sábado, 26 de agosto de 2017

GRANDES DEUSES - 21 -

LUA DE MEL
21
LUA DE MEL

Alguns dias após o matrimonio de Marilu e Lauro, esses já estavam em viagem de lua de mel para selar o casamento. Dessa vez eles foram passar os seus dias em uma capital do Sul: São Paulo. Marilu ficou encantada com a capital do Estado. Tudo era maravilhoso, mesmo quando se acordava bem cedo do dia onde a garoa fazia a festa. Por algumas manhãs, quando Marilu acordava, logo cedo, ela corria para a varanda do Hotel vendo, de cima, o transito em baixo. Os garis limpando as calçadas da Rua Augusta, os rapazes a oferecer jornais do dia.  Eram tão imensos que não se podia vender tudo de uma só vez. Um exemplo era com o Jornal O Estadão. Muito maior que os demais. E Marilu delirava. As Rádios, eram o máximo. Cantores da época. Coisas parecendo antigas. Na verdade, eram as músicas da atualidade. Marilu lembrava do anuncio de Cinema do momento. Tudo era divino que nem podia se esquecer. Atrizes de longe, talvez dos Estados Unidos. Umas das tais, como Marlene Dietrich, que ela jamais ouvira falar. Lá estavam em cartazes luminosos, brilhando à luz do dia. Na sua mente surgia a imagem de se fazer, em uma parte da sala ao lado, em Natal, um cinema igual ao que ela estava a ver. O que ocorria era a era o romantismo, requinte da juventude e nada mais. Tudo era maravilhosamente belo e extasiante.  Estiveram eles, em São Paulo, por um tempo após seguir viagem para a Europa. Era a intenção de Lauro visitar a Igreja de Santa Maria Madalena, no sul da França. Ela é uma das figuras religiosas mais conhecidas do mundo. Alguns a consideram uma poderosa imagem da Redenção. Outros, uma mulher “perdida”. Uma reputação enraizada ha mais de mil anos. No entanto há quem diga que Maria Madalena era a mãe do filho de Jesus. De teorias secretas a massacres sangrentos.
O desembarque era Paris. Ali podia-se deslumbrar o progresso constante. Um progresso que Marilu não vira dois anos antes. O casal ficou hospedado em um Hotel de classe. Para Marilu aquilo era apenas a maravilha da natureza, não importando quanto. Visitar Museus era o natural. Em Paris, Marilu sugeriu conhecer um Museu feito com caveiras em um subsolo da cidade.
Lauro
--- Caveiras? Eu disse? - - indagou querendo lembrar
Marilu
--- Sim. Ossos. Uma coisa assim. As catacumbas em um subsolo. Você falou. - - inquieta
Lauro
--- Ah! Sei. As Catacumbas de Paris. É isso? - - quis saber detalhes
Marilu
--- Sim. É isso. Para alguns visitantes e algo aterrorizante. Mas eu achei curioso. - - sorriu mordendo a ponta da unha da mão.
Lauro
--- Está bem. Vamos lá. Não se assuste. - - sorriu querendo preveni-la
Marilu
--- Eu? Estou acostumada com coisas horripilantes. No Mercado só tem ratos. - - sorriu
E foram eles a visitar as Catacumbas de Paris, em um subsolo onde imperava as caveiras de todas as formas. Para a moça até que era bem natural. Ossos a olhar os inquietos visitantes. Vários tamanhos parecendo ter saído de uma sepultura. Bem abaixo do solo da cidade, alí estavam a dormitar os ossuários. A prosseguirem por tuneis intermináveis, entre becos estranhos, os dois caminharam sempre a procura desses ossos humanos. Cadáveres parecendo sorrir. Barulho de ratos era até bem normal
Lauro
--- Ratos! - - disse o rapaz.
Marilu
--- Bichos imundos. Mas, até que são sociáveis. - - relatou elevando um pé bem calçado.
Lauro
--- Sociáveis e afáveis apesar do seu tamanho. Grandes e miúdos. - - sorriu
Por um corredor cabendo apenas uma pessoa, os dois trilhavam em uma penumbra ambiente com luzes distantes uma das outras, prosseguindo entre grades de ferro a proteger o ambiente de possíveis desabamentos, em um percurso de mais de meia hora, com passagens secretas e placas de orientação aos visitantes e em algumas paredes as marcas de quem estava dormindo ali o sono da eternidade, ostentando o perigo inquieto o casal chegou ao ponto final vendo as caveiras de bocas estranhas como querendo devorá-los. Uma viagem horripilante ao subsolo da terra onde a luz mal iluminava
Marilu
--- Caveiras de rosto que um dia foram gente. Até belas, por certo. - - se guardava distante de tantos ossos, em sua maioria, jogados ao leu
Lauro
--- Tem ossos que nem abelha! - - quase a vomitar por sua angústia
Marilu
--- Milhões de crâneos sem se saber de quem. –
Lauro
--- Tem até de crianças recém-nascidas ou de tenra idade. Os coveiros quem o digam. –
Marilu
--- Tem um terreno feito uma cruz. Serão de cristãos, esses? - -
Lauro
--- Tem de tudo. A marca da Inquisição! Sabe? - -
Marilu
--- Sim! Ser religioso tem seu preço. Esses, aqui. - - apontou com um dedo
Lauro
--- Ruas e mais ruas feitas de crâneos. Coisa horrível. Para quem gosta de sopa, é um prato cheio.
Marilu
--- Tem até um Monge. Veja! - - apontou
Lauro
--- Parece. Caveiras, caveiras, caveiras. Aos montes. - -
Marilu
--- Em Japi, tinha um homem que guardava ossos, dizia a minha mãe, já contando o caso porque ouviu de uma velha que morava próximo. Só se descobriu quando o homem morreu. –
Lauro
--- O defunto? Interessante! -  franziu a testa
Marilu
--- Esqueleto, alí. Pernas. Ossos de costelas. Veja! - - apontou
Lauro
--- Fechada, a porta com uma tranca de cadeado. Mas tem mais ossos. De quem? - - indagou
Marilu
--- Sei lá. É para ninguém ver. Só os guabirus. Por certo! - - estremeceu 
Lauro
--- Passa-se um dia ou mais para se conhecer tudo isso. A mortandade dos santos. - - falou
Marilu
--- Quem vive na praia vêm conhecer catacumbas no interior. Cruzes! - - irritada com a morte dos inocentes
Lauro
--- Queria ver o que você faria se uma caveira dessas chega-se a te agarrar! - - sorriu
Marilu
--- Eu metia o grito e corria desembestada! - - amedrontada
Lauro
--- Eu nem sei o que faria se faltasse luz num momento desses. Eu me borrava todo!
Marilu
--- Trancas, trancas, trancas. Por todo canto tem portões de ferro. Nossa! - -
Lauro
--- Proteção contra roubo de quem gosta de defuntos. 

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