sábado, 8 de julho de 2017

SALÉSIA - 06 -

- CRIMINOSA -
- 06 -
A FACA -

Na tarde daquele domingo estavam reunidas em frente habitação de Salésia as amigas Julia e Olga e porque não dizer, também Salésia. Todas estavam animadas, sorrisos francos, vendo rapazes que passavam, o homem do cuscuz conduzindo em um burro suas duas cargas desses manjares deliciosos para se comer sem café e só por prazer, o garoto do puxa-puxa, o velho do cavaco-chinês. Isso tudo elas viram e apenas os cuscuzes compraram para comer sem vaidade. Às vezes, Olga dizia o nome “cuscuz” apenas para gargalhar e encher de farpas as roupas das amigas. E dessa forma passava o tempo cheio de graça. E tarde prosseguia, quando a amiga Julia contou um fato como aquele de Olga, ocorrido há algum tempo. Na ocasião, passava em frente uma mulher que teve a participação no incidente da faca. Isso foi o suficiente para Julia recordar todo o ocorrido.
Julia
--- Vocês estão vendo aquela mulher? - - e apontou para a mulher que já havia cruzado a rua.
Salésia
---Sim. O que tem? Conta logo! - - falou com rapidez.
Julia
--- Bem. Tenha calma. Bem. É uma história louca. Eu coloquei um nome nessa história: A Faca! Vejam bem. Esse negócio envolve um crime. E ocorreu no vizinho município de Macaíba. Um fato macabro que sucedeu. E a mulher que se foi, olhe lá. Ela vai entrar da esquina. Vocês viram?
Olga
--- Sim. Ainda vi. O que tem a mulher? - - quis saber
Julia
--- Ela é católica como grande parte das pessoas. Ela conhecia a família de dona Thelma, mulher de uma coragem ferina, sabe? Mas era uma senhora de bom coração. Ela era gentil com quem lhe fazia mal. Estão ouvindo? - -
Salésia
--- Estamos. Mas conte tudo! - - falou a amiga
Julia
---Vou contar. A mulher, dona Thelma, era casada com Jonas, um homem irritável. Esse, fica emburrado por tempos, contra alguém sempre guardando consigo mesmo os acontecidos. Ele pega raiva por qualquer raiva por mínima que seja. Ele é o contrário de sua mulher, Thelma. Observaram? -  -
Salésia
--- Claro. Claro. Mas, conte tudo. - -
Julia
--- Pois bem. Quando Jonas casou com dona Thelma já estava com 40 anos. Vejam bem! E pegava qualquer mulher de rua para sair com ela. Era como cadela no cio. Era mulherengo. E ele andava com uma faca muito bonita, de lâmina toda trabalhada e de com uma bainha de couro muito atraente. Essa faca impressionava qualquer um.
Olga
---Uma faca original, por exemplo! - - argumentou
Julia
--- Por aí assim. Mas a sua mulher não se sentia bem sempre que via essa faca. Talvez tivesse um campo de mal intenção. Tinha algo diferente. Esse homem, Jonas, brigava sozinho dentro de casa, espraguejava com o diabo, xingando coisas ruins para si e para o diabo. Quem passe por perto, levava seus aborrecimentos. Ameaçava de ir embora com roupa e tudo. Dona Thelma nem ligava quando ele empunhava o revolver rogando pragas no demônio. E pesava toda a madrugada, se preferisse, perambulando de um lado para outro. –
Salésia
--- Eu é que não suportava uma peste assim! - - discorreu
Julia
--- Certa vez, uma cliente foi até a casa de Thelma e lhe fez uma forte pergunta. A mulher ouviu o pedido e concordou. A mulher, visitante, vamos chamar de Ivone, rezou em torno da sala com muita fé por moveis e paredes. Num dado instante Ivone chegou na porta de Thelma, e parou. Então, Ivone clamou alto e pôs as mãos em um armário e declarou para dona Thelma.
Ivone
--- Vou abrir seu armário! - - falou sem medo
Julia
--- Dizendo isso, abriu a porta e deu de cara com a faca trabalhada.
Ivone
--- Tire isso daqui de imediato, pois aqui está um objeto rezado
Julia
--- E dona Thelma, com toda suspeita da faca maldita e ligou o telefone para saber de Jonas, onde ele havia comprado a tal faca, não sabendo que a faca havia sido dada de presente ao seu marido. Era faca envenenada e devia jogar a faca em um rio, temendo que o Jonas negasse.
Olga
--- Opa! Vai matar toda a gente! - -tremeu de medo
Jonas
--- Jogue fora essa porcaria! Sempre quis jogar fora e nunca consegui. - - disse em troca
Ivone
--- Hoje é o seu dia de livramento. - - e sorriu.
Julia
--- No dia seguinte, Thelma de dirigia para jogar no rio o objeto e nesse ponto cruzou com uma sua amiga para quem relatou toda a história.
Rosane
--- Você podia me dar essa faca. Isso que você me disse, se for verdade, a reza que foi posta nessa faca, foi feita para você e para o seu marido. Não vai fazer nenhum mal par mim - - disse a amiga a Thelma
Julia
--- Thelma relutou muito e, por fim, falou se ela se responsabilizasse e não tentasse, ela poderia ficar com a faca. É nessa parte da história tem o desfecho terrível. Essa amiga de Thelma não teve mais paz no casamento depois que tal faca entrou em sua vida. Passadas muitas brigas e numa atmosfera muito saturada que a vida tinha virado a sua casa, Rosane estava no auge de uma discussão quando o marido, Marcelo, puxou os seus cabelos, com força, e ela, num impulso descontrolado de ira, golpeou com uma panela de pressão, fraturando o seu crânio de maneira exposta.
Salésia
--- Nossa Mãe! Nem conte mais! - - com as mãos nos olhos;
Julia
--- Em seguida, Rosane usou aquela faca e acertou no coração de Marcelo. O fato chocou toda a cidade. Ninguém acreditava que Rosane havia acometido uma atrocidade assim. Tempos depois, Rosane disse que não se lembra de nada a não ser que estava dirigindo a esmo numa estrada vicinal. Quem via a faca nunca pensou que estava o objeto demoníaco
Olga
--- Francamente. Essa é de morte, mesmo! –
Julia
--- Certo tempo, Thelma foi até uma Congregação Missionaria e encontrou uma Irmã, a Irmã Maria, pessoa muito séria, ouviu todas histórias contadas por dona Thelma disse-lhe.
Irmã
--- Minha filha, as loucuras que seu marido fazia eram frutos de uma forte obsessão da entidade que foi para a sua faca junto a essa faca. O Diabo gosta de ver sangue.
Julia
--- O mundo espiritual nos rodeia e que há coisas que existem e agem independente da nossa vontade e crença ou não.
Salésia
--- É uma idiotice das pessoas vincularem de algo a crença ou descrença. E aquela mulher o que tem a ver com isso? - - apontou para esquina.

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