- BALEIA -
03
BALEIA
Marilu adormeceu por volta da
meia noite a ponto de deixar seu livro totalmente aberto sem nem sequer esperar
ser fechado. Quando acordou, Marilu notou o que deixara por fazer. E de
imediato, pegou o livro e o fechou dizendo asneiras por seu eterno sono. Sem
mais o que fazer às seis horas da manhã procurou ver se sua mãe saíra de casa
pela madrugada, umas cinco horas, por certo. Ainda bêbada de sono a moça saiu
para fazer asseios. Na mesa, notou bolos e pamonha. Sua mãe se lembrou em
deixar seu café já pronto e não se importou em acorda-la. Com a cara feia, a
moça entrou para o banheiro. Observou para o relógio Cuco e viu a hora certa.
Marilu
--- Merda! Vai dormir assim ...!
- - e suspendeu de dizer a “praga”.
Depois do café, a moça olhou para
o Cuco e pensou ser melhor sair direto para o Jornal uma vez ser tarde para
passar no Café de sua mãe, dona Noca. Então, a moça depois de limpar o seu
quarto, lembrou em seu livro, pegou o volume e saiu. Na rua, viu o gazeteiro já
distribuindo jornais em cada casa. Ela não se importou. Era melhor ir ao Jornal
onde poderia ver um dos volumes com mais tranquilidade. O motorista já estava
aposto quando Marilu chegou a porta para subir as escadas e em iniciar o labor.
Alguns repórteres já estavam a trabalhar em suas tarefas próprias. Marilu
observou que Janilce não havia chegado. Isso era normal, por certo.
Após passar a vista no jornal
notou que novas matérias se avolumaram em meio do que ela já colocara. Nesse
meio tempo sentiu a presença de Janilce. Ela chegara na companhia de outros
redatores. E foi sentar próximo a Marilu.
Janilce
--- Notou o mal tempo pela
madrugada? - - indagou
Marilu
--- Acordei as seis. Nem vi o
mundo acabar! - - falou sem insistir
Janilce sorriu e nada comentou.
Mesmo assim algo para tecer conversa.
Janilce
--- Pelo que eu li, antes de
pregar os olhos, foi uma citação por demais interessante naquele livro que em
comprei.
Marilu
--- Que diz? - - indagou lendo o
jornal da manhã.
Janilce
--- Um caso interessante. Durante
gerações um resumo majestoso da criação do nosso mundo tem sido o núcleo do
judaísmo, do cristianismo e do islamismo, as três religiões monoteístas, sendo
essas duas últimas, frutos da primeira. No século XVII um arcebispo da Irlanda
calculou por esses versos iniciais, o dia, até o momento da origem criação do
mundo. - - sorriu
Marilu
--- Pois é. Você já ouviu falar
em Sidarta Gautama? - - quis saber
Janilce
--- Creio que não. Quem é ele? -
- perguntou
Marilu
--- Buda. O Iluminado. Nasceu no
Nepal. Interessante! O seu nome significa “pastor de vacas”. Ou seja, a vaca é
um animal forte. E quem cuida é o mesmo que se cuidar do “Universo”. Os nomes
têm um significado diferente. Cada pessoa tem o seu nome. - - mastigou a unha
da mão
Janilce
--- Eu, jamais imaginaria em tal
nome. Pastor de Vacas. - - sorriu
Nesse ponto Canindé entrou
apresado na redação e foi logo chamando os repórteres.
Canindé
--- Vambora cambada. Tem serviço!
Uma baleia está encalhada nas pedras! Vamos! Vamos! –
E nesse ponto, com muita pressa,
observou Janilce e quase arrastou pelo braço, falando sério.
Janilce
--- Baleia? Onde? – - perguntou e
se desfez do puxão
Marilu
--- Baleia? Nas pedras? Quem
falou? - - se levantou a moça da cadeira em que estava de modo espantada.
Canindé
--- Um pescador! Vamos logo! Até
agora nem bombeiro chegou perto! - - já cansado
Marilu
--- Cuida! Vamos embora! Você,
Janilce. Vamos! Vamos! - - apressada
Janilce
--- Danou-se! Um dia é o trem. No
outro, a baleia! - - correu e busco resma de papel da redação
E pela escada, desceram em busca
do carro. Canindé chamou por Gadelha, o motorista e logo se apeou no veículo.
Nesse instante, vinha chegando o Diretor e, com a pressa do pessoal, perguntou.
Lauro
--- Aonde vão vocês? - -
Marilu
--- Pescar baleia. Uma enorme
encalhou nas pedras de Barreira Roxa, diz Canindé. - - apressada
Lauro
--- Espere. Eu vou também. Eu
levo outro repórter. - - correu para o interior do Jornal
Marilu
--- Eu vou com você! - - chamando
atenção de Lauro
Canindé
--- Vamos embora! Eles seguem a
gente! - - falou para o motorista
Com um pouco, um segundo repórter
ingressou no auto de Lauro. Além desse, Marilu, chefe de redação, caminhou no
banco da frente. O outro veículo já havia perdido de vista. Outros carros
passavam em direção da Cidade Alta ou do Alecrim. Uma freada brusca. Um veículo
sacolejou para evitar a colisão com o auto de Lauro ainda na Ribeira. O
motorista gritou.
Motorista
--- Está bêbado sua “porra”! - -
gritava o outro motorista
Sem dar conta, Lauro trafegou
insistente indagando a Marilu.
Lauro
--- Por onde eles foram? - -
perguntou exaltado
Marilu
--- Pela praia, eu creio. - - se
agarrando por causa dos solavancos que sofria o auto
Lauro
--- Use o cinto! - - olhou vexado
para Marilu
Marilu
--- Está apertado. - - alertou a
moça
Mais à frente seguia o carro de
Canindé a toda pressa. Janilce sofria com os solavancos da estrada feita de
barro e pedras.
Janilce
--- Não dá para ir mais devagar?
- - falou a moça
Canindé sorriu e detalhou.
Canindé
--- Está com medo? Pois a baleia
nem está. Segura-se! - - falou o fotografo
Janilce
--- Agora, deu! - - cara abusada
Canindé
--- Tem um garrote da estrada! -
-
Gadelha, de imediato, freou em
cima do garrote.
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