- SATURNAS -
- 04 -
MISTÉRIO
Após a janta daquela noite, com
seu quarto já todo arrumado, Ada observava a praia logo abaixo com o movimentar
de gente, carros, quitandeiros, lojas de miudezas, turistas, hotéis de média
classe além das tradicionais mulheres da zona tendo a seu lado, a fumar seu
cachimbo, o homem Gastão levando a vida sem mais nada. Nesse ponto Ada viu uma
estrela cadente por breve instante.
Ada
--- Um meteoro. – - apontou do
Céu para a terra.
Gastão
--- Estrela cadente! - - retirou
o cachimbo da boca para falar.
Ada
--- É como se chama. Deixa um risco
de luz quando cai.
Gastão
--- Dizem que quando você vê uma
estrela-cadente, um pedido seu será realizado. - - colocou de volta o cachimbo
à boca.
Sentado em uma cadeira de
balanço, voltada para trás, o homem segurava-se com uma das pernas presa no terraço.
A noite era branda com o movimento na praia e quem estava longe, lá em cima, na
estrada, podia ver tudo em volta até a rua mais para traz conhecida por Rua do
Motor
Ada
--- Que rua é aquela? - - indagou
Gastão
--- Qual? Ah! Rua do Motor. - -
Ada
--- Motor? - - estranhando
Gastão
--- Sim. Era como se chamava a
rua no tempo antigo. Ali, não tinha nada de progresso a não ser um motor para
puxar água que abastecia aos moradores. Povo humilde. Aliás, na rua ainda mora
gente pobre. Não tem nenhum edifício. Houve um tempo que uma caixa d’água se
rompeu e destruiu parte da rua, em baixo. Mas continua sendo chamada Rua do
Motor. - - apagou o cachimbo e o guardou no bolso da calça
Ada
--- Histórias que o povo nem
sabe. - - disse a moça escorada na parte alta do edifício olhando apenas para
baixo
Gastão
--- Uma outra coisa. A Religião.
Como você muito bem, para a maioria das pessoas é mais fácil desenhar a
realidade e criar um mito em vez de buscar uma explicação clara e lógica para
as grandes questões da humanidade. - -
Ada
--- Entendo. Isso é verdade. - -
Gastão
--- É assim que surgem as
religiões. A grande confusão na religião babilônica, grega, egípcia e romana
sobre as falsas crenças e rituais católicos. No dia 25 de dezembro era
conhecido no Império Romano como o solstício de Inverno. Era comemorado o dia
do Deus Sol sobre a Lua. –
Ada
--- Ouvi falar. - -
Gastão
--- A Saturnais, festa romana
celebrada em dezembro, oferecia um modelo dessa criação dessa celebração. Havia
os banquetes, a troca de presentes e a queima de velas. Nos países europeus
seus habitantes decoravam suas casas com luzes de todos os tipos, para celebrar
o solstício de Inverno. - -
Ada
--- E a Árvore de Natal? - - quis
saber
Gastão
--- Muito bem. A Árvore é um ato
comum entre os europeus pagãos. A presença da Árvore, em dezembro, representa a
presença da entidade celebrada no dia 25. O Deus Tamuz ou Deus dos Sumérios
conhecido como Dumuzi. E pelos egípcios, como Hórus. - -
Ada
--- Nesse caso, tem vários
Deuses? - -
Gastão
--- Sim. Vários Deuses. No dia 25
tem se dedicado ao nascimento de Hórus nascido da Deusa Isis, a Virgem Mãe que
continuou sendo virgem mesmo depois do parto. A palavra Natal é derivada de o
verbo “nascer”, como se define no latim: natális.
Ada
--- Nessa eu passo! - - gargalhou
Gastão
--- Noite Feliz, diz a canção.
Mas, nem todos tem uma noite feliz. Desastres, acidentes, afogamentos,
assassinatos, espancamento, separações de casais, brigas. O número de suicídios
acelera muito mais nessa época. Para os Shopimcenter, essa grande festa é um
negócio e dos mais afortunados. - -
Ada
--- Em uma cidade paulista teve
um caso de um homem que matou sua ex-esposa, um filho e mais dez pessoas.
Horrível! Em seguida disparou a arma contra a própria cabeça- - relatou
Gastão
--- Como você pode ver. Voltando
a história. Em nenhuma parte da Bíblia, do Novo Testamento, inclusive,
encontra-se a data do nascimento de Jesus. Essa festividade surgiu em tempos de
novas Religiões, como a Católica e a Protestante de Martinho Lutero, inclusive,
e foi parar nos Shopping Center a promover o sistema capitalista. - -
Ada
--- Mas tem de tudo num Shopping.
- - vibrou
Gastão
--- Isso é verdade. Antigamente
nós comprávamos em Mercado Público, nos quitandeiros, nas lojas da grã-finagem.
Artigos ruins e carros. Mas era em uma loja de grã-fino, o que se vai fazer?
Ada
--- Meu pai contava que em Natal
tinha uma loja já feita para grã-finos. A Loja 4.400. Mas durou pouco tempo. Um
incêndio a destruiu por completo, na Ribeira. - - alegou
Gastão
--- É verdade. Também ouvi falar.
Até pouco tempo tinha seus escombros. Ainda hoje a Ribeira é um pardieiro. Na
verdade, tudo isso vem de um falso deus babilônico que em vez de adquirir, ele
rejeita. Não religião judaica tem a festa da pascoa. É comemorada no primeiro
domingo depois da Lua Cheia. - -
Ada
--- Nunca entendi direito essa
festa. - -
Gastão
--- No tempo de Roma, era
comemorado o Tempo da Primavera. A Deusa Estore. Também se comemora a Deusa
Babilônica Isthar, da Suméria. A Deusa da Lua. A pascoa é uma versão da pascoa
judaica, como eu já disse. As lebres e os coelhos são o símbolo da fertilidade
em celebrações pagãs relacionadas com a Primavera, tanto na Europa como no
Oriente Médio. - -
Ada
--- Eu pensava diferente. Tem uma
música que diz: “Coelhinho da pascoa que trazes pra mim? Um ovo, dois ovos,
três ovos assim. Coelhinho da páscoa, que cor eles têm? Azul, Amarelo, Vermelho
também”. - - e dançou para marcar a cadência da melodia
Gastão
--- É linda essa melodia. Ela é
cantada por crianças do tempo da primavera. Tem mais estrofes.
E sorriu contente.
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