- CRIMINOSA -
- 06 -
A FACA -
Na tarde daquele domingo estavam
reunidas em frente habitação de Salésia as amigas Julia e Olga e porque não
dizer, também Salésia. Todas estavam animadas, sorrisos francos, vendo rapazes
que passavam, o homem do cuscuz conduzindo em um burro suas duas cargas desses
manjares deliciosos para se comer sem café e só por prazer, o garoto do
puxa-puxa, o velho do cavaco-chinês. Isso tudo elas viram e apenas os cuscuzes
compraram para comer sem vaidade. Às vezes, Olga dizia o nome “cuscuz” apenas
para gargalhar e encher de farpas as roupas das amigas. E dessa forma passava o
tempo cheio de graça. E tarde prosseguia, quando a amiga Julia contou um fato
como aquele de Olga, ocorrido há algum tempo. Na ocasião, passava em frente uma
mulher que teve a participação no incidente da faca. Isso foi o suficiente para
Julia recordar todo o ocorrido.
Julia
--- Vocês estão vendo aquela
mulher? - - e apontou para a mulher que já havia cruzado a rua.
Salésia
---Sim. O que tem? Conta logo! -
- falou com rapidez.
Julia
--- Bem. Tenha calma. Bem. É uma
história louca. Eu coloquei um nome nessa história: A Faca! Vejam bem. Esse
negócio envolve um crime. E ocorreu no vizinho município de Macaíba. Um fato
macabro que sucedeu. E a mulher que se foi, olhe lá. Ela vai entrar da esquina.
Vocês viram?
Olga
--- Sim. Ainda vi. O que tem a
mulher? - - quis saber
Julia
--- Ela é católica como grande
parte das pessoas. Ela conhecia a família de dona Thelma, mulher de uma coragem
ferina, sabe? Mas era uma senhora de bom coração. Ela era gentil com quem lhe
fazia mal. Estão ouvindo? - -
Salésia
--- Estamos. Mas conte tudo! - -
falou a amiga
Julia
---Vou contar. A mulher, dona
Thelma, era casada com Jonas, um homem irritável. Esse, fica emburrado por
tempos, contra alguém sempre guardando consigo mesmo os acontecidos. Ele pega
raiva por qualquer raiva por mínima que seja. Ele é o contrário de sua mulher,
Thelma. Observaram? - -
Salésia
--- Claro. Claro. Mas, conte
tudo. - -
Julia
--- Pois bem. Quando Jonas casou
com dona Thelma já estava com 40 anos. Vejam bem! E pegava qualquer mulher de
rua para sair com ela. Era como cadela no cio. Era mulherengo. E ele andava com
uma faca muito bonita, de lâmina toda trabalhada e de com uma bainha de couro
muito atraente. Essa faca impressionava qualquer um.
Olga
---Uma faca original, por
exemplo! - - argumentou
Julia
--- Por aí assim. Mas a sua
mulher não se sentia bem sempre que via essa faca. Talvez tivesse um campo de
mal intenção. Tinha algo diferente. Esse homem, Jonas, brigava sozinho dentro
de casa, espraguejava com o diabo, xingando coisas ruins para si e para o
diabo. Quem passe por perto, levava seus aborrecimentos. Ameaçava de ir embora
com roupa e tudo. Dona Thelma nem ligava quando ele empunhava o revolver
rogando pragas no demônio. E pesava toda a madrugada, se preferisse,
perambulando de um lado para outro. –
Salésia
--- Eu é que não suportava uma
peste assim! - - discorreu
Julia
--- Certa vez, uma cliente foi
até a casa de Thelma e lhe fez uma forte pergunta. A mulher ouviu o pedido e
concordou. A mulher, visitante, vamos chamar de Ivone, rezou em torno da sala
com muita fé por moveis e paredes. Num dado instante Ivone chegou na porta de
Thelma, e parou. Então, Ivone clamou alto e pôs as mãos em um armário e
declarou para dona Thelma.
Ivone
--- Vou abrir seu armário! - -
falou sem medo
Julia
--- Dizendo isso, abriu a porta e
deu de cara com a faca trabalhada.
Ivone
--- Tire isso daqui de imediato,
pois aqui está um objeto rezado
Julia
--- E dona Thelma, com toda
suspeita da faca maldita e ligou o telefone para saber de Jonas, onde ele havia
comprado a tal faca, não sabendo que a faca havia sido dada de presente ao seu
marido. Era faca envenenada e devia jogar a faca em um rio, temendo que o Jonas
negasse.
Olga
--- Opa! Vai matar toda a gente!
- -tremeu de medo
Jonas
--- Jogue fora essa porcaria!
Sempre quis jogar fora e nunca consegui. - - disse em troca
Ivone
--- Hoje é o seu dia de
livramento. - - e sorriu.
Julia
--- No dia seguinte, Thelma de
dirigia para jogar no rio o objeto e nesse ponto cruzou com uma sua amiga para
quem relatou toda a história.
Rosane
--- Você podia me dar essa faca.
Isso que você me disse, se for verdade, a reza que foi posta nessa faca, foi
feita para você e para o seu marido. Não vai fazer nenhum mal par mim - - disse
a amiga a Thelma
Julia
--- Thelma relutou muito e, por
fim, falou se ela se responsabilizasse e não tentasse, ela poderia ficar com a
faca. É nessa parte da história tem o desfecho terrível. Essa amiga de Thelma
não teve mais paz no casamento depois que tal faca entrou em sua vida. Passadas
muitas brigas e numa atmosfera muito saturada que a vida tinha virado a sua
casa, Rosane estava no auge de uma discussão quando o marido, Marcelo, puxou os
seus cabelos, com força, e ela, num impulso descontrolado de ira, golpeou com
uma panela de pressão, fraturando o seu crânio de maneira exposta.
Salésia
--- Nossa Mãe! Nem conte mais! -
- com as mãos nos olhos;
Julia
--- Em seguida, Rosane usou
aquela faca e acertou no coração de Marcelo. O fato chocou toda a cidade.
Ninguém acreditava que Rosane havia acometido uma atrocidade assim. Tempos
depois, Rosane disse que não se lembra de nada a não ser que estava dirigindo a
esmo numa estrada vicinal. Quem via a faca nunca pensou que estava o objeto demoníaco
Olga
--- Francamente. Essa é de morte,
mesmo! –
Julia
--- Certo tempo, Thelma foi até
uma Congregação Missionaria e encontrou uma Irmã, a Irmã Maria, pessoa muito
séria, ouviu todas histórias contadas por dona Thelma disse-lhe.
Irmã
--- Minha filha, as loucuras que
seu marido fazia eram frutos de uma forte obsessão da entidade que foi para a
sua faca junto a essa faca. O Diabo gosta de ver sangue.
Julia
--- O mundo espiritual nos rodeia
e que há coisas que existem e agem independente da nossa vontade e crença ou
não.
Salésia
--- É uma idiotice das pessoas
vincularem de algo a crença ou descrença. E aquela mulher o que tem a ver com
isso? - - apontou para esquina.
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