JORNAIS
08
CASAMENTO
Segunda-feira, de manhã, Marilu
chegara as sete horas. Na redação não tinha viva alma a não ser o pessoal da
foto, inclusive Canindé. Os três fotógrafos estavam trancados no laboratório,
ao que parece, conversando com a conversas de sempre, pois para Marilu só
chegavam os risos de cada um. A mulher que fazia limpeza das salas passava para
o lado mais de dentro em busca de algo, como um balde ou vassoura, certamente.
O cheiro de perfume invadia todo o meio ambiente por conta do borrifador usado.
Na sala, Marilu foi buscar os jornais do fim de semana chegados do Rio de
Janeiro para se entender o que demais era notícia. Com um pouco mais chegaram
os repórteres da manhã, inclusive Janilce. Essa chegara com o rosto antipático
para nem se perguntar o que houve.
Janilce
--- Merda! Minhas regras! - -
falou para Marilu um tanto abusada
Marilu
--- Nem fale nisso! Estou vendo a
hora de ocorrer comigo! - - relatou
Janilce
--- Que livro é esse? - - indagou
apontando para o tomo.
Marilu
--- Esse? Gilgamesh! Um livro
antigo. Homens do Espaço. - -
Janilce
--- Vou usar o seu sofá. As
cólicas estão irritantes. Licença! Quero puxar a barriga para baixo. –
E a moça se deitou de papo para
baixo. Pôs um magazine no rosto para não ver ninguém. Marilu a observou e não
disse nada. Continuou com o seu trabalho de examinar o que foi feito do sábado
até domingo. Na sala em frente, chegava gente a toda hora. Gadelha entrou na
sala de Marilu trazendo revistas.
Gadelha
--- Seu Ramão! - - entregou as
revistas da Agencia Pernambucana e viu Janilce deitada com a face coberta. Nada
perguntou. Apenas a olhou piscando um olho. Marilu entendeu e nada falou. O
livro Gilgamesh permanecia no lugar. E logo, entrou em seu escritório o senhor
Lauro. De onde estava, fez um aceno a Marilu como a chama-la. Ela entendeu e
foi em frente. Canindé entregou a Marilu, antes da mesma seguir, as fotos do
dia. E dali, retornou. Ela agradeceu e entrou no gabinete a cumprimenta o
Diretor. Ele sorriu e falou
Lauro
--- Que tem a moça? - - quis
saber
Marilu
--- Coisas de mulher, mesmo. Nada
de mais. - -
Lauro
--- Certo. Sua mãe, como vai? - -
Marilu
--- Hoje saiu mais tarde. Disse
que tinha negócios a fazer. Não sei o que é. - -
Lauro
--- Vamos viajar? - - sorriu
Marilu
--- De bonde? - - sorriu
Lauro
--- Bonde não tem mais. De avião.
Nem precisa dizer sim! - -
Marilu
--- De avião? Eu preciso
conversar com minha mãe. De avião? Para onde? Rio? –
Lauro
--- Sim. Ao Rio. É o aniversário
do Senador. Vamos fazer uma festa. E você é uma das tais. Eu tenho algo para
entregar a você. - -
E Lauro entregou um par de
alianças em uma caixa de veludo escuro.
Marilu
--- Que é isso? Alianças? Para
mim? - - a moça estremeceu
Lauro
--- Sim. Ponha no dedo e pronto.
- - sorriu
Marilu
--- Mas. Mas. Mas. E você nem
sabe se eu aceito? - - e chorou
Lauro
--- Ora. Aceite. Vamos mostrar na
redação. Eu te quero. Só isso. - - relatou
Marilu se esqueceu do destino e
sentou na poltrona chorando de emoção. Com poucos instantes toda a redação
comemorava o pedido de casamento feito por Lauro. E o pessoal se abraçava com
orgulho ovacionado Marilu por ter aceito a rogativa. A moça, desambientada,
apenas agradecia aos companheiros de oficio. Nesse justo instante, surgiu do
seu local onde estava, a virgem Janilce. Inquieta, indagou.
Janilce
--- Quem faz aniversário? - -
perguntou preocupada.
No mesmo dia, à noite, Marilu
acompanhada de Lauro, chegaram a casa de dona Noca para oficializar o pedido de
casamento. Antes, porém, dona Noca, sem saber de nada, foi dizendo sem ter
nenhuma noção de que estava a ocorrer.
Noca
---Vendi o Café. - - falou sem
mais nem que e se perceber a presença de Lauro
Marilu
--- Vendeu? A quem? - - assustada
Noca
--- A um sargento. Quer dizer. É
o nome do homem. Sargento. –
Marilu
--- E agora? Que vai fazer? - -
indagou
Noca
--- Fazer vendagem para
conhecidos. E você? Que está a seu lado? - -
Marilu
--- Ora, mãe! É Lauro, do jornal.
Não diga que não o conhece? - - perguntou abusada
Noca
--- A sim. Seu Lauro. E o que faz
aqui a essa hora da noite? –
Lauro
--- Boa noite, dona Noca. Como
tem passado? É que eu vim trazer Marilu e ao mesmo tempo lhe pedir a mão de sua
filha em casamento. - - sorriu
Noca
--- Minha filha? E por que não
disse logo? Alianças? - - e observou as alianças
Marilu
--- Ora, mãe! A senhora não
deixou o homem falar! - - se desculpou
Noca
--- E tu queres? Ah bom. Se é
assim, está dada! - - disse a mulher ainda desconfiada.
Lauro
--- Tem uma coisa. Depois de
amanhã, creio, nós vamos para o Rio festejar o aniversário de meu pai. Eu
pergunto: a senhora que ir? - - quis saber
Noca
--- Não. Viajem bem e veja lá
menina. – e olhou para a barriga da moça
Marilu
--- Ora. Mãe. Aqui está tudo
fechado - - dizendo isso, sorriu
Então, Lauro gargalhou.
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