- FAZENDA -
- 05 -
FIM DE SEMANA
No fim de semana, Gastão convidou
Ada para que pudessem ir até à fazendo que possuía, nas cercanias do município
de Macaíba, um lugar ainda ermo com estrada na fase de estudos. O Governo não
tinha recursos para bancar com asfalto apesar de algum tempo matérias estarem concluídas.
E quem viajava para o interior e Estados do Sul e do Norte enfrentava
depressões incríveis, empurrando para um lado e para outro os caminhões de cargas
e ônibus de passageiros além dos carros e carroças. Isso deixaria quem viajava
por demais apreensivo. Ao chegarem no sítio, Gastão e Ada de bom humor saltaram
de vez.
Gastão
--- É aqui a Fazenda. Saltemos! -
- falou delicado
Um homem se aproximou da porteira
com o sorriso na face e chapéu de couro na cabeça. No peito, um gibão. Ada
ainda deu tempo a perguntar.
Ada
--- Quem é o homem? - - baixinho
Gastão
--- Carcará é o nome dele. - -
respondeu
Ada
--- Carcará? Que nome! - -
assustada
Gastão
--- Carcará! Pega, mata e come. -
- respondeu sorrindo
Carcará
--- Bom dia patrão. Chegou cedo. Bons ventos os tragam. - - sorriu também para
Ada
Gastão
--- Carcará velho de guerra! É
Carcará ou Isaias? - -
Carcará
--- Carcará mesmo, patrão. Quem é
a moça bonita? - - se dirigiu a Ada
Ada
--- Obrigada por chamar de
“bonita”. Sou Ada, ao seu dispor. - - sorridente
Gastão
--- Ela é cientista. A moça das
estrelas! - - gracejou
Carcará
--- Ah. Bom. Velo que a senhora
sabe onde está a Estrela D’alva! - - a apertou-lhe a mão
Ala
--- É Vênus, um planeta. Ele
reflete o brilho do Sol. Sendo planeta, não tem luz própria. –
Carcará
--- Eu não entendo disso. O que é
planeta? - -
Ada
--- É igual a Terra, onde nós
vivemos. Nosso planeta não tem luz. - -
Carcará
--- Ê lasqueira! A senhora me
confundiu todo. Eu só entendo de vacas. - - sorriu
Gastão
--- E como vai Maria? - -
Carcará
--- Está na cozinha fazendo o
café, assando bolo e tapioca. - - sorriu
Gastão
--- Tapioca! Se for molhada é
ainda melhor. - -
Carcará
--- Ora está! Vamos entrar. Você,
menina, venha também. E se tiver vontade, vá ver a casa. - -
E os três subiram os degraus de
madeira para se postar na varanda. A moça pediu licença e foi ver a casa grande.
Era um casarão e tanto. Mobiliário de Jacarandá na sala de entrada, com mesas
fornidas, cadeiras, estantes e até um oratório. Ada admirou e lembrou da casa
do seu avô, em Pau dos Ferros.
Ada
--- Parecida com o casarão do meu
avô.
E levantou a mesa sem a menor
possibilidade de arrancar do chão
Ada
--- Pesada mesmo. Parece a de
Padre Cícero, no Canindé. Deixa ficar. - -
Dalí Ada saiu para mais para
dentro da casa grande contando inclusive as portas imensas feitas de uma
madeira grosa e chegou a sala de jantar onde havia outra mesa também pesada.
Ela sustentou por um pouco e notou seu peso. Além da mesa tinha estantes, uma
janela para o oitão que já estava totalmente aberta. Feita de uma madeira
fornida, a janela abria e fechava em duas bandas. Ada verificou o beco para
onde a janela abria. Galinhas, pato, guinés, perus entre porcos e cães de raça.
No mesmo instante, dois cães latiram forte para Ada. E continuaram a latir
mesmo após ela sair do lugar. Dois banheiros do lado direito do casarão,
cortinas e finalmente a cozinha. Ali estava dona Maria coando café. Na cozinha
tinha de tudo o que se precisasse. Até mesmo um moinho de café e outro de fazer
bolos da carne. Ada deu bom dia o que foi correspondia, E ali começaram a
conversar.
Ada
--- Muito grande a sua casa. - -
Maria
--- Não é minha. Mas muito
obrigada. – - sorriu contente
Mulher de um tipo baixo, meio
gorda, vestido de tecido comum sem belas cores. Assim estava a mulher a assar
um pouco de pernil.
Ada
--- Isso é porco? - -
Maria
--- Sim. Você gosta? - -
Ada
--- Ele bem assado. O cheiro
invade toda a casa. - -
Maria
--- É um bicho nojento,
barulhento mas gosto quando se assa no fogão de lenha. - - sorriu
Ada
--- A senhora assa tudo em fogão
de lenha? - - quis saber
Maria
--- A maior parte. Quando não,
cozinho em carvão. Aqui só tem apenas essas coisas. –
Ada
--- Estou vendo. Tem lenha
partida no terreiro. Daqui estou vendo. - - deu uma espiada pela janela da
cozinha
Maria
--- Moleque é quem corta. - -
Ada
--- Moleque? Que é a pessoa? –
Maria
--- É um moleque mesmo. Vive no
mundo da Lua. Às vezes ele desaparece. Fica uns tempos fora e depois está de
volta. Enfim, não passa de um Moleque. - -
Ada sorriu com as peripécias
desse moleque.
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