quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SUPLÍCIO DE UM MISTÉRIO - 10 -

- MULHER GRÁVIDA -
- 10 -
GRAVIDEZ

Um dia, à noite, Ada chegou ao seu apartamento com um rosto como se estivesse sorrindo; Gastão estava sentado olhando para praia, vendo a movimentação de pessoas e carros, ambulantes, pedintes, mulheres da noite, pescadores entre outros tantos. Ela sentou em uma cadeira que estava ao lado e então, começo a falar.
Ada
--- De férias? - - indagou
Gastão
--- Sim. Na verdade, são dois meses. - - respondeu sem fumar cachimbo
Ada
--- E o cacimbo? - - quis saber
Gastão
--- Joguei fora. Estava fedendo demais. - - explicou
Ada
--- Então podemos conversar? - - sorriu
Gastão
---- Conte os seus pecados. - - sorriu em troca olhando a praia
Ada
--- Pecados! É o seguinte: vamos viajar? - -
Gastão
--- Boa pedida. Para onde? - -
Ada
--- São Paulo. Eu vou comprar um telescópio. Macaíba eu descartei. Vou instala-lo em casa mesmo. Que achas? - -
Gastão
--- Concordo. O que mais? - -
Ada
--- O que mais? Bem. O que mais! Eu estou grávida! - - sorriu
Gastão
--- Ah. Bom. É natural. Heim? Gravida? Você está gravida? Nossa! Você está brincando! Grávida mesmo! Não. Não acredito! - -
Ada
--- Por que? É tão normal. Você vai ser papai. Vai ninar a criança! Não é? - - sorridente
Gastão
--- Não pode ser! Eu? Um velho? Seu papai? Que é que eu fiz para aguentar esse tranco? - -
Ada
--- Você fez o filho e eu vou ser a mãe. Eu fui ao ginecologista, e ele passou a receita. Agora já sei. Eu, barriguda! Olha a lapa! - - e envergou a barriga
O homem sorriu sem querer. E sorria cada vez mais. Até a barriga dele estourar! Sorria muito ao ponto de a mulher indagar.
Ada
--- Qual é a graça? - - indagou preocupada
Gastão
--- Eu pegando o neném! - - gargalhou
Ada
--- Pois é. Vamos? - -
Gastão
--- Vamos pra onde? O bebê já está feito. - - gargalhou
Ada
--- São Paulo, sua besta. Já pesquisei e já sei onde vou comprar. –
Gastão
--- E o casamento? - -
Ada
--- Deixa pra lá. Estou interessada no telescópio. O resto, basta. - -
Gastão
--- Não senhora. Vamos casar! - -
Ada
--- Por que esse interesse? - -
Gastão
--- Porque sim. Você casada é outra coisa! E vamos logo. Antes tarde do que nunca! - -
Ada
--- Está bem. Concordo. Mas tem São Paulo. - -
Gastão
--- Dá tempo. Casa e viaja. - -
Ada
--- Pode até dar. Mas tem uma coisa: montar o telescópio. Local, posição, iluminação, televisou. Tudo isso. - -
Gastão
--- Isso se ajeita. Na sala. Na entrada. Mas tem o casório. –
Ada
--- Casório. Grande merda. Fica para depois. - - abusada
Gastão
---- Fica pra depois, não senhora! Os papeis. Vamos. Os papeis! - -
Ada
--- Isso é uma merda! Para que fui falar? Agora, o homem quer casar! Mais tarde! - -
Gastão
--- Nada disso. Eu vou me preparar. Tarjes novos. E você também. Vestido branco. Véu, rosas, vestido até o fim. Sapatos. Tudo de um jeito delicado. - -
Ada gargalhou e disse em seguida
Ada
--- E as meninas segurando o rabo da saia? - - gargalhou
Gastão
--- É danado. A gente não quer rir. Mais não pode. Tá bem. Tá bem. Como você quiser! - -
Ada
--- Está justo. Vamos fazer como você gosta. Eu caso de véu e grinalda. - - gargalhou
Gastão
--- Ótimo. Assim é que se fala. Amanhã dou entrada nos papeis.
Ada
--- Eu posso ir de sandália? - - gargalhou
Gastão
--- Você quer me tirar do sério. Vá de botas. E compridas. - -
Ada
--- Boa ideia. Como as moças de mato. Vou de botas. - - gargalhou
Gastão olhou para Ada e não sorriu 

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