quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

SUPLÍCIO DE UM MISTÉRIO - 11 -

- CASAMENTO -
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CASAMENTO -

Alguns dias depois, antes de viajar a São Paulo, o casal estava pronto para o casamento. Ele, de roupa grã-fina, na maior elegância do mundo, traje azul marinho feito sob medidas com seus assessórios, uma grata vermelha em forma de borboleta presa a garganta, sustentando uma camisa branca e, a noiva, em traje de branco longo cobrindo os pês, um véu, a face, uma coroa de prata em cima da cabeça com um par de botas finas, todas brancas, enfeitadas de bordas douradas indo até a canela, nem por isso a mostrar sua enigmática sensualidade, tendo às mãos um cacho de rosas. A noiva estava pronta para seguir até o altar. Toda pintada, a face era um visor para alguém que a visse, sorridente e delirante, entrar na Igreja dos Capuchinhos. O órgão iniciou a Marcha Nupcial. O toque de três trompetes com a melodia de Uma Odisseia no Espaço, ao som de tambores, surdos, violinos e pratos, ela, enrubescida, se punha do lado de fora do portal do Convento, à espera do final de entrada, acompanhada do seu padrinho de cerimônia. Em seguida, a melodia triunfal de Mendelssohn, dava abertura ao altar, da apreensiva noiva. O noivo não suportou a emoção e, então, chorou comovente. Era um delírio incontido da parte do noivo. Ada, sorridente, caminhava solene, em trajes claras, com o seu padrinho. Várias pessoas que estavam no caminho da Igreja, também choraram de emoção. Flores ao leu enfeitavam o caminho da noiva. Em seguida, Ada parou para receber a mão do seu noivo. E um abraço fraternal do padrinho.
Após a cerimônia religiosa, os nubentes caminharam até fora da Igreja sob aplausos comoventes de vários circunstantes para tomar um coche que os levaria até um salão de baile. Eles estavam emocionados. Beijos furtivos encobriam a face de Ada dados pelo seu noivo. A festa rolou por longas horas sem fim. O pai de Ada não se furtava aos brindes. Com suas canecas, levantava até o alto a festejar a noiva, A sua mãe, emocionada, continuava a chorar.
Mãe
--- Minha filha. Minha filha querida. Que Deus te faça feliz para sempre. - - disse chorando
Ada
--- Obrigada, mãezinha! Seja feliz a senhora! - - lagrimas na face
Pai
--- Viva a noiva! - - dizia o velho já cambaleante.
Entre mil abraços, os noivos seguiram direto para o Aeroporto. Naquele dia, eles rumaram para São Paulo. A noiva trocou de roupa. Corina foi quem ficou ajeitado tudo em seu baú. Ainda chorosa pelo que viu na Igreja, a mulher deseja:
Corina
--- Deus te guie. - - lacrimosa.
No outro dia, depois do almoço no Hotel, Ada foi buscar os melhores equipamentos de observar o espaço e todos os demais que se fizeram necessários. Buscou em um e outros locais, logo, logo resolveu ficar com aquele primeiro. Dois dias de pesquisa e conversas com especialistas Ada decidiu por adquirir aquele que mais servisse. Telescópio astronômicos. Seus acessórios, TVs para monitorar os astros. Tudo o que fosse necessário para um iniciante em pesquisa celeste. Ada sabia muito bem, pela experiência adquirida que os telescópios podiam ser os refratores. Esses exigem prisma diagonal. Os refletores exigem mais cuidados e manutenção, como corrente de ar que embaçam a imagem. De um ou de outro, ela preferiu ficar com o segundo. Binóculo era essencial.
Ada
--- Esse aqui é bom! - - declarou
Arrumado tudo e sem faltar mais nada, Ada sorriu para o seu marido. Esse de nada pode oferecer como sugestão. Apenas sorriu de volta. Revistas astronômicas eram também importantes. Uma delas, Ada a tinha em seu baú. Na Universidade, tinham muitas revistas. Outros colegas de estudos já haviam montado seus aparelhos nas próprias residências onde habitavam. Alguns, até mesmo nas fazendas, longe de cidades. Nos campos propriamente ditos.
Gastão
--- Você pensa em montar tudo isso em nosso apartamento? - -
Ada
--- Sim. É melhor do que em Macaíba. Não perco esse negócio de vai e vem. - - sorriu
Gastão
--- E se chover? - -
Ada
--- Com chuva ou sem chuva eu vou p’ra lá! - - risadas
Gastão
--- E em Macaíba? - - quis saber
Ada
--- Que? Com aquelas vacas mugindo o tempo todo? Nunca! - - falou brava.
Gastão
--- As bichinhas são tão mansas.  - - relatou
Ada ainda fez “hum” com as mãos na cintura a olha-lo de cima para baixo.
Eles passaram uma semana em clima de festa. Visitaram museus, assistiram filmes, alguns antigos, andaram em rodas gigantes, em parques infantis, assistiram shows. Tudo isso, foi encantador. Tudo isso era tranquilizante até o tempo de retornar ao serviço. O homem ficou mais sossegado a passar dois meses sem nada fazer. Sempre olhava os acadêmicos objetos que sua ama estava a pôr em funcionamento, dessa vez, na cobertura do edifício onde nada podia incomodá-la. Nem mesmo a chuva. E toda a noite Ada estava lá, olhando o Céu escuro, quando era noite sem luar. E ficava noites e noites a observar as estrelas com sua barriga a botar pela boca. Quando vez a barriga dava um pulo. E ela perguntava ao marido.
Ada
--- Está vendo? - - sorria
Gastão
--- Não. O que? - - distraído sentado em uma cadeira de mola ouvindo a noite
Ada
--- Teu velho. Já vai sair. - - respondia
Gastão
--- Quando? - -
Ada
--- Por esses dias. Não tarda muito. - -
Certa noite, quase 5 da madrugada, Ada chamou o marido que ainda dormia o seno dos justos. Ele despertou sem saber o que ocorrera. Ada falou.
Ada
--- Já é hora! - -
Gastão
--- Agora? Que horas? - - procurou ver o relógio de pulso
Ada
--- Quase cinco. - -
O homem se levantou, vestiu a calça por uma perna. E teve que desmanchar por não poder andar. Aperreado, quase louco. Reclamava por qualquer coisa e Ada a sorrir, despreocupada. A espera do marido. Do tem que se abotoada. Um pé na chinela e outro no sapato. A mulher a sorris apenas a dizer para Gastão vestir a cueca. Ele, azucrinado. Ainda a reclamar
Gostão
--- Que horas, que horas? - -
Ada
--- Vamos embora! Se não eu tenho o menino no carro. - - sorria
Gastão
--- Espere. Minhas meias. - -
E assim foi o homem, cambaleado de sono, procurando as chaves de carro. Por fim, acelerou com toda a presa em chegar a Maternidade, desorientado, a indagaras as horas e ouvir a resposta.
Ada
--- Já está saindo. Apresse. Vá pelo lado que não tem carro. Tá saindo, não te disse. – 

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