LUA DE MEL
21
LUA DE MEL
Alguns dias após o matrimonio de
Marilu e Lauro, esses já estavam em viagem de lua de mel para selar o
casamento. Dessa vez eles foram passar os seus dias em uma capital do Sul: São
Paulo. Marilu ficou encantada com a capital do Estado. Tudo era maravilhoso,
mesmo quando se acordava bem cedo do dia onde a garoa fazia a festa. Por
algumas manhãs, quando Marilu acordava, logo cedo, ela corria para a varanda do
Hotel vendo, de cima, o transito em baixo. Os garis limpando as calçadas da Rua
Augusta, os rapazes a oferecer jornais do dia.
Eram tão imensos que não se podia vender tudo de uma só vez. Um exemplo
era com o Jornal O Estadão. Muito maior que os demais. E Marilu delirava. As
Rádios, eram o máximo. Cantores da época. Coisas parecendo antigas. Na verdade,
eram as músicas da atualidade. Marilu lembrava do anuncio de Cinema do momento.
Tudo era divino que nem podia se esquecer. Atrizes de longe, talvez dos Estados
Unidos. Umas das tais, como Marlene Dietrich, que ela jamais ouvira falar. Lá
estavam em cartazes luminosos, brilhando à luz do dia. Na sua mente surgia a
imagem de se fazer, em uma parte da sala ao lado, em Natal, um cinema igual ao
que ela estava a ver. O que ocorria era a era o romantismo, requinte da
juventude e nada mais. Tudo era maravilhosamente belo e extasiante. Estiveram eles, em São Paulo, por um tempo
após seguir viagem para a Europa. Era a intenção de Lauro visitar a Igreja de
Santa Maria Madalena, no sul da França. Ela é uma das figuras religiosas mais
conhecidas do mundo. Alguns a consideram uma poderosa imagem da Redenção.
Outros, uma mulher “perdida”. Uma reputação enraizada ha mais de mil anos. No
entanto há quem diga que Maria Madalena era a mãe do filho de Jesus. De teorias
secretas a massacres sangrentos.
O desembarque era Paris. Ali podia-se
deslumbrar o progresso constante. Um progresso que Marilu não vira dois anos
antes. O casal ficou hospedado em um Hotel de classe. Para Marilu aquilo era
apenas a maravilha da natureza, não importando quanto. Visitar Museus era o
natural. Em Paris, Marilu sugeriu conhecer um Museu feito com caveiras em um
subsolo da cidade.
Lauro
--- Caveiras? Eu disse? - -
indagou querendo lembrar
Marilu
--- Sim. Ossos. Uma coisa assim.
As catacumbas em um subsolo. Você falou. - - inquieta
Lauro
--- Ah! Sei. As Catacumbas de
Paris. É isso? - - quis saber detalhes
Marilu
--- Sim. É isso. Para alguns
visitantes e algo aterrorizante. Mas eu achei curioso. - - sorriu mordendo a
ponta da unha da mão.
Lauro
--- Está bem. Vamos lá. Não se
assuste. - - sorriu querendo preveni-la
Marilu
--- Eu? Estou acostumada com
coisas horripilantes. No Mercado só tem ratos. - - sorriu
E foram eles a visitar as
Catacumbas de Paris, em um subsolo onde imperava as caveiras de todas as
formas. Para a moça até que era bem natural. Ossos a olhar os inquietos
visitantes. Vários tamanhos parecendo ter saído de uma sepultura. Bem abaixo do
solo da cidade, alí estavam a dormitar os ossuários. A prosseguirem por tuneis intermináveis,
entre becos estranhos, os dois caminharam sempre a procura desses ossos
humanos. Cadáveres parecendo sorrir. Barulho de ratos era até bem normal
Lauro
--- Ratos! - - disse o rapaz.
Marilu
--- Bichos imundos. Mas, até que
são sociáveis. - - relatou elevando um pé bem calçado.
Lauro
--- Sociáveis e afáveis apesar do
seu tamanho. Grandes e miúdos. - - sorriu
Por um corredor cabendo apenas
uma pessoa, os dois trilhavam em uma penumbra ambiente com luzes distantes uma
das outras, prosseguindo entre grades de ferro a proteger o ambiente de
possíveis desabamentos, em um percurso de mais de meia hora, com passagens
secretas e placas de orientação aos visitantes e em algumas paredes as marcas
de quem estava dormindo ali o sono da eternidade, ostentando o perigo inquieto
o casal chegou ao ponto final vendo as caveiras de bocas estranhas como
querendo devorá-los. Uma viagem horripilante ao subsolo da terra onde a luz mal
iluminava
Marilu
--- Caveiras de rosto que um dia
foram gente. Até belas, por certo. - - se guardava distante de tantos ossos, em
sua maioria, jogados ao leu
Lauro
--- Tem ossos que nem abelha! - -
quase a vomitar por sua angústia
Marilu
--- Milhões de crâneos sem se
saber de quem. –
Lauro
--- Tem até de crianças
recém-nascidas ou de tenra idade. Os coveiros quem o digam. –
Marilu
--- Tem um terreno feito uma
cruz. Serão de cristãos, esses? - -
Lauro
--- Tem de tudo. A marca da
Inquisição! Sabe? - -
Marilu
--- Sim! Ser religioso tem seu
preço. Esses, aqui. - - apontou com um dedo
Lauro
--- Ruas e mais ruas feitas de
crâneos. Coisa horrível. Para quem gosta de sopa, é um prato cheio.
Marilu
--- Tem até um Monge. Veja! - -
apontou
Lauro
--- Parece. Caveiras, caveiras,
caveiras. Aos montes. - -
Marilu
--- Em Japi, tinha um homem que
guardava ossos, dizia a minha mãe, já contando o caso porque ouviu de uma velha
que morava próximo. Só se descobriu quando o homem morreu. –
Lauro
--- O defunto? Interessante!
- franziu a testa
Marilu
--- Esqueleto, alí. Pernas. Ossos
de costelas. Veja! - - apontou
Lauro
--- Fechada, a porta com uma
tranca de cadeado. Mas tem mais ossos. De quem? - - indagou
Marilu
--- Sei lá. É para ninguém ver.
Só os guabirus. Por certo! - - estremeceu
Lauro
--- Passa-se um dia ou mais para
se conhecer tudo isso. A mortandade dos santos. - - falou
Marilu
--- Quem vive na praia vêm
conhecer catacumbas no interior. Cruzes! - - irritada com a morte dos inocentes
Lauro
--- Queria ver o que você faria
se uma caveira dessas chega-se a te agarrar! - - sorriu
Marilu
--- Eu metia o grito e corria
desembestada! - - amedrontada
Lauro
--- Eu nem sei o que faria se
faltasse luz num momento desses. Eu me borrava todo!
Marilu
--- Trancas, trancas, trancas.
Por todo canto tem portões de ferro. Nossa! - -
Lauro
--- Proteção contra roubo de quem
gosta de defuntos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário