- O DEMÔNIO -
- 05 -
DEMÔNIO
Passaram-se os dias, Julia tinha
aberto a matricula na Faculdade e, por fim, estavam às três de agora em diante
fazendo estudos, sendo que Salésia cursando Filosofia na parte noturna.
Portanto, Salésia tinha tempo apenas de tomar café com pão e seguir bem
apressada para não perder o início da aula do seu curso. E a vida continuou sem
maiores atropelos, se segunda a sexta feira. Todas as três amigas estudavam em
salas diferentes, mas quando terminavam as aulas, elas se juntavam para voltar
às suas casas, na Cidade Alta. Em uma certa noite, Salésia já estava em sua
casa e logo foi dormir porque no dia seguinte tinha estudos para fazer e à
tarde, trabalhar na Empresa de Correios. Por volta de uma hora da manhã, ela
acordou sobressaltada. Algo de anormal ocorreu. Talvez um gato ou ratos. Coisa
estranha acordara a moça. De momento ela quis chamar por sua mãe, mas nada fez.
Cobriu-se toda com seu lençol podo de fora parte de sua vista para ouvir bem
melhor. Silêncio total. Nem um gato a miar. A luz do corredor estava acessa. A
essa hora seu pai ainda não acordara para ir à Estação de Trem onde tinha que
chegar antes das cinco horas. Ele era o maquinista do trem e partia de Natal as
cinco e meia, horário matinal. Quando Salésia despertou ainda ouviu um ruído.
Ela ficou surpresa e ficou calada. O vento soprava forte, deixando um silvo
como se estivesse desperto. Salésia pensou que o ruído do vento talvez fosse
ruído que ela ouvira minutos antes. Mas algo ocorreu. O pai de Salésia estava
sentado no batente. Ela se inquietou ao ver o pai sentado, do lado de fora do
quarto.
Salésia
--- Pai? O senhor está aí? - -
perguntou
O homem que estava sentado no
batente e fumava cigarro, era parecido com o seu pai, mas não era seu pai, o
homem Moisés. Esse homem era todo vermelho, olhos arregalados, vermelho-sangue.
O homem tinha um semblante aterrorizante, e o seu sorriso era de um demônio e
olhou para Salésia como se a esperasse. Em seguida, a moça correu para o quarto
onde dormia a sua mãe e com certeza, o seu pai
Salésia
--- Mãe! Mãe! Mae! - - gritava a
moça entrado porta a dentro procurando proteção
Laura
--- Que é, menina! Ora que susto!
- - se levantou sua mãe e acordou o próprio pai
Moises
--- Ora. É invenção dessa menina!
- - disse o homem a fazer de conta que era piada.
Salésia
--- Invenção não meu pai! Eu vi
um homem sentado aqui. Dentro parecia o demônio! - - gritava a moça de forma exaltada.
Moises
--- Vai dormir! Ainda é cedo da
madrugada. - - falou o homem a se deitar na cama
Salésia
--- Pai! Eu juro que o senhor
estava lá! - - gritava assombrada
O homem se irritou por demais e
foi tragar o seu cigarro, levantando-se da cama. Salésia saiu, acompanhando o
homem temendo à criatura de fazer algo maldoso eu seu pai. Na volta o homem de
cigarro acesso se acomodou na cama e a moça se ajeitou junto a sua mãe.
Na manhã logo cedo, Salésia após
tomar seu café decidiu e falar com dona Lindalva e contar o drama vivido
durante parte da madrugada. E contou, em detalhes o ocorrido esperando da
mulher algo definido. Lindalva, acompanhada da filha Julia, chamou a moça
Salésia para ir até ao Oráculo pedir aos arcanjos uma luz para o ocorrido. Após
alguns minutos passados, um espírito encarnou na mulher e falou.
Espirito
--- Quem falou com você, foi algo
espiritual com forma do teu pai! Cuidado para que não venha outra vez. Sua casa
é cheia de espíritos. Aliás, todas as casas dessa terra têm vários espíritos,
alguns seres diabólicos, outros que nem sabe ainda que já passaram para o outro
lado de sua existência. Seja prudente. Seria bom você frequentar sessões em
casas espíritas. E use sempre um amuleto sagrado. - - desse o espírito
Salésia
--- Mas quem é o meu espírito? -
- quis saber
Espírito
--- A Medalha de São Bento! - -
declarou
Salésia
--- São Bento? - - fez um rosto
retorcido.
E o espirito saiu do corpo de
dona Lindalva. A moça Salésia ficou extasiada e teve que perguntar a dona
Lindalva quem era São Bento.
Lindalva
--- Um Santo forte. O que o
mestre matou você fazer? - -
Salésia
--- Usa uma medalha de São Bento.
E como eu sei quem é esse Santo? - -
Lindalva
--- Eu busco. Quando estiver com
ele, você use em seu busto de forma que ninguém veja. –
Julia
--- Eu ajudo a encontrar o
amuleto. Não se preocupe. Levante-se, e vamos para a sala.
Salésia tremia que só vara verde.
Por vezes, a moça chorou. Pôs a mão na testa chorando ainda mais. Findou por
perguntar.
Salésia
--- O que eu fiz, meu Deus. Só pode
ser castigo. - - chorando
Julia
--- Todos nós temos castigos. Eu,
minha mãe, você. Todos, enfim. Eu lembro de uma mulher que tinha muitos filhos
sem condições de cria-los. Então, essa mãe saiu distribuindo pela rua os filhos
que ela não podia cria-los. E deixou uma filha até num terreiro de macumba.
Essa filha, certa vez, viu da casinha de cachorros dois pés de cabras lá
dentro. A menina tinha muito medo da casa de cachorros uma vez que viu um
demônio com os cães. A menina tinha 8 anos de idade e levava surras da mãe de
terreiro. Certa vez, Amanda, era o nome da garota, foi até a cozinha comer um
pedaço de pão, quando alguém lhe chamou pelo nome.
Salésia
--- Meu Deus! E aí? –
Julia
--- Então, ela olhou na cozinha e
viu a pior coisa que ela podia ver. Na janela tinha um rosto enorme e
arredondado, cor de pele com dois chifres no topo da cabeça. Esse ser horrendo
começou a sorrir com dentes pontiagudos. –
Salésia
--- Nem conte mais! - - fez de
conta que tapou os ouvidos
Julia
--- Então, a voz disse! ” Meu
nome é lúcifer”. E a menina se afastou, quase paralisada. Tremendo e fazendo
xixi na calça de tanto medo. E o ser caminhou até a porta da cozinha e quando a
ser abriu a porta, a menina desmaiou. Acordou no dia seguinte, apanhando demais
da feiticeira por que ela desobedeceu às ordens dadas. A menina correu o mundo
e nunca mais voltou a ver a tal mulher feiticeira.
Salésia
--- Não tinha outra casa para a
sua mãe deixa-la? - -
Julia
--- Não sei. Apenas sei o que a moça me contou anos depois
de ter recebido grandes sovas.
Salésia
--- Sei lá. Tem coisas nesse
mundo que a gente só conhece se for contada pela própria pessoa.
Julia
--- Quer saber de outra? - -
Salésia
--- Não. Para mim, chega. Eu vou
me ajeitar para ir ao trabalho.
Julia
--- Eu vou cuidar de sua medalha.
–
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