segunda-feira, 24 de julho de 2017

GRANDES DEUSES - 04 -

MORTE
04
JABURTE

Após o incrível susto tido pela moça Janilce, chegando a bater com a sua cabeça em uma parte do carro, Gadelha pediu desculpas aos ocupantes do veículo, ele prosseguiu viagem rogando pragas ao garrote. O sol já estava quente e pessoas seguiam para a Praia de Areia Preta, para tomar banho salgado e, as mulheres pobres, vestidas em trapos, bater roupas de seus senhores os moradores da parte alta de Petrópolis. Não havia muita gente. Mesmo assim, era uma porção. Na Praia do Pinto, ligada a outra praia, pescadores seguiam para o mar aberto. O interessante era a vestimenta dos pescadores. Homens pobres vestindo blusão de marinheiro, quase todos. As jangadas eram puxadas da areia na parte alta da praia e seguiam justo mar; Na parte das moradias, havia bodega, coisa simples, uns tocos para evitar a água do mar quando cheia que batiam da soleira da porta e mesmo entrava de casa a dentro. Na bodega, um vendedor despachava brotes secos e doces, pães sabe lá de qual dia, farinha, açúcar bruto e de outras marcas, como triturado, banha de porco, querosene que se chamava gás, álcool, aguardentes, das piores entre outras coisas. Gadelha indagou ao vendedor ou bodegueiro.
Gadelha
--- Para se chegar à Barreira Roxa é seguir em frente? - - indagou aos berros
Bodegueiro
--- Siga em frente. - - respondeu o homem com gesto feitos com braços
Gadelha
--- A baleia está lá? - - indagou
Bodegueiro
--- Parece que sim. Os pescadores estão com o bicho. - - respondeu
E o carro rompeu direto com toda força para não atolar no areal.
Gadelha
--- Vamos lá. - - declarou
Janilce
--- É longe? - - indagou
Canindé
--- Um pouco. Vencendo o areal, é logo alí. –
Gadelha
--- Sabe a história do enforcado? - - perguntou
Janilce
--- Qual? Não sei. Conte. - - disse a moça meio assustada
Gadelha
--- Certa vez encontraram um soldado. Ele estava morto por uma corda, dependurado da caixa de água. Tiraram e pronto. Mas, de noite lá estava ele, dependurado na corda e balançando pra lá e para cá. Ninguém dormiu mais na caixa d’água. - - sorriu
Janilce
--- Tem Quartel na região? - -
Gadelha
--- Teve um, no tempo da Guerra. - - explicou
Canindé
--- Cuidado! Ele ainda aparece! Cuidado! - - disse o fotógrafo, com voz rouca
A moça Janilce, olhou para o morro e estremeceu de medo.
Barreira Roxa. Ali estava o monstro. Pescadores esperavam a maré cheia para ver se era possível puxar a baleia para dentro do mar. Com suas asas grandes se tornava difícil puxar a jubarte para o seu seio natural. Naquela hora já estavam cinco pescadores apostando em quem um deles tirava a baleia para as águas. O garoto já saíra a mais de hora para chamar o Bombeiro. Nada de bombeiro ou de polícia e nem mesmo de alguma instituição de perca. A distância era longa. Os repórteres estavam a chegar mais próximo. E um dos pescadores indagou.
Pescador
--- Vocês são os repórteres? - -
Lauro
--- Jornal do Estado. Soubemos desse bicho encalhado nas pedras. É baleia? - -
Pescador
--- Pelo tamanho, só pode ser um bicho desses. Ela está ferida. Eu acho que não escapa. –
Lauro
--- Chamaram os Bombeiros? –
Pescador
--- A mais de hora! E o diabo do moleque nem voltou ainda. - -
Outro
--- Va ver que ele foi na Polícia mesmo. - -
Com mais uma hora, veio o Carro de Bombeiros, o Ibama e o garoto. Foi verdadeiro suplicio. Com pouco tempo chegaram novos técnicos de baleias jubarte. Os fiscais entraram na luta. Os Bombeiros tinham a sua opinião o Ibama tinha outra. Ninguém se entendia. A baleia jubarte já estava desnutrida pelo esforço feito.
Pescador
--- Ela vai morrer. É o fato verdadeiro! - - relatou
Uma maré brava sacudiu a baleia para baixo e o animal ficou alojado em baixo das pedras.
Técnico
--- Pronto. Agora que são elas. Se não se pode fazer tanto. Onde está o veterinário? –
Os repórteres fizeram a matéria no primeiro instante da luta. Janilce chorava por causa de tudo e todos. Canindé fazia fotos. Lauro conversava com os técnicos.
Lauro
--- Elas vivem do Sul? - -
Técnico
---Mais no Sul. E vivem também na região norte. Essa foi atropelada, com certeza, por algum navio cargueiro ou mesmo petroleiro. - -
As águas do mar oceânico se avolumavam, porém, eram insuficientes para fazer o resgate da baleia jubarte, uma espécie quase em extinção. Canindé falou ter que sair naquela hora. Marilu ficou para seguir com Lauro e, Janilce, com o outro repórter, seguiu de vez com Canindé em outro veículo, dirigido por Gadelha. Eram cerca de meio dia. Outros repórteres foram mandados para seguir acompanhado a ação dos técnicos em baleias, sabendo se tinham esforço para ser feito resgata do animal anfíbio jogando para o mar quando cheio.
Repórter
--- Que bicho feio! - - alertou o tal repórter
A baleia é um mamífero marinho. Respira pelos pulmões, e não pelas brânquias, como os peixes. Por isso, precisa subir â superfície para pegar oxigênio. O corpo é coberto por uma espessa camada de gordura. Uma baleia chega a trinta metros e pesa 150 quilos. Em casos normais, pode ser vista com 110 anos.  É comum ver os sons emitidos por uma baleia. Esse barulho serve para ela se localizar e se comunicar.
Técnico
--- A maré está alta agora. Mas não suficiente para tira-la daquele chão. - -
Outro
--- Verdade. Parece que eu vou o fim dessa baleia!  Merda! - - chorou o técnico.
Técnico
--- Não se desespere. É morte! E ninguém escapa! - -
Outro
--- Merda! Merda! Merda! - - e caiu em prantos
Levou-se uma semana para se ter o fim da baleia. Após a sua morte, foi a parte derradeira. Os bombeiros cavaram uma vala no chão onde a velha baleia este por esses vários dias. De um baque só, ela foi enterrada entra as águas do mar. Ali estavam a observar a jornalista Marilu e o fotógrafo Canindé.


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