sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

SUPLÍCIO DE UM MISTÉRIO - 05 -

- FAZENDA -
- 05 -
FIM DE SEMANA

No fim de semana, Gastão convidou Ada para que pudessem ir até à fazendo que possuía, nas cercanias do município de Macaíba, um lugar ainda ermo com estrada na fase de estudos. O Governo não tinha recursos para bancar com asfalto apesar de algum tempo matérias estarem concluídas. E quem viajava para o interior e Estados do Sul e do Norte enfrentava depressões incríveis, empurrando para um lado e para outro os caminhões de cargas e ônibus de passageiros além dos carros e carroças. Isso deixaria quem viajava por demais apreensivo. Ao chegarem no sítio, Gastão e Ada de bom humor saltaram de vez.
Gastão
--- É aqui a Fazenda. Saltemos! - - falou delicado
Um homem se aproximou da porteira com o sorriso na face e chapéu de couro na cabeça. No peito, um gibão. Ada ainda deu tempo a perguntar.
Ada
--- Quem é o homem? - - baixinho
Gastão
--- Carcará é o nome dele. - - respondeu
Ada
--- Carcará? Que nome! - - assustada
Gastão
--- Carcará! Pega, mata e come. - - respondeu sorrindo
Carcará
--- Bom dia patrão. Chegou cedo.  Bons ventos os tragam. - - sorriu também para Ada
Gastão
--- Carcará velho de guerra! É Carcará ou Isaias? - -
Carcará
--- Carcará mesmo, patrão. Quem é a moça bonita? - - se dirigiu a Ada
Ada
--- Obrigada por chamar de “bonita”. Sou Ada, ao seu dispor. - - sorridente
Gastão
--- Ela é cientista. A moça das estrelas! - - gracejou
Carcará
--- Ah. Bom. Velo que a senhora sabe onde está a Estrela D’alva! - - a apertou-lhe a mão
Ala
--- É Vênus, um planeta. Ele reflete o brilho do Sol. Sendo planeta, não tem luz própria. –
Carcará
--- Eu não entendo disso. O que é planeta? - -
Ada
--- É igual a Terra, onde nós vivemos. Nosso planeta não tem luz. - -
Carcará
--- Ê lasqueira! A senhora me confundiu todo. Eu só entendo de vacas. - - sorriu
Gastão
--- E como vai Maria? - -
Carcará
--- Está na cozinha fazendo o café, assando bolo e tapioca. - - sorriu
Gastão
--- Tapioca! Se for molhada é ainda melhor. - -
Carcará
--- Ora está! Vamos entrar. Você, menina, venha também. E se tiver vontade, vá ver a casa. - -
E os três subiram os degraus de madeira para se postar na varanda. A moça pediu licença e foi ver a casa grande. Era um casarão e tanto. Mobiliário de Jacarandá na sala de entrada, com mesas fornidas, cadeiras, estantes e até um oratório. Ada admirou e lembrou da casa do seu avô, em Pau dos Ferros.
Ada
--- Parecida com o casarão do meu avô.
E levantou a mesa sem a menor possibilidade de arrancar do chão
Ada
--- Pesada mesmo. Parece a de Padre Cícero, no Canindé. Deixa ficar. - -
Dalí Ada saiu para mais para dentro da casa grande contando inclusive as portas imensas feitas de uma madeira grosa e chegou a sala de jantar onde havia outra mesa também pesada. Ela sustentou por um pouco e notou seu peso. Além da mesa tinha estantes, uma janela para o oitão que já estava totalmente aberta. Feita de uma madeira fornida, a janela abria e fechava em duas bandas. Ada verificou o beco para onde a janela abria. Galinhas, pato, guinés, perus entre porcos e cães de raça. No mesmo instante, dois cães latiram forte para Ada. E continuaram a latir mesmo após ela sair do lugar. Dois banheiros do lado direito do casarão, cortinas e finalmente a cozinha. Ali estava dona Maria coando café. Na cozinha tinha de tudo o que se precisasse. Até mesmo um moinho de café e outro de fazer bolos da carne. Ada deu bom dia o que foi correspondia, E ali começaram a conversar.
Ada
--- Muito grande a sua casa. - -
Maria
--- Não é minha. Mas muito obrigada. – - sorriu contente
Mulher de um tipo baixo, meio gorda, vestido de tecido comum sem belas cores. Assim estava a mulher a assar um pouco de pernil.
Ada
--- Isso é porco? - -
Maria
--- Sim. Você gosta?  - -
Ada
--- Ele bem assado. O cheiro invade toda a casa. - -
Maria
--- É um bicho nojento, barulhento mas gosto quando se assa no fogão de lenha. - - sorriu
Ada
--- A senhora assa tudo em fogão de lenha? - - quis saber
Maria
--- A maior parte. Quando não, cozinho em carvão. Aqui só tem apenas essas coisas.  –
Ada
--- Estou vendo. Tem lenha partida no terreiro. Daqui estou vendo. - - deu uma espiada pela janela da cozinha
Maria
--- Moleque é quem corta. - -
Ada
--- Moleque? Que é a pessoa? –
Maria
--- É um moleque mesmo. Vive no mundo da Lua. Às vezes ele desaparece. Fica uns tempos fora e depois está de volta. Enfim, não passa de um Moleque. - -  
Ada sorriu com as peripécias desse moleque.


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