- BATIZADO -
- 13 -
BABÁ -
Com poucos dias de nascido, Ada
já arranjou uma babá de nome Tiana para cuidar do neném. A moça era delicada,
protetora e gostava de passear pela cedinho com Aldo pela calçada do edifício,
quando fazia sol. Como dia era de sol, Tiana estava acolhida com o neném junto
com outras amigas. Umas, conduziam uns carrinhos de bebê estilo Conforto.
Outras, acudiam apenas no braço as crianças tenras. As horas de passeio ficavam
mais divertidas e bonitas. Com um desenho moderno e na cor rosa, os carrinhos
traziam mais sofisticação e leveza nos momentos de condução, levando conforto
ao recém-nascido. E assim foi que Tiana começou o seu labor diário e levar a
criancinha de nome Aldo a passear todos os dias no parque do edifício, com
carinho e com afeto. A mãe da criança, ainda bebê, sempre olhava lá de cima
onde Ada tinha seus aparelhos de telescópio montados, para ver como fazia Tiana
com o seu filho. Passeios, conversas com outras babás, olhar o mar, carros a
passar, pássaros a gorjear. Todos esses encantos que dava gasto a ver de perto
ou mesmo de longe, do alto do apartamento. Os meses foram se distanciando e
Tiana cada vez mais ia ficando mais amena do o filho de Ada. Na Fazenda, em
Macaíba, distante de qualquer outro recanto. Ou no médico, para dar seu
diagnóstico para qualquer problema surgido.
Logo ao domingo, Gastão acertou
com o Vigário da Igreja para o batismo da criança. Estava fazendo um mês que
Aldo havia nascido. Tudo pronto, padrinhos acertados, a babá Tiana com o neném
fazendo a fez de “madrinha de bunda” foram eles, a mãe Ada, o pai, Gastão, os
padrinhos e o bebê. Toda arrumada, da cabeças aos pés, a criança nem sabia o
que seria feita com ela. Após a preleção o padre benzeu a criança depositando
sal na língua de Aldo e lhe ungindo a cabeça com água benta. O berreiro foi
total. Ao sentir a água em sua moleira o bebê postou-se a chorar. E a babá
sorriu, retirando Aldo para canto distante. Os demais, sorriram de monta. Todos
já sabiam que Aldo não se conformara com aquele banho frio, bem cedo da manhã.
E foi assim que se deu. Depois do batismo, no AP de Gastão, bolos e café para os
que não haviam tomado banho nas suas moleiras.
A vida prosseguia igual a um
relógio. Tiana com o seu bebê passeava pela manhã sob o olhar da mãe de Aldo.
Passaram-se meses e Aldo tomava corpo a cada dia. Aos seis meses de idade, ela
já rejeitava os mamilos de sua mãe. Ada o depositava no carrinho de bebê. Às
vezes colhia o neném para passear e cantava modinhas que o nem gostava de ouvir
Ada
--- Bom barquinho, bom barquinho
deixarás passar, carregado de filhinhos para ajudar a criar.
Esse era o tipo de modinha que
Aldo ouvia e remexia os pés em sinal de aprovação. Sorria demais soltando um
gritinho para ouvir de novo. Tiana sorria com as travessuras da criança. As
duas mulheres passeavam por todo o recanto, no baixio do majestoso apartamento
com a criança bem sadia e feliz. Em dias de chuvas, Tiana se recolhia com Aldo
para evitar a criança se molhar
Ada
---- Cuidado! O tempo está frio!
- - relatava.
