sábado, 14 de janeiro de 2017

SUPLÍCIO DE UM MISTÉRIO - 13 -

- BATIZADO -
- 13 -
BABÁ -

Com poucos dias de nascido, Ada já arranjou uma babá de nome Tiana para cuidar do neném. A moça era delicada, protetora e gostava de passear pela cedinho com Aldo pela calçada do edifício, quando fazia sol. Como dia era de sol, Tiana estava acolhida com o neném junto com outras amigas. Umas, conduziam uns carrinhos de bebê estilo Conforto. Outras, acudiam apenas no braço as crianças tenras. As horas de passeio ficavam mais divertidas e bonitas. Com um desenho moderno e na cor rosa, os carrinhos traziam mais sofisticação e leveza nos momentos de condução, levando conforto ao recém-nascido. E assim foi que Tiana começou o seu labor diário e levar a criancinha de nome Aldo a passear todos os dias no parque do edifício, com carinho e com afeto. A mãe da criança, ainda bebê, sempre olhava lá de cima onde Ada tinha seus aparelhos de telescópio montados, para ver como fazia Tiana com o seu filho. Passeios, conversas com outras babás, olhar o mar, carros a passar, pássaros a gorjear. Todos esses encantos que dava gasto a ver de perto ou mesmo de longe, do alto do apartamento. Os meses foram se distanciando e Tiana cada vez mais ia ficando mais amena do o filho de Ada. Na Fazenda, em Macaíba, distante de qualquer outro recanto. Ou no médico, para dar seu diagnóstico para qualquer problema surgido.
Logo ao domingo, Gastão acertou com o Vigário da Igreja para o batismo da criança. Estava fazendo um mês que Aldo havia nascido. Tudo pronto, padrinhos acertados, a babá Tiana com o neném fazendo a fez de “madrinha de bunda” foram eles, a mãe Ada, o pai, Gastão, os padrinhos e o bebê. Toda arrumada, da cabeças aos pés, a criança nem sabia o que seria feita com ela. Após a preleção o padre benzeu a criança depositando sal na língua de Aldo e lhe ungindo a cabeça com água benta. O berreiro foi total. Ao sentir a água em sua moleira o bebê postou-se a chorar. E a babá sorriu, retirando Aldo para canto distante. Os demais, sorriram de monta. Todos já sabiam que Aldo não se conformara com aquele banho frio, bem cedo da manhã. E foi assim que se deu. Depois do batismo, no AP de Gastão, bolos e café para os que não haviam tomado banho nas suas moleiras.
A vida prosseguia igual a um relógio. Tiana com o seu bebê passeava pela manhã sob o olhar da mãe de Aldo. Passaram-se meses e Aldo tomava corpo a cada dia. Aos seis meses de idade, ela já rejeitava os mamilos de sua mãe. Ada o depositava no carrinho de bebê. Às vezes colhia o neném para passear e cantava modinhas que o nem gostava de ouvir
Ada
--- Bom barquinho, bom barquinho deixarás passar, carregado de filhinhos para ajudar a criar.
Esse era o tipo de modinha que Aldo ouvia e remexia os pés em sinal de aprovação. Sorria demais soltando um gritinho para ouvir de novo. Tiana sorria com as travessuras da criança. As duas mulheres passeavam por todo o recanto, no baixio do majestoso apartamento com a criança bem sadia e feliz. Em dias de chuvas, Tiana se recolhia com Aldo para evitar a criança se molhar
Ada
---- Cuidado! O tempo está frio! - - relatava.
Tiana
--- Vai chover o dia todo. - - argumentava
Em um domingo de sol, Aldo já estava em posição de andar a cavalo. E foi assim que ele se pôs a cavalgar em companhia de Tiana, no cercado de Macaíba ao olhar de Ada, Gastão, Carcará, o vaqueiro e demais pessoas. Aldo montado no cavalo, seguro pela babá sorria de contentamento. O cavalo Manso, era um dos muitos equinos que havia no cercado muito longe para mais o que a vista tinha visão. Mesmo assim, Tiana se protegeu, cavalgando apenas do terreiro da frente da fazenda. Todos sorriram com a destreza a moça, por ter mãos firmes e seguras a cavalgar segurando o menino
Vaqueiros
--- Boa, boa, boa. Assim mesmo. - - gritavam todos
Após a peleja, a turma tomou seu lugar no alpendre da fazenda. O menino Aldo foi quem demostrou sua aptidão por ser vaqueiro. Inda criança, quando voltava, sempre queria montar a cavalo. E de pronto, quis usar até mesmo roupa de vaqueiro. Sob argumentos de “mais tarde você veste”, o menino se inquietava até o ponto de se mandar fazer uma roupa para caber no garoto. Chapéu, gibão de couro, perneira, peitoral entre tudo o que se usava para ser um bom vaqueiro. Quase toda a semana, Ada e seu marido, chegavam da capital conduzindo o garoto e Tiana para fazer a festa. Aldo já estava com um ano de idade. A primeira feita na fazenda: o aniversário de Aldo. Comidas e bebidas com fartura e até mesmo seus avós estavam presentes. Brindes e brindes se faziam compor na festa de primeiro ano. E o garoto feliz da vida com toda a sua roupa de vaqueiro.
Avô
--- Esse menino vai ser um bom vaqueiro. - - dizia o velho
Ada
--- Mas é claro! Tem sangue da família. - -
Avô
--- Verdade. Verdade. Tem sangue de meu avô. - -
Após o almoço e o descanso só restava contar fábulas. E cada qual as melhores. Até mesmo do burrinho pedrês ou do padre que celebrou missa apenas para uma vaca. Todos sorriram com as astucias do velho avô, inclusive o menino Aldo costumando-se a dizer
Aldo
--- Eu nunca vou esquecer essa! - - e gargalhava
Passaram-se os dias e meses. O menino crescia a cada vez mais. Tiana cuidava do garoto e sua mãe cuidava de olhar as estrelas, á noite. O pai o colocava no colo certas vezes e a doméstica ficava a olhar para o garbo infante. Era uma vida tranquila. Aos sábados, o menino corria à praia a colher conchas do mar. Tiana as recolhia. A sua mãe, sorria pelas peraltices do garoto. As meninas também corriam ao leu. Eram meninas pequenas. Elas ofereciam conchas ao garoto. Ele as aceitava. O seu pai conversava bobagem com os pais das meninas. Esse papo de conversa de botequim. Quando dava a horar, o homem, sua mulher, a doméstica e o menino seguiam de volta para o apartamento. No AP tomavam banho e descansavam um pouco. Era aquele o início da vida
Certa vez, o garoto quis saber de Tiana
Aldo
--- Tiana. O vaqueiro tem reza? - - quis sabe
Tiana
--- Sei não. Por que? - -
Aldo
--- Por nada. Só perguntei. - - relatou
Tiana
--- Só conheço uma de um cantador de sanfona.
Aldo
--- Sanfona? O que é isso? –
Tiana
--- Sanfona é fole. - -
Aldo
--- Fole? Essa é boa! Fole! - - sorriu o menino
Tiana
--- Fole é acordeom, menino. - - falou meio zangada
Então foi que o menino gargalhou sem parar a se rolar pelo chão atapetado da sala.
Ada que vinha chegando, perguntou.
Ada
--- Que história é essa? - -
Tiana
--- Aldo quer saber o que é fole. –
Ada
--- Fole? Não é sanfona? - -
Tiana
--- Eu disse a ele. - -
E o menino se torceu todo a gargalhar.
Ada
--- Que é isso, menino? - - arrogante
E o menino não para de gargalhar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário