quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

SUPLÍCIO DE UM MISTÉRIO - 04 -

- SATURNAS -
- 04 -
MISTÉRIO 

Após a janta daquela noite, com seu quarto já todo arrumado, Ada observava a praia logo abaixo com o movimentar de gente, carros, quitandeiros, lojas de miudezas, turistas, hotéis de média classe além das tradicionais mulheres da zona tendo a seu lado, a fumar seu cachimbo, o homem Gastão levando a vida sem mais nada. Nesse ponto Ada viu uma estrela cadente por breve instante.
Ada
--- Um meteoro. – - apontou do Céu para a terra.
Gastão
--- Estrela cadente! - - retirou o cachimbo da boca para falar.
Ada
--- É como se chama. Deixa um risco de luz quando cai.
Gastão
--- Dizem que quando você vê uma estrela-cadente, um pedido seu será realizado. - - colocou de volta o cachimbo à boca.
Sentado em uma cadeira de balanço, voltada para trás, o homem segurava-se com uma das pernas presa no terraço. A noite era branda com o movimento na praia e quem estava longe, lá em cima, na estrada, podia ver tudo em volta até a rua mais para traz conhecida por Rua do Motor
Ada
--- Que rua é aquela? - - indagou
Gastão
--- Qual? Ah! Rua do Motor. - -
Ada
--- Motor? - - estranhando
Gastão
--- Sim. Era como se chamava a rua no tempo antigo. Ali, não tinha nada de progresso a não ser um motor para puxar água que abastecia aos moradores. Povo humilde. Aliás, na rua ainda mora gente pobre. Não tem nenhum edifício. Houve um tempo que uma caixa d’água se rompeu e destruiu parte da rua, em baixo. Mas continua sendo chamada Rua do Motor. - - apagou o cachimbo e o guardou no bolso da calça
Ada
--- Histórias que o povo nem sabe. - - disse a moça escorada na parte alta do edifício olhando apenas para baixo
Gastão
--- Uma outra coisa. A Religião. Como você muito bem, para a maioria das pessoas é mais fácil desenhar a realidade e criar um mito em vez de buscar uma explicação clara e lógica para as grandes questões da humanidade. - -
Ada
--- Entendo. Isso é verdade. - -
Gastão
--- É assim que surgem as religiões. A grande confusão na religião babilônica, grega, egípcia e romana sobre as falsas crenças e rituais católicos. No dia 25 de dezembro era conhecido no Império Romano como o solstício de Inverno. Era comemorado o dia do Deus Sol sobre a Lua. –
Ada
--- Ouvi falar. - -
Gastão
--- A Saturnais, festa romana celebrada em dezembro, oferecia um modelo dessa criação dessa celebração. Havia os banquetes, a troca de presentes e a queima de velas. Nos países europeus seus habitantes decoravam suas casas com luzes de todos os tipos, para celebrar o solstício de Inverno. - -
Ada
--- E a Árvore de Natal? - - quis saber
Gastão
--- Muito bem. A Árvore é um ato comum entre os europeus pagãos. A presença da Árvore, em dezembro, representa a presença da entidade celebrada no dia 25. O Deus Tamuz ou Deus dos Sumérios conhecido como Dumuzi. E pelos egípcios, como Hórus. - -
Ada
--- Nesse caso, tem vários Deuses? - -
Gastão
--- Sim. Vários Deuses. No dia 25 tem se dedicado ao nascimento de Hórus nascido da Deusa Isis, a Virgem Mãe que continuou sendo virgem mesmo depois do parto. A palavra Natal é derivada de o verbo “nascer”, como se define no latim: natális.
Ada
--- Nessa eu passo! - - gargalhou
Gastão
--- Noite Feliz, diz a canção. Mas, nem todos tem uma noite feliz. Desastres, acidentes, afogamentos, assassinatos, espancamento, separações de casais, brigas. O número de suicídios acelera muito mais nessa época. Para os Shopimcenter, essa grande festa é um negócio e dos mais afortunados. - -
Ada
--- Em uma cidade paulista teve um caso de um homem que matou sua ex-esposa, um filho e mais dez pessoas. Horrível! Em seguida disparou a arma contra a própria cabeça- - relatou
Gastão
--- Como você pode ver. Voltando a história. Em nenhuma parte da Bíblia, do Novo Testamento, inclusive, encontra-se a data do nascimento de Jesus. Essa festividade surgiu em tempos de novas Religiões, como a Católica e a Protestante de Martinho Lutero, inclusive, e foi parar nos Shopping Center a promover o sistema capitalista. - -
Ada
--- Mas tem de tudo num Shopping. - - vibrou
Gastão
--- Isso é verdade. Antigamente nós comprávamos em Mercado Público, nos quitandeiros, nas lojas da grã-finagem. Artigos ruins e carros. Mas era em uma loja de grã-fino, o que se vai fazer?
Ada
--- Meu pai contava que em Natal tinha uma loja já feita para grã-finos. A Loja 4.400. Mas durou pouco tempo. Um incêndio a destruiu por completo, na Ribeira. - - alegou
Gastão
--- É verdade. Também ouvi falar. Até pouco tempo tinha seus escombros. Ainda hoje a Ribeira é um pardieiro. Na verdade, tudo isso vem de um falso deus babilônico que em vez de adquirir, ele rejeita. Não religião judaica tem a festa da pascoa. É comemorada no primeiro domingo depois da Lua Cheia. - -
Ada
--- Nunca entendi direito essa festa. - -
Gastão
--- No tempo de Roma, era comemorado o Tempo da Primavera. A Deusa Estore. Também se comemora a Deusa Babilônica Isthar, da Suméria. A Deusa da Lua. A pascoa é uma versão da pascoa judaica, como eu já disse. As lebres e os coelhos são o símbolo da fertilidade em celebrações pagãs relacionadas com a Primavera, tanto na Europa como no Oriente Médio. - -
Ada
--- Eu pensava diferente. Tem uma música que diz: “Coelhinho da pascoa que trazes pra mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim. Coelhinho da páscoa, que cor eles têm? Azul, Amarelo, Vermelho também”. - - e dançou para marcar a cadência da melodia
Gastão
--- É linda essa melodia. Ela é cantada por crianças do tempo da primavera. Tem mais estrofes.
E sorriu contente. 

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