- CASAMENTO -
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CASAMENTO -
Alguns dias depois, antes de
viajar a São Paulo, o casal estava pronto para o casamento. Ele, de roupa
grã-fina, na maior elegância do mundo, traje azul marinho feito sob medidas com
seus assessórios, uma grata vermelha em forma de borboleta presa a garganta,
sustentando uma camisa branca e, a noiva, em traje de branco longo cobrindo os
pês, um véu, a face, uma coroa de prata em cima da cabeça com um par de botas
finas, todas brancas, enfeitadas de bordas douradas indo até a canela, nem por
isso a mostrar sua enigmática sensualidade, tendo às mãos um cacho de rosas. A
noiva estava pronta para seguir até o altar. Toda pintada, a face era um visor
para alguém que a visse, sorridente e delirante, entrar na Igreja dos
Capuchinhos. O órgão iniciou a Marcha Nupcial. O toque de três trompetes com a
melodia de Uma Odisseia no Espaço, ao som de tambores, surdos, violinos e
pratos, ela, enrubescida, se punha do lado de fora do portal do Convento, à
espera do final de entrada, acompanhada do seu padrinho de cerimônia. Em
seguida, a melodia triunfal de Mendelssohn, dava abertura ao altar, da
apreensiva noiva. O noivo não suportou a emoção e, então, chorou comovente. Era
um delírio incontido da parte do noivo. Ada, sorridente, caminhava solene, em
trajes claras, com o seu padrinho. Várias pessoas que estavam no caminho da
Igreja, também choraram de emoção. Flores ao leu enfeitavam o caminho da noiva.
Em seguida, Ada parou para receber a mão do seu noivo. E um abraço fraternal do
padrinho.
Após a cerimônia religiosa, os
nubentes caminharam até fora da Igreja sob aplausos comoventes de vários
circunstantes para tomar um coche que os levaria até um salão de baile. Eles
estavam emocionados. Beijos furtivos encobriam a face de Ada dados pelo seu
noivo. A festa rolou por longas horas sem fim. O pai de Ada não se furtava aos
brindes. Com suas canecas, levantava até o alto a festejar a noiva, A sua mãe,
emocionada, continuava a chorar.
Mãe
--- Minha filha. Minha filha
querida. Que Deus te faça feliz para sempre. - - disse chorando
Ada
--- Obrigada, mãezinha! Seja
feliz a senhora! - - lagrimas na face
Pai
--- Viva a noiva! - - dizia o
velho já cambaleante.
Entre mil abraços, os noivos
seguiram direto para o Aeroporto. Naquele dia, eles rumaram para São Paulo. A
noiva trocou de roupa. Corina foi quem ficou ajeitado tudo em seu baú. Ainda
chorosa pelo que viu na Igreja, a mulher deseja:
Corina
--- Deus te guie. - - lacrimosa.
No outro dia, depois do almoço no
Hotel, Ada foi buscar os melhores equipamentos de observar o espaço e todos os
demais que se fizeram necessários. Buscou em um e outros locais, logo, logo
resolveu ficar com aquele primeiro. Dois dias de pesquisa e conversas com
especialistas Ada decidiu por adquirir aquele que mais servisse. Telescópio
astronômicos. Seus acessórios, TVs para monitorar os astros. Tudo o que fosse necessário
para um iniciante em pesquisa celeste. Ada sabia muito bem, pela experiência
adquirida que os telescópios podiam ser os refratores. Esses exigem prisma
diagonal. Os refletores exigem mais cuidados e manutenção, como corrente de ar
que embaçam a imagem. De um ou de outro, ela preferiu ficar com o segundo.
Binóculo era essencial.
Ada
--- Esse aqui é bom! - - declarou
Arrumado tudo e sem faltar mais
nada, Ada sorriu para o seu marido. Esse de nada pode oferecer como sugestão.
Apenas sorriu de volta. Revistas astronômicas eram também importantes. Uma
delas, Ada a tinha em seu baú. Na Universidade, tinham muitas revistas. Outros
colegas de estudos já haviam montado seus aparelhos nas próprias residências
onde habitavam. Alguns, até mesmo nas fazendas, longe de cidades. Nos campos
propriamente ditos.
Gastão
--- Você pensa em montar tudo
isso em nosso apartamento? - -
Ada
--- Sim. É melhor do que em
Macaíba. Não perco esse negócio de vai e vem. - - sorriu
Gastão
--- E se chover? - -
Ada
--- Com chuva ou sem chuva eu vou
p’ra lá! - - risadas
Gastão
--- E em Macaíba? - - quis saber
Ada
--- Que? Com aquelas vacas
mugindo o tempo todo? Nunca! - - falou brava.
Gastão
--- As bichinhas são tão
mansas. - - relatou
Ada ainda fez “hum” com as mãos
na cintura a olha-lo de cima para baixo.
Eles passaram uma semana em clima
de festa. Visitaram museus, assistiram filmes, alguns antigos, andaram em rodas
gigantes, em parques infantis, assistiram shows. Tudo isso, foi encantador.
Tudo isso era tranquilizante até o tempo de retornar ao serviço. O homem ficou
mais sossegado a passar dois meses sem nada fazer. Sempre olhava os acadêmicos
objetos que sua ama estava a pôr em funcionamento, dessa vez, na cobertura do
edifício onde nada podia incomodá-la. Nem mesmo a chuva. E toda a noite Ada estava
lá, olhando o Céu escuro, quando era noite sem luar. E ficava noites e noites a
observar as estrelas com sua barriga a botar pela boca. Quando vez a barriga
dava um pulo. E ela perguntava ao marido.
Ada
--- Está vendo? - - sorria
Gastão
--- Não. O que? - - distraído
sentado em uma cadeira de mola ouvindo a noite
Ada
--- Teu velho. Já vai sair. - -
respondia
Gastão
--- Quando? - -
Ada
--- Por esses dias. Não tarda
muito. - -
Certa noite, quase 5 da
madrugada, Ada chamou o marido que ainda dormia o seno dos justos. Ele
despertou sem saber o que ocorrera. Ada falou.
Ada
--- Já é hora! - -
Gastão
--- Agora? Que horas? - -
procurou ver o relógio de pulso
Ada
--- Quase cinco. - -
O homem se levantou, vestiu a
calça por uma perna. E teve que desmanchar por não poder andar. Aperreado,
quase louco. Reclamava por qualquer coisa e Ada a sorrir, despreocupada. A
espera do marido. Do tem que se abotoada. Um pé na chinela e outro no sapato. A
mulher a sorris apenas a dizer para Gastão vestir a cueca. Ele, azucrinado. Ainda
a reclamar
Gostão
--- Que horas, que horas? - -
Ada
--- Vamos embora! Se não eu tenho
o menino no carro. - - sorria
Gastão
--- Espere. Minhas meias. - -
E assim foi o homem, cambaleado
de sono, procurando as chaves de carro. Por fim, acelerou com toda a presa em
chegar a Maternidade, desorientado, a indagaras as horas e ouvir a resposta.
Ada
--- Já está saindo. Apresse. Vá
pelo lado que não tem carro. Tá saindo, não te disse. –
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