- A BRUXA -
- 08 -
A VELHA -
Em noite de sábado, as três
amigas estavam em casa da Julia conversando sobre os serviços, para Olga,
cansativos, por ter de embrulhar e desembrulhas pacotes o dia todo, atender às
mulheres que buscavam algo que havia e os carros a buzinar a toda hora quando
pela rua transitavam. Tudo isso, deixava a moça com a flor na pele,
principalmente nos dias das regras (menstruarão). Nos dias normais, era de
sossego para Olga, não levando em conta o desprazer das buzinas e tampouco dos
trens quando passavam na rua Chile, próximo a que a moça trabalhava. E se
chovia, era uma caninga dos diabos. A moça já estava exausta com todo aquele
horror dando vontade de chorar. Julia, por seu lado, resolvendo amainar o
terror da amiga, contou uma história vivida por um vendedor de bugigangas em
cidades do interior. E assim, foi.
Julia
--- Interessante! Você reclama
pelas buzinas dos carros que transitam em Natal e nem sequer sabe de algo bem
mais perturbador. - - sorriu
Salésia
--- Lá vem você com suas
diabruras. Conta logo e não faz graças! - - falou se ajeitando sentando no chão
da calçada
Julia
--- Espera. Aquieta. Lembra-se de
um homem que procurou comprar selo esta semana? Lembra?
Salésia
--- Não. Eu estava despachado um
outro cliente. Eu o vi apenas quando ele saiu. Conte, então. –
Olga
--- Só quero ver! - - e colocou o
queixo em suas mãos.
Julia
--- Pois bem. É a história desse
homem vendedor de artigos que o povo pede no interior. Bugigangas. Ele vem a
capital, compra e volta paras as cidades em que vende. Tudo aquilo ele vende
pelo sertão nordestino. Disse o homem, certa vez, que ele estava enchendo seu
saco quando notou a presença de uma mulher já de idade avançada. Isso se deu no
mês passado na cidade que não era nem uma cidade. Vila. Poucas casas. Ele havia
deixado seu calhambeque pouco distante e retirava as encomendas pedidas pelo
pessoal da vila. Poucos casebres. - -
Salésia
--- Era longe essa vila? - - quis
saber
Julia
--- Disso, ele não falou. Mas,
pelo modo, não era tão longe assim. Era uma vila de poucas taperas. Ele falou
ser apenas perto de lagoa. Estavam ele e o seu ajudante, também vendedor. Na
verdade, era um povoado, eu lembro agora. Já passava das 5 horas da tarde, o
tempo começava a escurecer e ele iniciou a sua caminhada de volta para pegar o
carro que não ficava nem muito longe. Ficava mais menos perto. Ele contou que
estava bastante cansado e pedia a Deus que ele chegasse ao carro.
Salésia
--- E tinha estrada? - - quis
saber
Julia
--- Nem tanto. Que eu me lembre,
seu José só falou em mato.
Olga
--- José era o vendedor?
Julia
--- Sim. Era. José Geraldo de
Deus. O nome completo. Mas, quando ele se aproximo do carro sentiu o odor
horrível como se tivesse queimando ou em putrefação. Quando ele sentiu a
catinga, ele olhou para trás e perguntou a Benedito também sentia a catinga de
carne morta
Benedito
--- Sinto não, senhor. - - estranhando
a catinga só sentida por José Geraldo.
Julia
--- Naquele instante, olhando
para ver se avistava o carro, o que o homem enxergou, foi de uma figura
pavorosa. Uma velha a olhar fixo para ele. Era tão horrorosa chega ele se
arrepiou. A velha tinha mais de 80 anos. Ele teve a sensação de congelar o
coração. Aquele pavor assombrador.
Olga
--- Eu já estou é me peidando! -
- gargalhou.
Salésia
--- Cala tua boca. Termina você.
– - falou emburrada para Julia
Julia contemplou séria o rosto de
Olga e indagou.
Julia
--- Quer ouvir a história? Por
bem! Seu José ficou imóvel apontando para a perguntar para seu auxiliar que
coisa era aquela. –
Benedito
--- Não vejo nada seu José. - -
declarou em volta
Julia
--- Seu Jose disse que sempre
olhava para a “desgraça” parada em frente a olhar para ele, apenas. E seu
Benedito me puxou pelo braço e nesse ponto, a megera sumiu.
Salésia
--- Puta merda. Quem está sumindo
agora sou eu! - - lhe deu um frio intenso.
Olga
--- Não vejo graça nessa
história. - - fez um bochecho
Julia
---Você não acha graça porque não
foi com você. Mas quando a criatura desapareceu, o homem sentiu como se
voltasse a realidade e viu quando Benedito jogou água em seu rosto e lhe
sacolejando, tirando seu José daquele estado de choque.
Salésia
--- Eu queria conhecer seu José!
- - reclamou a moça.
Julia
--- Você conhece. É porque não se
lembra. Eu sei que quando ele despertou já estava dentro do carro de volta para
a Cidade. Não conseguiu falar mais nada com seu Benedito.
Olga
--- Vou embora! Já ouvi! Eu estou
com vontade de defecar. - - e saiu peidando.
Salésia
--- Cuidado com a velha! - -
lembrou a moça
Julia
---Deixa para lá. Ele, seu José,
me chamou a atenção que semanas após ele conseguiu falar com o homem Benedito e
esse disse, também que passou um tempo parado e Benedito também sentiu um odor
muito forte, chegando a se engasgar por esse motivo quando empurrava o nome
dele, de José, e sacudir para reanima-lo
Salésia
--- E ninguém sabe dessa
aparição? - - indagou.
Julia
--- Daí é que vem a história. A
velha tinha metro e meio de altura, muito encurvada, daqui como apareceu com
uma vestimenta longa, escura e trazia um prato de cozinha em sua mão. Tempo
depois, ele voltou para fazer a entrega dos pedidos e, falando como um senhor
de idade, ele me advertiu a não brincar com essa senhora idosa que costumava a
aparecer no interior e aparece para as pessoas que enfrentam alguma dificuldade
na vida, ou crianças que ela arrasta mata a dentro até sucumbir e nunca mais
aparecem.
Salésia.
--- Verdade. Eu tenho cisma. Você
já viu um mago que leva você ao passado? - - indagou
Julia
--- Eu, não. Mas já fui ao
passado certa vez. - -
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