Tiana
--- Vai chover o dia todo. - - argumentava
Em um domingo de sol, Aldo já
estava em posição de andar a cavalo. E foi assim que ele se pôs a cavalgar em
companhia de Tiana, no cercado de Macaíba ao olhar de Ada, Gastão, Carcará, o
vaqueiro e demais pessoas. Aldo montado no cavalo, seguro pela babá sorria de
contentamento. O cavalo Manso, era um dos muitos equinos que havia no cercado
muito longe para mais o que a vista tinha visão. Mesmo assim, Tiana se
protegeu, cavalgando apenas do terreiro da frente da fazenda. Todos sorriram
com a destreza a moça, por ter mãos firmes e seguras a cavalgar segurando o
menino
Vaqueiros
--- Boa, boa, boa. Assim mesmo. -
- gritavam todos
Após a peleja, a turma tomou seu
lugar no alpendre da fazenda. O menino Aldo foi quem demostrou sua aptidão por
ser vaqueiro. Inda criança, quando voltava, sempre queria montar a cavalo. E de
pronto, quis usar até mesmo roupa de vaqueiro. Sob argumentos de “mais tarde
você veste”, o menino se inquietava até o ponto de se mandar fazer uma roupa
para caber no garoto. Chapéu, gibão de couro, perneira, peitoral entre tudo o
que se usava para ser um bom vaqueiro. Quase toda a semana, Ada e seu marido,
chegavam da capital conduzindo o garoto e Tiana para fazer a festa. Aldo já
estava com um ano de idade. A primeira feita na fazenda: o aniversário de Aldo.
Comidas e bebidas com fartura e até mesmo seus avós estavam presentes. Brindes
e brindes se faziam compor na festa de primeiro ano. E o garoto feliz da vida
com toda a sua roupa de vaqueiro.
Avô
--- Esse menino vai ser um bom
vaqueiro. - - dizia o velho
Ada
--- Mas é claro! Tem sangue da
família. - -
Avô
--- Verdade. Verdade. Tem sangue
de meu avô. - -
Após o almoço e o descanso só
restava contar fábulas. E cada qual as melhores. Até mesmo do burrinho pedrês
ou do padre que celebrou missa apenas para uma vaca. Todos sorriram com as
astucias do velho avô, inclusive o menino Aldo costumando-se a dizer
Aldo
--- Eu nunca vou esquecer essa! -
- e gargalhava
Passaram-se os dias e meses. O
menino crescia a cada vez mais. Tiana cuidava do garoto e sua mãe cuidava de
olhar as estrelas, á noite. O pai o colocava no colo certas vezes e a doméstica
ficava a olhar para o garbo infante. Era uma vida tranquila. Aos sábados, o
menino corria à praia a colher conchas do mar. Tiana as recolhia. A sua mãe,
sorria pelas peraltices do garoto. As meninas também corriam ao leu. Eram
meninas pequenas. Elas ofereciam conchas ao garoto. Ele as aceitava. O seu pai
conversava bobagem com os pais das meninas. Esse papo de conversa de botequim.
Quando dava a horar, o homem, sua mulher, a doméstica e o menino seguiam de
volta para o apartamento. No AP tomavam banho e descansavam um pouco. Era
aquele o início da vida
Certa vez, o garoto quis saber de
Tiana
Aldo
--- Tiana. O vaqueiro tem reza? -
- quis sabe
Tiana
--- Sei não. Por que? - -
Aldo
--- Por nada. Só perguntei. - -
relatou
Tiana
--- Só conheço uma de um cantador
de sanfona.
Aldo
--- Sanfona? O que é isso? –
Tiana
--- Sanfona é fole. - -
Aldo
--- Fole? Essa é boa! Fole! - -
sorriu o menino
Tiana
--- Fole é acordeom, menino. - -
falou meio zangada
Então foi que o menino gargalhou
sem parar a se rolar pelo chão atapetado da sala.
Ada que vinha chegando,
perguntou.
Ada
--- Que história é essa? - -
Tiana
--- Aldo quer saber o que é fole.
–
Ada
--- Fole? Não é sanfona? - -
Tiana
--- Eu disse a ele. - -
E o menino se torceu todo a
gargalhar.
Ada
--- Que é isso, menino? - -
arrogante
E o menino não para de gargalhar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário