O SOL
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O SOL
Marilu calou por alguns instantes
como se estivesse lendo algo por demais importante. Janilce trocou de cadeira e
trouxe os seus livros e demais documentos em cima o birô. O novo e velho birô
que agora era seu. Janilce assume a direção do Jornal O Estado como disse a
moça Marilu. Caneta, tinteiro, lápis, alguns de ponta e o mundo a seus pés. Ela
não falou algo para Marilu. Suportava o silencio. Elpídio tocou a porta e de
vagar, entrou. De olhos bem abertos, então indagou a Marilu.
Elpídio
--- Chamou-me chefe? - -
perguntou ele a moça Marilu
Esse apontou com o dedo para
Janilce. E disse:
Marilu
--- Ela. Eu não sou mais daqui. -
- e calou.
Elpídio, mostrado sua educação,
se voltou à Janilce.
Elpídio
--- Desculpe, senhorita! É com a
senhora? - -
Janilce, desnorteada, falou um
tanto sem saber como começar para dizer que ele, Elpídio, teria que ir fazer
uma matéria sobre o caranguejo-uçá.
Janilce
--- Sou eu, agora. Você vai fazer
uma matéria sobre o caranguejo-uçá. Chame Canindé. Ele sabe onde fica a toca do
caranguejo. Só isso. –
Elpídio
--- Está bem. Algo mais? - -
Janilce balançou a cabeça de
forma negativa.
O rapaz saiu e a moça ficou a
tremer de não ter dito o que sabia.
Janilce
--- Merda! É isso que eu devo
fazer? - - indagou a Marilu.
A moça sorriu o quanto pode a
balançar afirmativa da cabeça
Marilu
--- Está vendo como é fácil? - -
gargalhou
Então, a moça Janilce nada falou.
Desceu mais a fundo na poltrona como tendo recebido o castigo por ser
malcriada. Marilu sorria à beça. Após
alguns instantes, Marilu se voltou.
Marilu
--- Este é o Sol! - - e mostrou a
revista a sua amiga
Janilce
--- Que tem ele? - -
Marilu
--- Desde o ano 10 mil antes de
Cristo a história abunda em pintura e escritos que refletem o respeito e
adoração dos povos por esse astro.
Janilce
--- Lindo, no poente. E nascente
também. - - ele olhou extasiada
Marilu
--- E é simples entender o porquê
o seu aparecimento todas as manhãs, trazendo visão, calor e segurança,
salvando-os do frio e da escuridão da noite, repleta de predadores. Sem ele,
todas as culturas perceberam que não havia colheita nem vida, no Planeta.
Janilce
--- Eu vejo o Sol todas as manhãs
e nem penso da sua importância. - - e fez um tuc
Marilu
--- Para você sentir. Essas
realidades fizeram do Sol o astro mais adorado de todos. Todavia, muitos
estavam atentos, também, nas estrelas. As estrelas formavam padrões que lhes
permitiam reconhecer e a decifrar eventos que ocorrem de tempos em tempos tais,
como eclipses e luas cheias.
Janilce
--- Para mim, a Lua só serve para
os namorados. - - sorriu
Marilu
--- Então. Eles catalogaram
grupos celestiais daquilo que conhecemos, hoje, como constelações. Temos a Cruz
do Zodíaco, uma das mais incríveis imagens na história da humanidade. Ela
representa o trajeto do Sol através das doze maiores constelações no decorrer
de um ano. –
Janilce
--- Eu já li sobre isso. Mas, me
conte, por obsequio. –
Marilu
--- Ela, também, representa os
doze meses do ano, as quatro estações, solstícios e equinócios. O termo Zodíaco
está relacionado com o fato das constelações serem antropomorfismo ou
personificações, como pessoas ou animais. –
Janilce
--- Curioso! Os antigos faziam
das estrelas um grupo como uma pessoa!
Marilu
--- Era assim. Em outras
palavras, as primeiras civilizações, não só seguiam o Sol e as estrelas como
também as personificavam através de mitos que envolviam os seus movimentos e
relações. Entendeu? –
Janilce
--- Até aqui, sim. Prossiga! –
Marilu
--- O Sol, com seu poder de dar
vida e de salvar, também foi personificado como se representasse um criador. Um
Deus. Deus sol, a luz do mundo, o
salvador da humanidade. Igualmente, as doze constelações representaram lugares
e viagens para o Deus Sol e foi nomeado por elementos da natureza que
aconteciam nesses períodos de tempo.
Janilce
--- De vagar senão eu me atrapalho
toda! - - sorriu
Marilu
--- Então. Por exemplo, Aquários.
O portador da água que traz a chuva da Primavera. Por favor, veja. Esse é
Hórus. Ele é o Deus Sol, do Egito, de três mil anos antes de Cristo. Ele é o
Sol antropomorfizado.
Janilce
--- E eles, os egípcios,
desenhavam? –
Marilu
--- Mais ou menos. Você já viu as
pirâmides? - - quis saber para despertar a imagem do Hórus.
Janilce
--- Ah. Já sei. Continue! –
Marilu
--- E a sua vida. Vida de Hórus.
É uma série de mitos alegóricos que envolvem o movimento do Sol no Céu. Os
antigos hieróglifos egípcios conheceram-se muito sobre esse Messias Solar. Por
exemplo, Hórus, sendo o Sol ou o dia, tinha como inimigo o Deus Set, que era a
noite. Dia e Noite por consequência. O dia tem Calor e Luz ao contrário da
noite. Entende? - -
Janilce
--- Agora eu estou entendendo. -
- disse a moça
Marilu
--- Será importante frisar que
trevas e luz ou bem versos maus, vem sendo uma dualidade mitológica onipresente
que ainda hoje é usado em muitos livros;
Janilce
--- É costume dizer que você não
vá de noite, porque é perigoso. - - disse a moça
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