. Lourdes, queres ir ao mercado? - -
Lourdes
--- Zefa é quem sabe. - -
Zefinha
--- Vá com ele. Pelo menos não demora muito. - -
Geraldo
--- E eu demoro? Vou lá e volto! Demoro quando tem carro a chegar. - -
Zefinha
--- E as negras? - - olhou para Geraldo com cara rude.
Geraldo
--- Lá vem você meter a colher cheia de banha. - - reponde com rosto trancado.
O Mercado Público estava cheio de gente de todos os tipos. Gente pobre, mais ou menos, mendigos, cegos, aleijados, mudos, e também gente gorda ou miúda. Com paletó ou de roupa puída. Gente mesmo de toda sorte. E ninguém olhava um para o outro. O carregador de peixe saía com seu balaio com cardumes de pescados entre vendedores de carnes e negociantes de toda sorte, inclusive os de jogo de bicho com seus pules nas mãos
Jogador
--- Olha a sorte! Olha a sorte! Olha a sorte! - - falava manso o bicheiro
Lourdes
--- Onde tem frutas? - - indagou a Geraldo
Geraldo
--- Onde tem frutas? Você está pisando em cima de uma. Por todo canto. Aqui, alí, mais adiante. Em todo o local que vende grude, tapioca, goma, e mangaba, caju, manga rosa e saborosas graviolas. - - sorriu
Lourdes
--- Graviolas? Onde? - - e voltou a olhar com cuidado.
Uma mulher de porte avantajado tinha um balde repleto de graviolas. Graviolas grandes e menores. Todas de vários tamanhos. Lourdes indagou:
Lourdes
--- Compro? - - com a boca cheia de água.
Geraldo
--- Compre. Umas duas, três ou mais ainda. Compre o cesto todo. - - sorriu.
Mulher
--- Esse é melhor. Pode comprar. Eu garanto. - - relatou
E Lourdes comprou três graviolas, por cuidado. Geraldo pagou e a moça sorriu. Com as graviolas na mão a moça quase delirou. Mangas, goiabas, maçarandubas, cajus grandes que deixaram Lourdes a ver fantasmas.
Lourdes
--- Eu devia levar uns cajus desses. Posso? - - perguntou a Geraldo
Geraldo
--- Se quiser. Zefa gosta muito de caju. Vamos à frente. Tem outras bancas. - -
Lourdes
--- Nossa Senhora. Eu vou morrer empanzinada de tanta graviola. Amanhã venho de novo ao Mercado. - -
Geraldo
--- Melhor é a feira. Por lá você encontra tudo o que precisa ou não. - -
Lourdes
--- Feira! É mesmo. Na feira. - - sorriu
E Geraldo comprou de tudo um pouco. Queijo, carnes, manteiga do sertão, bananas, farinha, goma seca e entrou na vez da carne verde, procurando saber preço, para ver se podia levar tudo no carro, que fazia a primeira viagem de compras no Mercado Público. Ajuntou tudo e depositou na mala. Já suado até demais, ele perguntou a Lourdes.
Geraldo
--- Alguma coisa? - - indagou


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