- TELESCÓPIO HUBBLE -
- 07 -
OBSERVATÓRIO
Quando despertou, Ada nem sabia
mais onde estava. Para a moça tudo era escuro. Ela olhou para um lado e viu a
figura quase apagada de Nina, uma doméstica da família de Carcará empregada na
fazenda. Ada abriu bem a vista e indagou onde estava pois não sabia àquela
hora. A doméstica teve de lhe falar que era na fazenda para onde ela tinha ido
de manhã, logo cedo. Ada reclamou do escuro. A doméstica respondeu ter acesa a
lâmpada. Ada observou mais um pouco e disse estar com profunda dor de cabeça.
Ada
--- Vou vomitar! - - disse e um
segundo depois já estava vomitando tudo o que ingerira.
Nina
--- Faça isso. Depois eu limpo. -
-
Depois de vomitar quase tudo e
ainda reclamar da dor de cabeça voltou a indagar onde estava naquela hora o
senhor Gastão. A moça respondeu que ele estava sentado na entrada da casa
conversado com Carcará.
Ada
--- Que vergonha eu fiz! Minha
Nossa! - - e vomitou outra vez
Nina
---- Vomite. Faz bem. Depois eu
limpo. - -
Ada
--- Minha roupa? Estou nua! - -
falou a moça
Nina
--- Está no varal. Depois vou
engomar. Agora, adormeça um pouco. Se tiver mais vontade, vomite. - -
Ada
--- Aí minha cabeça. Estou tonta.
É coisa ruim. Tudo vagueia um para um lado e para outro. Horrível! Com é teu
nome? - -
Nina
--- Eu sou Nina. Sou a empregada
daqui mesmo. Durma, por favor. - -
Ada
--- Prazer, Nina. Qualquer dia eu
agradeço melhor pelo que me fez. - -
No dia seguinte, logo cedo da
manhã, nem o sol aparecia por completo, Ada saiu de modo vagar e foi até ao
banheiro. O cheiro de café despertou mais a sua gula. Coberta apenas cm uma
toalha, Ada acendeu a lâmpada e abriu o chuveiro. Água fria, quase gelo lhe
cobriu o seu corpo enquanto o gado mugia ao largo do terreno distante e as
galinhas do terreiro faziam seus cocorejados. A carro do leite já passara há um
bom tempo levando o produto em latões de tamanho regular, feitos de alumínio e
carregados diretos para Usina do Leite. Saguis, macacos e aves perambulavam
pelas árvores junto ao casarão. Nina já estava a pôr os alimentos dos porcos.
Dona Maria tratava da mesa com a primeira refeição do dia. Carcará dava as suas
primeiras orientações aos subalternos – vaqueiros e ajudantes. Alguém chegava
cansado na manhã cedo do domingo.
Ajudante
--- Só deu para chegar agora! - -
disse o ajudante
Carcará
--- Está se vendo! - - com o
chicote na mão a bater na perna
Era com uma voz forte que Carcará
dizia que não passava de uma repreensão.
Carcará
--- As botas! - - apontava para
as sandálias que o servidor usava
Ajudante
--- Sim, senhor. Tiro já. - -
dizia o ajudante
O tempo passava. Às sete horas,
estavam todos à mesa. Conversas eram tantas. Ada se alimentava de ovos, pães e
tapioca além do café com leite. Gastão trocava conversa com Carcará. Nina era quem servia os manjares. Maria
prosseguia no fogão. Em certo tempo Ada indagou a Gastão.
Ada
--- Essa terra é toda tua? - -
Gastão
--- Sim. Por que? - -
Ada
--- Eu estava pensando. Eu tenho
livros e sou cientista. Isso não vai ao caso. Ser cientista. Mas, eu notei que
aqui se pode montar um Observatório. Que achas? - -
Gastão
--- Por que um Observatório? - -
Ada
--- Por que? Eu soube que o
Observatório do Vaticano, apesar de tantos anos, foi fundado em 1572, ele não
comporta mais em pesquisa. À boca pequena, os cientistas do Vaticano estariam
propensos em se alargar mais. Claro. Isso não se diz. Mas já tem um no Chile.
Dos norte-americanos. Aqui é próximo do Equador. Se você pensar bem, vai notar
que aqui é um local ideal. - -
Gastão
--- Hum! Você é inteligente. Mas
como eu vou saber se o Vaticano quer? - -
Ada
--- Conversando, ué! Eu sou
mestra em Física Nuclear. Tenho contato com essa gente. Os daqui são devagar.
Dependem da política. Então eu pensei em falar direto com o Vaticano. Eles são
desconfiados. Mas se você der a terra, a construção está segura. - -
Gastão
--- Eu não entendo de nada com
isso. Mas, se você está segura, de minha parte eu faço doação da terra. Eu só
penso como é que você faz isso. - -
Ada
--- Não conte com os ovos que a
galinha não teve. Em primeiro lugar é
pesquisar. –
Gastão
--- Concordo plenamente. Mas,
aqui, na Universidade, o que eles dizem? –
Ada
--- Aqui não tem. Apenas
Pernambuco e Ceará. Nos demais Estados, alguns também possuem
Gastão
--- O caso é grave. Pernambuco e
Ceará? - -
Ada
--- Pois é. Para você ver. Alguns
são particulares, como o Ceará. Mas, vamos a frente. - -
Gastão
--- E o que é que eu vou fazer? -
-
Ada
--- Por enquanto, nada. Deixa que
eu pesquiso. –
E a conversa parou nesse ponto. A
moça aproveito para adentrar na mata vendo mais de perto todo o terreno que por
ventura, seria de todo modo a instalação do Observatório, bem mais no alto da
terra inóspita. Ada, Gastão e Carcará viraram o mundo procurando um local mais
adequado para se instalar esse tal de Observatório Astronómico. A terra era
imensa e o melhor seria num alto, com certeza.
Carcará
--- Ali tem um morro. - -
observou
Ada
--- Eu já notei. Longe de claridade da Cidade. –
Gastão
--- Isso mesmo. –
Nenhum comentário:
Postar um comentário