COPACABANA
10
GRANDE RIO
Quando chegou ao Rio de Janeiro,
dona Noca ficou extasiada por ver tantos aviões. Uns, decolavam para o mar,
outros faziam o vou para o Sul ou o Centro. Gente muita a andar para um lado e
para outro. E a mulher estava desnorteada. A filha a sorri, chamou por sua mãe
alegando que eles estavam chegando no aeroporto do Rio. Tudo, ali, era
diferente. Nesse instante, Lindalva, mãe de Lauro, se acercou do filho amado, o
abraçando e beijando e, em seguida abraçou afável a moça, Marilu e, por sugestão
de Lauro, ela dirigiu a dona Noca, igualmente a abraçando-a. A mulher, um tanto
nervosa, aceitou aquele abraço. Vestindo um traje de cor negra, longo, todo
bordado, Noca quase desmaia por ver tanta gente a desfilar e a conversar com os
seus assuntos vários.
Lindalva
--- Como passas, dona Noca? Gente
muita! - - falou suave.
Noca
--- Pensei que não ia mais
chegar. - - falou olhando nervosa o povo no aeroporto
Lindalva
--- Estas admirando o pessoal? -
- sorriu com paciência
Noca
--- Tem mais gente do que
formiga. - -
Sorrisos francos. Lauro foi o
mais distinto. A filha, Marilu, se tremia na base com cuidado para não sair um
disparate da boca de sua mãe. Então, despachada as malas, o automóvel de luxo
seguiu com seus ocupantes para o Hotel onde estava o Senador com a sua barriga
gigante. No meio do caminho, dona Lindalva se preocupava em mostrar a dona Noca
tudo de belo pelo caminho. Senhoras com vestidos alongados, pois era o normal,
homem em trajes de paletó, bondes, carros, pessoas a atravessar as ruas, entre
outras, e o Hotel Central, onde os visitantes teriam de ficar naqueles tempos
de glória. Um formigamento deu nas penas de dona Noca que, só não coçou por ter
vergonha.
No interior do Hotel, Noca foi
apresentada ao Senador. Com muito gosto, o homem com cordialidade a
cumprimentou. E declarou com afabilidade.
Senador
--- Agora somos uma família.
Faladava apenas conhecer a ilustre senhora Noca! - - abraços
Noca pouco entendeu os apreços
pois estava se urinando e precisava de um vaso com urgência. Sem sossegou,
pegou Marilu pela gola e puxou para adiante.
Noca
--- Filha, estou me mijando! - -
foi o que disse apertando as pernas.
Quando Noca entrou no banheiro do
Hotel, algo sobrenatural ocorreu. Uma cortina se deslizou sobre os trilhos sem
Noca toca em nada. Ela teve um sustou e ficou a olhar aquela misteriosa
cortina. Procurou de um lado a outro o que fez a cortina deslizar, porém nada
notou. Sentiu as suas pernas a molhar de imediato. Então, a mulher notou que
estava urinada pelo sustou dado. Um calafrio se assomou o corpo inteiro e de
vez, chamou a sua filha, mesmo a porta de banheiro estando fechada. A moça, que
estava próxima a porta de repente acudiu ao chamado.
Marilu
--- Abra a porta, minha mãe!!! -
- sacudiu a maçaneta.
Noca não conseguia abrir a
maçaneta da porta e dizia por dentro.
Noca
--- Não abre. Está como se
estivesse travada. Eu estou mijada. Um negócio sacudiu a cortina. Por favor.
Ajude-me!! - - gritava chorando.
Marilu
--- É o vento? - - perguntou
Noca
--- Não tem vento. A cortina se
mexeu de repente. Ajude-me.! – - e torcia a maçaneta sem conseguir abrir a
porta
Marilu
--- A senhora fechou a cortina? -
- indagou do lado de fora.
Noca
--- Eu nem cheguei a mexer nela!
- - destacou
Marilu
--- Espere. Vou abrir a porta.
Espere. Não toque em nada! - - e a moça destrancou a porta
Lindalva, de imediato, chegou ao
banheiro pelo lado de fora acompanhado a filha da mulher.
Lindalva
--- Ela está presa? - - perguntou
Marilu
--- Parece. A tranca não abre.
Nem para um lado, nem para outro!!! - - reclamou
Lauro
--- Que houve? - - chegou
apressado
Marilu
--- Minha mãe está presa por
dentro. Eu não consigo destrancar a maçaneta! – - Virando e desvirando a
maçaneta
Lauro
--- Deixa eu ver. - - e sacudiu a
maçaneta sem fazer esforço e logo abriu a porta.
Lindalva
--- Coitada. No primeiro dia?
Deixa eu entrar! - - e lá foram as duas, a mãe de Lauro e Marilu para dentro do
banheiro
Noca chorava como um neném abraça
com a filha. A moça agarrou-se a sua mãe e dona Lindalva procurava abrir e
fechar a cortina e, essa, corria com facilidade. Não havia nada de anormal.
Logo em seguida, chegou Lauro e um feitor para ver ao certo que houve com a
cortina.
Lauro
--- A cortina fechou de imediato,
conforme desse a senhora, deslizando sobre os trilhos. E a senhora nem chegou a
tocar em nada.
O rapaz verificou os trilhos e
nada ocorreu.
Lauro
--- E então? - - quis saber
Mecânico
--- Vou ver outras e outros
apartamentos. - - saiu com pressa
Lindalva
--- O que ele disse? - -
perguntou atenta
Lauro
--- Não disse nada. - - magoado
Marilu se retirou com sua mãe
para o quarto reservado às duas. Dona Noca, retirando a roupa molhada de urina,
apenas chorava a dizer.
Noca
--- Que vergonha, meu pai. Eu vou
embora. Eu vou. - - soluçando
Marilu
--- Ora mãe. Deixa de tolice.
Isso acontece. Eu também tenho vontade. A senhora se acalme. Depois, isso
passa. - - refez a moça
Noca
--- Comigo, nunca!!! - - magoada
Marilu
--- Quer um pouco de café? - -
Noca
--- Um pouco. Mas eu vou embora!
- - soluçando
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