- COPACABANA -
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FESTA -
Com pouco tempo chegou a
apartamento de Marilu onde estava a sua mãe, Noca a dividir o mesmo cômodo, a
senhora Lindalva, mãe de Lauro. A mulher entrou apressada, quase com falta de
ar, o que lhe era normal por seu porte gordo e de uma mulher de pouco altura. Lindalva
observou a dona Noca para perguntar como estava passando depois do susto
provocado pela cortina. Noca estava triste como se não quisesse tocar no
assunto. A filha, Marilu, foi quem falou em seguida.
Marilu
--- Minha mãe está bem. Apenas
magoada. - -
Lindalva
--- Magoada? Ora que besteira. Eu
vivi por coisas semelhantes. - - disse a mulher
Marilu
--- Semelhante? A senhora é da
capital. Minha mãe, do interior. - -
Lindalva
--- Eu também sou do interior. A
moda lá em casa era levar um urinol para jogar do mato. Não tem nada com a
capital. Hoje, eu estou adulta. Mas, quando me lembro dos penicos! Ava Maria.
Marilu
--- Ela está morta de vergonha! -
- apontou o vestido do chão
Lindalva
--- Quer vergonha, que nada. Eu
de mijei toda quando pari o menino Lauro! Ora! Vamos! Levante-se mulher! - -
falou com dengo para dona Noca, abraçando-a
Noca
--- Eu vou voltar para minha
casa. - -
Marilu piscou a vista para dona
Lindalva.
Lindalva
--- Vai? Eu vou também. Onde cabe
uma, também cabem duas! Levante-se! Que bobagem! - -
Bajulando dona Noca, com um pouco
de tempo, meia hora, talvez, Lindalva saiu em sua companhia pelo corredor até
chegar a sala oval onde estava o Senador a conversar com os amigos assuntos
banais. Ao ver dona Noca, de imediato se pôs de pé com sua enorme pança e a
sorrir deu as boas-vindas a visita amiga. A mulher, ainda descontente, apertou
a mão do pai de Lauro. E não mais falou na cortina.
Com o passar do dia, quando era
noite, Noca, sempre descontente, observou o que era posto para o jantar. Com
pouca coisa para comer, Noca, indagou.
Noca
--- Que é isso? – - olhando com atenção
Marilu
--- Comida da melhor classe! - -
respondeu a filha
Noca
--- Na minha terra, nem cachorro
come! - - e separou o prato
Lauro, que estava próximo de dona
Noca, gargalhou. E relatou.
Lauro
--- Verdade. De onde vem tanta
porqueira? A senhora tem razão! - -
falou
Noca
--- Muito melhor é pamonha,
cuscuz, arroz-doce. São alimentos de sustança! –
Marilu balançou a cabeça para um
lado e outro como a dizer!
Marilu
--- Nossa Mãe! Quem diria? - -
balançado a cabeça.
Noca
--- Come isso e diga depois! - -
falou alterada para a moça
Após a fala do Senador, dizendo
que aquela era última vez que festejava seu aniversário como Senador da
República, pois não teria participação para novo mandato. Da próxima vez ele
estaria a cuidar da fazenda e do plantio de melão, artigo da mais alta
aceitação na Europa e Estados Unidos. E agradeceu a todos os amigos por estarem
presentes naquela reunião de família.
Logo após, a hora de dormir. Dona
Noca foi a primeira. Lindalva estava feliz por ver aquela mulher da roça se
alimentando com aqueles salgados e nada mais. A senhora também não fazia
questão de tanta comida, por vezes azeda, e trocando o pão, bolacha, até grude
e tapioca. Foram, as duas para a sua cama onde puseram a conversar por longo
espaço de tempo. Enquanto isso, Marilu conversava com Lauro na entrada por onde
observavam o mar. E a moça falou.
Marilu
--- Certa noite, ainda na casa
antiga, eu vi, no fundo do quintal, um poço. Mas ali nunca teve poço. Este
surgiu de repente, cheio de água e muitos vultos estranhos vestidos de branco.
Eu, ainda era de menor. Por volta dos seis anos. –
Lauro
--- Você contou a alguém? - -
indagou
Marilu
--- Não. Nunca contei. Apenas,
agora eu estou contando. E então os vultos que estavam dentro do poço,
pediam-me socorro. Só isso. - -
Lauro
--- E você, o que fez? - -
assustado
Marilu
--- Nada. Certa vez eu vi um
homem falar em um poço que existia em um terreno desocupado naquela casa e,
depois fecharam a fossa. Era para se tirar água. Só isso. - -
Lauro
--- Mas, na casa onde você viveu?
- - alarmado
Marilu
--- Sim. Lá mesmo. Em tempos,
aquilo era tudo ao abandono. Existiam casas aqui e ali. Havia poço em vários
locais. Eu, menina, nem me importava. –
Lauro
--- Onde eu hoje moro, também
tinham poços. A cidade não tinha serviço de água. As moças saiam de casa para
buscar água no Baldo. Era assim. –
Marilu
--- Um velho contava histórias
mirabolantes. Horríveis até, acontecidas bem no pé do morro do Estrondo. Um
caso de uma mulher vestida de negro que aparecia certas noites, quando mais
escuro era, da região do mato, vindo em direção dos casebres rústicos e, então,
sumia.
Lauro
--- E não havia casebre naquele
mato? - - indagou
Marilu
--- Nada havia. Era só mato
mesmo. As taperas ficavam bem distantes. Quem já viu a mulher dizia ser a
Louca. Era uma mulher que perambulava pelos terrenos escuros só cobertos de
matos
Lauro
--- Eu não acredito em visagem.
Mas, quando eu era de menor, menino ainda, quando morava no interior, eu vi
sombras, ouvi vozes, coisas que sumiam no nada. - - relatou
Marilu
--- Um dia, faz tempo, eu resolvi
seguir o caminho do poço que existiu no quintal lá de casa e entre matos e
urtigas, eu vi o tal do poço lacrado, já bem antigo, com uma tampa feita de
cimento. Certa vez, o velho Neco falou que naquele poço era erguido um curral
para puxar água das vacas. –
Lauro
--- Em Natal, tinha uma latrina
fechada, por traz do Mercado, porque alí, uma mulher foi assassinada pelo
marido a golpes de machado. Ninguém
queria mais morar nesse terreno. –
Marilu
--- Eu sabia disso. –
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