terça-feira, 1 de agosto de 2017

GRANDES DEUSES - 11 -

- COPACABANA -
11

FESTA -

Com pouco tempo chegou a apartamento de Marilu onde estava a sua mãe, Noca a dividir o mesmo cômodo, a senhora Lindalva, mãe de Lauro. A mulher entrou apressada, quase com falta de ar, o que lhe era normal por seu porte gordo e de uma mulher de pouco altura. Lindalva observou a dona Noca para perguntar como estava passando depois do susto provocado pela cortina. Noca estava triste como se não quisesse tocar no assunto. A filha, Marilu, foi quem falou em seguida.
Marilu
--- Minha mãe está bem. Apenas magoada. - -
Lindalva
--- Magoada? Ora que besteira. Eu vivi por coisas semelhantes. - - disse a mulher
Marilu
--- Semelhante? A senhora é da capital. Minha mãe, do interior. - -
Lindalva
--- Eu também sou do interior. A moda lá em casa era levar um urinol para jogar do mato. Não tem nada com a capital. Hoje, eu estou adulta. Mas, quando me lembro dos penicos! Ava Maria.
Marilu
--- Ela está morta de vergonha! - - apontou o vestido do chão
Lindalva
--- Quer vergonha, que nada. Eu de mijei toda quando pari o menino Lauro! Ora! Vamos! Levante-se mulher! - - falou com dengo para dona Noca, abraçando-a
Noca
--- Eu vou voltar para minha casa. - -
Marilu piscou a vista para dona Lindalva.
Lindalva
--- Vai? Eu vou também. Onde cabe uma, também cabem duas! Levante-se! Que bobagem! - -
Bajulando dona Noca, com um pouco de tempo, meia hora, talvez, Lindalva saiu em sua companhia pelo corredor até chegar a sala oval onde estava o Senador a conversar com os amigos assuntos banais. Ao ver dona Noca, de imediato se pôs de pé com sua enorme pança e a sorrir deu as boas-vindas a visita amiga. A mulher, ainda descontente, apertou a mão do pai de Lauro. E não mais falou na cortina.
Com o passar do dia, quando era noite, Noca, sempre descontente, observou o que era posto para o jantar. Com pouca coisa para comer, Noca, indagou.
Noca
--- Que é isso? – -  olhando com atenção
Marilu
--- Comida da melhor classe! - - respondeu a filha
Noca
--- Na minha terra, nem cachorro come! - - e separou o prato
Lauro, que estava próximo de dona Noca, gargalhou. E relatou.
Lauro
--- Verdade. De onde vem tanta porqueira? A senhora tem razão! -  - falou
Noca
--- Muito melhor é pamonha, cuscuz, arroz-doce. São alimentos de sustança! –
Marilu balançou a cabeça para um lado e outro como a dizer!  
Marilu
--- Nossa Mãe! Quem diria? - - balançado a cabeça.
Noca
--- Come isso e diga depois! - - falou alterada para a moça
Após a fala do Senador, dizendo que aquela era última vez que festejava seu aniversário como Senador da República, pois não teria participação para novo mandato. Da próxima vez ele estaria a cuidar da fazenda e do plantio de melão, artigo da mais alta aceitação na Europa e Estados Unidos. E agradeceu a todos os amigos por estarem presentes naquela reunião de família.
Logo após, a hora de dormir. Dona Noca foi a primeira. Lindalva estava feliz por ver aquela mulher da roça se alimentando com aqueles salgados e nada mais. A senhora também não fazia questão de tanta comida, por vezes azeda, e trocando o pão, bolacha, até grude e tapioca. Foram, as duas para a sua cama onde puseram a conversar por longo espaço de tempo. Enquanto isso, Marilu conversava com Lauro na entrada por onde observavam o mar. E a moça falou.
Marilu
--- Certa noite, ainda na casa antiga, eu vi, no fundo do quintal, um poço. Mas ali nunca teve poço. Este surgiu de repente, cheio de água e muitos vultos estranhos vestidos de branco. Eu, ainda era de menor. Por volta dos seis anos. –
Lauro
--- Você contou a alguém? - - indagou
Marilu
--- Não. Nunca contei. Apenas, agora eu estou contando. E então os vultos que estavam dentro do poço, pediam-me socorro. Só isso. - -
Lauro
--- E você, o que fez? - - assustado
Marilu
--- Nada. Certa vez eu vi um homem falar em um poço que existia em um terreno desocupado naquela casa e, depois fecharam a fossa. Era para se tirar água. Só isso. - -
Lauro
--- Mas, na casa onde você viveu? - - alarmado
Marilu
--- Sim. Lá mesmo. Em tempos, aquilo era tudo ao abandono. Existiam casas aqui e ali. Havia poço em vários locais. Eu, menina, nem me importava. –
Lauro
--- Onde eu hoje moro, também tinham poços. A cidade não tinha serviço de água. As moças saiam de casa para buscar água no Baldo. Era assim. –
Marilu
--- Um velho contava histórias mirabolantes. Horríveis até, acontecidas bem no pé do morro do Estrondo. Um caso de uma mulher vestida de negro que aparecia certas noites, quando mais escuro era, da região do mato, vindo em direção dos casebres rústicos e, então, sumia.
Lauro
--- E não havia casebre naquele mato? - - indagou
Marilu
--- Nada havia. Era só mato mesmo. As taperas ficavam bem distantes. Quem já viu a mulher dizia ser a Louca. Era uma mulher que perambulava pelos terrenos escuros só cobertos de matos
Lauro
--- Eu não acredito em visagem. Mas, quando eu era de menor, menino ainda, quando morava no interior, eu vi sombras, ouvi vozes, coisas que sumiam no nada. - - relatou
Marilu
--- Um dia, faz tempo, eu resolvi seguir o caminho do poço que existiu no quintal lá de casa e entre matos e urtigas, eu vi o tal do poço lacrado, já bem antigo, com uma tampa feita de cimento. Certa vez, o velho Neco falou que naquele poço era erguido um curral para puxar água das vacas. –
Lauro
--- Em Natal, tinha uma latrina fechada, por traz do Mercado, porque alí, uma mulher foi assassinada pelo marido a golpes de machado.  Ninguém queria mais morar nesse terreno. –
Marilu
--- Eu sabia disso. – 

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